quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Paróquia Nossa Senhora Aparecida De Alfenas - Mg Com As Servas do Altar e As Coroinhas ( Epifania e Batismo Do Senhor - Antigo Testamento e Novo Testamento )



Quarta-Feira, 2 de Janeiro de 2013 



Ss. Basílio Magno e Gregório Nazianzeno

Leitura da Primeira Carta de São João. 

Caríssimos: 22Quem é mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? O Anticristo é aquele que nega o Pai e o Filho. 23Todo aquele que nega o Filho também não possui o Pai. Quem confessa o Filho possui também o Pai. 24Permaneça dentro de vós aquilo que ouvistes desde o princípio. Se o que ouvistes desde o princípio permanecer em vós, permanecereis com o Filho e com o Pai. 25E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. 26Escrevo isto a respeito dos que procuram desencaminhar-vos.
27Quanto a vós mesmos, a unção que recebestes da parte de Jesus permanece convosco, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine. A sua unção vos ensina tudo, e ela é verdadeira e não mentirosa. Por isso, conforme a unção de Jesus vos ensinou, permanecei nele.
28Então, agora, filhinhos, permanecei nele. Assim poderemos ter plena confiança, quando ele se manifestar, e não seremos vergonhosamente afastados dele, quando da sua vinda.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Salmo (Salmos 97)


— Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus.
— Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus.


— Cantai ao Senhor Deus um canto novo, porque ele fez prodígios! Sua mão e seu braço forte e santo alcançaram-lhe a vitória.
— O Senhor fez conhecer a salvação, e às nações, sua justiça; recordou o seu amor sempre fiel pela casa de Israel.
— Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai!


Evangelho (João 1,19-28) 

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.






19Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: “Quem és tu?” 20João confessou e não negou. Confessou: “Eu não sou o Messias”. 21Eles perguntaram: “Quem és, então? És Elias?” João respondeu: “Não sou”. Eles perguntaram: “És o Profeta?” Ele respondeu: “Não”. 22Perguntaram então: “Quem és, afinal? Temos de levar uma resposta àqueles que nos enviaram. Que dizes de ti mesmo?” 23João declarou: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’” — conforme disse o profeta Isaías. 24Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus 25e perguntaram: “Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?” 26João respondeu: “Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não co­nheceis, 27e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”. 28Isso aconteceu em Betânia além do Jordão, onde João estava batizando.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor

Comentário do Evangelho 

Imitemos a Humildade De São João Batista 

A voz que brada no deserto se descreve e nos aponta para Aquele que batiza no fogo do Espírito Santo.

No dia em que celebramos o grande testemunho de São João Batista, a Igreja nos presenteia com a memória dos santos São Basílio Magno e São Gregório Nazianzeno.

São Basílio e São Gregório Nazianzeno, unidos na vida, na fé, na cultura e na santidade, são comemorados na mesma data para, assim, permanecerem juntos também na posteridade.

Ambos nasceram na Capadócia, por volta do ano 330 e na mesma região exerceram suas funções literárias e pastorais. Na família de Basílio foram santificados a avó Macrina, a mãe Emélia e também os irmãos Gregório de Nissa, bispo e filósofo; Pedro, bispo de Sebaste e a virgem Macrina.

São Basílio se consagrou ao serviço como Arcebispo de Cesárea, doutor da Igreja e patriarca dos Monges do Oriente. Foi considerado modelo de pastor, exemplar em todas as virtudes e “um baluarte da fé contra os ataques dos heréticos arianos”.

Empenhou a vida em amenizar os problemas sociais de seu tempo, chegando a fundar uma verdadeira “cidade filantrópica” onde os pobres dispunham de hospital, orfanato, escola, abrigo etc.

Ficou célebre por combater a avareza dos ricos, de quem não cansou de cobrar solidariedade com os menos favorecidos. Morreu aos 49 anos, em 379.

São Gregório Nazianzeno, em nome da ortodoxia, tirou Basílio de seu retiro para que o ajudasse na defesa da fé do clero e da Igreja. Desde a mais tenra idade, demonstrou temperamento místico e queda para o monastério. Quando adulto, tornou-se famosíssimo orador e teólogo, sendo por isso muito perseguido pelos arianos.

Mesmo sob pressão dos inimigos, aceitou ser declarado Patriarca de Constantinopla e, nesta posição, presidiu o primeiro Concílio ali sediado, em 381, que definiu a divindade do Espírito Santo.

Mas as perseguições arianas foram tantas que se viu obrigado a abdicar do cargo, voltando para sua solidão de monge e para o trabalho literário. De sua autoria conservam-se 53 sermões, 242 cartas e incontáveis poesias de teor religioso. Faleceu em 389.

Fazendo referência ao Evangelho de hoje, ele dizia no princípio que João Baptista se deu a conhecer aos sacerdotes e levitas que procuravam saber quem ele era.

João Batista, em continuidade ao seu anúncio de conversão devido a vinda iminente de Jesus, o Deus que veio edificar a sua tenda entre as populações excluídas da periferia, trouxe preocupações às elites que se sentiram ameaçadas. Não sabendo quem era João, enviam mensageiros para lhe perguntar: “Quem és tu? És o Messias?” É que as multidões acorriam a ele, o que suscitou desconfiança e temor entre estas elites. Então, humildemente, João se dá a conhecer: “Eu batizo com água, mas, no meio de vocês, está alguém que vocês não conhecem. Ele vem depois de mim, mas eu não mereço a honra de desamarrar as correias das sandálias d’Ele”. Com humildade e simplicidade, ele nos ensina a dar lugar a quem tem direito e vez!

Padre Bantu Mendonça




Epifania Do Senhor


A Igreja celebra a Epifania, isto é, a manifestação do Senhor ao mundo inteiro. Os Magos representam os povos de todas as línguas e nações que se põem a caminho, chamados por Deus, para adorar Jesus (cf. Mt 2, 1-12).

Nos Reis Magos, vemos milhares de almas de toda a terra que procuram o Senhor para adorara-Lo. Passaram-se vinte séculos desde aquela primeira adoração, e esse longo desfile do mundo inteiro continua chegando a Cristo.

A festa da Epifania incita todos os fiéis a partilharem dos anseios e fadigas da Igreja, que “ora e trabalha ao mesmo tempo, para que a totalidade do mundo se incorpore ao Povo de Deus, Corpo do Senhor e Templo do Espírito Santo” (LG 17). Nós podemos ser daqueles que, estando no mundo, imersos nas realidades temporais, viram a estrela de uma chamada de Deus e são portadores dessa luz interior que se acende em consequência do trato diário com Jesus. Sentimos, pois, a necessidade de fazer com que muitos indecisos ou ignorantes se aproximem do Senhor e purifiquem a sua vida.

A Epifania é a festa da fé e do apostolado da fé. “Participam desta festa tanto os que já chegaram à fé como os que procuram alcançá-la. Participa desta festa a Igreja, que cada ano se torna mais consciente da amplitude da sua missão. A quanta pessoas é necessário levar ainda a fé! Quantos homens é preciso ainda reconquistar para a fé que perderam, numa tarefa que é às vezes mais difícil do que a primeira conversão!

A Epifania recorda-nos que devemos esforçar-nos por todos os meios ao nosso alcance para que todos os nossos amigos, familiares e colegas se aproximem de Jesus.

Os Magos, seguindo a estrela, encontram o lugar onde estava o Salvador com Maria e José. E voltaram às suas regiões por outro caminho.

Quem encontra Jesus Cristo muda de caminho. Toma outro caminho. Um caminho novo, o caminho de Jesus Cristo que se apresenta como o Caminho. O encontrar Deus no menino transforma a vida das pessoas. Já não podem voltar a Herodes. Voltaram por outro caminho à sua região. Importa seguir a estrela que pousará onde está Jesus Cristo. Precisamos estar atentos à estrela. A estrela são todos os sinais de Deus para que encontremos o Messias Salvador: a Palavra de Deus, os Sacramentos, o Magistério da Igreja, uma boa palavra do sacerdote ou de pessoas amigas, os acontecimentos da vida.

Os Magos seguiram a estrela. Não duvidaram, porque sua fé era sólida, firme; não titubearam perante a fadiga de tão longa viagem, porque o seu coração era generoso. Não adiaram a viagem para mais tarde, porque tinham alma decidida. É importante aprender dos Magos a virtude da perseverança: mesmo durante o tempo em que a estrela se ocultou aos seus olhares continuaram à procura do Menino! Também nós devemos perseverar na prática das boas obras, mesmo durante as mais obscuras trevas interiores. É a prova do espírito, que somente pode ser superada num intenso exercício de fé. Sei que Deus assim o quer, devemos repetir nesses momentos: Sei que Deus me chama e isso basta! “Sei em quem pus a minha confiança” (2Tm 1, 12).

Sejamos estrelas que vão Indicando o caminho ao próximo para que ele encontre o Messias Salvador. Há muitas maneiras de sermos estas estrelas, dando testemunho de Jesus Cristo. Isso na família, na Igreja e na sociedade. Que na festa da Epifania nos deixemos guiar pela estrela, iluminar por ela, e poderemos ser luz para os outros.

Peçamos à Virgem Maria que nos conduza ao seu Filho Jesus. Os Reis Magos tiveram uma estrela. Nós temos Maria!

Mons. José Maria Pereira




Batismo Do Senhor




Hoje, com a festa do Batismo do Senhor concluímos o tempo litúrgico do Natal. De acordo com o Evangelho segundo Mateus (Mt 3, 13-17), logo após Jesus ter sido batizado por João, os céus se abriram, o Espírito Santo, qual pomba, pousou sobre ele e uma voz dos céus proclamou: Este é o meu Filho amado, no qual pus o meu agrado.

O Batismo de Jesus no Jordão sempre foi parte imprescindível da pregação dos Apóstolos e a comunidade primitiva tinha por esse evento inestimável consideração. Todos os evangelistas narram o episódio, não somente porque foi a primeira vez em que houve uma clara e completa alusão ao mistério trinitário, mas também porque viram nele a prefiguração do Batismo de sangue do Salvador na Cruz, símbolo de toda a atividade sacramental pela qual o Redentor realiza a salvação da humanidade. Não é por acaso, então, que toda a tradição patrística nutria particular interesse por essa festa, que é a celebração mais antiga da Igreja depois da Páscoa...

Na verdade, a Igreja desde muito cedo entendeu que existe uma íntima correlação entre o Batismo de Cristo e o nosso Batismo. O Deus nascido em Belém nasce no coração de cada discípulo que se faz batizar. Os céus abertos no Jordão estão a nos indicar que o Redentor nos abriu o caminho da salvação e nós podemos, sim, percorrê-lo graças ao novo nascimento da água e do Espírito (Jo 3,5). Assim é que somos inseridos no Corpo místico de Cristo, que é a própria Igreja, pois, no Batismo, com Cristo morremos, com ele ressurgimos e dele nos revestimos, como várias vezes nos recorda o Apóstolo Paulo (I Cor 12,13; Rm 6, 3-5; Gl 3,27).

Da mesma forma como disse ao seu Cristo, o Pai continua a dizer a cada batizado: Este é o meu Filho amado, no qual pus o meu agrado. Numa sociedade em que somos educados para merecer o amor de alguém, a nos empenhar dia e noite para termos o afeto de outros, onde somos cobrados a sermos bons filhos, bons alunos, bons maridos, bons pais, bons diáconos, bons padres... aprendemos desde cedo que o mundo premia as pessoas que conseguem merecer amor, ser “amáveis”, a ponto de alimentarmos a idéia de que Deus me ama, mas somente sob certas condições... E assim, passamos a vida a implorar por reconhecimento, por fazer-nos agradáveis.

Mas eis que o Evangelho nos surpreende diante da boa-nova trazida pelo Cristo: Deus me diz que sou seu Filho amado desde o início, antes que eu agisse, pessoalmente, para merecer seu amor: Deus não me ama porque sou bom, mas, ao me amar, torna-me bom.Deus se agrada de mim porque já vê em mim a obra-prima que posso me tornar a partir da dignidade com a qual me revestiu no Batismo. E esse amor, que é o próprio Espírito Santo, me capacita a olhar em frente, para o caminho a ser percorrido para me tornar, de fato, a obra de arte que Deus já enxerga em mim; para ultrapassar os obstáculos que tentarão me impedir de prosseguir, para superar as fragilidades humanas que me são inerentes.

Afinal, não é esta a essência do cristianismo? Descobrir que Deus me ama por aquilo que eu sou e, mais ainda, que tem prazer em me revelar quem realmente eu sou: um seu FILHO bem amado. E por isso, só por isso, Deus já me quer bem, deseja que eu me torne de fato sua imagem e semelhança no mundo, que eu seja autônomo, maduro, pleno e capaz de amar, assim como sou amado e querido por Ele...



Amai-vos Uns Aos Outros Como Eu vos Amei


Não existe uma pessoa que não ame. Muda o objeto que é amado, mas faz parte da natureza humana voltar-se, no amor, para o que é desejado e buscado. Pode parecer muito simples, mas também a capacidade de amar vem a ser educada, num processo de formação que envolve a vida inteira. Mal formada, a inata capacidade para amar pode chegar inclusive à destruição da realidade que é amada. Trata-se de uma força imensa, plantada por Deus nos corações humanos. Ela vem do Céu, para se implantar e multiplicar-se no bem que pode ser feito na terra e se perpetuará na eternidade.
O amor é um sentimento? Envolve, sim, os sentidos, mas na compreensão cristã, que perpassa a Sagrada Escritura e a experiência secular da Igreja, é muito mais do que um sentimento. Antes, é um ato de inteligência e de vontade. Basta recordar a realidade do martírio, presente em toda a história da Igreja, na qual alguém se dispõe a superar o instinto primordial de defesa da própria vida, para entregá-la pelo bem dos outros, como resultado de sua escolha de vida no seguimento do Evangelho. Existem também situações de pessoas que, mesmo sem conhecimento do Evangelho, chegam a entregar-se pelo bem dos outros, pela causa da vida e da dignidade humana. Tais gestos fazem compreender a possibilidade de uma escolha radical, que orienta todas as energias humanas para o que não se vê nem se pode comprovar, senão pelo testemunho!

“Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. E trarás gravadas no teu coração todas estas palavras que hoje te ordeno. Tu as repetirás com insistência a teus filhos e delas falarás quando estiveres sentado em casa ou andando a caminho, quando te deitares ou te levantares” (Dt 6,4). A primeira e decisiva opção na vida há de ser esta, como uma veste interior, que envolve e orienta todas as outras decisões: escolher Deus como tudo da própria existência.

O resumo da lei de Deus, expressa o Decálogo, se encontra na lapidar afirmação: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Mas foram necessários muitos séculos e, mais do que tudo, a revelação que vem do alto, para que tal mandamento viesse a ser compreendido. Aliás, foi preciso que o Pai do Céu enviasse seu Filho, como vítima de reparação por nossos pecados, para a humanidade entender o amor (1 Jo 4,7-10) e sua medida, que é justamente amar sem medida.

O amor ao próximo suscitou muitas perguntas. Afinal, o próximo é quem está perto de mim? Para povos que vagavam por desertos ou se sentiam ameaçados pelos potenciais inimigos, o estrangeiro é também próximo? Como tratar quem é diferente e incomoda? Jesus Cristo, amor do Pai que se faz carne no meio da humanidade, aproxima o amor do próximo ao amor de Deus, dizendo que o segundo é semelhante ao primeiro mandamento! Próximo vem a ser, para o Senhor, aquele de quem nos aproximamos e não apenas quem vem pedir qualquer ajuda: “Na tua opinião – perguntou Jesus –, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze tu a mesma coisa” (Lc 10, 36-37). Conhecemos o verdadeiro Bom Samaritano, o próprio Jesus, que veio percorrer as estradas do mundo, tomando a iniciativa de vir em socorro da humanidade.

Mas Jesus guarda a pérola de seu amor a ser revelada no ambiente especial da última Ceia: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15, 12-13). Aqui está um ponto de chegada, nascido do alto e que antecipa a realidade do Céu aqui na terra! Somos feitos para esta qualidade de amor!

Ainda que devamos amar a todos, sem distinção, cada cristão é chamado a ter um espaço de convivência, no qual possa declarar, com gestos e palavras, sua disposição para dar a vida e receber a vida doada. Nisto todos conhecerão que somos discípulos de Cristo (Jo 13,35). Pode ser a família, e quem dera que nossas famílias chegassem a esse ponto! Pode ser a experiência de uma Comunidade cristã viva, e para lá havemos de caminhar. Uma amizade sincera e pura proporciona esta declaração de amor. É uma potência indescritível de transformação da vida das pessoas. É necessário olhar ao nosso redor, pois existem, sim, pessoas, comunidades e grupos que oferecem este testemunho!

Nos mistérios da Páscoa, celebrados pela Igreja, Deus nos dá de presente esta capacidade de amar. De nossa parte, resta corresponder aos dons de Deus (Cf. Oração do dia do VI Domingo da Páscoa). Cada resposta e cada ato de amor a Deus e ao próximo contribuirão para que o mundo, sem deixar de ser mundo, seja mais parecido com o Céu!

Dom Alberto Taveira Corrêa 

Arcebispo Metropolitano de Belém



Antigo Testamento

A Bíblia em nossas mãos 






É importante conhecermos um pouco a própria Bíblia. Isso poderá nos ajudar muito, inclusive a localizar em suas páginas os textos onde são narradas as histórias desses personagens-crianças. Que tal, gostou da idéia? Então, vamos lá. Pegue a sua Bíblia e tenha-a em mãos, pois logo mais precisaremos dela.

Antes, porém, vejamos o que é a Bíblia. Sem dúvida, ela não é apenas um simples livro, mas o mais importante dos livros. Nela encontramos a história da nossa salvação. A história do grande amor de Deus por todos os homens. Por isso, seus ensinamentos são também importantes. Eles são como a luz: iluminam e fortalecem os nossos passos para seguirmos o caminho do bem. Assim, tornamo-nos amigos de Deus e amigos uns dos outros.

E você, já sabe o que significa a palavra Bíblia? Anote aí: ela é uma palavra de origem grega e quer dizer livros. O que, aliás, está muito correto, pois, na verdade, a Bíblia é formada por 73 livros. Escritos em lugares e épocas diferentes. Seus autores são muitos, também chamados autores sagrados. A Bíblia é conhecida ainda por outros nomes, tais como Sagradas Escrituras, Livro Sagrado, Palavra de Deus etc.

Mas, e para consultar a Bíblia... O que a gente tem que fazer para encontrar o livro que queremos? Como não se perder no meio de tantos livros? Ah, não é tão complicado assim...

Para localizar o livro ou texto procurado, basta a gente conhecer e seguir as divisões existentes no próprio livro. Elas funcionam como um índice-guia.

Pegue a sua Bíblia, para juntos aprendermos a consultá-la. Abra-a e comece a folheá-la, procurando o índice geral dos livros (ele está nas páginas iniciais ou finais da Bíblia). Nele, você vai perceber que existem duas partes: o Antigo Testamento e o Novo Testamento.

Contando os livros de cada parte, encontrará 46 livros no Antigo e 27 no Novo. Agora folheie toda a Bíblia para localizar cada livro.

Pois bem, vimos até aqui a grande divisão da Bíblia: o Antigo e o Novo Testamento. O
Antigo Testamento narra a história de um povo escolhido por Deus, o povo de Israel.

Durante muitos anos, Deus acompanhou e preparou com carinho esse povo para receber o seu filho Jesus, o Salvador prometido à Humanidade.

O Novo Testamento começa com a vinda de Jesus. Seus primeiros livros são os Evangelhos, que contam os principais fatos da vida de Jesus. Cada um recebeu o nome do autor que o escreveu: São Mateus, São Marcos, São Lucas e São João. Depois, vêm os Atos dos Apóstolos, que narram o início da história da Igreja. Tem também as epístolas (que são as cartas escritas pêlos apóstolos às comunidades cristãs) e o Apocalipse.

Outra divisão importante é a que diz respeito aos capítulos e versículos. Que tal verificá-los na Bíblia? Abra-a, então, no Evangelho de São Lucas. Logo após o título, você percebe o número 1, em tamanho maior e com a cor destacada. Este número maior, em destaque, representa sempre o capítulo do livro.

Antigamente não existiam livros como os de hoje. Por isso, também alguns livros da Bíblia foram escritos em rolos feitos com pele de animais (pergaminho).

Observe os capítulos seguintes... Já chegou no capítulo 24? Aí termina este Evangelho. 


Versículos são os números menores que aparecem nos textos e dividem cada capítulo.

Há ainda um outro aspecto a ser considerado na Bíblia: são as abreviaturas próprias de cada
livro. Localize-as na sua (nas páginas iniciais ou finais). É necessário conhecê-las bem para saber diferenciá-las e, assim, não trocar um livro por outro no momento de procurar o texto desejado. Veja, por exemplo, como algumas delas têm a escrita semelhante: Mt (Mateus), Ml (Malaquias). No entanto, estes dois livros são totalmente diferentes. Mt pertence ao Novo Testamento e Ml ao Antigo.

E agora, para treinar melhor o que aprendemos sobre as abreviaturas e as divisões da Bíblia, vamos fazer juntos a leitura desta citação: Lc, 5,1-11 (e se Lucas, capítulo 5, versículos de 1 a 11).

É bom saber que o número que vem logo após a abreviatura representa o capítulo e os
números seguintes indicam os versículos. Continue, pois, o exercício, escrevendo nas linhas pontilhadas da página ao lado, como lemos as citações indicadas. E depois, se você quiser, poderá também conferir os textos na Bíblia.

Gn 1,1 – 9

Est 5, 1 – 8

Is 43, 4 – 12

Jo 8, 12 – 20

At 2, 22 – 24

Gl 4, 4 – 9



PROMESSAS





A falha do homem fez com que ele perdesse o paraíso, mas não podia comprometer definitivamente o bem do universo e da humanidade. Deus continua querendo ser amigo do homem. É por isso que, no fundo de todos nós, existe a certeza inabalável de que o bem vencerá. Essa certeza se baseia na promessa divina: o mundo será resgatado e o homem será salvo. E com isso a história humana passa a ser também a história da salvação.

Às vezes pensamos que a dificuldade em ler a Bíblia vem do fato de que é um texto muito antigo, escrito em outra língua, com preocupações e valores completamente diferentes dos nossos. 

A distância que existe entre nós e os autores dos primeiros capítulos da Bíblia é comparável à que há entre nós e os índios, que eram os donos das terras do Brasil antes da chegada dos europeus. 

Sabemos mais do que eles a respeito das leis físicas, mas eles tinham o seu modo de encarar o mundo, que era, talvez, melhor do que o nosso. Seus valores eram outros, mas viviam em harmonia com a natureza e eram mais felizes, menos nervosos e menos corrompidos do que nós. Ainda hoje, os antropólogos se espantam com o fato de os índios nunca baterem em seus filhos. 

Como acontece com os índios, os hebreus de três mil anos atrás eram muito diferentes de nós. Não tinham noção de muitas coisas que sabemos, mas eram dotados de algumas capacidades que perdemos completamente. 

A dificuldade em ler a Bíblia vem do fato de que esses homens, tão diferentes de nós, percebiam que o homem era solidário com a natureza e, junto com o universo, estava completamente entregue nas mãos de alguém, de quem tudo dependia. E chamavam esse alguém de Deus. 

Sua convicção mais profunda era de que nada, absolutamente nada, acontecia sem que Deus o quisesse ou permitisse. Dessa forma, o universo inteiro era uma mensagem de Deus, cujos pensamentos e vontades a gente podia ler nos fenômenos da natureza, nos sucessos e nos insucessos da vida. 

Fora dessa visão, a Bíblia perde todo o seu sentido. Torna-se um livro chato e pretensioso, sempre repetindo que o homem é ignorante e violento. Mas a Bíblia fala de certos traços de Deus, que são, fundamentais. E é preciso lembrá-los, para entendê-la. Um deles é a certeza de que Deus quer o bem. Fará sempre tudo para consegui-lo, por mais estranhos que sejam os seus métodos e caminhos. 

Nesse sentido, o homem é a imagem de Deus. No fundo de todos nós também existe a convicção de que é sempre bom fazer o bem. Mesmo quando queremos o mal, procuramos, de certa maneira, o nosso bem -achando, erradamente, que do mal podemos tirar o bem! 

Se me perguntarem, de repente, quem é Deus, responderia sem hesitação: é aquele que quer sempre o bem. O homem ainda pode se enganar, se atrapalhar, preferir um bem aparente ao que é realmente bem. Mas Deus nunca se engana, embora às vezes não entendamos os seus planos. A afirmação central da Bíblia é exatamente essa: apesar das aparências, Deus quer sempre o bem. Ora, como tudo depende de Deus, o bem vencerá. Vencerá a verdade. Vencerá a justiça. Vencerá o amor. 

É o que diz a Bíblia, contando a história da origem do mal e do pecado. A dor, o sofrimento e a morte entram no mundo pela falha do homem, que abusa da confiança de Deus. Por isso o texto sagrado diz que o homem e a mulher perdem a felicidade em que foram criados e são expulsos do paraíso - essa é a alegoria, isto é, a história simbólica que o hino do Gênesis traz e que foi concebida há mais de 5.000 anos. 

Mas ao mesmo tempo em que as trevas cobrem o horizonte, surge uma luz: a promessa da salvação. A morte entrou no mundo, mas a morte não é o fim. Será um caminho, pois a descendência da mulher, embora mordida no calcanhar, acabará esmagando a cabeça da serpente e vencendo o mal (Cf. Gn 3,15). 

Vivemos num dilúvio de incertezas e de dificuldades. Mas um dia a chuva passará. No céu do universo refeito brilhará para sempre o arco-íris da esperança e da paz, sinal de que, acima de tudo, o que conta é a aliança, a promessa, a disposição de salvar o homem e o universo. Essa disposição é o traço mais profundo e característico da fisionomia de Deus (Cf. Gn. 9,12-17).




Uma vida de fé - Abraão


Abraão é um personagem central na compreensão da aliança de Deus com a humanidade. Não se pode ler nada na Bíblia, sem que o seu perfil se desenhe no horizonte. Não pelo poder que teve nem por façanhas que praticou, mas simplesmente porque acreditou.

A fé de Abraão anima toda a Bíblia. Ao lermos a sua história, no livro do Gênesis a partir do capítulo 12 vemos que sua grandeza vem do fato de que foi fiel ao chamado de Deus, que fez com ele uma aliança. Foi esta fidelidade à aliança proposta por Deus que o tornou um elo decisivo na história da salvação, um justo, pai de uma multidão inumerável de fiéis e patriarca do povo em que veio a nascer o Salvador.

Abrão estava bem instalado em Ur. na Mesopotâmia, quando ouviu de Deus que deveria deixar sua terra e partir, para cumprir uma grande missão.

Apesar dos 75 anos, Abrão topou. Acreditou. O gesto de Abrão se repetirá através da história da salvação. Se o homem não souber deixar as comodidades da vida, a busca exclusiva do que parece útil ou lhe pode trazer vantagem imediata, não será jamais fiel à aliança. Quem não crê e se agarra às seguranças ilusórias da vida, ao conforto e ao poder, não fará nunca nada de grande. A gente custa a compreender que não é Deus que entra na nossa vida, mas nós é que precisamos sair dela, convertermo-nos, para ir ao seu encontro, como Abrão teve de deixar família, bens e sua própria pátria para acolher o chamado de Deus e com ele fazer aliança.

Aí pelos anos de l600 antes de Cristo, Abrão, já na terra de Canaã, precisou defender seu sobrinho Ló, que estava com todos seus familiares e bens sob os domínios de um vizinho. 

Abrão libertou-os e a seus bens, mas se recusou a ficar com as riquezas do adversário vencido ou escravizá-lo, como era de praxe. Fez, vitorioso, um acordo de paz com os outros reis da região. A Bíblia menciona especialmente o misterioso Melquisedec, que significa meu rei é justiça, senhor de Salem, que significa paz. Melquisedec  traz pão e vinho, como sacerdote do Deus Altíssimo, e abençoa Abrão, cuja vida se resume em justiça e paz.

como de todo homem que crê. A aliança comporta sempre uma exigência de justiça e de paz. Não há outro caminho para alcançá-la.

Como sinal da aliança que faz com Abrão, fiel e justo, Deus lhe promete então um filho e, através dele, uma posteridade numerosa, mudando-lhe o nome: "De hoje em diante te chamarás Abraão". A mulher de Abraão já havia passado da idade, mas ele acredita. A esterilidade nunca foi um obstáculo na realização do desígnio de Deus. Como nossos obstáculos e nossos limites que, se aceitos na fé, são convertidos em ocasiões de louvor a Deus e de reconhecimento de sua justiça.


A história de Abraão prossegue marcada ainda por dois grandes acontecimentos.



Abraão ora pelos pecadores de Sodoma e Gomorra. e consegue salvar o sobrinho na destruição das cidades. Teria salvo a todos, se houvessem ao menos dez justos na região! A oração da fé, unida à justiça, é fonte de salvação para todos.



Mas o grande acontecimento da vida de Abraão se dá quando Deus lhe faz o mais terrível pedido: sacrificar-lhe o próprio filho. O sacrifício de Isaac é um dos pontos culminantes da Bíblia, voltaremos a falar dele no próximo número.



Ninguém pode ter a pretensão de ser como Abraão, mas todos podem admirar seu testemunho e colocar a fidelidade ao chamado de Deus e a busca da justiça acima de tudo, em nossa vida.


O sacrifício de Isaac


Abraão é o pai de todos os que tem fé. Acreditou em Deus e viveu segundo a fé. Na fé, praticou a justiça, até mesmo para com seus inimigos.

Impressiona, em Abraão, seu coração de pai. Acreditou que seria pai de um grande povo, em que todas as famílias da Terra seriam abençoadas (Gn 12,2s).

Durante 30 anos esperou e desejou o filho prometido por Deus. Sua casa se encheu de alegria quando Sara, sua mulher, engravidou. A palavra de Deus começava a se tornar realidade.

Abraão já era idoso quando Isaac nasceu. Além do amor de pai, dedicava ao menino um carinho e uma atenção de avô. Mas enquanto o via crescer, formava-se em seu coração uma nuvem de tristeza: deveria sacrificá-lo a Deus.

O povo de Canaã, que havia adotado Abraão como aliado e amigo, costumava sacrificar a Deus o que havia de melhor em sua vida: os primeiros frutos da terra, as primeiras crias dos rebanhos e, o que é mais incrível, os seus próprios filhos primogênitos.

Abraão era um homem religioso. Doía-lhe imensamente ter de sacrificar seu filho. Mas o faria, sem dúvida, se Deus lhe pedisse. O que o entristecia, porém, não era apenas a dor de perder o filho, pois sabia que nada se pode recusar a Deus!

O problema de Abraão era outro: como conciliar a exigência da religião com sua missão? Deus o escolhera para ser pai de um povo numeroso como as areias do mar. Parecia agora exigir duas coisas contraditórias: sacrificar o filho que seria a semente de uma grande nação. Que fazer? Era uma grande provação para o velho Abraão.

A Bíblia o mostra no admirável relato do capítulo 22 do Livro do Gênesis: "Deus pôs Abraão à prova" - nos diz o texto.

Abraão, homem religioso por excelência, vive até o fim essa contradição. Faz tudo o que é necessário para sacrificar o filho: pega o menino, sobe a montanha com a machadinha e com a lenha, amarra o filho e desembainha a arma.

Nesse momento preciso, um chamado do céu o interrompe e o ilumina: "Não estenda a mão contra o menino. Agora sei que você teme a Deus, pois não me recusou seu filho único!" Ao mesmo tempo, Abraão vê um cordeiro preso pelos chifres num arbusto, e o oferece em holocausto em lugar do filho.

O segredo da fé é não querer resolver os problemas do nosso ponto de vista, mas confiar em Deus até o fim: fazer tudo o que ele nos parece exigir, mas permanecer aberto aos mínimos
sinais de sua vontade, que se manifesta nas pessoas e nos acontecimentos com que convivemos.


O sacrifício de Isaac revela dois aspectos profundos da história da salvação

Primeiro: não se pode recusar nada a Deus, ainda que nos pareça absolutamente absurdo o que ele nos pede, como foi, para Abraão, o sacrifício do filho da promessa. É preciso ser fiel até o fim à nossa consciência religiosa, e fazer tudo que nos parecer realmente pedido por Deus.

Nada, porém, nos autoriza a seguir a nossa própria cabeça. Religião não é fanatismo. E preciso, sobretudo, ser fiel à realidade, aos acontecimentos, aos outros que nos vão mostrando o caminho a seguir através das exigências de justiça e de misericórdia que surgem a cada curva do caminho da vida.

Na nossa vida, nada acontece à toa. Deus escreve certo por linhas tortas.
Segundo: a prática da fé está na fidelidade à vontade de Deus manifestada nos acontecimentos inesperados de todo dia, como fora inesperado o aparecimento do cordeiro, preso no arbusto naquele preciso momento, sobre a montanha, que foi chamada de Deus dá sempre um jeito!

Sendo fiéis à realidade de cada dia, rotineira ou contraditória e incompreensível, estamos escrevendo a história da salvação


A esperteza de Jacó


O Brasil é o país do jeitinho. Antigamente era uma glória: "Não esquenta. Tudo se arranja". Hoje em dia, porém, há muita gente que critica o jeito brasileiro. Há quem ache até que é mais um defeito do que um jeito, essa coisa de não levar nada a sério.

No entanto, o evangelho elogia o administrador esperto. Quando ele percebeu que ia ser despedido, deu um jeito: foi diminuir a dívida dos credores do patrão, para ter a quem recorrer no momento da necessidade. Jesus louva sua habilidade, maior do que a dos filhos da luz (Lc 16,1-8). A parábola mostra que Jesus não era moralista, nem dá muita importância às coisas, desde que se encontre um jeito de as pessoas viverem felizes e não ficarem à mercê das contingências da vida.

Essa parábola manifesta um dos aspectos mais importantes do modo de agir de Deus. Sua vontade se cumpre através de todos os homens não apenas das pessoas sérias, que fazem tudo direitinho, mas também das pessoas habilidosas, que sabem se colocar a serviço do bem e da justiça.

Jacó foi uma delas. Primeiro deu um jeito de passar seu irmão gêmeo para trás. A parteira o viu nascer puxando o pé de Esaú, que havia nascido primeiro. Enquanto Esaú era pesado e peludo, Jacó era esguio e liso, como um sabão. Um dia, o irmão desejou comer seu prato de lentilhas. Jacó o deixou, mas exigiu em troca o direito de primogenitura. Na hora decisiva da bênção do mais velho, com a ajuda da mãe, cobriu-se com uma pele de cabra e se fez abençoar como primogênito pelo velho pai Isaac, já cego.

Esaú ficou furioso e Jacó teve de fugir para o norte. Foi se casar com a filha de seu tio Labão. Este pensava tê-lo enganado, dando-lhe Lia em lugar de Raquel, que Jacó amava, mas Jacó ficou com as duas e, depois de trabalhar catorze anos para o sogro, estava mais rico do que ele. Teve de fugir de novo, agora para o sul, com onze filhos e as esposas, sendo que Raquel estava grávida.

Na sua esperteza, consegue fazer um acordo com Labão, que o perseguia e, depois, com Esaú, que vinha contra ele com mais de 400 homens.
A esperteza de Jacó foi o fio condutor da história da salvação, do mesmo modo que a serenidade de Abraão ou a coragem de Moisés. Assim como a serenidade do primeiro é sinal de sua fé, a esperteza de Jacó é manifestação de seu empenho em fazer valer, acima de tudo, a vontade de Deus.

Na véspera do encontro com Esaú, ficou sozinho à margem do rio Jaboc, e lutou a noite inteira com Deus. Ao amanhecer era outro homem. A visão noturna, sem se identificar, abençoou-o e deu-lhe o nome de Israel-aquele que luta com Deus ou por Deus (Gn 32,22-33).

Experiência semelhante se repetirá em Betel, lugar onde Jacó outrora, fugindo de Esaú, vira uma escada comunicando o céu com a Terra (Gn 28, 10-22).

Todas essas são experiências de oração e de comunicação com Deus. São elas que libertam Jacó das convenções sociais e o tornam um hábil militante de Deus, cujo desígnio vai se realizando na História.

É preciso não viver como escravo das leis nem das dívidas, mas saber dar o jeito de Deus, que a gente aprende na oração.


José: o menino sonhador


De todos os personagens do Antigo Testamento, José do Egito é uma das figuras mais fascinantes. Sua história, marcada pêlos sonhos, é cheia de símbolos e significados. Foram ainda seus sonhos que fizeram dele rival de seus irmãos e príncipe do Egito.

Também a proteção de Deus é sentida passo a passo na vida de José. Com ele, Deus encaminha a salvação do povo hebreu. Conheça melhor a história de José, lendo em sua Bíblia o livro do Gênesis, a partir do capítulo 37.

José nasceu em Canaã, na Palestina. Era o mais novo dos 12 filhos de Jacó. Seu pai, porém, tinha por ele um amor especial, o que causava muita inveja em seus irmãos. Para eles, Jacó lhe dava exageradas atenções, poupando-o do trabalho e fazendo, inclusive, muita diferença entre todos. Por exemplo, só José foi presenteado pelo pai com uma bonita túnica.

Além disso, José costumava ter sonhos interessantes e estranhos, o que deixava seus irmãos ainda mais furiosos. A reação deles era imediata, quando José lhes contava tais sonhos e os interpretava, pois não podiam aceitar que um dia o irmão se tornasse uma autoridade e tivessem que se inclinar a seus pés. Você já conhece algum desses sonhos de José?

Vejamos, então, dois deles e suas respectivas interpretações. Certa vez, José sonhou que todas as pessoas de sua família eram feixes de trigo num campo. Seu feixe estava de pé, reto e alto. Todos os outros feixes se inclinavam para o seu.

Num outro sonho, José olhava para o céu. Sua família era o sol, a lua e as estrelas. E todos se inclinavam na frente dele.

E, dessa vez, até seu pai ficou irritado quando o ouviu. Ele disse a José:

- Que negócio de sonho é este? Pare com isso!

Seus irmãos não só se irritavam com ele, mas também chegavam até a desejar sua morte para se verem livres.

Um dia, os irmãos de José estavam bem longe de casa, no campo, cuidando dos animais, pois eram pastores de ovelhas e cabras. Jacó, preocupado com eles, mandou que José fosse procurá-los para levar-lhes comida e trazer-lhe notícias. Assim que viram José aproximar-se, seus irmãos gozaram dele, dizendo: "Aí vem o sonhador. Vamos matá-lo". E combinou entre eles como fazer isso, dizendo: "Vamos jogá-lo num poço qualquer; depois, falaremos que um animal feroz o devorou".

Porém, Rúben, um de seus irmãos, ouvindo isso, procurou salvar a vida de José. Ele falou: "Não lhe tiremos a vida!" E sugeriu aos irmãos que o jogassem num poço perto daquele lugar. Era grande e estava vazio, nele não havia água. Assim sugerindo, Rúben pensava que depois ele poderia voltar tirar José e levá-lo de novo para casa.

Logo que José chegou junto deles, seus irmãos arrancaram-lhe a túnica e rasgaram-na; depois, sujaram-na com o sangue de uma cabra e em seguida jogaram José no poço. E muito contentes, sentaram-se para saborear a comida deliciosa que o irmão lhes trouxera. 

Quando Rúben voltou e não encontrou mais José, ficou muito triste e perguntou aos irmãos onde o haviam colocado e o que fizeram dele. E você sabe o que eles responderam? Veja só. Eles tiraram José do poço e o venderam aos comerciantes do Egito que passavam ali bem naquele dia. Eles transportavam mercadorias para vender. Mas, naquele tempo, era também costume vender pessoas para trabalhar como escravos em outros lugares.

Depois, os irmãos de José voltaram para casa levando sua túnica e, disfarçadamente, disseram ao pai que a haviam encontrado. E Jacó, pensando que seu rilho tivesse morrido, chorou muito.

No Egito
José tomou-se escravo de Putifar, o capitão da guarda real do Faraó. Putifar gostava tanto do trabalho de José que o nomeou chefe de todos os seus escravos. Um dia, porém, acusado injustamente pela esposa de Putifar, José foi preso. Mas ele não se desesperou... Continuou sendo bom e amigo de todos.

Foi aí que aconteceu uma das coisas mais importantes de sua vida: José começou a interpretar sonhos de seus colegas de prisão. Não errava um só deles. Por isso, sua fama chegou até o Faraó. Então, ele chamou José para explicar-lhe o significado de um sonho curioso que havia tido e que nenhum sábio dali conseguia interpretar. 

Acompanhemos a narração desse sonho do Faraó. Estando às margens do rio Nilo, o Faraó viu sair das águas sete belas vacas, gordas e bem nutridas. Depois delas, surgiram outras sete, muito magras e feias, que devoravam as outras. Ele viu também sete espigas bonitas e cheias de grãos que saíam da mesma haste e, junto delas, saíam outras sete, secas e feias, que devoravam as granosas e bonitas.

José, depois de ouvir atentamente esse sonho, com a ajuda de Deus, interpretou que as imagens das vacas e das espigas tinham o mesmo significado. Assim, as sete vacas gordas e as sete espigas cheias significavam sete anos de fartura, de colheitas abundantes em todo o Egito. Haveria muita comida para todos. Porém, depois viriam sete anos de fome, não só no Egito como também nas regiões vizinhas. E a miséria seria grande para todos.

Diante disso, José sugeriu ao Faraó que escolhesse, entre os egípcios, os homens mais capacitados para armazenar em celeiros parte das colheitas do tempo de fartura. Assim, a nação estaria prevenida e o povo não sofreria tanto nos sete anos seguintes.

O Faraó, impressionado com a sabedoria de José, não teve dúvida. Seria ele e não outra a pessoa que deveria realizar essa tarefa. E, imediatamente, nomeou-o como ministro responsável para acompanhar todo o trabalho de armazenagem das colheitas. Com isso, José passou a ser uma grande autoridade no Egito.

Mas, e agora? Como fica a história de José? Afinal, o que aconteceu com o sonho do Faraó? E na terra do pai de José, houve fome? E os seus irmãos? Sem dúvida, todos esses aspectos são muito importantes, eles completam a história de José.

As respostas para estas perguntas você as encontrará no mesmo livro do Gênesis. Continue, pois, sua leitura até o capítulo 47, versículo 6. E ainda, nos capítulos seguintes, a história de José continua. Seu final é narrado em Gn 50.

Sonhos e realidade - José parte II


Ainda hoje os sonhos nos intrigam. Os antigos achavam que eram manifestação dos deuses, que vêem melhor e mais longe, indicando-nos para onde caminhamos e o que nos vai acontecer. Muitas práticas de adivinhação e previsão do futuro ainda recorrem aos sonhos e à sua interpretação.

Na Bíblia, os sonhos vêm de Deus e somente ele os interpreta autenticamente pela boca de seus eleitos: seus profetas e seus sábios.

Dentre os filhos de Israel, José era sonhador. O pai o preferia, por ser o primogênito de Raquel, a mulher que mais amara, e talvez por pressentir sua intimidade com Deus. Mas os outros dez irmãos mais velhos o invejavam. Começaram a odiá-lo, quando seus sonhos o colocaram em evidência: ele os vira em sonho, prostrados, a adorá-lo.

Um dia, o velho pai Israel pediu-lhe que fosse se encontrar com os irmãos, que haviam levado os rebanhos ao pasto. José os encontrou em Dotaim, mas eles o aprimoraram numa cisterna e acabaram vendendo-o como escravo a mercadores que iam para o Egito. Pegaram sua túnica e mancharam-na com o sangue, para devolvê-la ao pai, como prova da morte do filho preferido. "Nunca mais se ouvirá falar nesse sonhador" - pensaram os irmãos.

Como escravo no Egito, José acabou na prisão, mas continuou sonhando e interpretando sonhos. Até que um dia lhe coube decifrar um sonho duplo do faraó: 7 anos de abundância precederiam 7 anos de carestia. Muita prudência seria preciso para fazer reserva no tempo das vacas gordas e de espigas granadas, recomendou José, para o que comer no tempo das

vacas magras e das espigas vazias.


Entusiasmado com a sabedoria desse hebreu, o faraó o constituiu ministro da economia. Durante 7 anos, José armazenou tanto trigo que até perdeu a conta. Mas quando começaram os anos de carestia, vinha gente de todo o mundo comprar grãos de José, encarregado de administrar o estoque.

Vieram também seus irmãos, que não o reconheceram sob o nome de Safenat-Paneac, que havia adotado no Egito. Forneceu-lhes trigo, mas devolveu o dinheiro. Reteve, entretanto, Simeão, como refém, para garantir que, no ano seguinte, trariam seu irmão menor, Benjamin, filho, como ele, de Raquel.

Uma das cenas mais emocionantes da Bíblia é a de Safenat-Paneac, no ano seguinte, não conseguindo conter a emoção diante do caçula e se revelando como José aos onze irmãos apavorados. Caíram os véus. Os sonhos haviam se confirmado. Era uma extraordinária manifestação de Deus: Javé se servira da maldade fratricida, para garantir a sobrevivência da aliança e manter vivo o fio da promessa feita a Abraão. 

Enquanto os irmãos se embaraçavam com mil desculpas, reconhecendo seus crimes, José lhes demonstrava que Deus utilizara sua vileza, para ir realizando a obra de sua graça: "Deus me enviou antes de vocês para que possam sobreviver nesse país, salvando-lhes a vida, em vista de uma libertação maravilhosa. Portanto, não foram vocês que me mandaram para cá. Foi Deus (Gn 45, 7s)." 

Tudo contribui para o bem daqueles que Deus escolhe, até mesmo a inveja, o ódio ao irmão e o fratricídio simulado. Deus escolhe as crianças desarmadas e inocentes, como José, para ser testemunhas da salvação, e as conduz por sonhos e contradições, como colaboradores na realização dos seus desígnios de liberdade.

Como Deus quer salvar todos os homens, a História, por mais contraditória que pareça, é o caminho de Deus. Através até mesmo do pecado, Deus realiza seu desígnio de amor conosco e com todos os homens. Feliz culpa, como canta a liturgia da sexta-feira santa.



Moisés - O libertador do povo



Moisés é um dos personagens bíblicos de grande destaque no Antigo Testamento. Sua importância está ligada à libertação do povo de Deus (os hebreus) da escravidão do Egito.

Certamente, você já conhece alguns fatos da vida de Moisés. Por exemplo, já ouviu falar nos "Dez Mandamentos", também chamados Decálogo ou Tábuas da Lei? Pois bem, foi nessas tábuas de pedra que Moisés escreveu as leis que Deus mesmo deu para o seu povo no Monte Sinai. Porém, existem ainda outras coisas interessantes sobre Moisés, você não gostaria de conhecê-las? Acompanhe, pois, em sua Bíblia, no livro do Êxodo, a partir do capítulo 2.

Moisés era filho de hebreus e tinha dois irmãos: Míriam e Aarão. Seus pais, Jacabed e Amram, eram descendentes dos filhos de Jacó. Estes foram para o Egito, numa época de miséria e f orne em todas as cidades da Palestina e também em Canaã - como vimos na história de José, na edição do mês de abril. 

No Egito, os hebreus viveram muitos anos. E o número deles cresceu muito. No entanto, eles eram tratados muito bem pelo faraó - como eram chamados os reis egípcios - amigo de José. Porém, esse tratamento mudou quando um novo faraó assumiu o governo do país. 

Desconhecedor dos serviços prestados por José ao Egito, o rei tinha medo que o aumento desses estrangeiros no país se tornasse uma força contra os próprios egípcios, em caso de guerra. Por isso, pensando numa forma de enfraquecer os hebreus, ele os escravizou. E os obrigou a trabalhos duros, tais como, amassar o barro para fazer tijolos, construir casas e cidades. E, mais ainda, eram eles que faziam todo o transporte de cargas. Carregavam, às costas, cargas pesadíssimas, inclusive pedras. 

Contudo, apesar dessa vida dura, o povo continuava crescendo. E o faraó estava preocupado, principalmente em diminuir o nascimento dos filhos homens dos hebreus. 

Porque ele sabia que todos estavam descontentes com a escravidão e se houvesse guerra seriam os homens e não as mulheres que iriam à luta. Então, para impedir o crescimento deles, o faraó criou uma lei ordenando que todas as crianças hebréias do sexo masculino fossem afogadas no rio Nilo, assim que nascessem. Algumas mães, porém, não atenderam a essa determinação do rei e ,com isso, salvaram muitos meninos. Moisés foi um deles. Sua mãe, que se chamava Jacabed, o escondeu durante três meses.

Certo dia, porém, Jacabed soube que a princesa ia tomar banho no rio, todas as tardes. Então, ela pegou uma cesta e a preparou, com muito carinho, como se fosse um berço. Com uma massa especial, fechou os buraquinhos da cesta para a água não entrar. Forrou-a com panos macios, deixando-a bem fofinha. Depois,ela colocou seu filho dentro e soltou-a no Nilo, enquanto a princesa se banhava. E, na beira do rio, ela deixou sua filha, Míriam, escondida para ver o que ia acontecer. Como era sinal de sorte, no Egito, encontrar cestas com imagens de deuses no rio, a princesa não teve receio de recolher a cesta com o menino. Pegando-o, resolveu criá-lo como filho. Levou-o para o palácio e

deu-lhe o nome de Moisés, que quer dizer "salvo das águas". Assim, Moisés cresceu e foi educado como príncipe egípcio.

Quando adulto, Moisés, que já sabia que era hebreu, começou a se preocupar com os sofrimentos e os trabalhos duros que seu povo fazia. Ele tinha raiva dos egípcios que tanto mal causavam aos hebreus. E, por isso, alguns egípcios queriam matá-lo. Então Moisés foi morar numa cidade distante chamada Madiã, onde se casou.

Moisés conheceu também o jeito próprio de os hebreus viverem a religião e de se relacionarem com Deus. Entre os povos antigos, só eles adoravam um único Deus. A esse 
Deus, eles chamavam com o nome de Javé.

E, como eles, também Moisés amava e confiava muito no seu Deus. Por isso, muitas vezes, ele se retirava para rezar e pedir suas bênçãos e proteção. Principalmente, em suas orações, Moisés lembrava as necessidades do seu povo.

A Visão de Deus


Um dia, porém, Moisés teve um encontro diferente com Deus, através de uma visão. Enquanto cuidava das ovelhas, ele viu, no Monte Horeb, mais conhecido por Sinai, uma árvore pegando fogo e que não se queimava. Com grande curiosidade, ele correu para lá para ver o que era. Aí, então, ele ouviu o Senhor Deus que o chamou: "Moisés, Moisés ". Ele respondeu: "Estou aqui". E o Senhor disse: "Eu sou o Deus de seus pais. Esta é a minha montanha santa. Volte para o Egito e livre o meu povo da escravidão. Diga-lhe que fui eu quem mandou você. Tire-o e traga-o aqui".

Moisés ficou muito surpreso e com medo, pois ele nunca pensou que pudesse "ver" e "ouvir" a Deus, assim. E depois, ele sabia também que não seria fácil convencer o faraó a deixar o povo sair do Egito. Pois quem é que faria os trabalhos no lugar dos escravos? Porém, Deus encorajou Moisés, dizendo-lhe: "Eu estarei com você e vou ajudá-lo". E prometeu-lhe também que mandaria seu irmão Aarão com ele. Assim, Moisés voltou ao Egito.

Em companhia de Aarão, ele se apresentou ao faraó. Quando eles lhe pediram para deixar o povo sair e celebrar o seu Deus. o rei ficou furioso e disse: "E quem é esse Deus dos hebreus para que eu o obedeça e deixe sair o povo? Não conheço esse Deus, nem deixarei sair o povo". Eles insistiram, mas o faraó ficou firme na sua decisão. E ainda acusou os dois irmãos de distraírem o povo do trabalho.

Assim, o tempo foi passando. E muitas coisas horríveis aconteceram no Egito, como doenças e pragas. Porém, o faraó só mudou de idéia e deixou o povo partir quando ele viu o seu filho morto, bem como todos os primogênitos, ou seja, o filho mais velho de cada família egípcia. Nessa noite de dor e tristeza para todos, o faraó ficou muito assustado e disse a Moisés que saísse imediatamente do Egito com os hebreus. Confira, na Bíblia, as palavras do faraó (Ex 12,29-34). 

Assim, através de Moisés, Deus conduziu o povo pelo caminho do deserto até o Mar Vermelho. Mas, não demorou muito e õ faraó se arrependeu de ter deixado o povo sair. Por isso, ele mandou preparar os carros e os guerreiros egípcios para perseguir os hebreus. E partiram imediatamente.

Já próximos do mar e, vendo os inimigos que vinham ao encontro deles, os hebreus diziam a Moisés: "Agora, sim, seremos todos mortos em pleno mar. Não seria melhor termos ficado no Egito? Como escaparemos?" Moisés os acalmou dizendo que Deus batalhava por eles e os salvaria. E deu-lhes ordem para prosseguir. Foi então que aconteceu o milagre do mar. Leia em Ex 14-15-31 como se deu a passagem do Mar Vermelho.

Diante disso, os hebreus viram o que Deus fizera por eles e, reconhecendo o seu poder, acreditaram nele e em Moisés.

Como os hebreus, nós também reconhecemos que Javé é o nosso Deus. Ele só quer o bem e a felicidade de todos. Por isso, detesta toda forma de maldade e escravidão e se coloca ao lado dos perseguidos, fracos e necessitados.


Moisés - O Clamor dos oprimidos



A vida de Moisés é contada em uma das histórias mais emocionantes da Bíblia. Os hebreus tinham se tornado escravos do faraó e viviam na esperança de um libertador, para que se cumprisse a promessa divina, feita aos patriarcas.

O Egito era um país rico. Primeiro Mundo, na época. A classe dominante, escravizando os imigrantes, podia construir para si monumentos maravilhosos, que até hoje subsistem, como as pirâmides.

Os hebreus eram numerosos, mas pobres, como, por exemplo, os negros, no Brasil, os latino-americanos, nos Estados Unidos, ou os imigrantes, na Europa.

Uma coisa, porém, os unia: a fé e a certeza de que Deus não faltaria à sua promessa de torná-los um povo numeroso como as areias do deserto e como as estrelas do céu.
Apesar de escravizados, sua fé os mantinha de pé, orgulhosos de sua raça. Sua esperança os fazia olhar até com certo desprezo para o esbanjamento dos poderosos que os dominavam. 

E os hebreus, embora dominados, eram temidos. Os egípcios falavam então do perigo hebreu, como hoje os europeus falam da ameaça dos imigrantes.

O faraó fizera uma lei, mandando que todas as parteiras sufocassem os meninos hebreus recém-nascidos e só deixassem crescer as meninas, para acabar com a raça.

Nessa ocasião, uma hebréia teve um filho. Não podia obedecer à lei injusta do faraó, que o destinava à morte. Colocou-o, então, numa cesta, que foi pôr no rio, logo acima do lugar em que tomava banho a filha do faraó. A criança foi descoberta e salva. A princesa até acabou contratando a hebréia desconhecida para amamentá-la, sem saber que era a própria mãe do bebê.

Foi assim que Moisés não só se salvou das águas, como pôde ser educado na corte do faraó, aprendendo todos os truques da classe dominante para se manter no poder e tirar o maior proveito possível do trabalho das multidões empobrecidas. De muito proveito seria, para Moisés, essa educação política.

Um dia, já moço, Moisés saiu à rua e viu um policial batendo num hebreu. O sangue lhe subiu à cabeça. Com golpe certeiro, matou o policial agressor. Mas depois teve medo, pois havia tomado a defesa de um hebreu e seria, certamente, acusado de ser também hebreu. Precisou fugir.

Não se sabe quantos anos Moisés ficou no deserto, como exilado. A Bíblia diz que se passou muito tempo. Moisés foi viver entre os midianitas, parentes dos hebreus. Então se casou e levava a vida dos beduínos, como pastor de ovelhas.

Depois da morte do faraó, a situação dos hebreus no Egito ainda piorou. Foi então que um dia, perto do monte Horeb, Moisés se surpreendeu com um arbusto que estava em chamas, sem se queimar. Aproximou-se para ver, e ouviu uma voz dizendo que se descalçasse, em sinal de respeito. A sarça ardente era uma manifestação de Deus. O clamor dos oprimidos fora ouvido. Deus incumbiu Moisés de libertar seu povo.

- Como poderia enfrentar o faraó? - objetou Moisés.
- Eu estou contigo - respondeu Deus.
- Mas qual é teu nome? -continuou Moisés.


- Sou aquele que é: Javé. Tudo depende de mim. Sou o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó.Vou cumprir minha promessa. Este será o sinal: você virá com o povo me prestar culto diante dessa montanha.

Deus é quem liberta, mas o povo precisa também se libertar. Moisés luta para conseguir que o povo tome juízo, se conscientize e se levante contra o faraó. Só assim poderá sair da escravidão e terá coragem de enfrentar o desafio do deserto, para construir uma nova nação, sob a proteção de Deus.


                                               Samuel o menino que ouviu a voz de Deus.

                                               

                                           



A Bíblia narra a história de Samuel apresentando-o, inicialmente, como um menino muito querido por Deus. E não só. Pois também Samuel amava muito a Deus. Por isso, desde pequeno, ele aprendeu a ouvi-lo e a transmitir suas mensagens às pessoas. Neste artigo vamos conhecer melhor a história de Samuel. Ela está no livro da Bíblia que tem o seu próprio nome: Primeiro Livro de Samuel (ISm). Comece a leitura no primeiro capítulo, versículo 19 em diante.



Os pais de Samuel chamavam-se El-cana e Ana. Eles se amavam muito e queriam um filho, mas Ana não podia ter nené. Por isso,ela rezou, com toda a confiança, pedindo a Deus que lhe desse tal filho. 



Passado não muito tempo, Ana ficou grávida e deu à luz um menino. Ela o chamou com o nome de Samuel, que significa "pedido ao Senhor". Seus pais ficaram contentes e agradeceram muito a Deus. Sua mãe cuidava dele com todo amor e carinho. E lhe ensinava muitas coisas. Certamente foi dela que Samuel aprendeu a rezar e a ter Deus como um amigo. Sua mãe havia feito uma promessa: de oferecer este seu filho a Deus para que ele se tornasse um sacerdote. 



Assim, Samuel dedicaria toda sua vida ao Senhor para servir ao seu



povo. Sem dúvida, este gesto de Ana era muito bonito. Mas você já pensou onde é que Samuel aprenderia a ser sacerdote? Pois, naquele tempo, não havia seminários, como existem hoje, onde se preparam os futuros. 



Contudo, seus pais sabiam o que precisavam fazer. Por isso mesmo, quando Samuel era ainda criança, eles o levaram para morar no templo, numa cidade chamada Silo, na antiga Palestina. Seria aí, junto com o sacerdote Eli, que o pequeno Samuel começaria a preparar o seu futuro, como sacerdote. (Leia em ISm 1,24-28 como foi a chegada de Samuel no templo.) 



Samuel acostumou-se logo e gostou muito de viver em Silo. Todos os anos, seus pais iam visitá-lo. Eles estavam felizes, e Eli os abençoava. Assim, Samuel foi crescendo. E com muita alegria e dedicação ele servia ao Senhor, na presença de Eli. 

Além de Samuel, Eli era ajudado nas tarefas do templo pêlos seus dois filhos: Hofni e Finéias. Estes, ao contrário de Samuel, não se preocupavam com as coisas de Deus, nem com os deveres dos sacerdotes em relação ao povo. Eli, já bastante velho e enfraquecido, sofria muito com isso. Aconselhava-os sempre, mas em nada conseguiu modificar o comportamento dos filhos. Samuel, no entanto, continuava sempre dedicado, e Eli confiava muito nele. 

Deus chama Samuel e lhe fala 

Assim, a vida de Samuel prosseguia seu ritmo normal. Nela não havia coisas ou visões extraordinárias. Certa noite, porém, algo diferente aconteceu... Eli estava em seu quarto.Também Samuel já estava quase dormindo, quando ouviu uma voz que o chamava: "Samuel, Samuel". Ele pensou que fosse Eli e foi imediatamente procurá-lo e disse: "O senhor me chamou?". Eli respondeu: "Não, volte para a cama e durma". Samuel obedeceu, mas quando estava novamente quase pegando no sono, ouviu de novo: "Samuel, Samuel". Outra vez pulou da cama e correu para Eli: "O senhor me chamou, aqui estou". De novo Eli o mandou de volta para a cama, pois não o havia chamado. 

Uma terceira vez, Samuel ouviu o chamado e correu para o quarto de Eli. Então o sacerdote entendeu que era Deus que queria falar a Samuel e disse-lhe que fosse dormir e se voltasse a ouvir a voz dissesse assim: "Fala, Senhor, que estou escutando". Samuel fez direitinho como Eli havia ensinado. Então Deus lhe revelou uma terrível mensagem. Nela Deus comunicava a Eli uma decisão muito importante: ele ia tirar de seus dois filhos o direito de serem sacerdotes. Tudo isso porque eles estavam desrespeitando Deus e o povo. 

Samuel compreendeu bem o recado de Deus. E ficou pensativo: "Como vou dizê-lo a Eli? Ele ficará muito triste. Mas Deus tem toda a razão e eu não posso desobedecê-lo". Assim, no dia seguinte. Samuel contou a Eli tudo o quê o Senhor lhe falara. E o sacerdote aceitou as determinações de Deus, através das palavras de Samuel. 

Pouco depois, também o povo ficou sabendo de tudo. e Samuel se tomou um profeta no meio deles. Todos tinham grande respeito por ele e diziam: "E um profeta, pois Deus falou com ele, e ele nos comunica as coisas de Deus". 

Esse povo é o mesmo que saiu do Egito com Moisés - como vimos na edição de maio último. Eles viviam em constantes lutas com os povos das cidades vizinhas. Os inimigos queriam tirar deles a terra (que Deus mesmo lhes prometera). Por isso, Deus sempre tomava a defesa do seu povo. E com sua ajuda, os inimigos eram facilmente vencidos. 

Certa vez, porém, Deus permitiu que o povo fosse derrotado duramente. Em duas batalhas morreram mais de 5 mil homens, inclusive os filhos de Eli. Desgostoso com este fato, o velho sacerdote também faleceu. Depois da morte de Eli, Samuel, embora bastante jovem, começou a orientar o povo sobre o que fazer para vencer os inimigos. Pois como poderiam viver, se suas terras continuassem sendo invadidas e roubadas? 

Para sair dessa dificuldade, os líderes do povo se reuniram. E enquanto rezavam, pedindo que Deus os livrasse dos inimigos, tiveram também uma idéia brilhante: nomear Samuel como um juiz (chefe) para orientar o povo. Aceitando essa tarefa, Samuel repetiu sua promessa de servir ao Senhor com fidelidade. E com sábias palavras, ele lembrava ao povo seus deveres. 

Para que Deus os ajudasse eles deveriam abandonar todos os falsos deuses dos povos estrangeiros, e servir e adorar somente ao único e verdadeiro Deus. 

Quando os inimigos souberam dessas decisões, eles ficaram furiosos e atacaram novamente o povo. No início, as pessoas tiveram medo, pois as duas últimas derrotas foram feias. 

Samuel, porém, tranqüilizou-as e as encorajou a prosseguir firmes na luta, buscando a ajuda do Senhor. Para isso, Samuel também rezou. Sua oração foi atendida, e os inimigos, vencidos. (Veja como se desenvolveu esta batalha, lendo ISm 7, 7-12.) 

Assim, o povo pôde dominar toda a região. Reconquistar suas terras e cidades. E, enquanto Samuel esteve com eles, ninguém mais os incomodou. 

Então, gostou da história de Samuel? Você percebeu como ele era atencioso com Deus e com o povo? Como ele tudo fazia para ajudar as pessoas nas suas necessidades? O que você achou desse jeito de Samuel servir ao povo? Que ensinamento ele nos deixa?


Campanha Da Fraternidade 2013



Já está disponível nas livrarias católicas do Brasil o CD com o Hino da Campanha da Fraternidade de 2013 e os cantos para a quaresma do ano C. Desde 2006, por decisão dos bispos do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), o CD traz o hino da Campanha da Fraternidade e o repertório quaresmal correspondente a cada ano.

A Campanha da Fraternidade 2013, que tem por tema “Fraternidade e Juventude”, e lema “Eis-me aqui, envia-me!” (Cf, Is 6,8) , teve seu hino escolhido a partir de concurso aberto para todos que desejassem participar. A canção foi composta para servir durante encontros, debates, seminários, palestras e estudos sobre a temática em questão. O CD contém outras faixas inéditas para as celebrações da quaresma do ano C, além de músicas para o trabalho de evangelização com a juventude.

O assessor de Música Litúrgica da Conferência Nacional dos Bipos do Brasil (CNBB),
padre José Carlos Sala afirma que, de acordo com suas potencialidades, “as equipes de canto e música escolherão o melhor meio para apropriar-se desse rico repertório quaresmal que aparece no CD e no Hinário Litúrgico da CNBB e ajudar os fiéis na assimilação dos cantos próprios deste tempo”.

“Que o hino da Campanha da Fraternidade e os cantos próprios para o trabalho de evangelização com os jovens ajudem no processo de reflexão da realidade da juventude no Brasil e sejam sinal de alegria e comunhão eclesial”, disse o assessor.

Fonte: CNBB







NOVO TESTAMENTO
Jesus Nasceu



A família vai se reunir para celebrar o Natal. Presentes, cartões de boas-festas, muita alegria logo no início das férias. É um barato! Um velhinho barbudo, fantasiado de vermelho, convida as crianças a comprar, de olho no dinheiro do papai. As famílias se reúnem e fazem festa.


Até nos esquecemos de que o Natal tem sua origem na Bíblia. Os evangelistas Mateus e Lucas nos contam o que aconteceu. Através deles sabemos da penosa viagem do casal José e Maria, quando ela estava nos dias de ganhar o menino Jesus. Eles eram judeus e morava em Nazaré, um vilarejo da Galileia  Toda a região estava sob domínio dos romanos e o imperador César Augusto ordenara o recenseamento da população (contagem dos habitantes), exigindo que cada família se inscrevesse em sua cidade de origem. Como as famílias deles eram de Belém, cidadezinha da Judeia precisou viajar às pressas para cumprir a ordem do imperador.


Lá chegando, não acharam hospedagem nas casas e acabaram se abrigando num estábulo, onde Jesus nasceu. Envolto em panos, o menino foi colocado num cocho (recipiente de madeira que serve para colocar comida para os animais). O bafo dos animais ajudou a aquecê-lo na noite fria.

Esse é o lado pobre e realista do Natal. O que de fato aconteceu aos olhos humanos. Mas a Bíblia fala também do lado sobrenatural l desse acontecimento. O povo esperava ansioso pela vinda do Messias, o Salvador, que os profetas tinham anunciado. Por isso, alguns sinais foram percebidos quando Jesus nasceu.

Os pastores das redondezas ouviram cânticos de anjos e perceberam que algo estava acontecendo. Logo se juntaram em volta da estrebaria, adorando o recém-nascido. A mesma coisa aconteceu com três reis de tribos que moravam muito longe dali. Eles eram sábios e experientes, e viram no céu uma nova estrela. Percebendo que se tratava de um anúncio, seguiram-na e chegaram à estrebaria, onde ofereceram ao menino presentes simbólicos que indicava qual seria o seu futuro: o ouro da realeza, o incenso da santidade e a mirra do sofrimento.

Ao saber do acontecido, os poderosos se incomodaram. Não sabendo como identificar o menino, Herodes, o rei da Judéia, de Belém e dos arredores, mandou matar todas as crianças com menos de 2 anos. Mas José, avisado em sonho, já havia levado mãe e filho para fora de seu país.


Assim, enquanto o povo simples e os sábios homenagearam o menino-Deus, os poderosos tentaram matá-lo. Qual dessas atitudes está presente no nosso Natal? O Natal é uma mensagem de salvação e esperança para os pobres, mas com o tempo se tornou uma festa dos ricos e, sobretudo do comércio. Em seu lado realista, o Natal significa a dignidade da pobreza e mostra que o dinheiro não é tudo na vida: é possível viver com pouco dinheiro e ter uma vida digna.

Hoje em dia constatamos que não celebramos nem o lado humano nem o sobrenatural do nascimento de Jesus. Festa de ricos, o Natal deixou de ser a celebração da dignidade da pobreza. Festival de propagandas e de comércio, o Natal também já não é mais um momento de meditação, de análise, de pensamento sobre as coisas de Deus.

Mas mesmo assim, o Natal é um fato e todo mundo festeja. Por detrás das festas, das compras e dos presentes, ficou ainda alguma coisa que tem atravessado os séculos nestes quase 2.000 anos de Cristianismo. No fundo, nosso coração fica alegre de verdade. E as pessoas se aproximam mais umas das outras. Caem barreiras. Desfazem-se ódios e inimizades. Até as guerras cessam por um dia, pelo menos. O coração de todos se alimenta de paz e esperança. A solidariedade brota. 

Mesmo com todo o barulho do co-publicidade, parece que nós também ouvimos o cântico dos anjos: "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade!" Sem que a gente perceba direito, a Bíblia continua presente nas festas natalinas, por mais absurdas que sejam as aparências. Ela está escondida, mas ativa, dentro do nosso próprio coração.


O Natal é um só. Jesus nasceu para todos os homens. É uma verdade que parece meio apagada, parece ficção. Mas nosso coração diz que essa verdade veio para ficar. No fundo de todos os corações humanos, o Natal é a festa da paz, do amor e da solidariedade. Ontem, hoje e sempre.


Nas águas do Batismo


                                                    


Por que Jesus foi batizado?


E o nosso batismo, o que significa?

Quando Jesus completou 30 anos. achou ter chegado a hora de revelar ao povo quem era ele. Desde menino ele morava em Nazaré e trabalhava como carpinteiro. Mas para cumprir a sua missão na Terra, precisava viajar pelas cidades de seu país. Uma das primeiras viagens que fez foi para a região do rio Jordão, onde se encontrava João Batista.

João era primo de Jesus. Seus pais chamavam-se Zacarias e Isabel; ele era seis meses mais velho que o Mestre. João nasceu por verdadeiro milagre de Deus, pois os seus pais estavam bem idosos. Ele veio ao mundo com a missão de preparar as pessoas para receber o Messias Jesus, que estava para chegar. João se tornou pregador, ou seja, falava ao povo para mudar de vida e ser mais bondoso. Também batizava as pessoas que se arrependiam de seus pecados. Era o chamado batismo de penitência.

Um dia.João avistou Jesus no meio das pessoas que queriam ser batizadas. Imediatamente reconheceu que o Mestre era o Messias esperado e lhe disse: "Eu é quem devo ser batizado por você. e não você por mim". Sabe o que o Mestre respondeu? "É vontade do meu Pai que você me batize." Depois, entrou no rio Jordão e seu primo o batizou.

Jesus era o Filho de Deus, por isso, na hora de seu batismo o céu se abriu e uma voz disse "Você é meu filho querido.Coloco todo o meu amor". Ao mesmo tempo, o Espirito de Deus em forma de pomba ficou sobrevoando a cabeça de Jesus. Para saber mais detalhes dessa história, leia na Bíblia, no evangelho de São Lucas, capitulo 3, versículos de 1a 22.


Nosso Batismo

Apesar de Jesus não ter pecado algum, quis ser batizado para nos mostrar que era solidário com a humanidade pecadora, a qual viera salvar. A voz que veio do céu e o aparecimento da pomba foram os sinais de Deus de que o Mestre tinha sido escolhido para cumprir uma missão especial: salvar não os justos, mas os pecadores. Jesus foi batizado antes de começar a ensinar ao povo as coisas de seu Pai. Só a partir dai iniciou suas viagens para anunciar o Reino de Deus.

Você também foi batizado quando bebezinho. Seus pais e padrinhos o levaram à igreja para que, através do batismo. você se tornasse filho de Deus e membro da Igreja. Por essa razão, sempre que uma criança é batizada, a família fica muito contente e convida parentes e amigos para se alegrarem com ela. Algumas até fazem festa.


Como você era muito pequeno c não tinha condições de assumir o compromisso de viver a fé todos os dias de sua vida, seus pais e padrinhos, na hora do batismo, se responsabilizaram por você e assumiram o compromisso em seu lugar. Mas agora que você cresceu e já entendem as coisas, eles não só o ensinam a rezar em casa e a conhecer o Papai do céu. Mas o incentivam a frequentar o catecismo, que é uma forma de conhecer e viver mais a religião. 

Conhecendo melhor a religião, sua fé e seu amor a Jesus vão crescendo, ajudando-o a se tornar um verdadeiro cristão. É que o compromisso assumido no batismo exige a nossa participação na vida da Igreja e nosso trabalho para que o Reino de Deus cresça e Jesus se tome conhecido entre aqueles que não o conhecem ou se afastaram dele.

Toda pessoa que é batizada se toma. Também, testemunha de Jesus. Quer dizer: deve viver segundo seus ensinamentos, sendo justa, honesta, solidária, capaz de ajudar as pessoas necessitadas. Ser bom cristão é vivenciar o batismo todos os dias de nossa vida.



                                     Os escritores da história de Jesus (Os Evangelistas)

                                



Vamos aprender algo sobre os evangelistas, Ou seja, os autores dos quatro evangelhos. São eles: São Marcos, São Mateus, São Lucas e São João, Conhecendo-os, poderão conhecer melhor Jesus, o personagem principal de toda a Bíblia.

Como os outros livros da Bíblia, também os evangelhos só foram escritos muito tempo depois que aconteceram os fatos narrados. Por isso, primeiro os evangelistas conheceram Jesus; depois, escreveram sobre ele. E você sabe como eles o conheceram? Será que todos se encontraram pessoalmente com Jesus? Não. Apenas São Mateus e São João. São Marcos e São Lucas só puderam  conhecer Jesus através de outras pessoas, principalmente dos apóstolos São Pedro e São Paulo.


Enquanto os evangelistas ouviam o que as pessoas diziam sobre Jesus, eles perceberam como a sua presença mexia com as pessoas. Jesus trazia uma mensagem nova, cheia de sabedoria. E todos se admiravam de seu ensinamento. Veja só com que palavras Jesus iniciaram a sua pregação na Galiléia: "O Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no evangelho" (Mc 1,15).

Porém, mais do que as palavras, eram as atitudes e as ações de Jesus que impressionavam as pessoas. Muitos reconheceram o poder dele. E o povo comentava: "Nunca vimos ninguém, antes dele, que fosse capaz de fazer um surdo ouvir ou um mudo falar!"

Diante disso, os evangelistas tiveram a brilhante ideia de escrever os fatos e feitos de Jesus. 

Dessa forma, sua história podia ser conhecida e sua mensagem recebida por todos. 

Assim, nasceram os evangelhos. Contudo, não se sabe, com certeza, quando eles foram escritos. Os estudiosos da Bíblia afirmam que foi entre os anos 50 e 100 (vários anos depois da morte de Jesus).

Nessa tarefa, os evangelistas tiveram também a ajuda do Espírito Santo, que lhes deu muita sabedoria e os iluminou. Por isso, eles souberam transmitir a verdade sobre o Filho de Deus, usando palavras e exemplos bem simples para que todos pudessem entendê-los. Mesmo assim, nem todos aceitaram Jesus.

E agora, acompanhemos o trabalho de cada evangelista.


SÃO MARCOS


Marcos, também chamado João Marcos, escreveu seu evangelho a partir das pregações de São Pedro.

A grande preocupação de São Marcos era mostrar aos novos cristãos (convertidos e batizados) que aquele Jesus que os homens não aceitaram, crucificaram e mataram, era também o Filho de Deus glorioso que ressuscitou na Páscoa.

Marcos percebeu ainda que o povo esperava que Jesus (o Messias) fosse um Deus guerreiro e vencedor pela espada; não um Deus tão parecido com as pessoas simples do povo. Isso o decepcionou. Porém, o evangelista entendeu que era esse o segredo de Jesus: ele não apenas sofreu e morreu, mas também ressuscitou! porque era o Filho de Deus.

Diante disso, Marcos não teve dúvidas. No seu evangelho, ele comunicaria a bondade e a divindade de Jesus. Por isso, ele narrou muitos fatos importantes de sua vida, destacando a pregação, as curas e os milagres. Confira na sua Bíblia quais são esses fatos e que milagres Jesus fez segundo o evangelho de São Marcos.

SÃO MATEUS


Mateus conheceu Jesus bem de perto. Ele foi um dos doze apóstolos. Antes, exercia a profissão de cobrador de impostos públicos. Chamava-se Levi. O nome de Mateus foi-lhe dado depois que Jesus o chamou para ser apóstolo. Inclusive, ele mesmo conta como Jesus o chamou para segui-lo. (Veja Mt 9,9.)

E quais são os fatos que Mateus narra no seu evangelho? Encontramos nele muitos fatos e aspectos já apresentados por Marcos. Porém, Mateus os apresenta de outra forma. Ele fala sobre o nascimento de Jesus; depois, da sua missão, morte e ressurreição.

Sobretudo. Mateus preocupava-se em mostrar aos judeus, a comunidade para quem ele escreveu seu evangelho, que Jesus é o mesmo Salvador prometido. Ele prova que na pessoa e na obra de Jesus a promessa de Deus se realiza. Por isso, cita muitos textos bíblicos do Antigo Testamento, que falam de Jesus como o Messias anunciado pêlos profetas. 

Vejamos.por exemplo, o fato do nascimento de Jesus em Belém. Ele está em Mt 2,6 e tem ligação com as palavras de Miquéias (Mq 5,1). Acompanhemos o que ele diz: "E tu, Belém, não és de modo algum a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um Chefe que será pastor de Israel, meu povo. Suas origens são de tempos antigos'.

Mesmo assim os judeus não acreditaram. E Mateus continuou insistindo em sua afirmação de que Jesus é verdadeiramente o Salvador prometido, o Filho de Deus.

SÃO LUCAS


Lucas, ao contrário de Mateus, não conheceu Jesus. Era pagão (não batizado). Vivia na cidade de Antioquia onde nasceu e trabalhava como médico. Como então, ele pôde escrever seu evangelho? Isso só aconteceu depois da sua conversão. Ou seja, depois que ele conheceu Jesus através da pregação de São Paulo.

A partir daí, Lucas acompanhou São Paulo em quase todas as viagens missionárias. Esteve sempre ao lado dele, também nos momentos mais difíceis, como na prisão de Paulo, em Roma.

No evangelho de Lucas, encontramos fatos já narrados por Marcos e Mateus. Diferente, porém,é a linguagem que ele usa. Por exemplo,ao falar da infância de Jesus, só ele descreve todos os detalhes do seu nascimento. Ele mostra não só como Jesus nasceu,mas indica também a sua origem e qual era a sua missão nesta Terra. (Confira Lc 2,1-8.)

E não só. Lucas insiste na ternura de Jesus para com os humildes, os pobres, enquanto os orgulhosos são tratados duramente.

Além disso, ele mostra que Deus (o pai de Jesus e nosso pai) é um Deus de amor e bondade. Por isso, ele cura as doenças, perdoa e salva o pecador arrependido, como o bom ladrão pregado na cruz ao lado de Jesus (Lc 23, 39 - 43).

Seu evangelho tinha a finalidade de fortalecer a fé dos novos cristãos, de origem pagã, convertidos a Jesus, como ele.


SÃO JOÃO


João era um pescador, e irmão de Tiago, que também foi um dos doze apóstolos. Veja em Mt 10,1- 4, os nomes dos outros apóstolos. E por que Jesus chamou esses doze homens? 

Chamou-os para que depois eles pregassem a mensagem de Deus a todos os povos. E como ele mesmo diz, João é "aquele que Jesus amava". Ele sempre foi amigo de Jesus; nunca o abandonou, nem mesmo junto à cruz. E foi aí, que Jesus pediu a João que cuidasse de Nossa Senhora depois que ele morresse.

A preocupação de João, ao escrever seu evangelho, foi mostrar aos cristãos a origem divina de Jesus. Por este motivo, ele lembra, já no início do livro, que desde a criação do mundo, Jesus não só estava junto de Deus, mas ele era também Deus (Jo 1,1).

E João continua afirmando que foi por amor que Jesus se tomou homem; e veio para salvar e dar vida a todos os homens. Jesus demonstrou isso através da sua vida e dos milagres que fez. Os milagres revelam o poder de Jesus e simbolizam os dons que ele traz a todos; a vida, o pão vivo, a luz etc. Através desses dons, Jesus nos faz fortes para amar e ajudar as outras pessoas. Este é o mandamento que ele nos deixou: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" (Jo 13, 12).

Agora que acompanhamos a história de Jesus narrada nos evangelhos, podemos afirmar com os evangelistas: realmente Jesus não é apenas um homem como todos os outros; ele é também o Filho de Deus



Jesus Cristo o Amigo Das Crianças




Continuando a apresentação dos personagens do Novo Testamento, trataremos sobre Jesus e as crianças. Veremos como Jesus adulto se relacionava com as crianças. E também como as crianças de hoje vêem Jesus. Vamos acompanhá-los?

Provavelmente aos 30 anos, Jesus deixou sua casa, em Nazaré, para iniciar sua missão junto ao povo. À beira do mar ou pelas estradas da Galiléia, ele caminhava. Em companhia dos apóstolos, Jesus dirigia-se de uma cidade a outra, para pregar e ensinar a todos o caminho do Reino de Deus.


As vezes, Jesus se cansava. Algumas viagens eram longas. Porém, ele nunca reclamou. Ao contrário, sentia-se feliz em poder ajudar as pessoas e falar-lhes com muito carinho sobre Deus, o seu e nosso pai.


E o povo gostava muito de ouvi-lo. Jesus dava atenção a todos. Por isso, as multidões iam ao encontro dele. Muitos traziam seus doentes para serem curados; outras pessoas queriam vê-lo. Assim, Jesus se ocupava bastante. Às vezes, não tinha tempo nem para comer.


Certa vez, algumas mães trouxeram também suas crianças a Jesus. Elas queriam que ele as tocasse e abençoasse, pois tinham certeza de que ficariam felizes. Porém, os discípulos (seguidores de Jesus) quiseram impedi-las e disseram: "Que é que vocês querem? Por que levar as crianças a Jesus? Ele está tão ocupado! Além disso, elas ainda são muito pequenas. Nem podem compreender o que ele diz".

Jesus, porém, percebendo que os discípulos queriam afastar dele as crianças, repreendeu-os dizendo: "Deixai as crianças virem a mim, e não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus". E as chamou para junto de si.

Então, as crianças, vendo o rosto sorridente e amável de Jesus, correram felizes ao seu encontro. Ele as abraçou com carinho. Todas o viram como amigo e sentiam-se muito bem em sua companhia.

E mesmo não entendendo tudo o que ele dizia, as crianças sentiam que Jesus as amava muito. E sobre suas cabecinhas, Jesus colocou as mãos e as abençoou. E disse que elas seriam felizes seguindo o caminho do bem, e que sua. bênção seria sempre uma proteção na vida delas.


Além disso, Jesus conhecia e sabia como era bonito o coração das crianças. E nelas, ele admirava principalmente a simplicidade, a pureza e a sinceridade. Por essa razão, muitas vezes Jesus usou a criança como exemplo para transmitir sua mensagem aos adultos. Veja só o que ele lhes dizia. "Se vocês não tiverem um coração humilde e uma fé confiante como as crianças, vocês não entrarão no Reino de Deus." E mais: "Aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele" (Lc 18, 15 -18).

Certo dia, os discípulos aproximaram-se de Jesus e lhe perguntaram: "Quem é o maior no Reino dos Céus"? Para que eles entendessem bem sua resposta, Jesus colocou uma criança no meio deles e, olhando para ela, explicou-lhes: "O maior diante de Deus é aquele que não é orgulhoso, que não deseja a fama ou quer tudo só para si". Assim, grande para Deus, é a pessoa que se faz pequena e tem um coração grande. Que sabe amar e ajudar os outros (leia essas palavras de Jesus em Mt 18, 3 - 4


A Filha De Jairo





Certo dia, Jesus pregava à beira-mar. Aproximou-se dele, um homem chamado Jairo. Ele chorava muito. E veio até Jesus para fazer-lhe um pedido. Ajoelhou-se a seus pés e disse-lhe com insistência e confiança: "Jesus, é minha filha. Ela tem apenas 12 anos e está muito doente.

E eu sei que o Senhor tem poder de curar minha filhinha. Por favor, Senhor! Venha comigo, coloque sobre ela as mãos para que seja curada e viva".

Vendo o sofrimento daquele pai, Jesus o acompanhou até sua casa. Pedro, Tiago e João foram com ele. Eles estavam ainda a caminho, quando um empregado de Jairo veio ao encontro dele. E disse-lhe: "Sua filha está morta. Não incomode mais a Jesus. Agora, ele não pode fazer mais nada". Mas Jesus disse a Jairo: "Não se preocupe. Confie em mim. Eu ainda posso ajudar".

Chegando à casa, encontraram muitas pessoas que choravam em voz alta. Jesus entrou e perguntou: "Por que todo esse barulho? A menina está dormindo". E todos riram dele. Porém, Jesus f içou firme. Pediu a Jairo que os mandasse sair. Então, ele se aproximou da cama da criança, com seus pais e os três apóstolos. Ha estava deitada, sem qualquer movimento e muito pálida. Pegando sua mão, Jesus lhe disse: "Talitha Kúmi!", palavra aramaica que significa: "menina, eu te digo, levanta-te!" E imediatamente, ela se mexeu, abriu os olhos, sorriu e levantou-se. Seus pais ficaram espantados. Estavam felizes. Sua filha recuperou a saúde e a vida. E Jesus disse-lhes: Dêem-lhe alguma coisa para comer". Fato emocionante, não é mesmo?


Assim, através de seus gestos e atitudes, Jesus mostrou o carinho e a atenção que ele tinha para com todas as crianças. Ele sempre soube valorizá-las e nunca as deixou de lado, como faziam muitos adultos do seu tempo.


Se Jesus agiu assim com as crianças do seu tempo, é porque ele queria que as crianças de todos os lugares e de todos os tempos também fossem tratadas com carinho, respeito e atenção. Mas não é bem isso que acontece hoje, por exemplo, no Brasil e em tantas partes do mundo. Muitas crianças são abandonadas e maltratadas, não têm oportunidade de irem à escola e algumas nem têm casa para morar.

Converse sobre isso com seus pais e coleguinhas. E juntos, pecamos também a Jesus que ele nos ensine a amar e acolher todas as crianças, principalmente os menores abandonados. Acolhendo-os, estaremos acolhendo o próprio Jesus que diz: "Quem acolhe o menor a mim acolhe" (Mc 9, 37).


João Batista o Primo De Jesus



João Batista foi o precursor de Jesus, isto é, aquele que veio preparar o povo para recebê-lo. Á história da sua infância encontra-se no Novo Testamento, no evangelho de São Lucas, capítulo Primeiro, versículos 5 a 23 . Veja ainda (Lc l, 56-80). Alguns fatos da sua vida são narrados também nas outros três evangelhos: São Mateus, São Marcos e São João.


Zacarias e Isabel, os pais de João Batista, moravam numa cidade chamada Ain-Karim. Eram de idade avançada e não tinham filhos. Porém, eles confiavam muito em Deus e rezavam pedindo-lhe um filho.

Isabel sempre recordava as histórias dos milagres que Deus fizera para Sara e Ana, duas mulheres que também não podiam ter filhos. E que só se tornaram mães, quando já eram idosas. E ela dizia: "Deus podia me dar um nenê também".


E não demorou muito para esse milagre acontecer. Certo dia, Zacarias (que era sacerdote), teve uma visão de Deus. Enquanto ele estava no templo servindo e rezando por todo o povo, apareceu-lhe o anjo Gabriel e disse-lhe: "Deus ouviu a oração de vocês; sua esposa vai ter um filho, que se chamará João. Todos vão se alegrar com o seu nascimento". O mensageiro de Deus falou-lhe outras coisas interessantes sobre a missão de João. (Confira suas palavras em Lc 1,15-17.)


Mas Zacarias não acreditou muito e perguntou ao anjo: "Como saberei que isso vai acontecer? Pois sou velho e minha esposa também. Como poderemos ter filho?" O anjo lhe disse: "Você ficará mudo até o dia em que seu filho nascer, porque não acreditou nas minhas palavras".


Quando Zacarias saiu do templo, só se comunicando através de sinais, o povo percebeu que o sacerdote tivera uma visão de Deus.

Ele, porém, não explicou nada a ninguém. Só Isabel compreendeu, pois ficou grávida logo depois. Os dois ficaram muito felizes, e ansiosos, esperavam o nascimento de João.

Pouco tempo depois, uma jovem chamada Maria, que morava na cidade de Nazaré, recebeu também a visita do mesmo anjo, que falara com Zacarias.


Ao receber Maria, Isabel fica tão feliz que João Batista, ainda dentro dela, também vibrou saudando Jesus em Maria.


"Alegre-se Maria"! - disse-lhe ele. Tais palavras a assustaram, mas o mensageiro de Deus continuou: "Não tenhas medo. Porque você vai dar à luz um filho, o próprio Filho de Deus. Seu nome será Jesus.

O anjo lhe contou também que, apesar da velhice, Isabel engravidara e esperava um bebe. Então Maria compreendeu que "para Deus nada é impossível". Ela acreditou na mensagem do anjo e aceitou ser a mãe de Jesus.


Depois que Maria recebeu esta notícia, ela sentiu uma grande alegria. E foi visitar Isabel, sua prima.


"Certamente ela está precisando de ajuda" - pensava Maria. Afinal, não faltava muito tempo para o pequeno João nascer.



Jesus o Bom Pastor





Provavelmente você ainda não ouviu falar muito destes símbolos: pastor e ovelhas, não é mesmo? Porém, na terra de Jesus, eles faziam parte da vida do povo. Por isso mesmo, a profissão de pastor era conhecida por todos. E os filhos, desde pequenos, aprendiam dos pais esse ofício de cuidar das ovelhas. O pastor usava praticamente dois instrumentos: o cajado e o bastão. Ambos eram feitos de pau (tipo vara, um pouco mais grossa). O bastão se diferenciava por uma curva que tinha na ponta. Isso facilitava o trabalho do pastor na hora de recolher e reunir as ovelhas.


A figura do pastor era tão valorizada porque a ovelha era um animal muito importante na Palestina. Para compreendermos o valor da ovelha naquela região, é só compará-la à importância da vaca para nós. Vamos perceber então para quantas coisas a ovelha servia. 


Usavam-se sua carne e seu leite na alimentação, e com sua lã, as mulheres teciam e faziam roupas quentinhas e cobertores para o tempo do frio. Da sua pele (couro), faziam-se muitos objetos, como bolsas e sandálias. Além disso, a ovelha era mais que um animal de estimação. Uma grande "amizade" a unia à família de seus donos. Todos a queriam bem e a tratavam com muito carinho, principalmente o pastor! E ninguém gostava de matar uma ovelha.


Isso só acontecia mesmo em festas muito especiais.



Bons e Maus Pastores   




Contudo, havia dois tipos de pastores: os bons e os maus. Os bons, quase sempre eram os donos das ovelhas (rebanho). Dedicavam seu tempo e suas vidas para cuidar bem delas. Pela manhã, levavam-nas ao campo, procuravam para elas as melhores pastagens, água fresquinha e, sombra, onde pudessem descansar. À noite, recolhiam-nas no curral. Protegiam-nas, também, dos lobos e de outros animais ferozes.

E os maus pastores? Quase todos eram empregados. Por isso, a preocupação deles era com o dinheiro que iam receber do patrão. Interessavam-se muito pouco pelas ovelhas. Um exemplo é a atitude deles diante do inimigo (lobo). Fugiam para salvar suas vidas do perigo, deixando que as ovelhas fossem atacadas, feridas e até devoradas. Além dos animais selvagens, muitos ladrões e assaltantes perseguiam as ovelhas. Nem com eles os maus pastores se importavam.


O que fez Jesus diante disso? Ele se preocupou, porque sabia que o que acontecia às ovelhas, acontecia também com as pessoas. Por isso, Jesus sentiu que precisava falar ao povo e esclarecê-lo. Foi então que ele contou a parábola do bom pastor, para mostrar ao povo do seu tempo, e também a nós hoje, como devemos estar atentos para reconhecer os dois tipos de pastores. E não é só isso. Jesus ensina ainda como devemos reagir diante deles. E agora, acompanhemos as palavras de Jesus. Você as encontra também no Evangelho de São João, capítulo 10, versículos de 11 a 15. Nesta história, Jesus compara as ovelhas ao povo e se apresenta como o bom pastor. Dá muitas explicações interessantes sobre as atitudes do verdadeiro e do falso pastor.

"Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. O mercenário (empregado), que não é pastor, quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e sai correndo. Então o lobo ataca e espalha as ovelhas. O empregado foge porque trabalha só por dinheiro e não se importa com as ovelhas. Eu sou o bom pastor: conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou a vida pelas ovelhas."


Então, o que você achou de importante nessa parábola? Deu para notar a diferença na atitude e no modo de agir do bom e do falso pastor?

Você reparou que Jesus chama a atenção de todos para uma atitude particular do verdadeiro pastor? Ele conhece suas ovelhas, e elas também o conhecem. Por isso mesmo, Jesus nos convida a segui-lo. Reconhecendo-o como o bom pastor, cada um de nós irá descobrir melhor o que significa o amor de Jesus e como ele se preocupa, de verdade, com o nosso bem. Prova disso, foi a sua vida, que ele entregou por todos nós. Especialmente na Páscoa, nós celebramos e lembramos a grandeza desse gesto de Jesus. Sua ressurreição conquistou-nos a vida em plenitude. 


Ou seja. esta vida, que começa aqui e que cada um de nós recebeu, vem de Deus e nunca acabará. Sem dúvida, isso é algo maravilhoso, que faz a gente crescer e ser feliz.

Diante disso, você não acha que vale a pena voltarmos ao convite de Jesus? Afinal, quem é que não gostaria de cultivar dentro de si esta vida sem fim? E você sabe como essa vida cresce? Ela cresce a partir de nossas atitudes e gestos de amor, de partilha, de fraternidade, de perdão etc. E nisso, Jesus nos deu exemplo e nos diz: "Sigam por mím. Eu sou o caminho, a verdade e ávida".

                                         
Seguir o Bom Pastor






Certamente, você está se perguntando: "Como posso seguir hoje o bom pastor"? Voltemos, então, à parábola. Ela nos convida a estarmos atentos para percebermos a voz de Jesus entre as vozes de muitos falsos pastores, que estão em nosso meio...


Os exemplos nos ajudarão a compreender melhor. Comecemos pêlos políticos. Como eles nos enganam com suas promessas... Além disso, administram o dinheiro arrecadado com impostos em favor de seus interesses, em vez de aplicá-lo para o bem do povo.

Também os comunicadores. Precisamos estar atentos ao que eles dizem. E não podemos aceitar como verdade tudo o que vemos, ouvimos ou lemos. Pois, como sabemos, muitas notícias, entrevistas e reportagens mostram apenas uma parte da verdade. E a outra? Sem conhecê-la fica difícil julgar alguém. Se o fizermos podemos prejudicar outras pessoas. Ou nós mesmos nos prejudicamos.

Esta chamada de atenção vale também para os sermões e comentários da Bíblia que ouvimos. Hoje são inúmeras as pessoas que se apresentam como pregadoras da Palavra de Deus. Sem dúvida, tudo isso é válido e muito bom, mas esses pastores devem ser muito honestos, saber respeitar a liberdade das pessoas e ajudá-las a encontrar o caminho para Deus.


Percebemos, por aí, como é importante a gente saber distinguir os bons e os maus pastores.

E mais: poderemos ajudar outras pessoas (ovelhas) a se livrarem do engano e da armadilha de tantos falsos pastores que estão disfarçados por aí. Eles se dizem enviados por Deus para pregar em nome de Deus, mas não se interessam pelo bem das pessoas. Por isso, eles enganam o povo com falsos milagres (curas), só para levar seu dinheiro. 

Eles não conseguem ajudar as pessoas, porque lhes faltam a força e a graça de Deus, que só os verdadeiros pastores possuem.

Jesus sabia disso, pois ninguém melhor do que ele conhecia e percebia mesmo a necessidade que o povo tinha de conhecer a Deus. Daí a insistência de sua pregação. E, muitas vezes, no Evangelho vemos Jesus indo ao encontro das multidões para lhes falar do Pai (Deus), do Reino. E ao mesmo tempo, ele dizia aos seus discípulos estas palavras, que ainda hoje ele dirige a nós: "Tenho pena desse povo, porque são como ovelhas sem pastor".


E agora, fixemos novamente o nosso olhar em Jesus. Consideremos sua vida e suas atitudes. E respondamos:


 1. Por que Jesus merece o título de bom pastor?


 2. Como e em que situações podemos seguir Jesus hoje?



As Parábolas De Jesus






Através de parábolas, que são histórias bonitas, cheias de símbolos e comparações, Jesus comunicava a sua mensagem ao povo e ensinava muitas coisas interessantes sobre o Reino de Deus. 

O povo gostava muito de escutar Jesus, pois o que ele falava era muito diferente daquilo que diziam os rabinos (os mestres da religião naquele tempo). O que eles ensinavam era muito complicado. Os rabinos falavam de uma porção de leis, de como respeitar o dia santo (domingo para nós), como jejuar, pagar o dízimo, ou seja, os dez por cento daquilo que recebiam, e tantas coisas mais que deixavam todo mundo confuso. Por isso as pessoas não conseguiam viver as coisas mais importantes da religião, como a justiça e o amor ao próximo, por exemplo. Jesus, porém, falava de um modo tão simples, que todas as pessoas entendiam a sua mensagem.

Sabe por que esse modo de Jesus ensinar e se,comunicar era tão aceito pelo povo? E que ele falava através de parábolas, ou seja, contando histórias e fazendo comparações. Jesus observava o.que acontecia no dia-a-dia com as pessoas e tirava lições disso para ensinar a todos. Por isso, ele comparava o Reino do seu Pai com a vida das pessoas, das coisas, da natureza. Usava os símbolos que o povo conhecia, como a semente, as aves, a luz, a rede de pescar, entre outros. Suas palavras eram cheias de vida e bastante claras.

Falando simples assim, todos entendiam, gostavam muito de ouvir o que Jesus dizia e percebiam que ele era um grande profeta, que falava em nome de Deus. O mais interessante é que ninguém esquecia as histórias que ele contava. Uma delas é a Parábola do semeador, que vamos conhecer a seguir, para você gostar mais ainda de Jesus. Ela fala do que aconteceu com as sementes de um agricultor.


O Semeador Da Galileia - A Missão De Jesus





Como no tempo de Jesus não existia luz elétrica, televisão, carros, fábricas, brinquedos eletrônicos ou computador, a maioria do povo trabalhava na roça. Eram agricultores. Plantavam suas lavouras e tiravam da terra o próprio sustento. Ou seja, tudo de que eles necessitavam para viver, desde o pão até o azeite, usado não só na cozinha, mas também nas lamparinas e lampiões para iluminar suas casas à noite.

Jesus viu e acompanhou, muitas vezes, esse trabalho do homem no campo. A semeadura do trigo, por exemplo, era feita depois das chuvas do outono (a melhor época para começar as roças). Em geral, o semeador levava as sementes num cesto e ia jogando, com as próprias mãos, a semente sobre a terra, não se preocupando com o lugar onde caíam. 

Eles faziam assam, porque era costume, naquele tempo, fazer primeiro a semeadura. Só depois é que se preparava a terra, arando-a, para deixá-la fofa e cobrir com ela as sementes. Para remexer o solo usava-se o arado, um instrumento de madeira com pontas de ferro e puxado por bois. Era costume, também, deixar os bois pisarem a semente para enterrá-la. Só que o cuidado do agricultor com a plantação ia até a colheita. E para ele, esse era um tempo de ansiedade e espera pêlos frutos que viriam.

Depois de ter escolhido e lançado a boa semente na terra, o agricultor sabia que muito dependeria do terreno, para que ele tivesse uma colheita grande ou pequena. Se fosse um terreno fértil (bom), muitas sementes vingariam. Se a terra Tosse ruim, daria poucos frutos.

Ao perceber a riqueza dos ensinamentos que essa experiência da semente trazia, Jesus quis servir-se dela, aproveitando de sua sabedoria para anunciar ao povo o Reino de Deus. Diante disso, você não acha que a missão de Jesus pode ser comparada à do semeador?

Preste atenção para ver se não é assim. Como o agricultor, Jesus também estava lançando uma semente: a Palavra de Deus no coração dos homens. Sem dúvida que era uma plantação diferente. Jesus sabia disso. Então, para que todos pudessem entendê-la bem, ele contou aos seus ouvintes a parábola do semeador. Acompanhe-a aqui. Na Bíblia, você a encontra no evangelho de São Lucas, capítulo 5, versículos de 5 a 8.


"O semeador saiu para semear as suas sementes. Enquanto semeava, uma parte delas caiu à beira do caminho e foi pisada e comida pêlos passarinhos. Outra parte caiu em cima das pedras. Brotou e secou, porque faltava terra úmida. Outra parte caiu no meio dos espinhos. 

Os espinhos brotaram junto e sufocaram as sementes. Finalmente, outra parte caiu em terra boa, que brotou e deu muito fruto." Depois de dizer essas palavras, Jesus parou por um instante e exclamou: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça". O que significa dizer: quem quiser entender, entenda!

Você observou que nessa parábola Jesus fala de quatro tipos de terreno? Não só. Que ele compara cada urn deles com o coração do homem? E que Jesus conhece tudo e sabe muito bem como é, por dentro, o coração da gente. Alguns corações são muito duros, como o caminho onde todos passam. Outros têm pouca profundidade e falta espaço e condições para a semente crescer, como o ar, a água.

Há os que estão sufocados pêlos espinhos da ambição (desejo de conseguir poder, riquezas) e do egoísmo. Outros são como um terreno bom. Estes recebem com alegria a semente do Reino de Deus que Jesus plantou e dão uma ótima colheita. Seus frutos são sempre de bem: fé, bondade, justiça, amor e fraternidade.


Será que você reparou também numa outra coisa? Jesus não deu essa explicação para todas as pessoas que o escutaram. Ele só falou sobre o significado dessa parábola depois. Quando os seus amigos mais achegados lhe pediram para explicar o que ele havia dito, o povo já tinha ido embora. Era esse o modo de Jesus ensinar. Ele queria que as pessoas não só escutassem, mas pensassem e meditassem nas suas palavras para elas mesmas tirarem conclusões e agir de acordo com elas.

Você percebeu quantos ensinamentos ou lições de vida podemos tirar da parábola do semeador? O que significam, por exemplo, os espinhos no coração do homem? Por que eles atrapalham o crescimento da semente e as boas obras de nossa vida? Não é difícil entender essa mensagem. Assim, é possível vivê-la, para que ela dê frutos em nós.

Compare agora os espinhos com as suas preocupações e com os seus desejos. E quem é que não se preocupa, não é mesmo? Algumas preocupações, no entanto, não são necessárias. E são diferentes de pessoa para pessoa. Você já pensou alguma vez com que o pobre se preocupa? Para ele, por exemplo, o trabalho é uma grande preocupação, porque tudo depende do seu salário: o leite dos filhos, a comida, a roupa, a casa para morar... 

Além disso, ele sonha muito em ter dinheiro e ser rico. E o rico? Que tipo de preocupação ele tem? Como não precisa do salário do mês para viver, ele está interessado em fazer bons negócios. Alguns pensam só em ganhar mais e mais dinheiro e naquilo que poderão comprar com esse dinheiro. O mais triste disso tudo, porém, é que muitas vezes exploram o pobre para conseguir mais posses e bens, como casas, terras, carros... E pensam só em si. São egoístas. Não percebem que os outros também têm o mesmo direito que ele. Nem vêem as necessidades das pessoas e não se dispõem a ajudá-las.


E então, deu para você entender a mensagem que a parábola do semeador comunica ao nosso coração? Que tal praticar esses e outros ensinamentos do semeador Jesus? Comece procurando descobrir que tipo de terreno é o seu coração e como você deve agir para ter um coração igual à terra boa da parábola. Dessa forma, ele estará pronto para receber a semente de bem que é a Palavra de Jesus e fazê-la dar muitos frutos. Imagine só que colheita maravilhosa Jesus faria, se todos os corações fossem como a terra boa! Como ele ficaria contente, não é mesmo? Não só. Certamente também você se sentiria muito feliz, dando a Jesus esse presente.


O Bom Samaritano





Deus sempre se comunicou com os homens. Antes de Jesus vir ao mundo, Deus falava através dos profetas. Por isso, o povo judeu, escolhido para receber o Salvador, procurava observar direitinho a Lei de Moisés e os ensinamentos dos profetas.

Existia também muitos estudiosos da Lei entre eles, chamados de escribas. Além de estudar a Bíblia, eles explicavam ao povo o que ela dizia. Mas uma pergunta ficava sempre martelando na cabeça deles: qual era o maior mandamento da Lei? Era mesmo difícil saber, pois cada pessoa ou grupo tinha uma opinião a respeito. Uns diziam que o maior mandamento era adorar somente a Deus; outros que era respeitar o Dia do Senhor. Havia os que diziam que era dar a Deus o dízimo (o décimo de tudo o que possuíam). Com isso, o povo e os próprios escribas ficavam confusos.


Quando Jesus começou a ensinar, um escriba, não agüentando a curiosidade, perguntou a Jesus: "Mestre, para você que é tão sábio, qual é o maior mandamento"? Jesus respondeu: "O maior mandamento é o amor. Isso já está escrito na Lei. Como você lê"? E o escriba respondeu direitinho: "Na Lei está escrito que devemos amar o Senhor nosso Deus de todo o coração, de toda a alma, com toda a força e com toda a mente e ao próximo como a nós mesmos". Então Jesus lhe falou: "Muito bem, se você observar esse mandamento já estará vivendo todos os ensinamentos da Lei e dos profetas".

O escriba queria saber mais de Jesus. Só que naquela hora ele buscava uma desculpa para não seguir o mandamento do amor e tornou a perguntar: "E quem é o meu próximo, Mestre"? Jesus, que conhecia o coração dele, percebeu que esta pergunta era inteligente, mas um pouco maliciosa. Por conhecer a Lei, o escriba sabia que próximo significava vizinho, alguém que morava perto. Só que o mandamento do amor não queria dizer que era para amar somente as pessoas da mesma rua, vila ou cidade. Os próprios escribas ensinavam que próximo era todos.

Para satisfazer a curiosidade do escriba, Jesus lhe contou a história do bom samaritano, que se encontra no evangelho de São Lucas, capítulo 10, versículos de 25 a 37. Ele queria que, através da história, não só o escriba, mas todos nós entendêssemos bem o que significa ser próximo.

                                                                                                                            

LIÇÃO DE AMOR






Certo dia, um comerciante judeu viajava de Jerusalém para Jericó, lá na terra de Jesus. A estrada era muito perigosa, porque naquela região tinha muitas colinas e pedreiras e também muitos assaltantes. Eles se escondiam nas montanhas e atacavam alguns viajantes para roubar suas mercadorias. O viajante judeu foi um deles. Os assaltantes tiraram suas roupas e tudo o que ele tinha. Bateram nele e o deixaram todo machucado; depois fugiram, abandonando-o quase morto na beira da estrada.

A única esperança daquele homem era que alguém passasse por ali e tivesse pena dele. Depois de algum tempo, ele ouviu, passos. Era um sacerdote. Animado, o judeu pensou: Certamente ele me ajudará, porque dedica sua vida a Deus e deve ter pena de mim". Mas, que nada! O homem fingiu que não o viu e, atravessando para o outro lado da estrada, foi embora. Pouco depois, passou por ali um Levita (ajudante do sacerdote). Ele viu e até pensou em ajudar o ferido, mas, como estava atrasado para ir à igreja rezar, disse a si mesmo: "Não posso parar agora". E foi embora, deixando o homem machucado sozinho.

O judeu não agüentava mais de dor e de sede. De repente, ouviu o barulho de um cavalo. Montado nele, estava um samaritano. O pior é que judeus e samaritanos não se davam. Por isso o ferido se entristeceu. Ele não podia imaginar que um inimigo pudesse socorrê-lo. 


Mas, para sorte dele, estava enganado. Aquele samaritano era diferente dos outros e tinha um bom coração. Ao ver a necessidade do seu próximo, foi logo ajudá-lo. Desceu imediatamente do cavalo e deu água para o homem. Em seguida, fez curativos em suas feridas, usando como faixas partes de sua roupa. Depois, com muito cuidado, colocou o judeu em seu cavalo e o levou a um pequeno hotel perto dali, onde ele costumava ficar. Durante toda a noite o samaritano cuidou do ferido.

No dia seguinte, antes de prosseguir viagem, o samaritano disse ao dono do hotel: "Este homem não tem dinheiro, mas eu pagarei sua conta até que ele esteja bom. Cuide dele e não lhe deixe faltar nada. Fique com este dinheiro. Eu voltarei logo e pagarei tudo o que você tiver gasto a mais".



 Ser Próximo É Amar
                                            





Depois de contar a parábola, Jesus perguntou ao escriba: "Na sua opinião, qual dos três homens foi o próximo do judeu que caiu nas mãos dos assaltantes"? E o especialista da Lei respondeu: "Aquele que teve amor para com ele e o ajudou em sua necessidade". Então Jesus lhe disse: "Muito bem, então, para ser próximo, você deve fazer a mesma coisa".


Vamos ver agora, amiguinho, alguns pontos interessantes da história que Jesus contou. 

Perguntando sobre quem era o próximo do homem machucado, o Mestre chamou a atenção do escriba e fez com que ele pensasse e respondesse a sua própria pergunta. Não só. Jesus também falou: "Não basta só responder bem, é preciso que você também faça a mesma coisa ao seu próximo".


Bastante admirado, o escriba compreendeu que o ensinamento de Jesus tinha alguma coisa de novo. Você conseguiu perceber essa novidade? Então, preste atenção e veja se você concorda com Jesus. Ele mostrou, na parábola, que para o sacerdote e o levita era mais importante servir a Deus na igreja do que ajudar os necessitados. Porém, Jesus ensina que a misericórdia e o amor vêm em primeiro lugar. Ele disse isso ao elogiar a atitude do samaritano, como se ele fosse um herói.

Há outra coisa bem interessante para observar: o samaritano era inimigo dos judeus. Portanto, de acordo com a Lei, ele não era obrigado a ajudar um estrangeiro. Só que o samaritano não se importou com isso. Pelo contrário, ao ver a necessidade daquele homem todo machucado, ajudou-o em tudo, tratando-o como a um irmão ou filho seu. Agindo assim, aquele samaritano provou que, para seguir a nova lei ou a lei do amor ensinada por Jesus, precisamos deixar de lado a lei antiga que dizia pra gente amar o próximo e os amigos e odiar os inimigos. Mas a nova lei manda amar os inimigos, abençoar os que nos amaldiçoam, rezar pêlos que nos perseguem. Ah! Mas não é só isso que a parábola ensina. 


Através dos gestos do samaritano, Jesus disse a todos que esse é também o jeito como Deus ama. O Pai do céu não faz distinção de pessoas. Ele ama todos como filhos e faz o sol brilhar sobre todos, justos e injustos.

O ensinamento desta parábola vale hoje para todos, especialmente para nós cristãos. Vamos ver juntos de que forma podemos ser bons samaritanos e dar provas de nossa fé no nosso dia-a-dia? Acompanhando a narração da parábola, percebemos que histórias como a do homem assaltado se repetem todos os dias. E muitas vezes as pessoas envolvidas nessas situações estão bem perto de nós.

Sendo assim, as pessoas necessitadas, hoje, são muitas. E como devemos fazer para ajudar, por exemplo, um doente, uma família que perdeu tudo, uma criança que se encontra perdida, um cego que precisa atravessar a rua? Nós estamos dispostos a ir ao encontro das pessoas, como fez o samaritano, ou só vamos à igreja para rezar e pedir a Deus que ajude a todos, esquecendo-nos de que Deus, se serve de nós para fazer o bem? E através da ação que a pessoa mostra se sua fé é ou não verdadeira.


Então, você não acha que podemos ser bons samaritanos também? Pessoas necessitadas é o que não falta perto de nós, não é mesmo? Para perceber as necessidades dos outros, basta ficar atentos ao que acontece ao nosso redor. Só assim descobriremos as ocasiões que teremos de ser próximos, indo ao encontro das pessoas e fazendo-lhes o bem.


Um Gesto de amor




Uma grande lição de amor é o que contém a história de hoje contada por Jesus. Mas preste atenção: outros ensinamentos interessantes vão aparecer ao longo dessa história.


Jesus era tão sabido! Imagine que ele aproveitava todos os acontecimentos para ensinar alguma lição a seus amigos!.Na historinha de hoje não é diferente. Uma mulher considerada pecadora pública, porque vivia com vários homens por dinheiro, procura o Mestre para demonstrar-lhe seu amor e gratidão. E Jesus aproveita desse fato para contar aos seus ouvintes a parábola dos dois devedores. 

Você a encontra na Bíblia, no evangelho de São Lucas, capítulo 7, versículos de 36 a 50. Antes de lê-la, porém, vamos voltar ao tempo de Jesus. E importante conhecer alguns costumes daquela época para entender as lições de hoje. No tempo em que Jesus contou esta parábola, a maioria das pessoas tomava as refeições na única sala que existia em suas casas. Mas os ricos construíam uma sala especial para isso. Ao redor da mesa ficavam espalhados grandes sofás, onde as pessoas comiam quase deitadas, ou seja, reclinadas sobre o sofá.


As estradas e ruas não eram calçadas nem asfaltadas. Viajava-se a pé ou a cavalo, pois não havia carros, ônibus, trem ou avião.

Por isso os hóspedes, ao chegarem às casas, tiravam as sandálias. Depois dos cumprimentos costumeiros e como sinal de hospitalidade, os empregados lavavam-lhes os pés empoeirados. O dono da casa os beijava, no rosto, demonstrando assim sua gratidão pela visita recebida.

Sinal de hospitalidade, também, era passar um pouco de óleo na cabeça de cada convidado a uma festa.

Esse gesto chamava-se unção. Geralmente, o óleo de oliva usado para a unção era misturado a um perfume bem cheiroso.


Outro costume curioso era o de os homens comerem em lugares separados das mulheres, e as mulheres terem sempre a cabeça coberta perto deles. Mostrar os cabelos diante dos homens era vergonhoso para as mulheres

Agora que já sabemos uma porção de coisas interessantes, vamos ler juntos a parábola de hoje?


Gratidão e Amor




Simão, um homem muito rico e observante das leis de Deus, tinha muita vontade de ouvir Jesus. Assim, convidou-o para jantar em sua casa. Como Jesus era amigo dos ricos e dos pobres, aceitou o convite. Mas veja só. Quando ele chegou para jantar, Simão não lhe deu um beijo, nem lhe ofereceu água para lavar os pés, nem ungiu sua cabeça com óleo perfumado.

Quando todos estavam jantando, uma mulher chamada Maria entrou na casa de Simão. Ela era muito conhecida na cidade por ser uma pecadora pública, e todos a desprezavam. Maria tinha ouvido Jesus dizer que o Pai do céu perdoava sempre os pecadores. Essas palavras fizeram com que ela se arrependesse da vida que levava e fosse procurar o Mestre para agradecê-lo.

Sem se importar com os homens que estavam na sala de jantar, Maria se aproximou de Jesus e ajoelhou-se aos seus pés. Lágrimas de alegria e de gratidão desciam pelo seu rosto e caíam nos pés de Jesus. Com seus cabelos compridos ela os enxugava, beijando-os. Depois, Maria ungiu os pés de Jesus com um perfume muito cheiroso.


Simão ficou só olhando e refletiu, decepcionado, que se Jesus fosse mesmo o Filho de Deus, saberia que aquela que beijava e perfumava seus pés era uma pecadora pública.

Lendo os pensamentos de Simão, Jesus contou-lhe a seguinte parábola: "Dois homens estavam devendo dinheiro ao seu patrão. Um devia 100 mil cruzeiros. O outro, 10 cruzeiros. Mas o patrão, que era muito bom e generoso, perdoou a dívida e ambos. Qual dos dois homens amará mais o patrão?" Simão, sem saber por que Jesus lhe perguntava aquilo, respondeu: "Aquele que devia mais dinheiro". Dizendo a Simão que ele tinha acertado, Jesus lhe falou, apontando para a mulher aos seus pés: "Você está vendo esta mulher? 

Quando entrei em sua casa como seu hóspede, você não me deu água para lavar os pés. Ela, ao contrário, lavou-os com suas lágrimas e os enxugou com seus cabelos. Você não me beijou, ela não pára de beijar os meus pés. Você não ungiu com óleo minha cabeça. Ela, porém, ungiu meus pés com o perfume mais caro que existe".


Jesus estava reclamando de Simão porque ele não o recebeu com gestos de boas-vindas. E continuou falando: "Os muitos pecados desta mulher foram perdoados, porque ela demonstrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco, ama pouco". E olhando para Maria, Jesus disse: "Você está perdoada de seus pecados".

Simão e os outros hóspedes se espantaram com essa atitude de Jesus, e murmuravam: "Quem é este homem que chega a perdoar pecados? Somente Deus pode fazer isso!" Mas o Mestre, sem ligar para o que eles diziam, olhando para Maria, falou: "Sua fé a salvou. Vá em paz".

Ninguém tinha tido coragem de dizer bem claro o que pensava daquele gesto, e Jesus revelou, sem medo nenhum, como era raro encontrar pessoas que manifestassem tanto carinho assim por ele. Por isso, a parábola contada por Jesus tem muito a ver com a mulher pecadora. Profundamente agradecida ao Mestre, ela não se importou com o que as pessoas iam pensar, julgar ou falar dela por causa daquele gesto. Tanto não se importou que, na frente de tantos convidados, jogou-se aos pés de Jesus, desobedecendo até alguns costumes da época.


Por que Maria fez isso? Pelo amor e gratidão enormes que brotaram em seu coração por sentir-se perdoada por Deus.

Com esta parábola Jesus ensina e concede o perdão. E explica seu gesto quando Simão o critica só porque ele tinha se deixado tocar por uma mulher pecadora. Jesus íaz-nos entender que somente quem reconhece que sua culpa é grande pode medir o significado da palavra bondade. Não é verdade que corremos para abraçar as pessoas quando somos por elas perdoados?

Jesus quis ainda dizer a Simão que aquela mulher, apesar de ser tão pecadora, estava mais perto de Deus do que ele. Simão não tinha por Jesus tanta qratidão quanto Maria. E a gratidão dela era sincera, porque brotava do fundo do coração. Jesus mostra que Deus tem uma maneira de ver as coisas diferente de nós. Convida-nos a demonstrar o nosso amor ao Pai do céu. Não quer que apenas fiquemos dizendo que somos seus amigos, mas quer que demonstremos isso com a nossa vida. O amor a Deus não consiste tanto em saber de cor o evangelho ou mesmo passar o dia inteiro na igreja. Demonstramos nosso amor a Deus quando vivemos todos os momentos de nossa vida de acordo com a sua vontade, como bons cristãos, sendo honestos, justos e bondosos.

Deus fez tantas coisas por nós. Mostrou tanto seu amor e amizade, principalmente quando enviou seu Filho Jesus ao mundo para nos salvar. Por isso, devemos retribuir e agradecer esse amor, como fez a mulher que lavou os pés de Jesus. Em todos os momentos do dia podemos dizer: "Obrigado, Papai do céu, por sua bondade, seu amor e perdão. Eu quero sempre ser agradecido".

Mais uma coisinha. Jesus nos ensina, nesta parábola, a não julgar as pessoas só pelas aparências ou pelo que elas mostram. Por exemplo: quando vemos algum coleguinha praticando uma má ação, não podemos julgá-lo, porque não enxergamos o que se passa em seu coração. Só Deus pode julgar, pois só ele vê o coração das pessoas. Outra lição de Jesus: precisamos perdoar os coleguinhas e as pessoas que, às vezes, até sem querer, nos magoam. Se queremos ser perdoados por Deus e pelas pessoas quando fazemos algo de errado, precisamos também perdoar os outros. Só assim nosso coração se parecerá com o de Jesus.


Os Cristãos Continuam A Missão De Jesus



Ao escolher os doze apóstolos para segui-lo e acompanhá-lo em sua missão, Jesus confiou a eles a tarefa de continuar essa missão. Só assim o Evangelho pode chegar a todos os homens. 


Conheceremos algo mais sobre o trabalho dos apóstolos no início da Igreja.

Além deste artigo, leia também o livro Atos dos Apóstolos, da Bíblia.


Depois de sua morte e ressurreição, Jesus voltou para junto de Deus, deixando aos apóstolos a tarefa de continuar na Terra a sua missão. Ele disse: "Vão pelo mundo inteiro e anunciem a boa notícia (o Evangelho) a todas as pessoas". E ainda: "Dou-lhes o poder de falar em meu nome e curar os doentes" (confira Mc 16,15 -19). Disse-lhes mais: "Não saiam de Jerusalém. Esperem aqui, todos juntos. Primeiro vocês vão receber o Espírito Santo. Ele lhes comunicará a força de Deus. Então vocês se sentirão preparados para pregar o Evangelho, não só na cidade de Jerusalém, mas em todas as regiões da Terra, até mesmo nas mais afastadas".

Com os apóstolos, ficou Maria, a mãe de Jesus. A presença de fé dessa mulher ajudou aqueles homens a se prepararem para receber o Espírito Santo. Ela acreditava nas promessas de seu Filho, por isso, rezou e esperou, com os apóstolos, a chegada do Espírito Santo.

Esse acontecimento é muito importante para a Igreja. E tudo aconteceu no dia da festa judaica de Pentecostes, ou seja, 50 dias após a Páscoa . Jerusalém ficava repleta de peregrinos, vindos de muitas cidades, que se reuniam no templo, para rezar e agradecer a Deus.

Sendo judeus, os apóstolos também iam participar dessa f esta. E já haviam iniciado sua preparação. Eles reunidos juntos, com Maria, numa sala, isto é, no Cenáculo. Enquanto rezavam, ouviram um forte barulho. O vento parecia um furacão, e encheu a casa onde eles se encontravam. Apareceram então umas línguas de fogo, que se espalharam e foranr pousar sobre a cabeça de cada um deles. Foi assim que os apóstolos ficaram cheios do poder do Espírito Santo, perderam o medo e saíram da sala.

Imediatamente, começaram a falar ao povo sobre a ressurreição de Jesus. As pessoas, atraídas pelo ruído, correram para aquele lugar. Ao ouvi-los, todos se admiravam. Alguns, porém, diziam: "Eles devem estar bêbados".


Pedro não pôde aceitar isso! Usando a palavra, disse em alta voz: "Estes homens não estão bêbados de vinho! São apenas 9 horas da manhã. Ao contrário, é o poder de Deus que está agindo neles, através do Espírito Santo que recebemos". E continuou: "Ouçam-me! Jesus de Nazaré passou entre nós fazendo só o bem! Inocente, foi condenado à morte na cruz. Mas Deus, mostrando o seu poder, o ressuscitou. E ele enviou sobre nós o seu Espírito. Agora, não há mais dúvidas de que aquele Jesus que vocês crucificaram era o Filho de Deus, o Salvador prometido. Disso somos testemunhas" confira At 2. 14-32).

O povo percebeu que os apóstolos tinham razão e perguntou-lhes: "Que devemos fazer então?" Respondeu-lhes : "Mudem seus corações e seus pensamentos! E cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus. E assim, se tornarão filhos de Deus e receberão também o Espírito Santo". Muitos acreditaram na Boa Nova de Jesus, e só naquele dia, mais de três mil pessoas foram batizadas.

Desse modo, a partir da pregação dos apóstolos, nasceu a Igreja. Mas o que é mesmo a Igreja? É apenas o local onde a gente se encontra para rezar? Não. A Igreja viva é formada pelas pessoas e pelas comunidades que aceitam e decidem seguir os ensinamentos de Jesus. Esta Igreja vai existir sempre. Desde o início, as pessoas que participam dela recebem o nome de cristãos.


Os cristãos freqüentavam, diariamente, o templo para ouvir os apóstolos, rezar e repartir o pão. Desse modo, eles reviviam o gesto que Jesus fez naquele famoso jantar de despedida (a última ceia).

Jesus repartiu com eles o pão da eucaristia. Porém, a união e a amizade dos cristãos ia além do templo. Eles se reuniam também nas casas. Rezavam, agradecendo a Deus e recordavam os ensinamentos de Jesus. E entenderam muitas coisas, lendo a palavra de Deus. Ajudavam os necessitados e eram alegres. E todo o povo os admirava. Com o passar do tempo e com o aumento do número de cristãos surgiram as igrejas, como as temos hoje.


Dessa forma, os primeiros cristãos foram conhecendo melhor a Jesus e dele aprenderam a fazer somente o bem às pessoas, a repartir seus bens e a todos tratar com bondade, justiça e amor. Esse foi também o exemplo que eles nos deixaram. Se você quiser ver um retrato fiel da primeira comunidade cristã, leia At 2, 42 - 47.

O Martírio de Estevão






Mas nem tudo era festa na vida dos primeiros cristãos. Eles eram também muito perseguidos, principalmente pelas pessoas que não acreditavam que Jesus era Filho de Deus. Outro motivo forte da perseguição aos cristãos era a pregação que eles faziam. Ela transformava as pessoas. Todos compreendiam que, para seguir Jesus, era preciso mudar de vida e denunciavam as injustiças que as pessoas praticavam.


Nem por isso os cristãos se amedrontavam. Para eles, o importante era seguir os ensinamentos de Jesus, quer isso incomodasse ou não.

Apesar das perseguições, aumentava o número de cristãos. Por isso, os apóstolos precisaram de mais pessoas para ajudá-los. Além da pregação, havia muitos necessitados na comunidade. Para atendê-los foram escolhidos sete homens. Estêvão era um deles. E fez um grande bem ao povo, e também pregava. Por isso, os perseguidores mandaram prendê-lo, temendo que ele conquistasse novos cristãos. Na prisão, Estêvão foi interrogado sobre a pregação que fazia. Ele respondeu com um longo discurso que resume toda a história dos profetas. 

"Também eles foram perseguidos e mortos porque anunciavam a vinda de Jesus e convidavam o povo a mudar de vida para seguir o caminho de Deus" (confira At 7).


Ao ouvir essas palavras, os perseguidores se enfureceram e mandaram apedrejar Estêvão. Antes de morrer, ele rezou e pediu o perdão de Deus àqueles que lhe pagaram com o mal o bem que ele havia feito.

Depois desse fato, a perseguição dos cristãos tornou-se ainda mais forte. Porém, os apóstolos continuaram firmes, pregando e testemunhando o nome de Jesus a todos e em todas as cidades. E não só em Jerusalém. Por isso, muitos pagãos também acreditaram em Jesus e receberam o batismo. Veja, em At 8, 5 - 25, a missão de Filipe na Samaria.

Os apóstolos estavam animados e nada os fazia calar, nem mesmo as ameaças de novas prisões e de morte. Desse modo, muitos enfrentaram o martírio, isto é, a morte, derramando o próprio sangue para provar a firmeza de sua fé em Jesus. E não foram poucos os mártires da Igreja. Eles são considerados santos, porque seguiram Jesus até o fim.


Ser cristão Hoje




Hoje somos nós os continuadores da missão de Jesus. É a cada um de nós que ele diz: "Vai e anuncia a palavra de Deus a todas as pessoas".


E você, já se perguntou como e onde podemos testemunhar Jesus e anunciar o Evangelho? 

Antes de tudo precisamos aprender de Jesus, estudando e lendo a Bíblia, como amar a Deus e aos irmãos.

Jesus nos fala também quando rezamos, nas aulas de catecismo, nos grupos de reflexão, nos exemplos de pessoas boas etc. Por isso, a participação de cristãos na Igreja é importante. Só assim ele se atualizará na religião e receberá a força para seguir os ensinamentos de Jesus, testemunhando-o no seu dia-a-dia. Porque o cristão vive a sua fé em qualquer lugar: em casa, na escola, na igreja, no clube, nas festas, nas brincadeiras.


O verdadeiro cristão procura viver e agir como Jesus viveu e agiu. Por isso, ele não é egoísta, mas pensa nos outros, vê suas necessidades e procura ajudá-los. É compreensivo. Sabe repartir e perdoar. Porém, ele não aceita a injustiça e a denuncia. Nem Deus a aprova.


Diante disso, nós cristãos não podemos cruzar os braços. Mais do que nunca precisamos agir, para, com a ajuda do Espírito Santo, transformar esse mundo, através do nosso compromisso e do anúncio do Evangelho de Jesus. Que tal unirmos forças e começarmos já?


A Samaritana




Há certos encontros que mudam nossa vida. Helena era uma amiguinha de infância. A primeira vez que foi ao zoológico, encontrou um menino da vizinhança. Acabaram se casando e levando uma vida feliz. Encontrei-os outro dia avós, na formatura de uma neta.

Irmã Berenice, quando menina, saiu de casa para espairecer. A família estava numa discussão medonha. Ninguém se entendia. Sentou-se na praça, ao lado de um senhor entusiasmado com a vida da comunidade cristã. "Mas como é bonito" - exclamou ela. Vocês não brigam entre si? "Discordamos muitas vezes" - disse o "tio". "E algumas vezes discutimos. Mas procuramos sempre resolver tudo entre irmãos." Berenice procurou a comunidade, a que hoje, passados muitos anos, dedica sua vida.

Coisa semelhante aconteceu com uma samaritana, conta-nos João, no capítulo 4 do seu evangelho.


A samaritana não era uma mulher feliz. Seu casamento não havia dado certo. Naquele tempo era muito difícil para uma mulher viver sozinha. Por isso ela acabou vivendo com vários homens e estava morando com um a quem não amava, por simples conveniência.

Certa manhã foi buscar água no poço da cidade e encontrou um homem encantador. Mas era judeu, e os samaritanos e os judeus não se davam, por causa da religião. Seu coração disparou. Pressentia que algo de extraordinário ia acontecer.


- Dê-me de beber - falou-lhe primeiro o desconhecido.

- Que voz! - pensou ela. Não sabia explicar a estranha atração espiritual que sentiu por aquele homem.


Confusa, perguntou: "Como é que você, sendo judeu, pede alguma coisa a mim, que sou samaritana?"


A resposta a intrigou mais ainda: "Se você soubesse quem sou eu, você é que me pediria água da fonte."


-Ora essa - respondeu a mulher, aliviada e vendo que a conversa ia se tornando mais pessoal.


- Você não tem nem com que tirar água do poço, e me promete água da fonte. Acaso você é maior que nosso pai, Jacó, que perfurou esse poço?


- A água que lhe estou oferecendo é diferente - ia explicando Jesus, quando chegaram os discípulos. Ficaram meio sem jeito de ver o mestre conversando com uma mulher. 


Entreolharam-se, mas nada disseram.


Para sair do embaraço, a samaritana, num tom mais distante, pediu: "Dê-me então dessa água. Tenho vontade de bebê-la."


- Vá chamar seu marido - respondeu Jesus, inesperadamente.

- Não tenho marido - disse ela, meio, atrapalhada.

- É verdade - disse Jesus. -Você está com o quinto homem e ele não é seu verdadeiro marido!


No meio de desconhecidos, a mulher ficou perplexa. "Como ele sabe de tudo a meu respeito?" - pensou. "Esse homem é um profeta." Virou então a conversa para o lado religioso: "Onde devemos adorar a Deus?" - perguntou ela.


- Agindo sinceramente - respondeu Jesus. - Deus é espírito, não está aqui ou ali, nisto ou naquilo que façamos ou deixemos de fazer. Desde que sejamos sinceros, o agradamos e adoramos, onde quer que estejamos.

São João conta depois a forma como a mulher voltou à cidade e anunciou Jesus, como sendo o profeta que todos esperavam. Os habitantes da cidade insistiram para que ficasse com eles. Durante dois dias, Jesus pregou aos samaritanos. Diziam depois que já não acreditavam somente por causa do testemunho da mulher, mas porque eles mesmos "haviam ouvido Jesus e sabiam que era o salvador do mundo". O encontro de Jesus com a samaritana mudou a vida não só dela, mas de toda a cidade.

Às vezes pensamos que é preciso ter grandes idéias ou grandes programas para transformar o mundo. Podem até ser úteis. Mas Jesus agiu de maneira bem diferente. Cumpriu diversamente sua missão. Ele não rejeita as multidões, mas também não confia muito nelas. Foge, quando o querem aclamar, para evitar que pensem que pode resolver os problemas do povo com um gesto político ou com uma bênção. Jesus fala às pessoas. Desperta-lhes o desejo. Coloca-as diante da vida que estão levando, para que se decidam a mudá-la. Como cristãos, nossa missão no mundo é a missão de Jesus: transformar a emoção em face da vida em religiosidade, como a emoção da samaritana foi transformada em paixão missionária.


A Alegria Do Perdão





Dois irmãos e um pai. Estes são os personagens da história que Jesus conta para nós hoje: a parábola do filho pródigo, fique de olho, porque muitos lances bacanas vão surgir.


Esta é uma história cheinha de ensinamentos. Mas para que possamos entender bem as mensagens de Jesus, é importante conhecermos alguns costumes daquela época e o significado da palavra pródigo.

Segundo a lei dos judeus, duas partes da herança de uma família pertenciam ao filho mais velho, e o resto era dividido entre os demais. Sendo assim, o filho mais novo da história contada por Jesus ganhou um terço da herança, o que significava bastante dinheiro. Naquele tempo, também, nenhuma ocupação era mais humilhante do que cuidar de porcos. 

Por isso, Jesus usa dessa imagem para dizer o quanto o filho que saiu de casa se rebaixou depois de perder tudo o que tinha. E pródiga é a pessoa que esbanja as coisas, os bens; que gasta à toa sem se preocupar com o futuro.

Agora que sabemos esses dados a respeito da parábola, vamos conversar sobre ela. Se você quiser acompanhá-la na Bíblia, leia no capítulo 15 do evangelho de São Lucas, versículos de 11 a 32. Jesus contou que um homem tinha dois filhos que moravam com ele numa casa muito bonita.


Eles eram muito ricos. O filho mais velho obedecia ao pai e o ajudava em seu trabalho. O mais novo, ao contrário, era mais rebelde. Sonhador, não gostava de obedecer. Mesmo assim, o pai o amava tanto quanto ao mais velho. Não satisfeito com a vida que le vava e pensando que fora de casa tudo fosse mais interessante, o mais jovem resolveu correr mundo.

E disse a seu pai: "Pai, eu quero a minha parte da herança, porque vou embora". Coitado do pai! Ficou tão triste e decepcionado que não sabia o que responder. Deu a parte da herança ao filho, que saiu de casa sem ao menos olhar para trás. O jovem saiu mundo afora.

Gostava de viajar e visitar grandes cidades. Nelas havia muitas lojas onde podia comprar coisas bonitas e preciosas. Chegou o dia, porém, em que seu dinheiro acabou e ele não tinha o que comer. Não podia mais dar festas, comprar coisas bonitas e, o que é pior, perdera os amigos.

Com fome, o rapaz foi mendigar, mas ninguém lhe dava nada. Chegando à casa de um fazendeiro, este lhe disse: "Se quiser, você pode ser meu empregado. Cuide dos porcos e eu lhe darei comida". Foi assim que o moço rico tornou-se um guardador de porcos. Sentado ao lado dos animais gordos, sentia uma fome danada. Tanto que desejava comer a ração os porcos, mas nem isso o fazendeiro deixava que fizesse.

Passando fome e frio, o jovem lembrou-se de seu pai e pensou em voltar. Imaginou que o pai estivesse muito zangado com ele, mas pensou: "Eu vou lhe dizer: pai, eu fui um filho ingrato e até malcriado. Não mereço mais ser seu filho. Deixe-me ao menos ser seu empregado que me darei por satisfeito".

Assim fez. Quando ia chegando, e ai saiu correndo ao seu encontro, de braços abertos. Abraçou-o e o beijou-o, dizendo: "Meu filho querendo! Como estou contente por você ter voltado". O jovem, envergonhado, respondeu ao pai: "Fui desobediente e egoísta. Sou muito mau, pai, e não mereço ser chamado de seu filho. Deixe-me ficar aqui como seu empregado".


O pai, então, lhe falou carinhosamente : "Você sempre será meu filho. Mesmo depois de ter saído de casa, eu gosto muito de você".


O pai mandou os empregados vestirem e calçarem o seu filho. Depois, deu uma grande festa em que todos comiam e dançavam de alegria.

O filho mais velho estava trabalhando. Quando voltou, ficou sa bendo que seu irmão retornara e que a festa era em sua homenagem. Não quis entrar, porque ficou com raiva e ciúme. O pai saiu ao seu encontro para convencê-lo e lhe disse: "Filho, você devia se alegrar. Você nunca se separou de mim.

É bom e obediente, e tudo o que é meu é seu também. Mas agora é preciso festejar a volta do seu irmão. Ele estava como morto para nós e tomou a viver. Estava perdido e foi reencontrado". A história mostra, com muita clareza, o jeito de ser de Deus: ele é o Pai bondoso, misericordioso e cheio de amor, representado pelo pai dos dois jovens. O Pai do céu sempre se alegra com a volta do pecador arrependido e o acolhe, festejando o seu retorno, como fez o pai com o filho fujão.


                                                       
Perdoar Sempre



Com pequenos detalhes, Jesus descreve a forma de Deus perdoar e sua alegria por ter de volta, arrependidos, todos aqueles que cometem alguma falta.


Mas há um senão. O filho mais velho não quis entrar na festa e recriminou seu pai por estar celebrando a,volta do pródigo. Veja que egoísta! E verdade que ele sempre servira ao pai, mas sem amor. Tanto que demonstra rancor contra o pai que se mostrava bondoso, e contra seu irmão recuperado. 

A resposta do pai serve de alerta para todos aqueles que, porque praticam os mandamentos, se acham no direito de reclamar da misericórdia que Deus usa para com os pecadores arrependidos. Ninguém, por mais santo que seja, pode se julgar melhor que os outros. Independente de querermos ou não, o Pai do céu perdoa a todos os que o procuram de coração sincero.

O filho mais velho só poderá entrar na festa quando reconhecer o seu irmão como irmão. E nós só nos tomaremos filhos de Deus merecedores de entrar no céu quando nos amarmos como irmãos, porque todos somos filhos do mesmo Pai: Deus.

Se essa parábola fala da misericórdia de Deus, é importante lembrar que todas as pessoas com as quais nos desentendemos merecem também o nosso perdão. Devemos ter um coração misericordioso, igual ao do Pai de Jesus. Por isso, ficar de mal do coleguinha não é uma atitude bonita nem cristã.


O Amor Maior



Lázaro era um grande amigo de Jesus, o que era um privilégio. A melhor amiga de Jesus foi sua mãe. Maria o acompanhou de perto desde o início e o foi compreendendo sempre melhor ao longo da vida, até a hora da morte. O outro amigo de Jesus foi João, o apóstolo. Estava tão próximo do Mestre que recebeu dele, no Calvário, a incumbência de cuidar de sua mãe.

Diversas mulheres acompanharam Jesus no seguimento de Maria, mas entre os amigos de Jesus contavam, sobretudo, Lázaro e suas duas irmãs: Marta e Maria. A primeira, dedicada hospedeira, vivia atarefada com os trabalhos domésticos. Maria não se preocupava tanto com isso, mas tinha um grande amor por Jesus: era capaz de fazer tudo por ele. Lázaro era um grande companheiro, um camarada de longos papos, nos momentos.de lazer.


Certo dia em que Jesus estava longe da cidade, chegou a notícia de que Lázaro adoecera. O Mestre teve o pressentimento de que aquilo era para a glória de Deus, mas não se apressou. Passados dois dias, compreendeu que o amigo havia morrido. Decidiu então partir para Betânia, onde morava o amigo. Era muito arriscado, pois ficava perto de Jerusalém e todos sabiam que os chefes religiosos procuravam, uma ocasião para matar Jesus. Os discípulos se opuseram à viagem, mas acabaram cedendo. "Vamos morrer com ele" - disseram ao acompanhá-lo.

Ao se aproximar de Betânia, perceberam que a casa estava cheia. O velório já terminara havia quatro dias, mas os três irmãos eram muito conhecidos e queridos. As visitas de pêsames se sucediam ininterruptamente. 

Marta, quando percebeu a pequena comitiva dos discípulos, foi logo ao encontro de Jesus e, chorando, lhe disse: "Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido". Acrescentou, porém, imediatamente: "Mas, mesmo assim, eu sei que tudo que pedires a Deus, ele te dará". Jesus procurou consolá-la, mas ela demonstrou ainda maior confiança, tratando-o publicamente como "o Messias, o Filho de Deus!"


Maria, ao saber que Jesus a chamava, foi correndo ao seu encontro, acompanhada pêlos visitantes mais ilustres. Abraçou-o emocionada e deixou escapar uma queixa: "Se você estivesse presente, ele não teria morrido!" Nada mais disseram. A emoção tomara conta de Jesus. Mas Jesus se continha. Quando chegou ao túmulo, porém, não agüentou mais e começou a chorar. Os judeus comentaram: "Como eram amigos!"

Na realidade, era muito mais do que isso. Jesus sentia uma profunda tensão. Tinha de tomar uma decisão muito séria. Podia obter do Pai a ressurreição de Lázaro, mas isto significaria colocar definitivamente sua própria vida em perigo. Os judeus interpretariam o milagre como uma última provocação, e se decidiriam a matá-lo. Mas, por outro lado, como ficar indiferente ao apelo da amizade? Como frustrar a confiança e a esperança das queridas irmãs Marta e Maria?


"Seja o que Deus quiser" - disse Jesus, no fundo do seu coração. "É preferível agir segundo o amor e a amizade, quaisquer que sejam as cosequências." Parou então de chorar. "Abram o túmulo" - disse com autoridade. Já não era mais somente o amigo, era o Mestre que falava. Todos obedeceram, apesar de acharem que o corpo já cheirasse mal, pois estaria em decomposição.

- Sai daí, Lázaro - ordenou Jesus, com voz firme. O morto começou a se mexer. 

Estava vivo novamente. Muitos acreditaram. Os chefes, porém, não. Reuniram-se com o sumo sacerdote (autoridade religiosa). Era demais. Caifás, que presidia a reunião concluiu: "E melhor um só homem morrer, do que ameaçar a sobrevivência de toda a nação". Tinha razão, politicamente. A sentença de morte de Jesus havia sido pronunciada.

Assim, a morte do amigo Lázaro fez com que Jesus aceitasse sua própria morte, dando o mais significativo testemunho de amizade. Muita gente pensa que com a morte tudo acaba. Não é bem assim. O gesto de Jesus mostra que há alguma coisa maior do que a morte: a amizade. Jesus amava os irmãos de Betânia, que lhe retribuíram amor com amor. Foi essa amizade que fez com que Lázaro tornasse à vida. Mas o episódio contém a manifestação de um amor ainda maior. A morte de Lázaro foi ocasião de Jesus mostrar a sua disposição de dar a vida por todos aqueles que ama. Por amor, Jesus aceitou a morte segundo a vontade do Pai, morte que se tornou, assim, caminho de ressurreição e de vida para toda a humanidade.


No evangelho de São João, a morte de Lázaro é o início da morte de Jesus, e, sob este aspecto, dá sentido à nossa própria morte, que se torna o resumo da de Jesus.


Morte, onde está a tua vitória? De hoje em diante, és a porta da ressurreição e da vida.