domingo, 9 de dezembro de 2012

Paróquia Nossa Senhora Aparecida De Alfenas - Mg Com As Servas do Altar e As Coroinhas ( Advento )


1º Domingo do Advento




Primeira Leitura ( Jeremias 33,14-16 )

Leitura do Livro do profeta Jeremias:


14“Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei cumprir a promessa de bens futuros para a casa de Israel e para a casa de Judá.
15Naqueles dias, naquele tempo, farei brotar de Davi a semente da justiça, que fará valer a lei e a justiça na terra.
16Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém terá uma população confiante; este é o nome que servirá para designá-la: ‘O Senhor é a nossa justiça’”.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.


Salmo (Salmos 24)


— Vem, Senhor, nos salvar! Vem, sem demora, nos dar a paz!
— Vem, Senhor, nos salvar! Vem, sem demora, nos dar a paz!
— Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação!
— O Senhor é piedade e retidão, e reconduz ao bom caminho os pecadores. Ele dirige os humildes na justiça, e aos pobres ele ensina o seu caminho.
— Verdade e amor são os caminhos do Senhor para quem guarda sua Aliança e seus preceitos. O Senhor se torna íntimo aos que o temem e lhes dá a conhecer sua Aliança.


Segunda Leitura ( 1º Tessalonicenses 3,12-4,2)

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses:

Irmãos: 3,12O Senhor vos conceda que o amor entre vós e para com todos aumente e transborde sempre mais, a exemplo do amor que temos por vós. 13Que assim ele confirme os vossos corações numa santidade sem defeito aos olhos de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos.
4,1Enfim, meus irmãos, eis que vos pedimos e exortamos no Senhor Jesus: Aprendestes de nós como deveis viver para agradar a Deus, e já estais vivendo assim. Fazei progressos ainda maiores! 2Conheceis, de fato, as instruções que temos dado em nome do Senhor Jesus.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.


Evangelho De ( Lucas 21,25-28.34-36 )

— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós!
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!




Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
25“Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. 26Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas.
27Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória.28Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.
34Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; 35pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra.
36Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem”.

Comentário Do Evangelho

Advento, Tempo Oportuno Para Examinarmos A Nossa Vida.

Neste 1º Domingo do Advento, Lucas nos mergulha num dos discursos escatalógicos do Evangelho. Sendo assim, usa imagens e símbolos que não são da nossa cultura e época, e por isso nem sempre são fáceis de serem compreendidos, mesmo que fossem claros para os leitores daquela época. Mas na literatura apocalíptica não é necessário interpretar cada imagem detalhadamente – o mais importante não é cada pedra do mosaico, mas o padrão inteiro – não cada imagem e símbolo, mas a sua mensagem.

O texto nos apresenta a figura do “Filho do Homem” – o título que, nos Evangelhos, Jesus mais usava para si mesmo, e que nós quase nunca usamos. Este título vem de um trecho do livro apocalíptico de Daniel: “Em imagens noturnas, tive esta visão: entre as nuvens do céu vinha alguém como um filho de homem… Foi-lhe dado poder, glória e reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. O seu poder é um poder eterno, que nunca lhe será tirado. E o seu reino é tal que jamais será destruído” (Dn 7,13s).

Então, Jesus recorda aos seus discípulos a mensagem de ânimo que o Livro de Daniel trazia aos perseguidos do tempo dos Macabeus, pelo ano 175 a.C. – que embora possa parecer que os poderes deste mundo, os impérios opressores, sejam mais fortes do que o poder de Deus, isso não passa de uma ilusão. Pois, na plenitude dos tempos, Deus, através do seu messias – o Filho do Homem – revelará o seu poder, e estabelecerá um Reino que jamais será destruído. E isso acontece agora em Jesus!

Qualquer interpretação de um texto apocalíptico que causa medo nos ouvintes, é necessariamente errada, pois a função da apocalíptica é de animar e dar coragem aos oprimidos e sofredores. Por isso, o ponto central do nosso texto de hoje é uma mensagem de ânimo, coragem e fé: “Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima”.

Este trecho tem uma dimensão fortemente cristológica – nos afirma que Jesus, o Filho do Homem vitorioso, está no controle de todas as forças, sejam elas do céu ou do mar – símbolo de forças indomináveis para os judeus. E o versículo acima citado traz uma mensagem cheia de confiança: em contraste com a atitude de covardia dos malvados, os discípulos ficarão com a cabeça erguida, para acolher o juiz justo, o Filho do Homem.

Mesmo assim, os eleitos devem ficar atentos para não caírem. Devem cuidar muito para que: “Os corações… não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida”. Pois é fácil assumir as atitudes do mundo, sem que notemos, a não ser que sejamos vigilantes. Por isso, o texto de hoje termina com um conselho válido também para os discípulos dos tempos modernos: “Fiquem atentos e rezem todo o tempo, a fim de terem força”.

Quase dois mil anos atrás, o precursor do Império de hoje, o Romano, tentou, aliado com seus auxiliares locais, acabar com um projeto de vida, matando o seu arauto, Jesus de Nazaré. A força parecia ter a última palavra. Mas a verdade era outra – a força do Império era ilusão, pois Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos, mostrando que o mal nunca é mais forte do que o bem, a morte do que a vida, a opressão do que a libertação.

Os dias do Império estão contados, não somente o império político e econômico, mas o dos barões do narcotráfico, da máfia e outros (todo Império tem pés de barro, como ensina o Livro de Daniel e toda a literatura apocalíptica). O projeto de Deus, concretizado em Jesus e continuado hoje por nós, vencerá todo e qualquer projeto do mal.

Advento é tempo oportuno para que examinemos a nossa vida para descobrir se realmente estamos atentos o tempo todo, para não perdermos as manifestações da presença de Jesus no meio de nós. É tempo de nos dedicarmos mais à oração, para renovarmos as nossas forças, para não cairmos na armadilha da desatenção no meio das preocupações e barulho do mundo moderno, para que os nossos corações continuem “sensíveis” aos apelos do Senhor, através dos irmãos, no nosso dia a dia.

A vinda do Senhor, a sua última vinda, ou melhor, o último momento da vinda que Ele inaugurou quando se fez homem e veio habitar no meio de nós, é, de novo, proclamada nesta leitura. E com que solenidade! E com que exigência! Mas, no fundo, será esse o momento supremo da nossa libertação, porque o Senhor, que vem, vem como Salvador. O Advento é o tempo particularmente consagrado a viver nesta expectativa.

Padre Bantu Mendonça



 
              

“Ser Acolita e Coroinha Não é Um privilégio
É um Serviço, Uma Doação!”

Caminhos para vencer a dificuldade


“A noite nos parece interminavelmente mais escura um pouco antes do amanhecer, quando o Sol com sua luz maravilhosa, iluminará nossos caminhos com seus raios dourados”.
Muitas vezes não temos muito à oferecer, ou repartir, mas enquanto existirem palavras que tragam de volta a esperança perdida na longa noite das dificuldades da vida, elas valerão mais do que do qualquer dinheiro ou bem material, porque renovam a vontade de lutar até encontrar soluções para nossos problemas . . .
Algumas palavras, nos momentos certos trazem de volta a vontade de viver e tem o poder de transformar quem está quase desistindo . . . 
Palavras que podem transformar um desiludido em alguém que volte a amar a vida com intensidade bastante para lutar quantas vezes for necessário, até vencer . . . 
Palavras que despertam a emoção, fazem amar e ter a esperança inabalável de que podemos mudar o manhã de nossas vidas, para sempre . . .
Não temos muito à oferecer, senão palavras que façam continuar, continuar, continuar. . . sem desistir . . .
Não desista diante da crise, desistir é muito fácil e qualquer um sabe fazê-lo. Use toda sua determinação e coragem para tornar-se alguém especial. Use toda sua criatividade para construir novas armas e inventar novos meios para eficientemente superá-la. Porque ao vencermos a crise teremos crescido e apreendido tanto, que nada mais na vida poderá deter-nos.
Somente as derrotas podem proporcionar meios de calibrar nossos instrumentos e ideais para a conquista dos nossos objetivos . . . a vitória . . .
O melhor seria dizer que uma vitória não é nada mais, do que o resultado inevitável de uma seqüência de fracassos devidamente reavaliados e corrigidos . . .
 Porque o verdadeiro vencedor, não é aquele que vence todas as tentativas, mas quem apesar de sucessivas derrotas, jamais deixou de tentar . . . 
Assim concluímos que não existem verdadeiros perdedores, mas sim, pessoas que deixaram de tentar muito cedo e por isso nunca chegam a vencer . . . Porque a vitória é somente o resultado de inúmeras derrotas somadas, devidamente reavaliadas e corrigidas . . .
Por este motivo, não existe um só homem que tenha vencido, sem antes passar por inúmeras derrotas . . . 
Concluímos assim, que a pior de todas as tentativas é aquela que não foi feita...
Por pior que seja este momento, por maior que seja sua dor, ou por mais cruéis que sejam suas dúvidas de que um dia viveremos tempos melhores, tenha sempre a esperança viva no seu coração . . .
Apreenda com a natureza uma magnífica lição, quando depois de alguns dias de chuva nos presenteia com uma linda manhã de Sol . . . 
Ao enfrentar este momento difícil ou iniciar uma nova empreitada confie sempre nas palavras de Cristo, quando prometeu que “O bom e justo, jamais há de estender sua mão à mendicância”. . . 
Portanto se você se considera Bom e Justo, não há o que temer, porque mesmo nos momentos mais difíceis, você sempre encontrará soluções que oferecerão o suficiente para sua sobrevivência . . .
Os maiores fracassos, residem sempre na falta de esperança, porque é mais fácil acreditar que não vamos conseguir, do que lutar até vencer os desafios que a vida nos impõe . . . 
É mais fácil responsabilizar outras pessoas ou acontecimentos pelo fracasso das nossas investidas, do que assumir as limitações e o vazio de esperança em que vivemos . . .
O NÃO POSSO, assim como o NÃO CONSIGO são afirmações que exprimem a incapacidade de reagir em que vivemos, como se fossemos a imagem e semelhança da falta de perseverança e obstinação . . .
“LUTAR E VENCER INFALIVELMENTE ONDE QUER QUE EU VÁ, OU EM TUDO QUE EU FAÇA” . . . 
este deve sempre o nosso lema . . .
Não devemos sob hipótese alguma desistir e desanimar, mesmo quando trilhamos todos os caminhos com passos que nos levem inevitavelmente ao sucesso e por algum motivo, este não é conquistado. Pois freqüentemente lidamos com fatos ou pessoas cujo fracasso já é parte integrante de suas vidas e por mais otimistas ou vencedores que sejamos, vencer nestas circunstâncias, transcende nossas limitações . . .
Quando isto ocorre, não devemos nos desesperar, nem perder a esperança, mas sim pensar que não fomos nós que fracassamos, mas os outros que perderam muito . . . por não aceitarem compartilhar da nossa vitória . . .
A todos vocês, queridos amigos e amigas, leitores e leitoras deste blog, uma excelente semana.
E lembrem-se: é preferível aceitar uma tentativa fracassada a viver com a frustração de nunca ter tentado.
Portanto, sigam em frente, adiante, como sugere a música de Geraldo Vandré, caminhando e cantando e seguindo a canção.
Até muito breve.

Coordenadores: Jose Alves Taveira E Estela Apda P. Taveira

12 dicas para superar as dificuldades na oração

Simples – porque somos humanos. Porém, antes de eu dar algumas dicas de como superar tais dificuldades, devemos falar sobre porquê rezar.
São Paulo escreve:
Intensificai as vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, no Espírito (Efésios 6, 18)


Paulo não só sugere, mas nos exorta a rezar “no Espírito” e “em toda circunstância”. Se estivermos dispostos a seguir este ensinamento, devemos fazê-lo por amor, não por mera obediência. Mas, em que situação nos encontramos para ir de encontro a este grandioso chamado?



Ele escreve em outra epístola:


Outrossim, o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. (Romanos 8, 26)


Não somos capazes de fazer isso sozinhos.  O Espírito Santo faz por nós o que não conseguimos fazer em nossa oração. Isto é vital, pois a oração é algo essencial para o sucesso. No entanto, vale esclarecer, sucesso aos olhos de Deus, o que é bem diferente do sucesso pelos parâmetros do mundo. O mundo diz que sucesso é dinheiro, fama, poder, posses, prazer, etc. Mas, a ideia divina de sucesso se chama santidade – ou seja – ser o tipo de pessoa que Deus quer que eu seja. Em outras palavras, sucesso = cumprir os planos que Deus tem para você. A oração é indispensável na realização desse processo.


Em seu Evangelho, Lucas escreve:

Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo. (Lucas 18, 1)
Devemos fazer da oração o centro de nossas vidas. Não se trata de uma escolha para nós cristãos. Porém, é necessário ter perseverança e fé para edificar uma vida de oração. Assim, com isso em mente, você deve se perguntar: por que um cristão descuidaria de sua vida de oração e o que podemos fazer quanto a isso?

7 RAZÕES PORQUE DESCUIDAMOS DA NOSSA VIDA DE ORAÇÃO


1. Desencorajamento: às vezes não sabemos o que dizer, como rezar, o que fazer. Às vezes nos sentimos cansados, indispostos ou apenas não temos vontade de rezar.

2. Dúvida: estaria Deus realmente aí? Ele pode me ouvir? Ele se importa comigo, ainda que exista? A oração realmente tem algum valor?


3. Impaciência: as orações parecem que ficam indo eternamente para o céu tendo apenas o silêncio como resposta. Quando Deus me responderá?

4. Tentações: é facílimo rezar quando você não é internamente desafiado pela tentação, porém quando as tentações aparecem, torna-se um verdadeiro martírio.

5. Preguiça: às vezes simplesmente desistimos ou nunca estabelecemos hábitos que possam nos sustentar nos tempos difíceis ou nas ocupações da vida moderna.

6. Aridez: Deus parece distante e a oração se torna entediante. Isto pode ocorrer a qualquer momento.


7.Problemas físicos, mentais e espirituais: quando sofremos, é difícil rezar, pois às vezes desejamos que um Deus amoroso faça este sofrimento parar.


12 DICAS PARA SUPERAR AS DIFICULDADES NA ORAÇÃO




1. Frequente os sacramentos: se você puder ir à missa diariamente, você haverá dobrado o acesso ao maior presente dado à humanidade. Agora, confesse-se pelo menos uma vez ao mês e você alcançará milhares de outras graças. Ponha estes compromissos num calendário e assim você não se esquecerá deles.

2. Busque desenvolver os bons hábitos : você deve ser capaz de confiar que os seus hábitos irão te ajudar e não te atrapalhar na oração. O desenvolvimento de um bom hábito leva pelo menos 66 dias (ou mais) para se consolidar. Então, se você puder se comprometer numa rotina de oração por 2 meses, você logo começará a fundar a base dos hábitos de oração saudáveis.

3. Experiência conta: você talvez precise de alguém que seja mais objetivo que você para avaliar como vai a sua vida de oração e como o Espírito Santo está agindo. Um diretor espiritual é indispensável para o bom êxito, mas se você acha que ainda não está preparado, até mesmo ter um bom amigo para conversar pode ser de grande valia.

4.Tente diferentes tipos de oração: todos nós temos diferentes gostos no quesito oração, exatamente como a maioria das coisas na vida. Dessa forma, tente diferentes tipos de oração e veja qual funciona melhor para você. Uma recomendação: não desista tão cedo de um determinado tipo de oração. Pode levar algum tempo para descobrir se será boa ou não.

5. Jejue regularmente: há um enorme poder no jejum. Podemos ver isso nas Escrituras quando Jesus pede que seus discípulos façam o mesmo. Quando desenvolvemos um maior controle dos desejos do nosso corpo, podemos orar melhor.

6. Supere as distrações: uma maneira fácil de se superar as distrações é não dando asas a elas. Uma vez que você se dá conta de que algo te distrai, redirecione o seu coração e volte-se novamente para a oração em vez de examinar a distração. Este ato simples é a forma mais fácil de se vencer as distrações.

7. Não complique a oração: na maioria das vezes nós complicamos algo que deveria vir naturalmente para nós. Fomos feitos para a comunhão com Deus. A oração é puramente um direcionamento da mente e do coração para Deus. Se nós complicamos demais a oração, nunca poderemos ir além do acidental.

8. Aridez é algo bom para nós: orações entediantes são como um presente de Deus. Sim, demoramos muito para ter consolações na oração. Exatamente como uma criança tem que esperar a hora certa de comer doces. Esta negativa é difícil, mas saudável para nós. É na aridez que nossa fé é provada e fortificada.

9. Peça humildade: Na medida que somos humildes, deixamos o poder da graça de Deus crescer nas nossas vidas. Sem humildade na oração, Deus não é capaz de nos alcançar, pois não temos espaço interior para Ele.

10. Trabalhe no entendimento de Deus e de si mesmo: talvez eu não possa enfatizar este ponto o bastante. Muitos de nós lutamos para entender como um Deus perfeito poderia nos amar e querer um relacionamento conosco. Porém, isto se dá por causa das nossas percepções distorcidas da nossa própria dignidade e do modo como Deus nos ama incondicionalmente.

11. Silêncio: Nossas vidas modernas são preenchidas com barulho. Precisamos silenciar-nos para ouvir a Deus – tanto externa quanto internamente. Encontre um lugar tranquilo e calmo para orar. A igreja ajuda muito nesse sentido. Assim, se você puder dar uma paradinha numa igreja, ainda que por pouco tempo, eu recomendo que o faça.

12. Dê prioridade à oração: agende, adie alguma coisa, acorde cedo, enfim, faça o que tiver que fazer, mas não deixe o dia passar sem passar um tempo com a pessoa mais importante da sua vida;



Ele Esta Próximo


Alegremo-nos! Vamos ao encontro do “Maravilhoso Conselheiro, do Príncipe da Paz” (Is 9,5), do Redentor que se aproxima.

Estão-se completando os dias (cf. Lc 2,6) daquele bendito e santo Nascimento que reviveremos nos mistérios da Noite Santa do Natal. Torne-se nossa vigilância mais intensa e nossa oração mais confiante.

Todos os anos somos convidados a resgatar o sentido pleno do Natal de Jesus, para vivê-lo como cristãos e cristãs, fugindo à mentalidade cada vez mais paganizada de nossa época. Não nos deixemos infectar ou contaminar pelo vírus do consumismo e do materialismo. Infelizmente, antes mesmo de iniciarmos o tempo litúrgico do Advento, enfeites natalinos e a voracidade consumista invadem nossas ruas, lojas e até nossos corações. Com isso, o Natal cristão vai-se transformando em simples recordação do nascimento de nosso Salvador.

Não obstante a mentalidade semipaganizada do Natal, a festa da Criança de Belém é um dom de luz que rasga e rompe as trevas da humanidade, prisioneira do pecado, incapaz de amar. O Natal do Senhor abre-nos a uma incontida alegria, de que ninguém sai ileso. A liturgia cristã é significado de festa,  porque “Deus está conosco”. Onde há vida, há alegria. A alegria causada pela vinda do Salvador é portadora de paz e de esperança.

Diante do presépio, ficamos tomados de ternura e exultação a contemplar enlevados o mistério de vida que encerra o amor infinito de Jesus Salvador. Por isso, vamos às pressas a Belém para ver o recém-nascido deitado na manjedoura (cf. Lc 2,15-16). Não fiquemos trancados em casa, prisioneiros de nossas trevas e negativismos. Vamos! Guiados pela Estrela, vamos com o coração alegre e feliz! Lá há uma Luz resplandecente que nos faz transcender o que vemos com os olhos da carne. Sim, os olhos da mente abrem os caminhos do coração, que permitem apreender e acolher a Verdade que nos liberta de todo mal. A Luz de Belém empenhar-nos-á em viver na liberdade e na dignidade de filhos e filhas de Deus. Fará com que abandonemos a noite do pecado, abrindo-nos para a graça da Vida nova, iluminados pela “Luz verdadeira, que vindo ao mundo, a todos ilumina” (Jo 1,9). A alegria completa nasce da Luz que resplandece num coração transparente, que não teme a escuridão da falsidade. Não se trata de uma alegria frenética causada pela droga, pelos paraísos artificiais e enganosos, pela embriaguez momentânea... Trata-se da embriaguez do Espírito que regenera e renova, trazendo paz e serenidade ao coração humano.

Estamos bem próximos da chegada do Deus Menino. Ninguém falte ao encontro marcado com Ele. A incomensurável distância percorrida por Deus para chegar até nós é razão suficiente para corrermos ao Seu encontro e sentirmos “que coisa é o ser humano, para dele te lembrares e o visitares” (Sl 8,5).

Na proximidade do Natal, não há motivo para angústias e temores. Fazendo espaço para Jesus nascer, o Natal será ocasião única para um encontro vivo, amigo e pessoal com Ele. Acolhamos Jesus Cristo, “concebido por obra do Espírito Santo, nascido da Virgem Maria”. Acolher o Filho de Maria significa mostrá-Lo vivo, transparente em nós, visibilizando em nosso jeito de ser a Sua amabilidade, a Sua ternura, a Sua bondade e o Seu amor.

A palavra Advento vem do latim “adventus” que significa chegada, vinda. É o tempo de preparação para a solenidade do nascimento de Jesus Cristo, que se iniciou no dia 30 de novembro e termina em 24 de dezembro. Esse tempo litúrgico forma o Ciclo do Natal, que se encerra com a festa do Batismo de Jesus.

A duração do Advento é de quatro semanas e se compõe de duas partes: do primeiro Domingo do Advento até o dia 16 de dezembro, destaca-se a parte escatológica, a vinda do Senhor no final dos tempos. Do dia 17 a 24 de dezembro, prepara-se a vinda de Jesus na história da vida e do mundo, que é seu Natal.

Nas celebrações, a cor litúrgica é roxa, lembrando o convite de João Batista, que pede conversão, mudanças profundas na nossa vida: ”Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas.” (Lucas 3,4-6) As leituras bíblicas deste tempo apresentam a figura de Isaías, João Batista e Maria que são os modelos para nos preparar a vinda do Senhor.

Dentro da teologia e espiritualidade do Advento, os textos bíblicos falam da dupla vinda de Cristo: a primeira, no Natal, e a segunda, na Parusia, o fim dos tempos. A vinda de Cristo é esperada pela Igreja com oração e vigilância: “Vem, Senhor Jesus”, como São Paulo nos fala. 

A espera de Cristo é uma das promessas messiânicas já cumprida parcialmente. Nossos pais na fé esperaram e não alcançaram, mas ouviram por Isaias que um tempo novo de esperança e de paz chegaria. Todo o Antigo Testamento está voltado, pelo anúncio dos profetas, para o mistério do Cristo que virá. Para nós hoje é viver na Igreja toda esta centralidade de Cristo na história da salvação, celebrando o grande mistério: vem a nós o esperado das nações, o anunciado pelos profetas, o revelado por seu Pai.

Nessa caminhada do Advento, além de Isaías e João Batista, a Liturgia apresenta outra figura importante: Maria. O evangelho de Lucas narra a anunciação, quando Maria diz sim ao convite de Deus e aceita ser mãe de Jesus que se encarna em seu seio e passa a “habitar entre nós”. 


Maria é celebrada no dia 8 de dezembro, na festa de sua imaculada conceição. A Virgem Imaculada diz sim e vive o seu silencio na escuta do próprio Deus que chega. Do dia 17 a 24 de dezembro, a Liturgia nos marca bem a figura de Maria, a “cheia de graça”, a “bendita entre todas as mulheres” , a “nova Eva”.
Após o pecado de Adão e Eva, Deus mostra para Eva uma nova mulher, uma segunda Eva, que dará à luz um filho. Ele é o “filho das promessas”, o novo Adão, Jesus Cristo, que reerguerá a humanidade decaída por causa da desobediência dos primeiros pais. Maria é presença exemplar no Tempo do Advento, na palavra e na oração, aquela que transformou a espera em presença viva do próprio Cristo. 

O Advento é tempo de oração da Igreja, que ora e suplica para que Cristo seja conhecido entre todos os povos, seja sinal de esperança e sinal de salvação para todos num mundo marcado por guerras, violências, divisões, incredulidades, soberba, auto-suficiência. O Advento é um tempo de espiritualidade que deve nos comprometer na tarefa pela construção de “novos céus e novas terras”. 

A Igreja nos exorta a vivermos em vigília e oração, para que esse tempo da graça seja proveitoso para nós, realizando-se o que reza a Liturgia: “Ó céus, que chova sobre nós, que suas nuvens derramem a justiça. Abra-se a terra e brote para nós a salvação.”


Padre José Cipriano Ramos Filho é pároco da Paróquia São José, em Santa Bárbara D’Oeste


João Batista, o profeta do Advento 




Uma das grandes estrelas das narrações do Advento e do Natal, João Batista. Consideremos juntos alguns detalhes da vida de João e vejamos por que é tão bom modelo para nós. João Batista não tem travas na língua. Dizia o que pensava e o que precisava. Hoje nos dirigirá palavras igualmente cruas: tocarão diretamente os pontos fracos das nossas vidas. João Batista pregava o arrependimento com credibilidade porque antes amava a Palavra de Deus, que havia escutado no coração de seu próprio deserto. 

Escutou, experimentou e viveu a palavra libertadora de Deus no deserto. Sua eficácia no anúncio desta palavra se devia ao fato de que sua vida e sua mensagem eram uma só coisa. A incoerência é uma das coisas mais desalentadoras que temos de enfrentar em nossas vidas. Quantas vezes nossas palavras, nossos pensamentos e nossos gestos não são coerentes! Os verdadeiros profetas de Israel nos ajudam a lutar contra toda forma de incoerência. 

Ao longo de toda a história bíblica, os líderes e visionários foram ao deserto para ver com mais clareza, para escutar com atenção a voz de Deus e descobrir outras maneiras de viver. A palavra hebraica para dizer deserto, «midvar», deriva de uma raiz semítica que significa «levar o rebanho ao pasto». «Eremos», a palavra grega utilizada para traduzir «midvar», indica um lugar desolado, pouco povoado, e em seu sentido mais estrito, um terreno abandonado ou deserto. 

O termo «deserto» tem dois significados diferentes, mas ligados, que fazem referência a algo selvagem e intrigante. Foi precisamente esta dimensão de desconhecido (intrigante) e descontrolado (selvagem) que levaram ao atual termo «deserto». 

Mas há também outra maneira de compreender o sentido da palavra «deserto». Uma análise atenta da raiz da palavra «midvar» revela a palavra «davar», que significa palavra ou mensagem. A noção hebraica de deserto é, portanto, um lugar santo, no qual é possível escutar, experimentar, viver em liberdade a Palavra de Deus. Vamos ao deserto para escutar a Palavra de Deus, de uma maneira desapegada e completamente livre. 

O Espírito de Deus permitiu que os profetas experimentassem a presença de Deus. Deste modo, eram capazes de compartilhar as atitudes, os valores, os sentimentos e as emoções de Deus. Este dom lhes permitia ver os acontecimentos de sua época como Deus os via e ter os mesmos sentimentos de Deus diante deles. Compartilham a cólera de Deus, sua compaixão, sua pena, sua decepção, sua repulsa, sua sensibilidade pelas pessoas e sua seriedade. Não viviam estas experiências de maneira abstrata, mas animados pelos mesmos sentimentos de Deus diante dos acontecimentos concretos de sua época. 

João Batista é o profeta do Advento. Com freqüência é representado apontando com o dedo Aquele que deve vir, Jesus Cristo. Se, seguindo o exemplo de João, preparamos o caminho do Senhor no mundo de hoje, nossas vidas se converterão também em dedos de testemunhas vivas que mostram que é possível encontrar Jesus, e que está perto. João ofereceu às pessoas de sua época uma experiência de perdão e de salvação, sabendo muito bem que não era o Messias, o que podia salvar. Permitimos aos demais que façam a experiência de Deus, do perdão e da salvação? 

João Batista veio para ensinar-nos que há um caminho que nos tira das trevas, da tristeza do mundo e da condição humana, e este caminho é o próprio Jesus. O Messias vem para salvar-nos das forças das trevas e da morte, e nos leva pelo caminho da paz e da reconciliação para que voltemos a encontrar nosso caminho para Deus. 

O teólogo jesuíta Karl Rahner, hoje falecido, escreveu em uma ocasião: «Temos de escutar a voz do que nos chama no deserto, ainda que reconheça: não sou o Messias. Não podeis deixar de escutar esta voz ‘porque não é mais que a voz de um homem’. Do mesmo modo, vós tampouco podeis deixar de lado a mensagem da Igreja porque a Igreja ‘não é diga de desatar a correia das sandálias de seu Senhor, que a precede’. Nós nos encontramos, de fato, ainda no Advento». 

Talvez não tenhamos o luxo de viajar ao deserto da Judéia, nem o privilégio de fazer um retiro de Advento no deserto do Sinai. De qualquer forma, podemos certamente encontrar um pequeno deserto no meio das nossas atividades e do barulho da semana. Vamos a esse lugar sagrado e deixemos que a Palavra de Deus nos interpele, que nos cure, que volte a orientar-nos, a levar-nos ao coração de Cristo, de quem esperamos a vinda neste Advento.


Meus olhos viram a Tua Salvação 




Aproxima-se a festa do Natal. Para os que têm fé, Natal é a chegada feliz de Deus que vem a nosso encontro para nos fazer irmãos e nos ensinar os caminhos do bem. Veio na frieza da noite para acender em nós o fogo do amor e nos fazer irmãos. Veio pobre para nos dar a riqueza de Deus. Os anjos iluminaram a noite e trouxeram a mensagem do céu: “Nasceu hoje para vós o Salvador” (Lc 2, 10). Isto era o Natal...

Infelizmente hoje o Natal é festa comercial: vende-se muito e desperta-se a necessidade de comprar. A festa atual é do comércio. Perdeu-se o clima da reunião da família, em que as crianças se alegravam com seus pequenos presentes: bolas, bonecas, carrinhos. Tudo simples e familiar, recordando a chegada de Deus-Menino nos braços de Maria.

Entre as cenas tão lindas da chegada de Jesus, de que São Lucas nos dá noticia, uma tem especial sentido para as pessoas idosas. A lei mosaica determinava que o primogênito recém-nascido fosse levado ao templo de Jerusalém para ser resgatado por um casal de pombos. José e Maria levaram o Menino ao templo, cumprindo o preceito da lei antiga.

Ali, no momento da oferta, estava providencialmente presente um ancião a quem Deus prometera que haveria de contemplar, na altura de seus vividos anos, o esperado Salvador da humanidade. Por isto tomou nos braços cansados o Menino de quarenta dias e louvou a Deus por terem seus olhos tido a alegria de contemplar o rosto dAquele que era esperado já há séculos.

Sob a brancura dos cabelos, olhos úmidos de alegria incontida, os braços se erguem com a Criança e dos lábios brota o hino de ação de graças: “Agora podes deixar partir este teu servo porque meus olhos já cansados puderam contemplar nesta Criança a salvação que vem de Deus”.

É assim que se espera o Natal e assim que se celebra esta festa. É no encontro com o Salvador que sentimos a felicidade de nossa vida. Natal é festa de amor para todos: para os velhos cansados da vida, há um reconforto de esperança; para os adultos, a certeza da presença de Deus que veio para ficar conosco; para os jovens, uma ocasião para escolher certo o rumo de seus passos; para os que ainda vão nascer a alegria de ter Deus bem perto de suas vidas inocentes.

Restabelecer pois a verdade do Natal. Na azáfama das compras, não perder o sentido real da festa da chegada de Deus entre nós. Moços e velhos, crianças e adultos, temos de preparar-nos para este encontro de salvação, de alegria e de graça com o Menino que nos foi dado na noite de Belém.

Dom Benedicto de Ulhôa Vieira

À espera do Natal 


Seu verdadeiro nome é Advento. Seu significado não é uma espera no vazio de algo que pode não acontecer, mas sim, de quem está construindo sua casa para o Deus-conosco vir morar. O estado de espírito dessa espera manifesta-se numa incontida alegria do coração humano, “porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu” (Lc.1,45). Diz a expressão popular: “A esperança é a última que morre”, e quando morre sempre traz amarga frustração. Faz-se necessário diferenciar as duas esperanças: a esperança humana apóia-se nas próprias forças e nela pode não acontecer o que se espera e a esperança cristã, que se apóia em Deus, significa a certeza da realização do que se espera, fundamenta-se na fidelidade de Deus.

Advento celebra a espera das duas vindas do Filho de Deus ao encontro da humanidade: a do passado e a do futuro. Natal, acolhido na fé, acontece todo dia em nossas vidas e sempre se renova. O Advento anima também nossa esperança na segunda vinda do Senhor, sua volta com poder e glória no fim dos tempos como juiz da história. Essa espera de sua volta não pode significar aguardá-lo permanecendo de braços cruzados, mas deve manifestar-se nas realizações de cada dia, através do empenho pela construção de um mundo novo onde a justiça e a paz se abraçarão.

Esta volta no fim dos tempos, como Ele mesmo advertiu, será imprevisível e inesperada e podemos senti-la antecipada, na vida de cada um de nós. Esperá-lo, portanto, é estar a caminho para o encontro com Ele, sempre em busca da conversão do coração. Os dois primeiros domingos do Advento preparam-nos para a volta de Cristo no fim dos tempos e, com uma palavra de ordem, convidam-nos a permanecer numa atitude de vigilância que nos ajudará “a julgar com sabedoria os valores terrenos e colocar nossa esperança nos bens eternos.” É seguindo os passos de Cristo que se percorre o caminho do amor e da justiça.

Terceiro e quarto domingos do Advento preparam-nos mais diretamente para a celebração do Natal. Os textos litúrgicos, antes de tudo, fazem-nos professar que sua vinda na história dos homens fora predita pelos profetas. Diante da proximidade do Senhor (que a liturgia refere à primeira vinda) é compreensível a pergunta de muitos, dirigida a João Batista: “Que devemos fazer?” A resposta do Precursor, pedindo conversão, fundamenta a autêntica alegria que estabelece nova relação com Deus por meio do perdão dos pecados e da nova relação com o próximo pela prática do amor e pelo respeito à justiça.

No quarto domingo, Maria da Anunciação acolhe a mensagem do Anjo Gabriel. Ninguém melhor do que Maria para ajudar-nos a fazer nossa preparação para o Natal. João Batista nos ensina a prepará-lo pela penitência, Maria pela atitude de fé. Como ela, nós cremos em tudo que foi escrito a respeito deste Menino. Preparou-se para o nascimento do seu Filho dirigindo-se “apressadamente” à casa de Isabel, sua parenta, para ajudá-la em sua gravidez de seis meses. Vai a esse encontro para servir a quem dela necessita. Ninguém melhor do que ela percebe todo o sentido da Encarnação e do Natal: sair de si e ir ao encontro do necessitado. O melhor a fazer na espera do Natal é seguir este exemplo: “Eis a serva do Senhor”.

Advento: tempo de alegria e esperança 


A Igreja celebra o Tempo do Advento, marcando o começo de um novo Ano Litúrgico. Liturgia significa “serviço”, portanto iniciamos um novo ano de serviço a Deus!

O Advento é um tempo especial em que somos convidados a uma atitude de vigilância e expectativa, preparando-nos para a celebração do nascimento de Jesus Cristo. As leituras deste tempo nos convidam à vigilância, à oração, à conversão, à abertura para ouvir e acolher a palavra de Deus como fez Maria. São textos proféticos que nos incitam à mudança de vida, à espera do Salvador que vem, vivendo hoje o mesmo espírito de preparação do povo do Antigo Testamento.

É um tempo propício de penitência, mas também de alegria e esperança na vivência do mistério da encarnação de Deus que veio para nos salvar. Ele se fez homem no seio da Virgem Maria e assumiu plenamente nossa humanidade, igual a nós em tudo, exceto no pecado, como nos lembra o apóstolo Paulo.

O Advento é tempo de espera desse grande evento da história humana: a visita do nosso Deus e Pai pelo nascimento de seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é a grande graça de Deus para nós. A percepção desta graça leva a nós cristãos a festejar. Esta festa é tão alegre, grande e contagiante que dela participam até aqueles que não o conhecem ou se tornaram indiferentes a Ele.

Deixando de lado formas pagãs de festejar, que por vezes afetam até nós cristãos, o Advento e a celebração do Natal são grandes momentos de retomada da nossa adesão a Jesus Cristo. Essa retomada consiste na vontade nossa de nos deixar evangelizar por Jesus Cristo e engajar-nos em nome dele na evangelização dos que se afastaram dele, ou se tornaram indiferentes, ou ainda o desconhecem.

O Advento nos prepara para o Natal, a celebração do mistério de Deus que se faz criança e assume nossa humanidade. Natal é a abertura do homem para um horizonte maior, horizonte que lhe dá a possibilidade de ter e realizar um sentido de vida que o conduza e o satisfaça, fazendo com seja verdadeiramente ele mesmo, portanto salvo. Pois no Natal celebramos o inaudito: Deus se fez (e liturgicamente sempre se faz) homem. Natal é o anúncio da benignidade de Deus, da surpreendente comunhão entre o divino e o humano, uma comunhão que é “salus”, isto é, saúde radical, salvação.

Natal é salvação não no sentido de que o homem, para ter abertura, comunhão e participação com o divino, deve se tornar menos homem, mas que deve se tornar tão homem quanto Jesus Cristo o foi. É grande esse mistério de bondade.

A compreensão e a recepção desse mistério na vida nossa pessoal, eclesial, comunitária e social não é fácil, e não é fácil fazer com que ela se torne “história”. Ela implica transformação. E a transformação do ser humano é sempre processo lento, que exige constância, empenho e vigilância, numa saudável repetição de reflexões e exercícios religiosos.

Durante o Advento, a Igreja no Brasil realiza a Campanha da Evangelização. Ela é a possibilidade que nos é dada de nos tornarmos solidários com todo o processo de evangelização, colocando à disposição do Evangelho pequena parcela de nossos recursos como sinal de gratidão por termos sido nós próprios alcançados pelo santo Evangelho.

O tempo litúrgico do Advento é destinado ao cultivo desse empenho e dessa vigilância, passando pela boa percepção da insuficiência, fragilidade e maldade da “condição humana”. Quanto mais fizermos ecoar em nós essa experiência, com maior alegria estaremos celebrando o Natal, pois perceberemos pela experiência que, em Jesus Cristo, o divino faz de fato levedar o humano e lhe dá transformação e sentido pleno.

Vivendo o Advento, portanto, já estamos celebrando o Natal. E celebrando o Natal, estaremos de fato vivendo o feliz Advento do Senhor.

Dom Fernando Mason é Bispo Diocesano de Piracicaba

Dom Eduardo Koaik - Bispo Emérito de Piracicaba

Preparando-nos para o Natal do Senhor 


Com o Advento, a Igreja inicia o novo ano litúrgico. Advento significa “chegada” e é o tempo santo de preparação para o Natal de Jesus. Esse tempo litúrgico possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o Tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa.

O Advento é um tempo especial para fazermos um questionamento sério sobre nossa vida pessoal e também sobre o mundo em que vivemos. É um momento privilegiado para averiguarmos se a semente de amor e justiça lançada por Jesus Cristo no coração dos homens está nascendo e frutificando.

O Natal é uma celebração que nos transmite profundas verdades de vida. Ao contemplarmos a gruta de Belém, descobrimos o imenso amor de Deus que assume nossa condição humana, vindo ao mundo para nos salvar. É Deus que se humaniza, para divinizar o homem.

Celebrar o Natal é descobrir, na pequenez e na pobreza do presépio, a grandeza e a riqueza do amor divino. É perceber a lição de humildade que Cristo veio nos ensinar. É optar pelo caminho que Ele veio nos mostrar. É acolher com sinceridade as verdades que veio nos comunicar, vivendo-as no nosso dia a dia. É assumir o compromisso com as causas do evangelho, lutando em defesa da vida, colocando-nos ao lado dos pobres, excluídos e injustiçados. É, a exemplo de Jesus Cristo, ser um sinal de contradição na sociedade, buscando a construção da justiça, da paz e da fraternidade.

Os cristãos devem celebrar o Natal com esse espírito. Por ser uma comemoração tão importante, é necessário que nos preparemos bem. Na Igreja, o Advento é o tempo de preparação, quando somos convidados a nos converter, mudando nossa mentalidade e nossas atitudes, para nos identificarmos cada vez mais com a proposta de vida que o Divino Mestre veio nos ensinar.

Coroa do Advento – Um dos símbolos do Advento é a grinalda ou coroa, que representa o infinito amor de Deus. Quatro velas são acesas e colocadas no círculo, uma a cada semana do Advento. Elas simbolizam a luz de Cristo que nasce para iluminar nossas vidas.

Dimensão cristológica e dimensão mariana
Em bonita reflexão, Padre José Luiz Majella Delgado (CSSR) nos apresenta o sentido desse tempo litúrgico: importante: “O Advento invoca a vinda do Senhor por meio de seus profetas. É um período de quatro semanas, tempo de preparação para as festas do Natal e Epifania. Esses dias proporcionam à nossa oração e à nossa meditação um mundo rico em realidades, em mistérios, em modelos, em tipos, em pensamentos e em sugestões espirituais.

Dois grandes temas dominam o Advento: o cristológico e o mariano. Algumas figuras dão uma tonalidade especial para este tempo litúrgico: Isaías e João Batista, a Virgem Maria e São José. A espiritualidade desses dias é um apelo para que possamos viver alguns comportamentos fundamentais da nossa vida cristã: a expectativa vigilante e alegre, a esperança, a conversão, a pobreza. A celebração deste Tempo é uma pedagogia para compreendermos o mistério da salvação: Jesus é o ponto de referência não só para os sentimentos piedosos e religiosos, mas para empenharmos toda a nossa existência no anúncio e testemunho do Reino de Deus. O Advento é também o tempo da Virgem Maria que se prepara na oração e no recolhimento para o grande mistério do nascimento de Cristo."

Espiritualidade do Advento 


Toda a liturgia do Advento é apelo para se viver alguns comportamentos essenciais do cristão : a expectativa vigilante e alegre, a esperança, a conversão, a pobreza. Somente na vivência profunda destes elementos, o nascimento de Cristo terá um sentido profundo em nossa vida e não uma simples lembrança histórica.

1) A expectativa vigilante e alegre caracteriza sempre o cristão e a Igreja, porque o Deus da revelação e o Deus da promessa, , que manifestou em Cristo toda sua fidelidade ao homem.Em toda a liturgia do Advento ressoam as promessas de Deus, principalmente pela voz de Isaías, que reaviva a esperança de Israel.

A esperança da Igreja, portanto a nossa esperança, é a mesma de Israel , mas já realizada em Cristo. O olhar da comunidade , fixa-se com esperança mais segura no comprimento final, a vinda gloriosa do Senhor: “Maranatha: vem ,Senhor Jesus”. É o grito e o suspiro de toda Igreja e de cada um de nós, em seu peregrinar terreno ao encontro definitivo do Senhor.

A expectativa vigilante é acompanhada sempre pelo convite à alegria. O Advento é tempo de expectativa alegre porque aquilo que se espera certamente acontecerá. Deus é fiel. A vinda do Salvador cria um clima de alegria que a liturgia não só relembra , mas quer que seja vivida por cada um de nós.

2) No Advento, toda a Igreja vive sua grande esperança. O Deus da revelação de Jesus tem um nome: “Deus da esperança” (Rm 15,13). Não é o único nome do Deus vivo, mas um nome que o identifica como “Deus para nós e conosco”. Este tempo deve ser para nós, e todos precisamos,um tempo de grande educação à esperança: uma esperança forte e paciente; uma esperança que aceita a hora da provação, da perseguição e da lentidão no desenvolvimento do reino; uma esperança que confia no Senhor e nos liberta das nossas muitas impaciências.

Esse empenho da Igreja torna-se mais forte e urgente diante das grandes áreas vazias de esperança, que se registram no mundo contemporâneo, inclusive no nosso Brasil. A geografia do desespero é maior e mais terrível do que a geografia da fome e é expressão aterradora do avanço de anti-humanismos destruidores, como a droga e a violência.

3) Advento, tempo de conversão. Não existe possibilidade de esperança e de alegria sem retornar ao Senhor de todo o coração, na expectativa da sua volta. A vigilância requer luta contra o torpor e a negligência; requer prontidão, e portanto,desapego dos prazeres e bens terrenos (cf. Lc 21,34 ss).

Os comportamentos fundamentais do cristão exigidos pelo espírito do Advento, estão intimamente unidos entre si, de modo que não é possível viver a expectativa, a esperança e a alegria pela vinda do Senhor, sem uma profunda conversão. Por outro lado,como as tentações da vida presente antecipam a tribulação escatológica, a vigilância cristã exige um treinamento diário na luta contra o maligno; exige sobriedade e oração contínua: “sejam sóbrios e fiquem de prontidão” (1 Pd 5,8-9).

4) Enfim, um comportamento que caracteriza a espiritualidade do Advento é o do pobre. Não tanto o pobre em sentido econômico, mas o pobre entendido em sentido bíblico: aquele que confia em Deus e apóia-se totalmente nele. Estes anawîm, como os chama a bíblia, são os mansos e humildes, porque as suas disposições fundamentais são a humildade, o temor de Deus, a fé.

Jesus proclamará felizes os pobres e neles reconhecerá os herdeiros do Reino,e ele mesmo será um pobre. Maria, a mulher do advento, emerge como modelo dos pobres do Senhor, que esperam as promessas de Deus, confiam nele e estão disponíveis à atuação do plano de Deus. Não nos esqueçamos que a pobreza do coração, essencial para entrar no Reino, não exclui, mas exige a pobreza efetiva, a renúncia em colocar a própria confiança nos bens terrenos.

Vivendo assim este ” tempo de graça” que a Igreja nos oferece, o Natal do Senhor de 2002 terá um novo sentido em nossa vida espiritual.

Padre Gian Luigi Morgano

Advento: Meditando a chegada de Cristo 



O Ano Litúrgico começa com o Tempo do Advento; um tempo de preparação para a Festa do Natal de Jesus. Este foi o maior acontecimento da História: o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Dignou-se a assumir a nossa humanidade, sem deixar de ser Deus. Esse acontecimento precisa ser preparado e celebrado a cada ano. Nessas quatro semanas de preparação, somos convidados a esperar Jesus que vem no Natal e que vem no final dos tempos.

Nas duas primeiras semanas do Advento, a liturgia nos convida a vigiar e esperar a vinda gloriosa do Salvador. Um dia, o Senhor voltará para colocar um fim na História humana, mas o nosso encontro com Ele também está marcado para logo após a morte.

Nas duas últimas semanas, lembrando a espera dos profetas e de Maria, nós nos preparamos mais especialmente para celebrar o nascimento de Jesus em Belém. Os Profetas anunciaram esse acontecimento com riqueza de detalhes: nascerá da tribo de Judá, em Belém, a cidade de Davi; seu Reino não terá fim... Maria O esperou com zelo materno e O preparou para a missão terrena.

Para nos ajudar nesta preparação usa-se a Coroa do Advento, composta por 4 velas nos seus cantos – presas aos ramos formando um círculo. A cada domingo acende-se uma delas. As velas representam as várias etapas da salvação. Começa-se no 1º Domingo, acendendo apenas uma vela e à medida que vão passando os domingos, vamos acendendo as outras velas, até chegar o 4º Domingo, quando todas devem estar acesas. As velas acesas simbolizam nossa fé, nossa alegria. Elas são acesas em honra do Deus que vem a nós. Deus, a grande Luz, "a Luz que ilumina todo homem que vem a este mundo", está para chegar, então, nós O esperamos com luzes, porque O amamos e também queremos ser, como Ele, Luz.

No lº Domingo, há o perdão oferecido a Adão e Eva. Eles morreram na terra, mas viverão em Deus por Jesus Cristo. Sendo Deus, Jesus fez-se filho de Adão para salvar o seu pai terreno. Meditando a chegada de Cristo, que veio no Natal e que vai voltar no final da História, devemos buscar o arrependimento dos nossos pecados e preparar o nosso coração para o encontro com o Senhor. Para isso, nada melhor que uma boa Confissão, bem feita.

Até quando adiaremos a nossa profunda e sincera conversão para Deus? 

No 2º Domingo, meditamos a fé dos Patriarcas. Eles acreditaram no dom da terra prometida. Pela fé, superaram todos os obstáculos e tomaram posse das Promessas de Deus. É uma oportunidade de meditarmos em nossa fé; nossa opção religiosa por Jesus Cristo; nosso amor e compromisso com a Santa Igreja Católica – instituída por Ele para levar a salvação a todos os homens de todos os tempos. Qual tem sido o meu papel e o meu lugar na Igreja? Tenho sido o missionário que Jesus espera de todo batizado para salvar o mundo?

No 3º Domingo, meditamos a alegria do rei Davi. Ele celebrou a aliança e sua perpetuidade. Davi é o rei imagem de Jesus, unificou o povo judeu sob seu reinado, como Cristo unificará o mundo todo sob seu comando. Cristo é Rei e veio para reinar; mas o seu Reino não é deste mundo; não se confunde com o “Reino do homem”; seu Reino começa neste mundo, mas se perpetua na eternidade, para onde devemos ter os olhos fixos, sem tirar os pés da terra.

No 4º Domingo, contemplamos o ensinamento dos Profetas: Eles anunciaram um Reino de paz e de justiça com a vinda do Messias. O Profeta Isaías apresenta o Senhor como o Deus Forte, o Conselheiro Admirável, o Príncipe da Paz. No seu Reino acabarão a guerra e o sofrimento; o boi comerá palha ao lado do leão; a criança de peito poderá colocar a mão na toca da serpente sem mal algum. É o Reino de Deus que o Menino nascido em Belém vem trazer: Reino de Paz, Verdade, Justiça, Liberdade, Amor e Santidade.

A Coroa do Advento é o primeiro anúncio do Natal. Ela é da cor verde, que simboliza a esperança e a vida, enfeitada com uma fita vermelha, simbolizando o amor de Deus que nos envolve e também a manifestação do nosso amor, que espera ansioso o nascimento do Filho de Deus.

O Tempo do Advento deve ser uma boa preparação para o Natal, deve ser marcado pela conversão de vida – algo fundamental para todo cristão. É um processo de vital importância no relacionamento do homem com Deus. O grande inimigo é a soberba, pois quem se julga justo e mais sábio do que Deus nunca se converterá. Quem se acha sem pecado, não é capaz de perdoar ao próximo, nem pede perdão a Deus.

Deus – ensinam os Profetas – não quer a morte do pecador, mas que este se converta e viva. Jesus quer o mesmo: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Por isso Ele chamou os pecadores à conversão: “Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus” (Mt 4,17); “convertei-vos e crede no Evangelho” ( Mc 1,15).

Natal do Senhor, este é o tempo favorável; este é o dia da salvação!

Felipe Aquino
www.cleofas.com.br

A celebração do advento 


para outros tempos do ano litúrgico, o Vaticano II enriqueceu notavelmente de leituras bíblicas o período do Advento. Os três ciclos para os quatro domingos, as leituras cotidianas da missa durante essas quatro semanas, apresentam um tesouro considerável, digno de uma atenta catequese.

O novo calendário romano, no n. 39, cuidou de exprimir o significado do Advento: "O tempo do Advento tem uma dupla característica: é tempo de preparação para a solenidade do Natal, em que se recorda a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens e simultaneamente é o tempo no qual, através desta recordação, o espírito é conduzido à espera da segunda vinda de Cristo no final dos tempos".

Esse significado envolve o lecionário inteiro: a escolha de cada perícope evangélica não só confere a cada celebração seu colorido litúrgico particular, mas determina, pelo menos para os grandes tempos do ano, a escolha das outras leituras ductilmente harmonizadas com ela.

Mais sugestiva que um longo comentário sobre a teologia do Advento é a tabela seguinte:

DOMINGO 

Ano 

PROFETAS 

CARTAS 

EVANGELHO 


I
Esperança vigilante do Senhor 


As nações se reúnem
Is 2, 1-5 

O dia está próximo
Rm 13, 11-14 

Vigiai
Mt 24, 37-44 



Oxalá Deus descesse
Is 63, 16-17.19; 

O dia do Senhor
1 Cor 1, 3-9 

Vigiai
Mc 13, 33-37 



O germe de justiça
Jr 33, 14-16 

O dia quando vier o Senhor
1 Ts 3, 12 - 4,2 

Vigiai
Lc 21, 25-28.34-36 


II
Advertência de João Batista: Preparai os caminhos do Senhor 


Sobre ele o Espírito do Senhor - Is 11, 1-10 

As promessas realizadas em Jesus - Rm 15, 4-9 

Preparai o caminho do Senhor - Mt 3, 1-12 



Encher o vale
Is 40, 15.9-11 

Céus novos e terra nova
2Pd 3, 8-14 

Preparai o caminho do Senhor - Mc 1, 1-8 



As colinas eternas serão abaixadas - Br 5, 1-9 

O dia quando vier o Senhor
Fl 1,4-6.8-11 

Preparai o caminho do Senhor - Lc 3, 1-6 


III
Presença dos tempos messiânicos. Alegria. 


As curas, sinais dos tempos - Is 35, 1-6.8.10 

Paciência até a vinda do Senhor - Tg 5, 7-10 

Curas e Sinais
Mt 11, 2-11 



Boa nova aos pobres
Is 61, 1-2.10-11 

Alegria pela vinda do Senhor
1Ts 5, 16-24 

Cristo no meio de nós
Jo 1, 6-7.19-28 



Alegria! Deus está em ti
Sf 3, 14-18 

Alegria! O Senhor está aqui
Fl 4, 4-7 

Vem um mais poderoso
Lc 3, 10-18 


IV
Encarnação do Verbo 


Uma virgem dará à luz
Is 7, 10-14 

Nascido de Davi segundo a carne - Rm 1, 1-7 

Anúncio a José
Mt 1, 18-24 



A tua casa para sempre diante de mim
2Sm 7, 1-5,8-12.14.16 

O mistério revelado a todos
Rm 16, 25-27 

Anúncio a Maria
Lc 1, 26-38 



Aquela que deve dar à luz
Mq 5, 1-4 

Cristo ao chegar diz: Eis-me
Hb 10, 5-10 

Anúncio a Isabel
Lc 1, 39-48 

Como se pode notar, os domingos exprimem uma continua progressão partindo do segundo advento, ligado ao último domingo do ano, embora sempre sublinhem o nascimento de Jesus, para chegar à encarnação do Verbo.

O número das perícopes escriturísticas é impressionante e confere à celebração do Advento uma riqueza teológica incomparável. Observe-se a discreta harmonização entre as três leituras do mesmo domingo. Somos pois convidados a ler e a estudar os textos na sua recíproca ligação no âmbito da celebração de um mesmo domingo, mas também na sua ligação com os textos dos domingos seguintes.

Basta olhar simplesmente a tabela das leituras na tradição romana, para o leitor tomar consciência de que as leituras do Lecionário do Vaticano II se inspiraram amplamente na escolha dos lecionários precedentes. Mas o lecionário atual propõe também duas leituras próprias para cada dia das quatro semanas do Advento: é mais uma riqueza, que infelizmente nos é impossível comentar aqui. Vamos limitar-nos a oferecer uma brevíssima síntese apenas das leituras dominicais.

A tonalidade de fundo que percorre o 1º domingo é a da espera vigilante do Senhor. Ele anuncia o seu retorno. Devemos estar alertas. As nações se reunirão. O dia está próximo (ciclo A). De fato, esperamos que o Senhor Jesus se revele. Quando vier, tudo será restaurado, o universo e cada um de nós (ciclo B). E preciso vigiar e estar pronto para comparecer de pé diante do Filho do homem. Um germe de justiça se instaurará no fim dos tempos, pelo que devemos estar firmes e irrepreensíveis.

Se o reino dos céus está próximo, é mister preparar os caminhos. É o tema específico do 2º domingo do Advento. O Espírito está sobre o Senhor e nele as promessas são confirmadas (ciclo A). Preparar os caminhos significa preparar um mundo novo, uma terra nova (ciclo B). Devemos saber ver a salvação de Deus, cobrir-nos como manto da justiça e revestir-nos do esplendor da glória do Senhor (ciclo C).

O 3º domingo apresenta os tempos messiânicos. Deus vem salvar-nos, a sua vinda está próxima, as curas são o sinal da sua presença (ciclo A). No meio de nós está alguém que não conhecemos. Exultamos pela presença de quem está marcado pelo Espírito (ciclo B). Um mais poderoso que João Batista deve chegar. Já está aqui. E esse o tempo da fraternidade e da justiça (ciclo C).

O 4º domingo do Advento anuncia a vinda iminente do Messias. José foi pré-advertido. Uma Virgem conceberá o Filho de Deus, Jesus Cristo, da estirpe de Davi (ciclo A). A noticia é comunicada a Maria. O trono de Davi será firme para sempre. O mistério calado por Deus durante séculos é agora revelado (ciclo B). Também Isabel agora sabe. De Judá sairá aquele que vai reger Israel. Ele vem para cumprir a vontade de Deus (ciclo C).

Extraído do livro
O ANO LITÚRGICO História, Teologia e Celebração
©Paulinas 1991

O Tempo do Advento 



1. História do Advento

Não é fácil precisar a história e o primitivo significado do Advento; além disso,as noticias sobre suas verdadeiras origens são parcas .É necessário distinguir elementos que dizem respeito a práticas ascéticas e a outras, de caráter estritamente litúrgico; um Advento que é preparação para o Natal e um Advento que celebra a vinda gloriosa de Cristo ( Advento escatológico). No Oriente, permaneceu quase ignorado um período de preparação ao Natal.

Portanto, o Advento é próprio do Ocidente. São descartadas totalmente as teorias que atribuem o Advento a São Pedro e sua existência aos tempos de Tertuliano e São Cipriano.O testemunho mais antigo encontra-se em uma passagem de Santo Hilário (por volta de 366)que diz:"Sancta Mater Ecclesia Salvatoris adventus annuo recursu per trium septimanarum sacretum spatium sivi indicavit"(CSEL,65,16)"A santa mãe igreja oferece um espaço sagrado de três semanas por ano para a vinda do Salvador" .

O duplo caráter do Advento, que celebra a espera do Salvador na glória e a sua vinda na carne,emerge das leituras bíblicas festivas .O primeiro domingo orienta para parusia final,o segundo e o terceiro chamam a atenção para a vinda cotidiana do Senhor; o quarto domingo prepara-nos para a natividade de Cristo ao mesmo tempo fazendo dela a teologia e a história. Portanto, a liturgia contempla ambas as vindas de Cristo, em íntima relação entre si.

2. Espiritualidade do Advento

Toda a liturgia do Advento é apelo para se viver alguns comportamentos essenciais do cristão: a expectativa vigilante e alegre, a esperança, a conversão, a pobreza.

a) A expectativa vigilante e alegre caracteriza sempre o cristão e a Igreja, porque o Deus da revelação é o Deus da promessa, que manifestou em Cristo toda a sua fidelidade ao homem: "Todas as promessas de Deus encontram nele seu sim" ( 2 Cor 1,20). A esperança da Igreja é a mesma esperança de Israel, mas já realizada em Cristo.

Os nossos primeiros irmãos na fé, como atesta a Didaqué, imploravam: "Que o Senhor venha e passe afigura deste mundo. Maranatha. Amém". Assim termina o livro do Apocalipse e toda a escritura:"Aquele que atesta essas coisas diz: Sim! venho muito em breve. Amém! Vem Senhor Jesus. A graça do Senhor Jesus esteja com todos. Amém"(Ap 22,20).

A expectativa vigilante é acompanhada sempre pelo convite à alegria. O Advento é tempo de expectativa alegre porque aquilo que se espera certamente acontecerá. Deus é fiel. A vinda do Salvador cria um clima de alegria que a liturgia do Advento não só relembra, mas quer que seja vivida.O Batista, diante de Cristo presente em Maria, salta de alegria no seio da mãe.O nascimento de Jesus é uma festa alegre para os anjos e para os homens que ele vem salvar (cf. Lc 1, 44.46-47; 2,10.13-14).

b) No Advento, toda a Igreja vive a sua grande esperança. O Deus da revelação tem um nome:"Deus da esperança"(Rm15,13).

Não é o único nome do Deus vivo, mas é um nome que o identifica como "Deus para conosco".O Advento é o tempo da grande educação à esperança: uma esperança forte e paciente; uma esperança que aceita a hora da provação, da perseguição e da lentidão no desenvolvimento do Reino; uma esperança que confia no Senhor e liberta das impaciências subjetivistas e do frenesi do futuro programado pelo homem.

Na convocação ao testemunho da esperança, a Igreja, no Advento, é confortada pela figura de Maria, a mãe de Jesus.Ela que "no céu, glorificada em corpo e alma, é a imagem e a primícia da Igreja...brilha também na terra como sinal de segura esperança e de consolação para o povo de Deusa caminho, até que chegue dia do Senhor" (cf. 2 Pd 3,10).

c) Advento ,tempo de Conversão. Não existe possibilidade de esperança e de alegria sem retornar ao Senhor de todo coração, na expectativa da sua volta.A vigilância requer luta contra o torpor e a negligência; requer prontidão e, portanto, desapego dos prazeres e bens terrenos. O cristão, convertido a Deus, é filho da luz e, por isso, permanecerá acordado e resistirá às trevas, símbolo do mal, pois do contrário corre o risco de ser surpreendido pela parusia.

Esse comportamento de vigilante espera na alegria e na esperança exige sobriedade, isto é, renúncia aos excessos e a tudo aquilo que possa desviar-nos da espera do Senhor.A pregação do Batista, que ressoa no texto do evangelho do segundo domingo do Advento, é apelo para a conversão, a fim de preparar os caminhos do Senhor.

O espírito de conversão , próprio do Advento, possui tonalidades diferentes daquelas relembradas na Quaresma. A substância é essencialmente a mesma, mas, enquanto a Quaresma é marcada pela austeridade da reparação do pecado, o Advento é marcado pela alegria da vinda do Senhor.

d) Enfim, um comportamento que caracteriza a espiritualidade do Advento é o do pobre. Não tanto o pobre em sentido econômico, mas o pobre entendido em sentido bíblico: aquele que confia em Deus e apóia-se totalmente nele. Estes anawîm , como os chama a Bíblia, São os mansos e humildes , porque as suas disposições fundamentais são a humildade, o temor de Deus, a fé.

Eles são objeto do amor benévolo de Deus e constituem as primícias do "povo humilde"( cf. Sf 3,12) e da "Igreja dos pobres" que o Messias reunirá. Jesus proclamará felizes os pobres e neles reconhecerá os herdeiros privilegiados do Reino, ele mesmo será pobre. Belém, Nazaré, mas sobretudo a cruz, são diversas formas com que Cristo manifestava-se como autêntico "pobre do Senhor". Maria emerge como modelo dos pobres do Senhor, que esperam as promessas de Deus, confiam nele e estão disponíveis, com plena docilidade, à atuação do plano de Deus.

Padre Gian Luigi Morgano


Personagens do Advento 


· Isaías: figura de espera pela Salvação
· João Batista: figura de preparação
· Maria: Virgem da esperança e Mãe do Salvador



1.-A FIGURA DA ESPERA: ISAÍAS

A escolha das leituras do Advento tem nos colocado em frequente contato com Isaías.
Convém refletir um pouco sobre sua personalidade. Os textos evangélicos não dizem nada da personalidade do profeta Isaías, mas o citam. Podemos até mesmo dizer que, frequentemente, pode-se advinhá-lo presente no pensamento e até nas palavras de Cristo.

É o profeta por excelência do tempo da espera; está espantosamente perto, é entre os nossos, de hoje. Está presente por seu desejo de libertação, desejo do absoluto de Deus; o é na lógica bravura de toda sua vida que é luta e combate; o é até em sua arte literária, na qual nosso século volta a encontrar seu gosto pela imagem desnuda mas forte até a crueza.

É um desses violentos aos quais o Reino é prometido por Cristo.

Tudo deve ceder perante este visionário, emocionado pelo esplendor futuro do Reino de Deus inaugurado com a vinda de um Príncipe de paz e justiça. Encontramos em Isaías esse poder tranqüilo e inquebrantable do que está possuído pelo Espírito que anuncia, sem outra alternativa e como que pesando as coisas que diz o Senhor.

O profeta não é conhecido por outra coisa além de suas obras, mas estas são tão características que através delas podemos adivinhar e amar sua pessoa. Surpreendente proximidade desta grande figura do século VIII antes de Cristo, que sentimos no meio de nós, cotidianamente, dominando-nos desde sua altura espiritual.

Isaías viveu em uma época de esplendor e prosperidade. Rara vez os reinos de Judá e Samaria haviam conhecido tal otimismo e sua posição política lhes permite sonhos ambiciosos. Sua religiosidade atribui a Deus a fortuna política e a religião espera dele novos sucessos. Em meio deste frágil paraíso, Isaías vai erguer-se valorosamente e cumprir sua missao: mostrar a seu povo a ruína que o espera por sua negligência.Pertencente sem dúvida à aristocracia de Jerusalém, alimentado pela literatura de seus predecessores, principalmente Amós e Oséias, Isaías prevê como eles, inspirado por seu Deus, o que será a história de seu país. Superando a situação presente na qual se misturam covardias e compromissos, vê o castigo futuro que direcionará os caminhos tortuosos.Lodts escreve dos profetas: "Achando até mesmo reclamar uma volta atrás, exigiam um salto adiante. Estes reacionários eram, ao mesmo tempo, revolucionários". Assim as coisas, Isaías foi arrebatado pelo Senhor "no ano da morte do rei Ozias", por volta do ano 740, quando estava no templo, com os lábios purificados por uma brasa trazida por um serafim (Is 6, 113). A partir deste momento, Isaías já não se pertence. Não porque seja um simples instrumento passivo nas mãos de Yahvé; ao contrário, todo seu dinamismo vai ser colocado a serviço de seu Deus, convertendo-se em seu mensageiro. Mensageiro terrível que anuncia o despojo de Israel ao que só lhe restará um pequeno sopro de vida. O início da obra de Isaías, que originará a lenda do boi e do asno no presépio, marcam seu pensamento e seu papel. Yahvé é todo para Israel, mas Israel, mais estúpido que o boi que conhece seu dono, ignora seu Deus (Is 1, 2-3).

A Virgem dará à luz

Mas Isaías não se isolará no papel de pregador moralizante. E assim se torna para sempre o grande anunciador da Parusia, da vinda de Yahvé. Assim com Amós tinha se levantado contra a sede de dominação que avivava a brilhante situação de Judá e Samaria no século VIII, Isaías prediz os cataclismas que se desencadearão no dia de Yahvé (Is 2, 1-17). Esse dia será para Israel o dia do juízo.

Para Isaías, como mais tarde para São Paulo e São João, a vinda do Senhor traz consigo o triunfo da justiça. Por outro lado, os capítulos 7 al 11 vão nos descrever o Príncipe que governará na paz e na justiça (ls 7, 10-17).

É fundamental familiarizar-se com o duplo sentido do texto. Áquele que não entrar na realidade ambivalente que este comunica, será totalmente impossível compreender a Escritura, inclusive certas passagens do Evangelho, e viver plenamente a liturgia.

Com efeito, no evangelho do primeiro domingo de Advento sobre o fim do mundo e a Parusia, os dois significados do Advento deixam constância desse fenômeno propriamente bíblico no qual uma dupla realidade se significa por um mesmo e único acontecimento. O reino de Judá vai passar pela devastação e a ruína.

O nascimento de Emanuel, "Deus conosco", reconfortará um reino dividido pelo cisma de dez tribos. O anúncio deste nascimento promete, pois, aos contemporâneos de Isaías e aos ouvinte de seu oráculo, a sobrevivência do reino, apesar do cisma e da devastação. Príncipe e profeta, esse menino salvará por si mesmo seu país.

A Idade de Ouro

Mas, por outro lado, a apresentação literária do oráculo e o modo como Isaías insiste no caráter libertador deste menino, cujo nascimento e juventude são dramáticos, fazem pressentir que o profeta vê neste menino a salvação do mundo. Isaías destaca em suas profecias ulteriores os traços característicos do Messias. Aqui se contenta em indicá-los e reserva para mais tarde tratá-los um a um e modelá-los. O profeta descreve deste modo a este rei justo: (Is. 11, 1-9).

Ezequias vai subir ao trono e este poema é escrito para ele. Mas, como um homem frágil pode reunir em si tão eminentes qualidades? Não vislumbra Isaías o Messias através de Ezequias?

A Igreja o entende assim e lê esta passagem, sobre a chegada do justo, no segundo domingo de Advento. No capítulo segundo de sua obra, vimos Isaías anunciando uma Parusia que ao mesmo tempo será um juízo. No capítulo 13, descreve a queda da Babilônia tomada por Ciro. E novamente, nos convida a superar este acontecimento histórico para ver a vinda de Yahvé em seu "dia". A descrição dos cataclismas que se produzirão será tomada por Joel e voltaremos a encontrá-las no Apocalipse (Is 13, 9-ll).

Esta vinda de Yahvé esmagará àquele que quis igualar-se a Deus. O Apocalipse de João recorrerá a imagens parecidas para descrever a derrota do diabo (cap. 14).

Nos maitines do 4.° domingo de Advento, voltamos a encontrá-lo no momento em que descreve o advento de Yahvé: "A terra abrasada se tornará fresca, e o país árido em manancial de águas" (35, 7). É reconhecido o tema da maldição da criação no Gênesis. Mas Yahvé volta para reconstruir o mundo. Ao mesmo tempo, Isaías profetiza a ação curativa de Jesus que anuncia o Reino: "Os cegos vêem, os coxos andam", sinal que João Batista toma deste poema de Isaías (35, 5-6).

Poderíamos sintetizar toda a obra do profeta reduzindo-a a dois objetivos:

· O primeiro, chegar à situação presente, histórica, e remediá-la lutando.
· O segundo, descrever um futuro messiânico mais distante, uma restauração do mundo.

Assim vemos Isaías como um enviado de seu Deus a quem viu cara a cara. O profeta não cessa de falar dele em cada linha de sua obra. E, contudo, em suas descrições se distingue por mostrar como Yahvé é o Santo e, portanto, o impenetrável, o separado, Aquele que não se deixa conhecer. Ou, melhor, o conhecer por suas obras que, antes de mais nada, é a justiça. Para restabelecê-la, Yahvé intervém continuamente na marcha do mundo.

2.-A FIGURA DA PREPARAÇÃO: JOÃO BATISTA

Isaías está presente em João Batista, como João Batista está presente naquele a quem preparou o caminho e que dirá dele: "Não surgiu entre os nascidos de mulher outro maior que João Batista".

São Lucas nos conta com detalhe o anúncio do nascimento de João (Lc 1, 5-25).

Esta estranha entrada em cena de um ser que se tornará um dos mais importantees da realização dos planos divinos é muito do estilo do Antigo Testamento. Todos os seres vivos deviam ser destruídos pelo dilúvio, mas Noé e os seus foram salvos na arca. Isaac nasce de Sara, já em idade avançada para dar à luz. Davi, jovem e sem técnica de combate, derruba Golias.

Moisés, futuro guia do povo de Israel, é encontrado em uma cesta (designada em hebraico com a mesma palavra que arca) e salvo da morte. Desta maneira, Deus quer destacar que Ele mesmo toma a iniciativa da salvação de seu povo.

O anúncio do nascimento de João é solene. Realiza-se no marco litúrgico do templo.

Desde a designação do nome do menino, "João", que significa "Yahvé é favorável", tudo é concreta preparação divina do instrumento que o Senhor elegeu.

Sua chegada não passará despercebida e muitos se alegrarão com seu nascimento (Lc 1, 14); abster-se-á de vinho e bebidas embriagantes, será um menino consagrado e, como prescreve o livro dos Números (6, 1), não beberá vinho nem licor fermentado. João já sinal de sua vocação de asceta. O Espírito habita nele desde o seio de sua mãe. A sua vocação de asceta une-se à guia de seu povo (Lc 1, 17).

Precederá o Messias, papel que Malaquias (3, 23) atribuia a Elias. Sua circuncisão, fato característica, mostra também a eleição divina: ninguém em sua parentela tem o nome de João (Lc 1, 61), mas o Senhor quer que seja chamado assim mudando os costumes. O Senhor é quem o escolheu, é ele quem dirige tudo e guia seu povo.

Benedictus Deus Israelei

O nascimento de João é motivo de um admirável poema que, por sua vez, é ação de graças e descrição do futuro papel do menino. A Igreja canta esta poema todos os dias no final das Laudes reavivando sua ação de graças pela salvação que Deus lhe deu e em reconhecimento porque João continua mostrando-lhe "o caminho da paz".

João Batista é sinal da irrupção de Deus em seu povo. O Senhor o visita, o livra, realiza a aliança que havia prometido.

O papel do precursor é muito precioso: prepara os caminhos do Senhor (Is 40, 3), dá a seu povo o "conhecimento da salvação.Todo o afã especulativo e contemplativo de Israel é conhecer a salvação, as maravilhas do desígnio de Deus sobre seu povo. O conhecimento dessa salvação provoca nele a ação de graças, a benção, a proclamação dos benefícios de Deus que se expressa no "Bendito seja el Senhor, Deus de Israel".

Esta é a forma tradicional de oração de ação de graças que admira os desígnios de Deus. Com estes mesmos termos o servidor de Abraão bendiz a Yahvé (Gn 24, 26). Assim também se expressa Jetró, sogro de Moisés, reagindo ao admirável relato do que Yahvé havia feito para livrar Israel dos egípcios (Ex 18, 10). A salvação é a remissão dos pecados, obra da misericordiosa ternura de nosso Deus (Lc 1, 77-78).

João deverá, pois, anunciar um batismo no Espírito para remissião dos pecados. Mas este batismo não terá apenas esse efeito. Será iluminação. A misericordiosa ternura de Deus enviará o Messias que, segundo duas passagens de Isaías (9, 1 e 42, 7), retomadas por Cristo (Jo 8, 12), "iluminará os que jazem entre as trevas e sombra da morte" (Lc 1, 79).O papel de João, "preparar o caminho do Senhor". Ele o sabe e designa a si mesmo, referindo-se a Isaías (40, 3), como a voz que clama no deserto: "Preparai o caminho do Senhor". Mais positivamente ainda, deverá mostrar àquele que está no meio dos homens, mas que estes não o conhecem (Jo 1, 26) e a quem chama, quando o vê chegar: "Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1, 29).João corresponde e quer corresponder ao que foi dito e previsto sobre ele. Deve dar testemunho da presença do Messias. O modo de chamá-lo indica que o l Messias representa para ele: é o "Cordeiro de Deus”.

O Levítico, no capítulo 14, descreve a imolação do cordeiro em expiação pela impureza legal. Ao ler esta passagem, João, o evangelista, pensa no servidor de Yahvé, descrito por Isaías no capítulo 53, que carrega sobre si os pecados de Israel. João Batista, ao mostrar a Cristo a seus discípulos, o vê como a verdadeira Páscoa que supera a do Êxodo (12, 1) e da qual o universo obterá a salvação.Toda a grandeza de João Batista vem de sua humildade e ocultamento: "É preciso que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3, 30).

Todos verão a salvação de Deus

O sentido exato de seu papel, sua vontade de ocultamento, fizeram do Batista uma figura sempre atual através dos séculos. Não se pode falar dele sem falar de Cristo, mas a Igreja não lembra nunca a vinda de Cristo sem lembrar do Precursor. O Precursor não está unido apenas à vinda de Cristo, mas também à sua obra, que anuncia: a redenção do mundo e sua reconstrução até a Parusia. Todos os anos a Igreja nos faz atual o testemunho de João e de sua atitude frente a sua mensagem. Deste modo, João está sempre presente durante a liturgia de Advento. Na realidade, seu exemplo deve permanecer constantemente diante dos olho das Igreja. A Igreja, e cada um de nós nela, tem com missão preparar os caminhos do Senhor, anunciar a Boa Notícia. Mas recebê-la exige a conversão. Entrar em contato com Cristo supõe o desprendimento de si mesmo. Sem esta ascese, Cristo pode estar no meio de nós sem ser reconhecido (Jo l, 26).

Como João, a Igreja e seus fiéis têm o dever que não cobrir a luz, mas de dar testemunho dela (Jo 1, 7). A esposa, a Igreja, deve ceder o posto ao Esposo. Ela é testemunho e deve ocultar-se diante daquele a quem testemunha. Papel difícil o estar presente no mundo, firmemente presente até o martírio. como João, sem impulsionar uma "instituição" em vez de impulsionar a pessoa de Cristo. Papel missionário sempre difícil o de anunciar a Boa Notícia e não uma raça, uma civilização, uma cultura ou um país: "É preciso que ele cresça e que eu diminua" (Jo 3, 30).

Anunciar a Boa Notícia e não uma determinada espiritualidade, uma determinada ordem religiosa, uma determinada ação católica especializada; como João, mostrar a seus próprios discípulos onde está para eles o "Cordeiro de Deus" e não cercá-los como se fôssemos nós a luz que vai iluminá-los.Esta deve ser uma lição sem presente e necessária, bem como a da ascese do deserto e a do recolhimento no amor para dar melhor testemunho.

A eloquência do silêncio no deserto é fundamental a todo verdadeiro e eficaz anúncio da Boa Notícia. Origens escreve em seu comentário sobre São Lucas (Lc 4): Quanto a mim, penso que o mistério de João realiza-se no mundo ainda hoje". A Igreja, na realidade, continua o papel do Precursor; nos mostra Cristo, nos encaminha à vinda do Senhor.Durante o Advento, a grande figura do Batista apresenta-se viva para nós, homens do século XX, a caminho do dia de Cristo.

O próprio Cristo, retomando o texto de Malaquias (3,1), fala-nos de João como "mensageiro" (4); João designa a si mesmo como tal. São Lucas descreve João como um pregador que chama à conversão absoluta e exige a renovação: "Que os vales se levantem, que montes e colinas se abaixem, que o torcido se endireite, e o escabroso se iguale. Será revelada a glória do Senhor e todos os homens a verão juntos". Assim se expressava Isaías (40, 5-6) em um poema tomado por Lucas para mostrar a obra de João. Trata-se de uma renovação, de uma mudança, de uma conversão que reside, sobre tudo, em um esforço para voltar à caridade, ao amor aos demais (Lc 3, 10-14).
Lucas resume em uma frase toda a atividad de João:
"Anunciava ao povo a Boa Notícia" (Lc 3, 18).

Preparar os caminhos do Senhor, anunciar a Boa Notícia, é o papel de João e ele nos exorta a que nós desempenhemos.
Hoje, este papel não é mais simples nos tempos de João e incumbe a cada um de nós.

O martírio de João teve sua orgime na franca honestidade com que denunciou o pecado.
João Batista anunciou o Cordeiro de Deus. Foi o primeiro a chemar Cristo desta maneira.
Citemos aqui o belo Prefácio introduzido em nossa liturgia para a festa do martírio de São João Batista, que resume admiravelmente sua vida e seu papel:
"Porque ele saltou de alegria no ventre de sua mãe, ao chegar o Salvador dos homens, e seu nascimento foi motivo de alegria para muitos. Ele foi escolhido entre todos os profetas para mostrar às pessoas o Cordeiro que tira o pecado do mundo. Ele batizou no Jordão o autor do batismo, e a água viva tem desde então poder de salvação para os homens. E ele deu, por fim, seu sanguee como supremo testemunho do nome de Cristo".

3. A FIGURA DA ESPERANÇA : VIRGEM MARIA
A primeira vinda do Senhor realizou-se graças a ela. E, por isso, todas as gerações a chamamos Bem-aventurada. Hoje, que preparamos, a cada ano, uma nova vinda, os olhos da Igreja se voltam a ela, para aprender, con estremecimento e humildade agradecida, como se espera e como se prepara a vinda do Emanuel: do Deus conosco. Mais ainda, para aprender também como se dá ao mundo o Salvador.

Sobre o papel da Virgem Maria na vinda do Senhor, a liturgia do Advento oferece duas sínteses, nos prefácios II e IV daquele tempo:

"...Cristo Senhor nosso, a quem todos os profetas anunciaram, a Virgem esperou com inefável amor de Mãe, João o proclamou já próximo e o apontou depois entre os homens. O próprio Senhor nos concede agora nos preparar com alegria para o Mistério de seu Nascimento, para encontrar-nos assim, quando ele chegar, velando em oração e cantando seu louvor".

"Nós vos louvamos, nós vos bendizemos e vos glorificamos pelo Mistério da Virgem Mãe. Porque, se do antigo adversário nos veio a ruína, no sio da Filha de Sião germinou aquele que nos nutre com o pão celestial, e fez brotar para todo o gênero humano a salvação e a paz. A graça que Eva nos arrebatou nos foi devolvida em Maria. Nela, mãe de todos os homens, a maternidade, redimida do pecado e da morte, abre-se ao dom de uma vida nova. Assim, onde havia crescido o pecado, superabundou vossa misericórdia em Cristo nosso Salvador. Por isso nós, enquanto esperamos a vinda do Cristo, unidos aos anjos e aos santos, cantamos o hino louvor..."

A Virgem Imaculada foi e continua sendo a personagem dos personagens do Advento: da vinda do Senhor. Por isso, cada dia, durante o Advento, evoca-se, agradece, canta-se, glorifica-se e enaltece àquela que foi a aceitou livremente ser a mãe de nosso Salvador "o Messias, o Senhor" (Lc 2,11).

Três textos dos tantos que um é em honra à Bem-aventurada Mãe de Deus, em todo este Mistério preparado e realizado. São da solenidade de santa Maria Mãe de Deus:

"Que admirável troca! O Criador do gênero humano, tomando corpo e alma, nasce de uma virgem e, feito homem sem concurso de varão, nos dá parte em sua divindade" (antífona das primeiras Vésperas).

"A Mãe eu à luz o Rei, cujo nome é eterno; a que o gerou tem ao mesmo tempo a alegria da maternidade e a glória da virgindade: um prodígio tal jamais visto, não será visto novamente. Aleluia" (antífona de Laudes).

"Pelo grande amor que Deus tem para conosco, mandou-se seu próprio Filho em semelhança de carne de pecado: nascido de uma mulher, nascido sob a lei. Aleluia" (antífona do Magníficat primeiras Vésperas).

A partir da segunda parte do Advento, a preponderância da Mãe Imaculada é tão grande, que ela aparece como o centro do Mistério preparado e iniciado. Assim as leituras evangélicas do IV Domingo, nos três ciclos, estão dedicadas a Maria. E nas missas próprias dos dias 17 a 24, correspondentes às antífonas da O, tudo gira ao redor dela. E com razão.
"Os profetas anunciaram que o Salvador nasceria de Maria Virgem" (Tercia) - "O anjo Gabriel saudou Maria, dizendo: Ave, chia de graça, o Senhor está contigo, bendita és tu entre as mulheres" (Sexta) - "Maria disse: O que significa esta saudação? Fico perplexa perante estas palavras de que darei à luz um Rei sem perder minha virgindade" (Nona).

Nas vésperas do primeiro domingo de Advento, a antífona do Magnificat é tirada do evangelho da anunciação: "Não temas, Maria, porque encontraste graças diante de Deus. Conceberás em teu seio e darás á luz um filho".

Na segunda-feira desta primeira semana, nas vésperas, a antífona do Magnificat será: "O anjo do Senhor anunciou a Maria e ela concebeu do Espírito Santo".

Nas vésperas da quinta-feira se canta: "Bendita és tu entre as mulheres". Nas vésperas do segundo domingo de Advento: "Ditosa tu, Maria, que creste, porque o que te foi dito o Senhor cumprirá". Nas laudes da quarta-feira há uma leitura tirada do capítulo 7 de Isaías: "Vede: a Virgem concebeu e dará à luz um filho, lhe porá o nome Emmanuel...". O responsório da sexta-feira depois da segunda leitura do ofício, é tirado do evangelho da anunciação em Lc 1, 26, etc... E poderíamos continuar com uma longa enumeração.

Esta enumeração interessa porque mostra como a presença da Virgem é constante nos Ofícios de Advento, bem como na memória da primeira vinda de seu Filho e na tensão de sua volta no fim dos tempos.

Embora o Natal seja para Maria a festa mais indicada de sua maternidade, o Advento, que prepara esta festa, é para ela um tempo de escolha e de particular preparação.

Teologia e Espiritualidade do Advento 


À luz da liturgia da Igreja e de seus conteúdos podemos resumir algumas linhas do pensamento teológico e da vivência existencial deste tempo de graça.

1. Advento, tempo de Cristo: a dupla vinda

A teologia litúrgica do Advento se encaminha, nas duas linhas enunciadas pelo Calendário romano: a espera da Parusia, revivida com os textos messiânicos escatológicos do AT e a perspectiva de Natal que renova a memória de algumas destas promessas, já cumpridas, ainda que não definitivamente.

O tema da espera é vivido na Igreja com a mesma oração que ressoava na assembléia cristã primitiva: o Marana-tha (Vem Senhor) ou Maran-athá (o Senhor vem) dos textos de Paulo (1 Cor 16,22) e do Apocalipse (Ap 22,20), que se encontra também na Didaché e, hoje, em uma das aclamações da oração eucarística. Todo o Advento ressoa como um "Marana-thá" nas diferentes modulações que esta oração adquire nas preces da Igreja.

A palavra do Antigo Testamento convida a repetir na vida a espera dos justos que aguardavam o Messias; a certeza da vinda de Cristo na carne estimula a renovar a espera da última aparição gloriosa na qual as promessas messiânicas terão total cumprimento já que até hoje se cumpriram só parcialmente. O primeiro prefácio de Advento canta esplendidamente esta complexa, mas verdadeira realidade da vida cristã.

O tema da espera do Messias e a comemoração da preparação para este acontecimento salvífico atinge o auge nos dias que precedem o Natal. A Igreja se sente submersa na leitura profética dos oráculos messiânicos. Lembra-se de nossos Pais na Fé, patrísticos e profetas, escuta Isaías, recorda o pequeno núcleo dos anawim de Yahvé que está ali para esperá-lo: Zacarias, Isabel, João, José, Maria.

O Advento é, pois, como uma intensa e concreta celebração da longa espera na história da salvação, como o descobrimento do mistério de Cristo presente em cada página do AT, do Gênesis até os últimos livros Sapienciais. é viver a história passada voltada e orientada para o Cristo escondido no AT que sugere a leitura de nossa história como uma presença e uma espera de Cristo que vem.

Hoje na Igreja, Advento é como um redescobrir a centralidade de Cristo na história da salvação. Recordam-se seus títulos messiânicos através das leituras bíblicas e das antífonas: Messias, Libertador, Salvador, Esperado das nações, Anunciado pelos profetas... Em seus títulos e funções Cristo, revelado pelo Pai, se converte no personagem central, a chave do arco de uma história, da história da salvação.

2. Advento tempo por excelência de Maria, a Virgem da espera

É o tempo mariano por excelência do Ano litúrgico. Paulo VI expressa isso com toda autoridade na Marialis Cultus, nn. 3-4.

Historicamente a memória de Maria na liturgia surgiu com a leitura do Evangelho da Anunciação antes do Natal naquele que, com razão, foi chamado o domingo mariano prenatalício.

Hoje o Advento recupera plenamente este sentido com uma serie de elementos marianos da liturgia, que podemos sintetizar da seguinte maneira:

- Desde os primeiros dias do Advento há elementos que recordam a espera e a acolhida do mistério de Cristo por parte da Virgem de Nazaré.

- a solenidade da Imaculada Conceição se celebra como "preparação radical à vinda do Salvador e feliz principio da Igreja sem mancha nem ruga ("Marialis Cultus 3).

- dos dias 17 a 24 o protagonismo litúrgico da Virgem é muito característico nas leituras bíblicas, no terceiro prefácio de Advento que recorda a espera da Mãe, em algumas orações, como a do dia 20 de dezembro que nos traz um antigo texto do Rótulo de Ravena ou na oração sobre as oferendas do IV domingo que é uma epíclesis significativa que une o mistério eucarístico com o mistério de Natal em um paralelismo entre Maria e a Igreja na obra do único Espírito.

Em uma formosa síntese de títulos. I. Calabuig apresenta nestas pinceladas a figura da Virgem do Advento:

- é a "Cheia de graça", a "bendita entre as mulheres", a "Virgem", a "Esposa de Jesus", a "serva do Senhor".

- é a mulher nova, a nova Eva que restabelece e recapitula no desígnio de Deus pela obediência da fé o mistério da salvação.

- é a Filha de Sião, a que representa o Antigo e o Novo Israel.

- é a Virgem do Fiat, a Virgem fecunda. É a Virgem da escuta e acolhe.

Em sua exemplaridade para a Igreja, Maria é plenamente a Virgem do Advento na dupla dimensão que a liturgia tem sempre em sua memória: presença e exemplaridade. Presença litúrgica na palavra e na oração, para uma memória grata dAquela que transformou a espera em presença, a promessa em dom. Memória de exemplaridade para uma Igreja que quer viver como Maria a nova presença de Cristo, com o Advento e o Natal no mundo de hoje.

Na feliz subordinação de Maria a Cristo e na necessária união com o mistério da Igreja, Advento é o tempo da Filha de Sião, Virgem da espera que no "Fiat" antecipa o Marana thá da Esposa; como Mãe do Verbo Encarnado, humanidade cúmplice de Deus, tornou possível seu ingresso definitivo, no mundo e na história do homem.

3. Advento, tempo da Igreja missionária e peregrina
A liturgia com seu realismo e seus conteúdos põe a Igreja em um tempo de características e expressões espirituais: a espera, a esperança, a oração pela salvação universal.

Preparando-nos para a festa de Natal, nós pensamos nos justos do AT que esperaram a primeira vinda do Messias. Lemos os oráculos de seus profetas, cantamos seus salmos e recitamos suas orações. Mas nós não fazemos isto pondo-nos em seu lugar como se o Messias ainda não tivesse vindo, mas para apreciar melhor o dom da salvação que nos trouxe. O Advento para nós é um tempo real. Podemos recitar com toda verdade a oração dos justos do AT e esperar o cumprimento das profecias porque estas ainda não se realizaram plenamente; se cumprirão com a segunda vinda do Senhor. Devemos esperar e preparar esta última vinda.

No realismo do Advento podemos recolher algumas atualizações que oferecem realismo à oração litúrgica e à participação da comunidade:

- a Igreja ora por um Advento pleno e definitivo, por uma vinda de Cristo para todos os povos da terra que ainda não conheceram o Messias ou não reconhecem ainda ao único Salvador.

- a Igreja recupera no Advento sua missão de anúncio do Messias a todas as gentes e a consciência de ser "reserva de esperança" para toda a humanidade, com a afirmação de que a salvação definitiva do mundo deve vir de Cristo com sua definitiva presença escatológica.

- Em um mundo marcado por guerras e contrastes, as experiências do povo de Israel e as esperas messiânicas, as imagens utópicas da paz e da concórdia, se tornam reais na história da Igreja de hoje que possui a atual "profecia" do Messias Libertador.

- na renovada consciência de que Deus não desdiz suas promessas –confirma-o o Natal!- a Igreja através do Advento renova sua missão escatológica para o mundo, exercita sua esperança, projeta a todos os homens um futuro messiânico do qual o Natal é primícia e confirmação preciosa.

À luz do mistério de Maria, a Virgem do Advento, a Igreja vive neste tempo litúrgico a experiência de ser agora "como uma Maria histórica" que possui e dá aos homens a presença e a graça do Salvador.

A espiritualidade do Advento resulta assim uma espiritualidade comprometida, um esforço feito pela comunidade para recuperar a consciência de ser Igreja para o mundo, reserva de esperança e de gozo. Mais ainda, de ser Igreja para Cristo, Esposa vigilante na oração e exultante no louvor do Senhor que vem.

Esquema do Advento 


Começa com as vésperas do domingo mais próximo ao 30 de novembro e termina antes das vésperas do Natal. Os domingos deste tempo se chamam 1º, 2º, 3º, e 4º do Advento. Os dias 16 a 24 de dezembro (Novena de Natal) tendem a preparar mais especificamente as festas do Natal.

O tempo do Advento tem uma duração de quatro semanas. Este ano, começa no domingo 01 de dezembro, e se prolonga até a tarde do dia 24 de dezembro, em que começa propriamente o Tempo de Natal. Podemos distinguir dois períodos. No primeiro deles, que se estende desde o primeiro domingo do Advento até o dia 16 de dezembro, aparece com maior relevo o aspecto escatológico e nos é orientado à espera da vinda gloriosa de Cristo. As leituras da Missa convidam a viver a esperança na vinda do Senhor em todos os seus aspectos: sua vinda ao fim dos tempos, sua vinda agora, cada dia, e sua vinda há dois mil anos.

No segundo período, que abarca desde 17 até 24 de dezembro, inclusive, se orienta mais diretamente à preparação do Natal. Somos convidados a viver com mais alegria, porque estamos próximos do cumprimento do que Deus prometera. Os evangelhos destes dias nos preparam diretamente para o nascimento de Jesus. Com a intenção de fazer sensível esta dupla preparação de espera, a liturgia suprime durante o Advento uma série de elementos festivos. Desta forma, na Missa já não rezamos o Glória. Se reduz a música com instrumentos, os enfeites festivos, as vestes são de cor roxa, o decorado da Igreja é mais sóbrio, etc. Todas estas coisas são uma maneira de expressar tangivelmente que, enquanto dura nosso peregrinar, nos falta alo para que nosso gozo seja completo. E quem espera, é porque lhe falta algo. Quando o Senhor se fizer presente no meio do seu povo, haverá chegado a Igreja à sua festa completa, significada pela Solenidade do Natal.

Temos quatro semanas nas quais de domingo a domingo vamos nos preparando para a vinda do Senhor. A primeira das semanas do Advento está centralizada na vinda do Senhor ao final dos tempos. A liturgia nos convida a estar em vela, mantendo uma especial atitude de conversão. A segunda semana nos convida, por meio do Batista a “preparar os caminhos do Senhor”; isso é, a manter uma atitude de permanente conversão. Jesus segue chamando-nos, pois a conversão é um caminho que se percorre durante toda a vida. A terceira semana preanuncia já a alegria messiânica, pois já está cada vez mais próximo o dia da vinda do Senhor. Finalmente, a quarta semana nos fala do advento do Filho de Deus ao mundo. Maria é figura central, e sua espera é modelo e estímulo da nossa espera.

Quanto às leituras das Missas dominicais, as primeiras leituras são tomadas de Isaías e dos demais profetas que anunciam a Reconciliação de Deus e, a vinda do Messías. Nos três primeiros domingos se recolhem as grandes esperanças de Israel e no quarto, as promessas mais diretas do nascimento de Deus. Os salmos responsoriais cantam a salvação de Deus que vem; são orações pedindo sua vinda e sua graça. As segundas leituras são textos de São Paulo ou das demais cartas apostólicas, que exortam a viver em espera da vinda do Senhor.

A cor dos parâmentos do altar e as vestes do sacerdote é o roxo, igual à da Quaresma, que simboliza austeridade e penitencia. São quatro os temas que se apresentam durante o Advento:

I Domingo

A vigilância na espera da vinda do Senhor. Durante esta primeira semana as leituras bíblicas e a prédica são um convite com as palavras do Evangelho: “Velem e estejam preparados, pois não sabem quando chegará o momento”. É importante que, como uma família, tenhamos um propósito que nos permita avançar no caminho ao Natal; por exemplo, revisando nossas relações familiares. Como resultado deveremos buscar o perdão de quem ofendemos e dá-lo a quem nos tem ofendido para começar o Advento vivendo em um ambiente de harmonia e amor familiar. Desde então, isto deverá ser extensivo também aos demais grupos de pessoas com as quais nos relacionamos diariamente, como o colégio, o trabalho, os vizinhos, etc. Esta semana, em família da mesma forma que em cada comunidade paroquial, acenderemos a primeira vela da Coroa do Advento, de cor roxa, como sinal de vigilância e desejo de conversão.

II Domingo

A conversão, nota predominante da predica de João Batista. Durante a segunda semana, a liturgia nos convida a refletir com a exortação do profeta João Batista: “Preparem o caminho, Jesus chega”. Qual poderia ser a melhor maneira de preparar esse caminho que busca a reconciliação com Deus? Na semana anterior nos reconciliamos com as pessoas que nos rodeiam; como seguinte passo, a Igreja nos convida a acudir ao Sacramento da Reconciliação (Confissão) que nos devolve a amizade com Deus que havíamos perdido pelo pecado. Acenderemos a segunda vela roxa da Coroa do Advento, como sinal do processo de conversão que estamos vivendo.
Durante esta semana poderíamos buscar nas diferentes igrejas mais próximas, os horários de confissões disponíveis, para quando cheguar o Natal, estejamos bem preparados interiormente, unindo-nos a Jesus e aos irmãos na Eucaristia.

III Domingo

O testemunho, que Maria, a Mãe do Senhor, vive, servindo e ajudando ao próximo. Na sexta-feira anterior a esse Domingo é a Festa da Virgem de Guadalupe, e precisamente a liturgia do Advento nos convida a recordar a figura de Maria, que se prepara para ser a Mãe de Jesus e que além disso está disposta a ajudar e a servir a todos os que necessitam. O evangelho nos relata a visita da Virgem à sua prima Isabel e nos convida a repetir como ela: “quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha a visitar-me?
Sabemos que Maria está sempre acompanhando os seus filhos na Igreja, pelo que nos dispomos a viver esta terceira semana do Advento, meditando sobre o papel que a Virgem Maria desempenhou. Propomos que fomentar a devoção à Maria, rezando o Terço em família. Acendemos como sinal de esperança gozosa a terceira vela, de cor rosa, da Coroa do Advento.

IV Domingo

O anúncio do nascimento de Jesus feito a José e a Maria. As leituras bíblicas e a prédica, dirigem seu olhar à disposição da Virgem Maria, diante do anúncio do nascimento do Filho dela e nos convidam a “aprender de Maria e aceitar a Cristo que é a Luz do Mundo”. Como já está tão próximo o Natal, nos reconciliamos com Deus e com nossos irmãos; agora nos resta somente esperar a grande festa. Como família devemos viver a harmonia, a fraternidade e a alegria que esta próxima celebração representa. Todos os preparativos para a festa deverão viver-se neste ambiente, com o firme propósito de aceitar a Jesus nos corações, as famílias e as comunidades. Acenderemos a quarta vela da Coroa do Advento, de cor roxa.


Liturgias Familiares de Advento 


Liturgia com a coroa

Primeira liturgia semanal com a coroa de Advento

INDICAÇÕES

A coroa sem vela acesa. Criar um ambiente recolhido, com pouca luz. É recomendável colocar uma imagem da Virgem ao lado da coroa, com um círio aos seus pés. Da chama deste círio pode-se acender a primeira vela da coroa.

TODOS: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

MONITOR: Nosso auxílio é o Nome do Senhor.

TODOS: Que fez o céu e a terra.

MONITOR: Começamos um novo ano litúrgico com o tempo de Advento, tempo de preparação e espera. Acender, semana após semana, as quatro velas desta coroa deve ser um reflexo de nossa gradual preparação para receber o Senhor Jesus no Natal. As luzes das velas nos lembram que Ele é a Luz do mundo que veio dissipar as trevas. A cor verde da coroa simboliza a vida e a esperança que Ele nos veio trazer.

LEITOR: Leitura do Livro do Profeta Isaías: “Põe-te em pé, resplandece, porque a tua luz é chegada, a glória de Iahweh raia sobre ti. Com efeito, as trevas cobrem a terra, a escuridão envolve as nações, mas sobre ti levanta-se Iahweh e a sua glória aparece sobre ti.”

(Is, 60, 1-2)

MONITOR: Quem dirige a oração, com as mãos juntas, diz:

Recolhamo-nos uns instantes em silêncio e, inclinando nossas cabeças, vamos pedir que o Senhor abençoe esta coroa de Advento.

Oremos.

A terra, Senhor, se alegra nestes dias,
e tua Igreja transborda de gozo
ante Teu Filho, o Senhor Jesus,
que se aproxima como luz esplendorosa,
para iluminar aos que jazemos nas trevas,
da ignorância, da dor e do pecado.
Cheio de esperança em sua vinda,
teu povo preparou esta coroa
com ramos do bosque e a adornou com luzes.
Agora, pois, que vamos começar
o tempo de preparação
para a vinda de teu Filho,
te pedimos, Senhor, que,
enquanto se acrescenta a cada dia
o esplendor desta coroa, com novas luzes,
nos ilumines com o esplendor Daquele que,
por ser a Luz do mundo,
iluminará todas as escuridões.
Te pedimos por Ele mesmo
que vive e reina pelos séculos dos séculos.

TODOS: Amém.

MONITOR: Vamos acender agora a primeira vela de nossa coroa, enquanto cantamos a primeira estrofe e o refrão de: ANUNCIAMOS (...o Tempo do Advento, com a primeira chama ardendo...)

(Uma pessoa acende a primeira vela enquanto se entoa um canto de Advento)

TODOS: Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Segunda liturgia semanal com a coroa de Advento

INDICAÇÕES

Ao iniciar a liturgia, a coroa deve estar com a primeira vela acesa. Criar um ambiente recolhido, com pouca luz. É recomendável colocar uma imagem da Virgem ao lado da coroa, com um círio aos seus pés. Da chama deste círio pode-se acender a segunda vela da coroa.

TODOS: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

MONITOR: Vamos acender a segunda vela de nossa coroa. O Senhor está cada vez mais próximo de nós e devemos preparar-nos dignamente para recebê-lO em nossos corações. Façamos um momento de silêncio para elevar nossa oração ao Senhor.

LEITOR: Leitura do Evangelho segundo São Lucas:

“No ano décimo quinto do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos que ra governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da Traconítide, Lisânias tetrarca de Abilene, sendo Sumo Sacerdote Anás, e Caifás, a palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto. E ele percorreu toda a região do Jordão, proclamando um batismo de arrependimento para a remissão dos pecados, conforme está escrito no livro das palavras do profeta Isaías:

Voz do que clama no deserto:

Preparai o caminho do Senhor,
tornai retas suas veredas;
todo vale será aterrado,
toda montanha ou colina será abaixada;
as vias sinuosas se transformarão em retas
e os caminhos acidentados serão nivelados.
E toda a carne verá a salvação de Deus.”

(Lc 3,1-6)

MONITOR: Devemos preparar o caminho do Senhor e isto nos exige estar preparados interiormente para a vinda do Senhor Jesus, para que o recebamos com um coração reconciliado, cada vez mais convertido e transformado, capaz de amar e entregar-se aos demais. Façamos um compromisso concreto para esta semana, que nos ajude a dispor-nos cada vez melhor para sua vinda. (Faz-se um momento de silêncio).

MONITOR: Enquanto acendemos a segunda vela de nossa coroa, cantemos as duas primeiras estrofes de: ANUNCIAMOS.

MONITOR: Elevemos agora nossas intenções a Deus Pai e respondamos a cada uma delas: VEM, SENHOR JESUS.

LEITOR: Te pedimos, Pai, por nossa Santa Igreja Católica que se prepara para a vinda de teu Filho, para que sempre tenhamos fixos os olhos Naquele que nos traz a reconciliação.

VEM SENHOR JESUS

Te rogamos pela paz no mundo, para que neste tempo de Advento se viva com maior intensidade o amor e a solidariedade.

VEM SENHOR JESUS

Te pedimos, Pai, por cada um de nós, para que façamos esforços por caminhar ao encontro do Senhor Jesus, que é a “Luz do Mundo”.

VEM SENHOR JESUS

Te rogamos também por nossa família, para que a exemplo da Família de Nazaré vivamos o amor mútuo e nos preparemos para a vinda de Teu Filho.

VEM SENHOR JESUS

Te pedimos que Santa Maria alente nossos passos neste Advento, e seja Ela quem nos ensine e crescer em confiança e esperança na vinda do Reconciliador.

VEM SENHOR JESUS (pode-se incluir outras intenções)

MONITOR: Recorramos a nossa Mãe para que nos obtenha abundantes graças que nos ajudem a preparar-nos, da mesma maneira como Ela o fez, para receber o Senhor Jesus. Rezemos juntos a Ave-Maria. Terminemos este momento de oração cantando... (música de Advento mariana)

MONITOR: Mãe da Esperança...

TODOS: Rogai por nós.

TODOS: Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.


Terceira liturgia semanal com a coroa de Advento

INDICAÇÕES

Ao iniciar a liturgia, a coroa deve estar com a primeira e a segunda velas acesas. Criar um ambiente recolhido, com pouca luz. É recomendável colocar uma imagem da Virgem ao lado da coroa, com um círio aos seus pés. Da chama deste círio pode-se acender a terceira vela da coroa.

TODOS: Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

MONITOR: Estamos já na terceira semana do Advento: aumenta nossa alegria e nosso júbilo pela vinda do Senhor Jesus, que está cada vez mais próxima de nós. Comecemos nossa oração cantando VEM LOGO, SENHOR.

MONITOR: Vamos acender a terceira vela de nossa coroa de Advento. O Senhor está mais próximo de nós e nos ilumina cada vez mais. Abramos nosso coração, que muitas vezes está nas trevas, à luz admirável de seu amor.

LEITOR: Leitura do Evangelho segundo São Lucas:

"E as multidões o interrogavam: “Que devemos fazer?” Respondia-lhes: “Quem tiver duas túnicas, reparta-as com aquele que não tem, e quem tiver o que comer, faça o mesmo”. Alguns publicanos também vieram para ser batizados e disseram-lhe: “Mestre, que devemos fazer?” Ele disse: “Não deveis exigir nada além do que vos foi prescrito”. Os soldados, por sua vez, perguntavam: “E nós, que precisamos fazer?” Disse-lhes: a ninguém molesteis com extorsões; não denuncieis falsamente e contentai-vos com o vosso soldo”.

Como o povo estivesse na expectativa e todos cogitassem em seus corações se João não seria o Cristo, João tomou a palavra e disse a todos: “Eu vos batizo com água, mas vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar a corréia das sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo. A pá está em sua mão; limpará a sua eira e recolherá o trigo em seu celeiro; a palha, porém, ele a queimará num fogo inextinguível”. E, com outras muitas exortações, continuava a anunciar ao povo a Boa Nova.

(Lc 3, 10-18)

MONITOR: Enquanto acendemos a terceira vela da coroa, cantemos as três estrofes de: ANUNCIAMOS.

MONITOR: Recorramos à Santa Maria, que colaborando com o Plano do Pai permitiu que a luz do Senhor iluminasse a humanidade. Peçamos a Ela que siga intercedendo por nós neste tempo de preparação. Rezemos juntos a oração: LUZ PARA O PEREGRINAR.

Brilhante Lua
da Nova Evangelização,
que com teu fulgor
iluminas a noite
pela qual tantos
perambulam sem rumo
no mundo da “cultura de morte”,
ilumina o caminhar dos homens
com a luz do Senhor Jesus,
que como ninguém sabes refletir.
Amém.

MONITOR: Terminemos nossa oração cantando (canto apropriado)

TODOS: Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Quarta liturgia semanal com a coroa de Advento

INDICAÇÕES

Ao iniciar a liturgia, a coroa deve estar com a primeira, a segunda e a terceira velas acesas. Criar um ambiente recolhido, com pouca luz. É recomendável colocar uma imagem da Virgem ao lado da coroa, com um círio aos seus pés. Da chama deste círio pode-se acender a quarta vela da coroa.

TODOS: Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

MONITOR: Alegremo-nos, porque o Senhor está próximo de nós e vem trazer-nos a reconciliação. Hoje acenderemos a quarta e última vela da coroa de Advento. Que este símbolo nos recorde a proximidade da vinda do Senhor Jesus, que vem para dar-nos alegria e esperança. Iniciemos a oração desta semana cantando (canto apropriado).

LEITOR: Leitura do Evangelho segundo São Lucas:

"Em aqueles dias, Maria pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou isabel. Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito és o fruto de teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? Pois quando a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!”

(Lc 1, 39-45)

MONITOR: A presença do Senhor Jesus entre nós nos enche de gozo e alegria. É a Mãe quem no-lo faz próximo, quem permite que essa Luz chegue a nós e ilumine nossa vida. Em companhia de Santa Maria acendamos a última vela de nossa coroa de Advento, enquanto cantamos ANUNCIAMOS.

(Uma pessoa acende a quarta vela enquanto de canta, de preferência durante a quarta estrofe).

(Pode-se fazer algumas intenções, pedindo a intercessão da Virgem Maria. Responde-se, a cada intenção: PELA INTERCESSÃO DE TUA MÃE, ESCUTA-NOS SENHOR)

MONITOR: Oremos.

Pai misericordioso, que quiseste que teu Filho se encarnasse no seio de Santa Maria Virgem, escuta nossas súplicas e concede-nos tua graça para que saibamos acolher ao Senhor Jesus, Teu Filho, que contigo vive e reina na unidade do Espírito Santo e é Deus, pelos séculos dos séculos.

TODOS: Amém.

TODOS: Em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.


Sentido do advento 


O Advento e o Natal experimentaram um incremento de seu aspecto externo e festivo profano tal que no seio da Igreja surge, da própria fé, uma aspiração a um Advento autêntico: a insuficiência desse ânimo festivo por si só se deixa sentir, e o objetivo de nossas aspirações é o núcleo do acontecimento, esse alimento do espírito forte e consistente do qual nos fica um reflexo nas palavras piedosas com as quais nos felicitamos nas festas. Qual é esse núcleo da vivência do Advento?

Podemos tomar como ponto de partida a palavra «Advento»; este termo não significa «espera», como poderia se supor, mas é a tradução da palavra grega parusia, que significa «presença», ou melhor, «chegada», quer dizer, presença começada. Na antigüidade era usado para designar a presença de um rei ou senhor, ou também do deus ao qual se presta culto e que presenteia seus fiéis no tempo de sua parusia. Ou seja, o Advento significa a presença começada do próprio Deus. Por isso, nos recorda duas coisas: primeiro, que a presença de Deus no mundo já começou, e que ele já está presente de uma maneira oculta; em segundo lugar, que essa presença de Deus acaba de começar, ainda que não seja total, mas está em processo de crescimento e amadurecimento. Sua presença já começou, e somos nós, os crentes, que, por sua vontade, devemos fazê-lo presente no mundo. É por meio de nossa fé, esperança e amor que ele quer fazer brilhar a luz continuamente na noite do mundo. De modo que as luzes que acendamos nas noites escuras deste inverno sejam ao mesmo tempo consolo e advertência: certeza consoladora de que «a luz do mundo» já foi acesa na noite escura de Belém e transformou a noite do pecado humano na noite santa do perdão divino; por outra parte, a consciência de que esta luz somente pode - e somente quer - seguir brilhando se é sustentada por aqueles que, por ser cristãos, continuam através dos tempos a obra de Cristo. A luz de Cristo quer iluminar a noite do mundo através da luz que somos nós; sua presença já iniciada deve seguir crescendo por meio de nós. Quando na noite santa soe uma e outra vez o hino Hodie Christus natus est, devemos recordar que o início que foi produzido em Belém deve ser em nós início permanente, que aquela noite santa é novamente um «hoje» cada vez que um homem permite que a luz do bem faça desaparecer nele as trevas do egoísmo (...) a criança - Deus nasce ali onde se obra por inspiração do amor do Senhor, onde se faz algo mais que intercambiar presentes.

Advento significa presença de Deus já começada, mas também apenas começada. Isto implica que o cristão não olha somente o que já foi e o que aconteceu, como também ao que está por vir. Em meio a todas as desgraças do mundo, tem a certeza de que a semente de luz segue crescendo oculta, até que um dia o bem triunfará definitivamente e tudo lhe estará submetido: no dia em que Cristo retorne. Sabe que a presença de Deus, que acaba de começar, será um dia presença total. E esta certeza o faz livre, o dá um apoio definitivo (...)».

Alegrai-vos no Senhor


(...) «"Alegrai-vos, uma vez mais vos digo: alegrai-vos". A alegria é fundamental no cristianismo, que é por essência evangelium, boa nova. E, entretanto, é ali onde o mundo se equivoca, e sai da Igreja em nome da alegria, achando que a Igreja a tira do homem com todos os seus preceitos e proibições. Certamente, a alegria de Cristo não é tão fácil de ver como o prazer banal que nasce de qualquer diversão. Mas seria falso traduzir as palavras: «Alegrai-vos no Senhor» por estas outras: «Alegrai-vos, mas no Senhor», como se na segunda frase se quisesse recordar o afirmado na primeira. Significa simplesmente «alegrai-vos no Senhor», já que o apóstolo evidentemente crê que toda verdadeira alegria está no Senhor, e que fora dele não pode haver nenhuma. E de fato é verdade que toda alegria que se dá fora dele ou contra ele não satisfaz, mas que, ao contrário, arrasta o homem a um redemoinho no qual não pode estar verdadeiramente contente. Mas isso aqui nos faz saber que a verdadeira alegria não chega até que não a traz Cristo, e que do que se trata em nossa vida é de aprender a ver e compreender a Cristo, o Deus da graça, a luz e a alegria do mundo. Pois nossa alegria não será autêntica até que deixe de apoiar-se em coisas que podem ser-nos arrebatadas e destruídas, e se fundamente na mais íntima profundidade de nossa existência, impossível de ser-nos arrebatada por força alguma do mundo. E toda perda externa deveria fazer-nos avançar um passo rumo a essa intimidade e fazer-nos mais maduros para nossa vida autêntica.

Assim se passa a ver que os dois quadros laterais do tríptico de Advento, João e Maria, apontam ao centro, a Cristo, desde o qual são compreensíveis. Celebrar o Advento significa, dizendo mais uma vez, despertar para a vida a presença de Deus oculta em nós. João e Maria nos ensinam a fazê-lo. Para isso, devemos andar por um caminho de conversão, de afastamento do visível e aproximação ao invisível. Andando esse caminho somos capazes de ver a maravilha da graça e aprendemos que não há alegria mais luminosa para o homem e para o mundo que a da graça, que apareceu em Cristo. O mundo não é um conjunto de penas e dores, toda a angústia que exista no mundo está amparada por uma misericórdia amorosa, está dominada e superada pela benevolência, o perdão e a salvação de Deus. Quem celebre assim o Advento poderá falar com razão da celebração natalina: feliz bem-aventurada e cheia de graça. E conhecerá como a verdade contida na felicitação natalina é algo muito maior do que esse sentimento romântico dos que a celebram como uma espécie de diversão de carnaval».

Estar preparados...


«No capítulo 13 que Paulo escreveu aos cristãos em Roma, diz o Apóstolo o seguinte: "A noite vai muito avançada e já se aproxima o dia. Despojemo-nos, pois, das obras das trevas e vistamos as armas da luz. Andemos decentemente e como de dia, não vivendo em orgias e bebedeiras, nem em devassidão e libertinagem, nem em rixas e ciúmes, antes vesti-vos do Senhor Jesus Cristo..." Segundo isso, Advento significa colocar-se de pé, despertar, sacudir-se do sono. Que quer dizer Paulo? Com termos como "orgias, bebedeiras, devassidão e libertinagem" expressou claramente o que entende por «noite». As orgias noturnas, com todos seus acompanhamentos, são para ele a expressão do que significa a noite e o sono do homem. Esses banquetes se convertem para São Paulo em imagem do mundo pagão em geral que, vivendo de costas para a verdadeira vocação humana, se afunda no material, permanece na escuridão sem verdade, dorme apesar do ruído e da agitação. A orgia noturna aparece como imagem de um mundo estragado. Não devemos reconhecer com espanto quão freqüentemente descreve Paulo desse modo nosso paganizado presente? Despertar-se do sono significa sublevar-se contra o conformismo do mundo e de nossa época, sacudir-nos, com valor, para a virtude e a fé, sono que nos convida a nos desentendermos de nossa vocação e nossas melhores possibilidades. Talvez as canções do Advento, que escutamos de novo esta semana, tornem-se sinais luminosos para nós, mostrem-nos o caminho e nos permitam reconhecer que há uma promessa maior que a do dinheiro, do poder e do prazer. Estar despertos para Deus e para os demais homens: eis aqui o tipo de vigilância a que se refere o Advento, a vigilância que descobre a luz e proporciona mais claridade ao mundo».

João Batista e Maria

«João Batista e Maria são os dois grandes protótipos da existência própria do Advento. Por isso, dominam a liturgia desse período. Olhemos primeiro a João Batista! Está frente a nós exigindo e atuando, exercendo, pois, exemplarmente a tarefa masculina. Ele é o que chama, com todo rigor, à metanóia, a transformar nosso modo de pensar. Quem queira ser cristão deve "mudar" continuamente seus pensamentos. Nosso ponto de vista natural é, desde então, querer afirmar-nos sempre a nós mesmos, pagar com a mesma moeda, colocar-nos sempre no centro. Quem quiser encontrar a Deus deve se converter interiormente uma e outra vez, caminhar na direção oposta. Tudo isso deve se estender também a nosso modo de compreender a vida em seu conjunto. Dia após dia nos topamos com o mundo do visível. Tão violentamente penetra em nós através de cartazes, do rádio, do tráfico e demais fenômenos da vida diária, que somos induzidos a pensar que só existe ele. Entretanto, o invisível é, na verdade, mais excelso e possui mais valor que todo o visível. Uma só alma é, segundo a soberba expressão de Pascal, mais valiosa que o universo visível. Mas, para percebê-lo de forma viva, é preciso converter-se, transformar-se interiormente, vencer a ilusão do visível e fazer-se sensível, afinar o ouvido e o espírito para perceber o invisível. Aceitar esta realidade é mais importante que tudo o que, dia após dia, se projeta violentamente sobre nós. Metanoeite: dai uma nova direção a vossa mente, disponde-na para perceber a presença de Deus no mundo, mudai vosso modo de pensar, considerai que Deus se fará presente no mundo em vós e por vós. Nem sequer João Batista se eximiu do difícil acontecimento de transformar seu pensamento, do dever de converter-se. Quão certo é que este seja também o destino do sacerdote e de cada cristão que anuncia a Cristo, ao qual conhecemos e não conhecemos!»
Vem Senhor Jesus 

Imaginemo-nos, milênios atrás, junto com nossos ancestrais, ainda em meio às trevas da ignorância, nos erros e acertos da busca de trilhas que nos levassem a dias melhores e, enfim, a encontrar a felicidade e a paz. Tínhamos apenas uma pequena chama de esperança em nosso coração e que, muitas vezes, a perdíamos quando dobrávamos os joelhos ante as criaturas, seja pelo seu porte seja pelo seu brilho, astros e animais ainda que fossem de ouro.


Mas, se nos déssemos ao trabalho de procurá-la, como Abraão, nós a veríamos e sua luz iria crescer nas vozes dos Patriarcas e dos Profetas, do mesmo Abraão, que se alegrou com o seu Dia (Cf. Jo. 8,56),de Davi, seu pai, a José que a viu realizar no seio de Maria: “E o Verbo se fez carne”(Cf. Jo. 1,14);de Samuel, Elias, Isaias a João Batista que a mostrou ao mundo: “Eis o Cordeiro de Deus”(Cf. Jo. 1,29) e perante quem o Pai Celeste o proclamou: “Este é meu Filho amado, em quem me comprazo”(Cf. Mat. 3,17).

A esperança nascida da fé, que alimentava esses corações, se realizava, atingida a plenitude dos tempos, naquela noite cheia de estrelas e de luz, quando os Anjos do Céu anunciavam aos Pastores o nascimento do Salvador.

Também nós, esperamos a vinda misericordiosa do Senhor Jesus. Juntos com os nossos Pais, Patriarcas e Profetas, entoamos o pedido que Santo Afonso sintetizou, dizendo “que ao modo de nosso Pais, ardem os nossos corações suspirando ansiosos: apressa-te, Senhor, e vem nascer entre nós”.

O Natal de Jesus não é só um fato histórico a ser comemorado como uma lembrança. Ela se realiza na perenidade de todos os dias, na história de cada um de nós, na história da nossa comunidade, na humanidade de todos as épocas e lugares. A vinda de Cristo plenifica a esperança e a fé abraâmica de todos os tempos, de que, poderíamos dizer, o Natal histórico seria uma das facetas da realidade eterna do amor de Deus por nós.

Recebendo Jesus Salvador, devemos viver uma vida nova. O Apóstolo (Cf. 1Cor, 10, 6 a 13) nos orienta a rejeitar as obras das trevas: “Não cobicemos coisas más, como eles cobiçaram; nem nos tornemos idólatras, como alguns deles...nem nos demos às impurezas… todas essas coisas aconteciam em figuras e foram escritas para advertência nossa, para quem o fim dos séculos chegaram’”.

Reconheçamos o tempo de nossa visitação, para que Jesus não tenha de chorar sobre nós, como na véspera de sua paixão chorou sobre Jerusalém: “Ah, se ao menos neste dia tu conhecesses o que te pode trazer a paz!”(Cf. Lc 19, 41), porque o Dia do Senhor está perto, às portas.

Sim, não podemos dissociar da Vinda misericordiosa de Cristo a sua volta no fim dos tempos. Nós, que o recebemos na Carne, devemos aguardar cheios de esperança, sua Vinda gloriosa, trabalhando para o advento do eu Reino.

Na antecipação mística desta Vinda, quando celebramos o mistério da Redenção, exclamamos firmes na fé, sem temor, porque alicerçados na esperança que nasce da cruz: “Vinde Senhor Jesus”

Aproveitemos o tempo. Preparemos nosso coração para recebermos o Cristo que vem na simplicidade de um
a criança enquanto esperamos a manifestação de sua glória.


O Advento e seu significado 




O Advento é um dos tempos do Ano Litúrgico e pertence ao ciclo do Natal. A liturgia do Advento caracteriza-se como período de preparação, como pode-se deduzir da própria palavra advento que origina-se do verbo latino advenire, que quer dizer chegar. Advento é tempo de espera d’Aquele que há de vir. Pelo Advento nos preparamos para celebrar o Senhor que veio, que vem e que virá; sua liturgia conduz a celebrar as duas vindas de Cristo: Natal e Parusia. Na primeira, celebra-se a manifestação de Deus experimentada há mais de dois mil anos com o nascimento de Jesus, e na segunda, a sua desejada manifestação no final dos tempos, quando Cristo vier em sua glória.

O tempo do Advento formou-se progressivamente a partir do século IV e já era celebrado na Gália e na Espanha. Em Roma, onde surgiu a festa do Natal, passou a ser celebrado somente a partir do século VI, quando a Igreja Romana vislumbrou na festa do Natal o início do mistério pascal e era natural que se preparasse para ela como se preparava para a Páscoa. Nesse período, o tempo do Advento consistia em seis semanas que antecediam a grande festa do Natal. Foi somente com São Gregório Magno (590-604) que esse tempo foi reduzido para quatro domingos, tal como hoje celebramos.

Um dos muitos símbolos do Natal é a coroa do Advento que, por meio de seu formato circular e de suas cores, silenciosamente expressa a esperança e convida à alegre vigilância. A coroa teve sua origem no século XIX, na Alemanha, nas regiões evangélicas, situadas ao norte do país. Nós, católicos, adotamos o costume da coroa do Advento no início do século XX. Na confecção da coroa eram usados ramos de pinheiro e cipreste, únicas árvores cujos ramos não perdem suas folhas no outono e estão sempre verdes, mesmo no inverno. Os ramos verdes são sinais da vida que teimosamente resiste; são sinais da esperança. Em algumas comunidades, os fiéis envolvem a coroa com uma fita vermelha que lembra o amor de Deus que nos envolve e nos foi manifestado pelo nascimento de Jesus. Até a figura geométrica da coroa, o círculo, tem um bonito simbolismo. Sendo uma figura sem começo e fim, representa a perfeição, a harmonia, a eternidade.

Na coroa, também são colocadas quatro velas referentes a cada domingo que antecede o Natal. A luz vai aumentando à medida em que se aproxima o Natal, festa da luz que é Cristo, quando a luz da salvação brilha para toda humanidade. Quanto às cores das quatro velas, quase em todas as partes do mundo é usada a cor vermelha. No Brasil, até pouco tempo atrás, costumava-se usar velas nas cores roxa ou lilás, e uma vela cor de rosa referente ao terceiro domingo do Advento, quando celebra-se o Domingo de Gaudete (Domingo da Alegria), cuja cor litúrgica é rosa. Porém, atualmente, tem-se propagado o costume de velas coloridas, cada uma de uma cor, visto que nosso país é marcado pelas culturas indígena e afro, onde o colorido lembra festa, dança e alegria.

Pe. Agnaldo Rogério dos Santos
Reitor dos Seminários Filosófico e Teológico
da Diocese de Piracicaba

“Ser Acolita e Coroinha Não é Um privilégio
É um Serviço, Uma Doação!”