29º Domingo do Tempo Comum
Primeira Leitura ( Isaías 53,10-11 )
Leitura do Livro do Profeta Isaías:
10 O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor.
11 Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas.
-Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Segunda Leitura ( Hebreus 4,14-16 )
Leitura da Carta aos Hebreus:
Irmãos: 14 Temos um sumo sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos.
15 Com efeito, temos um sumo sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado.
16 Aproximemo-nos então, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo ( Salmos 32 )
— Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,/ pois em vós nós esperamos!
— Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,/ pois em vós nós esperamos!
— Pois reta é a palavra do Senhor,/ e tudo o que ele faz merece fé./ Deus ama o direito e a justiça,/ transborda em toda a terra a sua graça.
— Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem,/ e que confiam esperando em seu amor,/ para da morte libertar as suas vidas/ e alimentá-los quando é tempo de penúria.
— No Senhor nós esperamos confiantes,/ porque ele é nosso auxílio e proteção!/ Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça,/ da mesma forma que em vós nós esperamos!
Evangelho De Marcos ( 10,35-45 )
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, 35Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir”.
36Ele perguntou: “O que quereis que eu vos faça?”
37Eles responderam: “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!”
38Jesus então lhes disse: “Vós não sabeis o que pedis. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?”
39Eles responderam: “Podemos”.
E ele lhes disse: “Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado. 40Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi reservado”.
41Quando os outros dez discípulos ouviram isso, indignaram-se com Tiago e João.
42Jesus os chamou e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. 43Mas, entre vós, não deve ser assim; quem quiser ser grande, seja vosso servo; 44e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. 45Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.
Crítica ao exercício do poder
Encontramos em cada um dos três evangelhos sinóticos (Mt, Mc, Lc) três "anúncios da Paixão", nos quais Jesus adverte seus discípulos sobre as provações que ele pressente que sobrevirão em Jerusalém, para onde se dirigem. Em sequência aos segundo e terceiro anúncios, os evangelistas Mateus e Marcos narram a aspiração dos discípulos por usufruírem o poder. Estes evangelistas fazem, assim, um contraste entre o projeto libertador de Jesus, vulnerável à repressão dos poderosos, e a incompreensão desses discípulos apegados à mentalidade de disputa e conquista do poder. O episódio narrado no evangelho de hoje vem em seguida ao terceiro anúncio da Paixão. Jesus e os discípulos estão se dirigindo a Jerusalém e o ministério de Jesus se aproxima do fim. Depois de cerca de três anos de convívio (outono de 27 à primavera de 30), os discípulos ainda manifestam incompreensão em relação à novidade de Jesus. É João, um dos discípulos mais próximos de Jesus, e seu irmão, Tiago, que manifestam suas aspirações em estarem à direita e à esquerda de Jesus, imaginando que ele assumiria o poder (a "glória") em Jerusalém. Porém, quando Jesus é suspenso na cruz, são dois marginalizados que estão à sua direita e à sua esquerda, em duas cruzes.
Diante das pretensiosas e equivocadas reivindicações dos discípulos e das contendas entre eles, Jesus faz uma crítica do exercício do poder neste mundo. Rejeitando, de maneira generalizada, o abuso de poder dos chefes das nações e de seus grandes, Jesus reafirma a novidade do Reino. Enquanto a sociedade é dividida entre poderosos opressores e oprimidos explorados, Jesus propõe a conquista da unidade a partir da humildade e do serviço, resgatando-se a vida dos mais excluídos e marginalizados.
Na visão judaico-deuteronômica, é pelo castigo e sacrifício que se purificam os pecados. O profeta Isaías (Segundo Isaías) apresenta o povo exilado na Babilônia sob a imagem do "Servo de Javé", que por seu sofrimento seria justificado e glorificado com o poder, conforme o "projeto do Senhor" (primeira leitura). Sob esta mesma visão, o sofrimento final de Jesus foi também assim interpretado. A carta aos Hebreus (segunda leitura), a partir da imagem dos sacerdotes que ofereciam os sacrifícios no Templo de Jerusalém, atribui a Jesus ressuscitado o caráter de "eminente sumo sacerdote que atravessou os céus"; esta eminência está no fato de que "Cristo se ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha" (Hb 9,14), ao mesmo tempo como sacerdote e vítima. Louvar a cruz de Jesus como instrumento meritório de salvação da humanidade é consequência da doutrina sacrifical do Antigo Testamento. Esta compreensão não corresponde à realidade do Deus de amor, que tudo cria pelo amor e a todos comunica sua vida divina e eterna pelo amor carinhoso, paterno e materno.
Na encarnação, Deus nos deu seu Filho, Jesus. E o próprio Jesus dedicou sua vida, convivendo com os discípulos e as multidões, para a libertação e o resgate da vida de todos, neste mundo. A vida de Jesus é um testemunho do amor que tudo transforma e gera a vida que permanece para sempre.
Oração Oficial
Ó Cristo, Redentor da humanidade, Tua imagem de braços abertos no alto do Corcovado acolhe todos os povos. Em Tua oferta pascal, nos conduziste pelo Espírito Santo ao encontro filial com o Pai. Os jovens, que se alimentam da Eucaristia, Te ouvem na Palavra e Te encontram no irmão, necessitam de Tua infinita misericórdia para percorrer os caminhos do mundo como discípulos-missionários da nova evangelização.
Ó Espírito Santo, Amor do Pai e do Filho, com o esplendor da Tua Verdade e com o fogo do Teu Amor, envia Tua Luz sobre todos os jovens para que, impulsionados pela Jornada Mundial da Juventude, levem aos quatro cantos do mundo a fé, a esperança e a caridade, tornando-se grandes construtores da cultura da vida e da paz e os protagonistas de um mundo novo.
Amém!
Ano Da Fé
Oração Oficial Do Ano Da Fé
Credo no formato resumido:
Creio em Deus-Pai, todo poderoso,
criador do céu e da terra.
E em jesus cristo seu único filho, Nosso Senhor,
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria
Padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu a mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso,
de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na Santa Igreja Católica,
na comunhão dos Santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne,
na vida eterna.
Amem.
Credo completo:
Creio em um só Deus,
Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigênito de Deus,
nascido do Pai
antes de todos os séculos:
Luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado não criado,
consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E, por nós, homens,
e para a nossa salvação,
desceu dos céus:
e encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado
sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as escrituras;
E subiu aos céus,
onde está sentado à direita do Pai.
E de novo há de vir, em sua glória,
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo,
Senhor que dá a vida,
e procede do Pai;
e com o Pai e o Filho
é adorado e glorificado:
Ele que falou pelos profetas.
Creio na Igreja
Una, Santa, Católica e Apostólica.
Professo um só batismo
para remissão dos pecados.
Espero a ressurreição dos mortos;
E a vida do mundo que há de vir.
Amém.
Nossa Senhora Aparecida - Alfenas-MG
( Foto oficial )
Ó incomparável Senhora da Conceição Aparecida,
Mãe de Deus,
Rainha dos Anjos,
Advogada dos pecadores,
refúgio e consolação dos aflitos
e atribulados,
Virgem Santíssima,
cheia de poder e de bondade,
lançai sobre nós um olhar favorável,
para que sejamos socorridos por vós,
em todas as necessidades em que nos acharmos.
Lembrai-vos,
ó clementíssima Mãe Aparecida,
que nunca se ouviu dizer que algum daqueles
que têm a vós recorrido,
invocado vosso santíssimo nome
e implorado vossa singular proteção,
fosse por vós abandonado.
Animados com esta confiança,
a vós recorremos.
Tomamo-nos de hoje para sempre por nossa Mãe,
nossa protetora, consolação e guia,
esperança e luz na hora da morte.
Livrai-nos de tudo o que possa ofender-vos
e a vosso Santíssimo Filho, Jesus.
Preservai-nos de todos os perigos da alma e do corpo;
dirigi-nos em todos os negócios espirituais e temporais.
Livrai-nos da tentação do demônio,
para que, trilhando o caminho da virtude,
possamos um dia ver-vos e amar-vos na eterna glória,
por todos os séculos dos séculos.
Amém.
Tu Es Pedro
O Código de Direito Canônico da Igreja, diz que:
Credo no formato resumido:
Creio em Deus-Pai, todo poderoso,
criador do céu e da terra.
E em jesus cristo seu único filho, Nosso Senhor,
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria
Padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu a mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai, todo poderoso,
de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na Santa Igreja Católica,
na comunhão dos Santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne,
na vida eterna.
Amem.
Credo completo:
Creio em um só Deus,
Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigênito de Deus,
nascido do Pai
antes de todos os séculos:
Luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado não criado,
consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E, por nós, homens,
e para a nossa salvação,
desceu dos céus:
e encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado
sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as escrituras;
E subiu aos céus,
onde está sentado à direita do Pai.
E de novo há de vir, em sua glória,
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo,
Senhor que dá a vida,
e procede do Pai;
e com o Pai e o Filho
é adorado e glorificado:
Ele que falou pelos profetas.
Creio na Igreja
Una, Santa, Católica e Apostólica.
Professo um só batismo
para remissão dos pecados.
Espero a ressurreição dos mortos;
E a vida do mundo que há de vir.
Amém.
Nossa Senhora Aparecida - Alfenas-MG
( Foto oficial )
Em outubro de 1717 passavam pela vila de Guaratinguetá, em São Paulo, o governador, o Conde Assumar e Dom Pedro de Almeida. Para recebê-los, os pescadores preparavam um evento onde apresentariam todos os peixes que pudessem pescar. Mas, por várias vezes, as redes jogadas ao rio voltaram vazias até que João Alves tirou das águas, para sua surpresa, a imagem de uma senhora sem cabeça. Ao jogar a rede novamente, surpresa maior: ele viu surgir a cabeça que faltava daquela imagem que fora recolhida. Depois disso, as redes que foram jogadas novamente voltaram repletas de peixes.
Aquela imagem, desde então, passou a ser visitada em reuniões semanais no vilarejo. Numa das vezes, as luzes que iluminavam a santa se apagaram de repente, para logo depois se acenderem sozinhas. Estava feito o primeiro milagre de Nossa Senhora.
De lá para cá, os devotos jamais se cansaram de sair em romaria, para chegar aos pés da santa. Nossa Senhora Aparecida, considerada a Padroeira do Brasil, tem sua festa maior celebrada no dia 12 de outubro, data que, desde 1988, é marcada como feriado nacional. Sua monumental basílica à beira do rio Paraíba, na cidade de Aparecida do Norte, foi consagrada pelo papa João Paulo 2º em 1980.
Primeiros milagres
Milagre das Velas
Estando a noite serena, repentinamente as duas velas que iluminavam a Santa se apagaram. Houve espanto entre os devotos, e Silvana da Rocha, querendo acendê-las novamente, nem tentou, pois elas acenderam por si mesmas. Este foi o primeiro milagre de Nossa Senhora.
Caem as correntes
Em meados de 1850, um escravo chamado Zacarias, preso por grossas correntes, ao passar pelo Santuário, pede ao feitor permissão para rezar à Nossa Senhora Aparecida. Recebendo autorização, o escravo se ajoelha e reza contrito. As correntes, milagrosamente, soltam-se de seus pulsos deixando Zacarias livre.
O Cavaleiro sem fé
Um cavaleiro de Cuiabá, passando por Aparecida, ao se dirigir para Minas Gerais, viu a fé dos romeiros e começou a zombar, dizendo, que aquela fé era uma bobagem. Quis provar o que dizia, entrando a cavalo na igreja. Não conseguiu. A pata de seu cavalo se prendeu na pedra da escadaria da igreja ( Basílica Velha ), e o cavaleiro arrependido, entrou na igreja como devoto.
A Menina Cega
Mãe e filha caminhavam às margens do rio Paraíba, quando surpreendentemente a filha cega de nascença comenta surpresa com a mãe : "Mãe como é linda esta igreja" (Basílica Velha).
Menino no Rio
O Pai e o filho foram pescar, durante a pescaria a correnteza estava muito forte e por um descuido o menino caiu no rio e não sabia nadar, a correnteza o arrastava cada vez mais rápido e o pai desesperado pede a Nossa Senhora Aparecida para salvar o menino. Derrepente o corpo do menino para de ser arrastado, enquanto a forte correnteza continua e o pai salva o menino.
O Caçador
Um caçador estava voltado de sua caçada já sem munição, derrepente ele se deparou com uma enorme onça. Ele se viu encurralado e a onça estava prestes a atacar, então o caçador pede desesperado a Nossa Senhora Aparecida por sua vida, a onça vira e vai embora.
Oração de Nossa Senhora Aparecida
Mãe de Deus,
Rainha dos Anjos,
Advogada dos pecadores,
refúgio e consolação dos aflitos
e atribulados,
Virgem Santíssima,
cheia de poder e de bondade,
lançai sobre nós um olhar favorável,
para que sejamos socorridos por vós,
em todas as necessidades em que nos acharmos.
Lembrai-vos,
ó clementíssima Mãe Aparecida,
que nunca se ouviu dizer que algum daqueles
que têm a vós recorrido,
invocado vosso santíssimo nome
e implorado vossa singular proteção,
fosse por vós abandonado.
Animados com esta confiança,
a vós recorremos.
Tomamo-nos de hoje para sempre por nossa Mãe,
nossa protetora, consolação e guia,
esperança e luz na hora da morte.
Livrai-nos de tudo o que possa ofender-vos
e a vosso Santíssimo Filho, Jesus.
Preservai-nos de todos os perigos da alma e do corpo;
dirigi-nos em todos os negócios espirituais e temporais.
Livrai-nos da tentação do demônio,
para que, trilhando o caminho da virtude,
possamos um dia ver-vos e amar-vos na eterna glória,
por todos os séculos dos séculos.
Amém.
Tu Es Pedro
"Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja" (Mt
16,18).
Ao instituir a Igreja, a partir do Colégio dos Doze Apóstolos, Jesus o quis
como um grupo estável e escolheu Pedro para chefiá-lo.
É fácil compreender essa iniciativa do Senhor. Todo grupo humano precisa ter
uma Cabeça visível para manter a sua ordem e integridade. Nenhuma instituição
humana sobrevive sem observar esta lei.
O Código de Direito Canônico da Igreja, diz que:
"O Bispo da Igreja de Roma, no qual perdura o múnus concedido pelo Senhor
singularmente a Pedro, primeiro dos Apóstolos, para ser transmitido a seus
sucessores, é a Cabeça do Colégio dos Bispos, Vigário de Cristo e aqui na terra
Pastor da Igreja universal; ele, pois, em virtude de seu múnus, tem na terra o
poder ordinário supremo, pleno, imediato e universal, que pode sempre exercer
livremente"(CDC,Cân.331).
A Igreja, que é semelhante ao próprio Jesus, isto é, ao mesmo tempo, humana e
divina, precisa também ter um Chefe visível. Ela tem a sua Cabeça divina,
invisível, o próprio Cristo; e tem a sua Cabeça humana, o seu chefe visível, o
Papa. Cristo assim o quis. Diz o Catecismo que:
"Somente a Simão, a quem deu o nome de Pedro, o Senhor constituiu como a
pedra da sua Igreja. Entregou-lhe as suas chaves, instituiu-o pastor de todo o
rebanho" (nº 881).
"E eu te declaro: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha
Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves
do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o
que desligares na terra será desligado nos céus" (Mt 16,18-19).
Estas palavras de Jesus são claríssimas, e só não as entende quem não quer. Não
há como distorcê-las e manuseá-las.
Pedro é a pedra sobre a qual Ele quis edificar a Sua Igreja. É preciso notar
que o Senhor diz "a Minha Igreja". Usou um pronome possessivo
"Minha"; ela é propriedade Sua, é o Seu próprio Corpo, e Ele a quis
construída sobre o Papa. Não existe outra.
Para não deixar dúvidas a respeito disto, no primeiro encontro que Jesus teve
com Simão, trocou/lhe o nome para "Kefas", que quer dizer Pedro, o
mesmo que pedra em aramaico.
Quem nos relata isso é o evangelista São João. Pedro não se deu conta da
grandiosidade daquele acontecimento, no momento, mas, certamente, se lembrou
dele mais tarde. Ouçamos o evangelista contar logo no início do seu
Evangelho:
"André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido João
[Batista] e que o tinham seguido. Foi ele então logo à procura de seu irmão e
disse/lhe: "Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo). Levou-o a Jesus e
Jesus, fixando nele o olhar, disse "Tu és Simão, filho de João; serás
chamado Kefas (que quer dizer pedra)" (Jo 1,40ss)´´.
É importante observar que ´´no primeiro encontro´´ com Simão, Jesus ´´fixa nele
o olhar´´ e muda o seu nome para Pedro. Isto não foi sem razão.
Na Bíblia, quando Deus muda o nome de alguém, é porque está dando a essa pessoa
uma missão. Para o judeu o nome da pessoa tinha algo a ver com a sua identidade
e missão. Assim, por exemplo o Anjo disse a José:
´´Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus [Deus salva], porque
ele salvará o seu povo de seus pecados´´ (Mt 1,21).
Veja que o nome dado ao Messias de Deus é Jesus, designando a sua identidade
divina e a sua missão salvífica (Deus salva / Jesus).
Um exemplo marcante de mudança de nome foi o que ocorreu com Abraão. Ele se
chamava Abrão, que quer dizer ´´pai elevado´´ e Deus muda seu nome para Abraão,
que significa ´´pai de uma multidão´´, porque Deus o escolhera para a grandiosa
tarefa de pai do seu Povo. Diz o Gênesis:
´´Abrão [note o nome antigo!] tinha noventa e nove anos. O Senhor apareceu/lhe
e disse: ´´Eu sou o Deus todo/poderoso. Anda em minha presença e sê íntegro,
quero fazer aliança contigo e multiplicarei ao infinito a tua descendência´´.
Abrão prostrou/se com o rosto por terra. Deus disse/lhe: ´´Este é o pacto que
faço contigo: serás o pai de uma multidão de povos. De agora em diante não te
chamarás mais Abrão, e sim Abraão, porque farei de ti uma multidão de
povos...´´(Gen17,18).
Foi um momento muito solene em que Deus escolheu o ´´Pai´´ do seu Povo, de onde
nasceria o Salvador.
É interessante notar que Deus muda também o nome de Sara, de Sarai (estéril)
para Sara (fértil).
´´Disse Deus a Abraão: ´´Não chamarás mais a tua mulher Sarai e sim Sara. Eu a
abençoarei, e dela te darei um filho. Eu a abençoarei, e ela será mãe de nações
e dela sairão reis´´ (Gen 17, 15/16).
A mesma mudança de nome ocorreu com Jacó, o Patriarca do povo Judeu, que Deus
passa a chamar de Israel:
´´Deus apareceu ainda a Jacó ... e o abençoou. Deus lhe disse: ´´Tens o nome de
Jacó, mas não te chamarás mais Jacó: teu nome será Israel´´.
Deus disse: ´´Eu sou El Shaddai. Sê fecundo e multiplica/te. Uma nação, uma
assembléia de nações nascerá de ti e reis sairão de teus rins. Eu te dou a
terra que dei a Abraão e a Isaac...´´ (Gen 35,10/13).
Nessas passagens vemos outro momento solene na história do povo de Deus, onde
Ele muda o nome de Jacó para designar/lhe o patriarca. A expressão ´´El´´
significa ´´Deus de Israel´´ (Gen 33,20).
Essa ´´mudança de nome´´ Jesus fez também com Simão, ´´no primeiro encontro´´,
em vista da missão solene que lhe haveria de dar mais tarde:
´´Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja´´ (Mt 16,18).
Não resta dúvida, portanto, que Pedro, e seus sucessores, são a Pedra angular,
visível, que Cristo, Pedra angular invisível, quis na Igreja. Jesus quis essa
pedra visível para que ela mantivesse a unidade da Igreja e a integridade da
sua doutrina na verdade que liberta e salva.
Após a Ressurreição Jesus confirma Pedro como o pastor de todo o rebanho.
´´Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: ´´Simão, filho de João,
amas/me mais do que estes ? ´´ Respondeu ele: ´´Sim, Senhor, tu sabes que te
amo´´. Disse/lhe Jesus. ´´Apascenta os meus cordeiros´´ (Jo 21, 15/17)´´.
Por três vezes o Senhor repetiu esta pergunta a Pedro, e por três vezes lhe
disse: ´´Apascenta as minha ovelhas´´. A nenhum outro apóstolo isto foi
dito.
Alguns Padres da Igreja viram nesta tríplice confirmação de Pedro como ´´Pastor
do rebanho´´, como que uma maneira de apagar aquelas três vezes que Pedro negou
tristemente o Senhor dizendo: ´´Não conheço este homem´´ (Jo 18,17.25/27, Mt 26,70/75).
Na verdade essa repetição tríplice era a forma solene que o hebreu usava na
confirmação de uma missão.
É importantíssimo notar que, mesmo após Pedro ter negado Jesus tristemente, por
três vezes, ainda assim o Senhor não tirou dele a chefia do rebanho. Como então
/ podemos perguntar / os homens querem tirar de Pedro e do Papa o Primado da
Igreja, se nem mesmo Jesus, após ter sido negado e renegado por Pedro,
tirou/lhe o mandato ? Se Cristo manteve Pedro como o Chefe da Sua Igreja, mesmo
após a negação triste, seremos nós homens, que teremos a ousadia de negar/lhe o
primado? Não sejamos insensatos, ´´com Deus não se brinca´´, nos ensina São
Paulo.
Isto mostra que atentam gravemente contra a vontade expressa do Senhor aqueles
que não querem aceitar a jurisdição do Papa sobre toda a Igreja
universal.
Desde os primeiros séculos da Igreja, o Bispo de Roma, o Papa, exerceu o
primado na Igreja. Vejamos, por exemplo, o que diz São Cipriano (
#8224;258), bispo de Cartago, o grande defensor da unidade da Igreja, já no
terceiro século:
´´O Senhor diz a Pedro: ´´Eu te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei
minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. Dar/te/ei as
chaves do reino dos céus...O Senhor edifica a sua Igreja sobre um só, embora
conceda igual poder a todos os apóstolos depois de sua ressurreição, dizendo:
´´Assim como o Pai me enviou, eu os envio. Recebei o Espírito Santo, se
perdoardes os pecados de alguém, ser/lhes/ão perdoados, se os retiverdes,
ser/lhes/ão retidos. No entanto, para manifestar a unidade, dispõe por sua
autoridade a origem desta mesma unidade partindo de um só. Sem dúvida, os
demais apóstolos eram, como Pedro, dotados de igual participação na honra e no
poder; mas o princípio parte da unidade para que se demonstre ser única a
Igreja de Cristo... Julga conservar a fé quem não conserva esta unidade da
Igreja? Confia estar na Igreja quem se opõe e resiste à Igreja? Confia estar na
Igreja, quem abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?´´
( Sobre a Unidade da Igreja ).
Vemos, portanto, que desde os primeiros séculos, os cristãos já tinham a noção
exata de que sobre a cátedra de Pedro foi fundada a Igreja.
São João Crisóstomo (
#8224;407), bispo de Constantinopla, doutor da Igreja, dizia que:
´´No interesse da paz e da fé não podemos discutir sobre questões relativas à
fé sem o consentimento do Bispo de Roma.´´
´´Pedro, na verdade, ficou para nós como a pedra sólida sobre a qual se apoia a
fé e sobre a qual está edificada a Igreja. Tendo confessado ser Cristo o Filho
de Deus vivo, foi/lhe dado ouvir: ´´Sobre esta pedra / a da sólida fé /
edificarei a minha Igreja´´(Mt 16,18).
´´Tornou/se enfim Pedro o alicerce firmíssimo e fundamento da Casa de Deus,
quando, após negar a Cristo e cair em si, foi buscado pelo Senhor e por ele
honrado com as palavras: ´´apascenta as minhas ovelhas´´(Jo 21,15s). Dizendo
isto, o Senhor nos estimulou à conversão, e também a que de novo se edificasse
solidamente sobre Pedro aquela fé, a de que ninguém perde a vida e a salvação,
neste mundo, quando faz penitência sincera e se corrige de seus pecados´´
(Haer. 59,c,8).
Segundo o testemunho de Santo Ireneu (
#8224;202), desde o primeiro século, a Igreja de Roma tinha a primazia do
ensino. Antes de dar a lista dos doze primeiros papas, ele afirma:
´´Porque é com essa Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade
de fundação, que deve necessariamente concordar toda igreja, isto é, que devem
concordar os fiéis procedentes de qualquer parte, ela, na qual sempre, em
benefício dos que procedem de toda parte, se conservou a tradição que vem dos
apóstolos´´ (Contra as Heresias).
Santo Agostinho, após a condenação do Pelagianismo, a heresia que desprezava a
graça de Deus, no sínodo do ano 416, com a concordância do Papa Inocêncio I,
pronunciou a frase que ficou célebre na Igreja:
´´Roma locuta, causa finita !´´ (Roma falou, encerrada a questão !)
Na Encíclica ´´Mystici Corporis Christi´´, o Papa Pio XII mostrou muito bem que
aqueles que não se ligam à Cabeça visível da Igreja, também não se ligam a
Cristo, Cabeça da Igreja:
´´ Há os que se enganam perigosamente, crendo poder se ligar a Cristo, cabeça
da igreja, sem aderir fielmente a seu Vigário na terra. Porque suprimindo esse
Chefe visível, quebrando os laços luminosos da unidade, eles obscurecem e
deformam o Corpo místico do Redentor a ponto de ele não poder ser reconhecido e
achado dentro dos homens, procurando o porto da salvação eterna´´.
Qualquer um de nós no lugar de Jesus, após ter sido negado por Pedro, por três
vezes, naquela hora terrível, teria dispensado Pedro da chefia da Igreja. Mas
Jesus é diferente de todos nós ... manteve Pedro no timão da sua Barca.
Parece/me que Jesus quis fazer o seu eleito, sentir fortemente a sua miséria,
para nunca confiar em si mesmo, especialmente no governo da Igreja nascente.
Pedro foi orgulhoso; ele havia dito a Jesus, momentos antes de Jesus ser
preso:
´´Senhor, estou pronto a ir contigo até a prisão e a morte´´ (Lc 22,33).
Ao que Jesus lhe respondeu:
´´Digo/te Pedro, que não cantará hoje o galo, até que três vezes hajas negado
que me conheces´´ (v. 34).
É importante notar que tudo isso aconteceu na mesma noite em que Jesus foi
preso.
Há uma verdade que os santos nos ensinam: é pela humilhação que nos tornamos
humildes. Jesus deixou Pedro passar pela humilhação de negá/lo três vezes,
talvez para que se tornasse humilde e apto para a chefia da Igreja.
Mas é importante notar também que nessa mesma noite, Jesus disse a Pedro:
´´Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo,
mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua
vez, confirma os teus irmãos´´ (Lc 22,31).
Como são importantes estas palavras ! Satanás, quis derrubar Pedro, se possível
fazer com ele o que tinha feito com Judas Iscariotes, mas o Senhor orou por ele
... ´´mas eu roguei por ti´´.
Se Pedro não desfaleceu após a tríplice negação de Jesus, se não caiu no mesmo
remorso desesperador de Judas, certamente foi porque o Senhor intercedeu por
ele junto do Pai. Pedro chorou amargamente o seu pecado:
´´Voltando/se o Senhor, olhou para Pedro. Então Pedro se lembrou da palavra do
Senhor : ´´hoje, antes que o galo cante, negar/me/às três vezes. Saiu dali e
chorou amargamente´´ (Lc 22, 61/62).
Que lágrimas benditas ! Lágrimas de arrependimento e de dor, mas também de
confiança que vence o desespero.
Com tudo isso Jesus tinha feito uma grande obra no coração do seu escolhido.
Aquele olhar de Jesus para Pedro destruiu toda a presunção e orgulho do
primeiro Papa.
´´Voltando/se o Senhor, olhou para Pedro. Então Pedro lembrou/se da palavra do
Senhor...´´(Lc 22,61).
E depois de tudo isso, Jesus manteve/o no Primado da Igreja...
´´Confirma os teus irmãos!´´ (Lc 22.31)
´´Apascenta as minhas ovelhas!´´ (Jo 21,17)
Esse é o ministério petrino que o Papa cumpre em todos os tempos, e que o nosso
querido João Paulo II exerce viajando pelo mundo todo para confirmar na fé os
seus irmãos. Já foram cerca de 80 viagens pelo mundo todo.
A Igreja já teve cerca de 264 Papas, chegou mesmo a ter muitos anti/Papas, que
foram Papas ilegítimos, mas sempre teve o sucessor legítimo de Pedro. A
permanência contínua desse ministério, contra todos os obstáculos enfrentados
nesses 2000 anos, mostra/nos de maneira clara e inequívoca de que foi
instituído por Deus.
É interessante notar que nenhum deles assumiu o nome de Pedro. Nunca houve o
Pedro II, Pedro III; isto porque na verdade todos eles são o mesmo Pedro. Nós o
chamamos de João Paulo II, mas Jesus continua a chamá/lo de Pedro.
´´Tu és Pedro !´´ (Mt 16,18).
Certa vez São João Bosco teve um sonho profético. Viu o mar agitado pelos
ventos e uma batalha acontecendo. No meio da tormenta ele viu uma grande nau
dirigida pelo Papa, atravessando o oceano agitado. Duas correntes saiam de cada
lado da barca e a prendiam em duas fortes colunas de alturas diferentes. Sobre
a mais alta ele viu a Sagrada Hóstia num ostensório, estando escrito na sua
base as palavras ´´Salus credentium´´ (Salvação do que crêem). Sobre a outra
coluna ele viu a imagem de Nossa Senhora Auxiliadora e na base as palavras:
´´Auxilium Christianorum´´ (Auxiliadora dos Cristãos).
Deus mostrou a D. Bosco, e a nós, que essas são as três salvaguardas principais
da Igreja, que não permitirão jamais as portas do inferno a vencerem: a
Eucaristia, Maria e o Papa.
Devemos observar que Pedro sempre foi o lider do Colégio dos Apóstolos e seu
porta/voz. Muitas são as passagens onde ele aparece como o líder, antes e
depois da morte e ressurreição de Jesus, evidenciando o primado de Pedro no
Colégio dos Doze.
Vejamos alguns exemplos.
O nome de Pedro é mencionado 171 vezes no Novo Testamento. João apenas 46
vezes, é o segundo mais citado.
No catálogo dos Apóstolos, Pedro é sempre citado em primeiro lugar:
´´Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro; Tiago, filho de
Zebedeu, e João seu irmão ...´´ (Mc 3,16).
´´Eis os nomes dos doze apóstolos: ´´o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois
André, seu irmão ...´´ (Mt 10,1/4).
´´Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que
chamou de apóstolos : Simão, a quem deu o nome de Pedro; André seu irmão...´´
(Lc 6,12/16).
Após a ressurreição de Jesus, continua Pedro sempre citado em primeiro
lugar:
´´Tendo entrado no Cenáculo, subiram ao quarto de cima, onde costumavam
permanecer. Eram eles : ´´Pedro e João, Tiago, André ...´´ (At 1,13).
Por outro lado, Pedro aparece sempre como o ´´porta/voz´´ do Grupo:
´´Então perguntou/lhes Jesus: ´´E vós, quem dizeis que eu sou? Pedro respondeu:
´´Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!´´ (Mt 16,15/16).
É interessante notar que Pedro é também o escolhido pelo Pai para revelar aos
outros a divindade de Jesus.
´´Feliz és Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te
revelou isto, mas meu Pai que está nos ceus´´ (Mt 16,17).
Em outras ocasiões Pedro toma a frente:
´´Pedro começou a dizer/lhe: ´´Eis que deixamos tudo e te seguimos´´ (Mc
10,28).
´´Então Pedro se aproximou dele e disse: ´´Senhor, quantas vezes devo perdoar a
meu irmão quando ele pecar contra mim ? Até sete vezes?´´ (Mt 18,21).
´´Disse/lhe Pedro: ´´Senhor, propões esta parábola só a nós ou também a todos?
´´ (Lc 12,41).
No momento difícil, após o discurso sobre a Eucaristia, quando Jesus ´´checou´´
até o fundo a fé dos discípulos, é Pedro quem responde :
´´Então Jesus, perguntou aos Doze: ´´Quereis vós também retirar/vos ?
Respondeu/lhe Simão Pedro: ´´Senhor, a quem iríamos nós ? Tu tens as palavras
da vida eterna. E nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus´´(Jo
6,67/69).
Essas passagens mostram bem a ´´escolha´´ de Pedro. Em muitas outras
encontramos essa expressão ´´Pedro e os seus´´:
´´Entretanto, Pedro e seus companheiros tinham deixado vencer/se pelo sono ...´´
(Lc 9,32)
´´Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia
...´´ (Mc 16,7).
É relevante notar que Jesus orou por Pedro... (Lc 22,31).
Tudo isto mostra a necessidade do Papa para a Igreja. A Pedro o Senhor quis
confiar uma missão especial, simbolizado pela palavra ´´Kephas´´, que quer
dizer Rocha, Fundamento sólido sobre o qual se ergueria o edifício da Igreja,
que haveria de perdurar até o fim do mundo. Por isso, o seu fundamento também
há de ser duradouro; daí vemos claramente que as faculdades, os poderes dado a
Pedro, hão de ser transmissíveis aos seus sucessores, como desde o princípio os
Apóstolos e seus sucessores assim entenderam.
Desde o início os demais Apóstolos entenderam a missão especial de Pedro,
conferida a ele por Jesus, e o respeitaram.
Um fato que mostra bem isso foi, por exemplo, o que aconteceu no dia de
Pentecostes. É Pedro quem toma a palavra para falar ao povo :
´´Pedro, de pé com os Onze, ergueu a voz e assim lhes falou: ´´Homens da
Judéia, e habitantes todos de Jerusalém ...´´ (At 2,14 s).
Em outra ocasião:
´´Então Pedro, cheio do Espírito Santo, respondeu/lhes : ´´Chefes do povo e
anciãos, ouvi/me ...´´ (At 4,8s).
É bom recordarmos que o único Apóstolo que ficou aos pés da cruz do Senhor
crucificado foi João; mas, ainda assim Pedro permaneceu o lider, o porta/voz
deles, o chefe da Igreja, como Jesus havia querido.
´´À vista disso, Pedro dirigiu/se ao povo: Homens de Israel, por que vos
admirais disto?´´ (At 3,12/25).
Outro fato importantíssimo do exercício dos poderes de Pedro, foi a admissão do
primeiro pagão (Cornélio) na Igreja, em Jope, aceita por ele. Isto era algo
inadmissível para os judeus. Mas Jesus mostrou a Pedro que veio salvar a todos;
e, depois que Pedro viu o Espírito Santo ´´cair sobre os que ouviam a palavra´´
(At 10,44) na casa de Cornélio, não teve dúvidas de batizar a todos da sua casa
:
´´Pode/se, porventura, recusar a água do batismo a esses que, como nós,
receberam o Espírito Santo? E ordenou que fossem batizados em nome de Jesus
Cristo´´ (At 10,44/45).
Esta foi a primeira vez que os pagãos( os não judeus) foram admitidos na
Igreja; isto é, batizados; e por decisão de Pedro. Leia todo o texto de At 10,
1/48. Somente Pedro tinha esta autoridade. Se esta decisão ´´história´´ fosse
tomada por outro, certamente seria muito difícil de ter sido aceita em
Jerusalém. Mas, quando Pedro voltou para lá, e expôs cuidadosamente os fatos,
todos aceitaram:
´´Os apóstolos e os irmãos da Judéia ouviram dizer que também os pagãos haviam
recebido a palavra de Deus. E quando Pedro subiu a Jerusalém, os fiéis que eram
da circuncisão repreenderam/no: ´´Por que entraste em casa de incircuncisos e
comeste com eles?´´ Mas Pedro fez/lhes uma exposição de tudo o que
acontecera....´´
´´Depois de terem ouvido essas palavras, eles se calaram e deram glória a Deus
dizendo: ´´Portanto também aos pagãos concedeu Deus o arrependimento que conduz
à vida´´(At 11,1/18).
É muito relevante o fato do Senhor ter introduzido os pagãos na Igreja, pelo do
Batismo, exatamente através de Pedro. Mais uma vez Pedro...
Outro fato marcante na vida da Igreja primitiva, e que mostra claro os poderes
de Pedro, foi na realização do Primeiro Concílio universal; o de Jerusalém, no
ano 49.
Toda a polêmica girou em torno da necessidade da circuncisão antes do pagão ser
batizado. São Paulo e S. Barnabé ensinavam, na forte comunidade de Antioquia,
que não era necessário a circuncisão; mas alguns cristãos, vindos de Jerusalém
à Antioquia ensinavam o contrário. Houve conflito.
´´Alguns homens, descendo da Judéia [à Antioquia], puseram/se a a ensinar aos
irmãos o seguinte: ´´Se não vos circuncidais, segundo o rito de Moisés, não
podeis ser salvos´´. Originou/se então grande discussão de Paulo e Barnabé com
eles, e resolveu/se que estes dois, com alguns outros irmãos, fossem tratar
desta questão com os Apóstolos e os anciãos em Jerusalém´´ (At 15,1/3).
Por isso aconteceu o primeiro Concílio da Igreja. Ouçamos a narração de S.
Lucas :
´´Ao fim de uma grande discussão, Pedro levantou/se e lhes disse: ´´Irmãos, vós
sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha
boca os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e cressem ... Por que, pois,
provocais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo [circuncisão] que nem
nossos pais nem nós pudemos suportar? Nós cremos que pela graça de Nosso Senhor
Jesus Cristo seremos salvos, exatamente como eles.
Toda a assembléia o ouviu silenciosamente´´ (At 15,1/12).
Só ´´depois de terminarem´´ (v.13) é que Tiago toma a palavra para corroborar e
completar o que Pedro decidiu. Não sei sob que fundamentos alguns livros
protestantes querem afirmar que foi Tiago, e não Pedro, quem presidiu o
Concílio de Jerusalém. Basta ler Atos15, para se tirar facilmente a conclusão.
É interessante notar também o que Pedro lembra a todos: ´´há muito tempo Deus
me escolheu dentre vós...´´
É relevante notar ainda que Paulo e Barnabé, bem como a importante comunidade
cristã de Antioquia, a mais antiga depois da de Jerusalém, não resolveu a
questão da circuncisão por ela mesma, mas foram levar a decisão para Pedro e os
Apóstolos em Jerusalém. Isto mostra que no Cristianismo nunca ouve comunidades
´´independentes´´ ou igrejas que viviam independentes dos Apóstolos. A Igreja
primitiva sempre esteve sob a jurisdição dos Apóstolos e de Pedro, como podemos
ver em vários fatos.
´´Nem havia entre eles nenhum necessitado, porque todos os que possuiam terras
ou casas vendiam/nas, e traziam o preço do que tinham vendido e depositavam/no
aos pés dos apóstolos´´ (At 4,35).
No episódio triste de Ananias e Safira, é pelas mãos de Pedro que eles recebem
a punição de Deus pelo seu pecado:
´´Pedro, porém disse : ´´Ananias, por que tomou conta Satanás do teu coração,
para que mentisses ao Espírito Santo ...´´. Ao ouvir essas palavras Ananias
caiu morto´´ (At 5,3/6).
É belo notar que:
´´...traziam os doentes para as ruas e punham/nos em leitos e macas, a fim de
que, quando Pedro passasse, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles´´ (At
5,15).
Quando o sumo Sacerdote e os doutores da lei quiseram obrigar os Apóstolos ao
silêncio,
´´Pedro e os Apóstolos replicaram: ´´importa obedecer antes a Deus do que aos
homens´´ (At 5,29).
Sempre Pedro está na frente; e junto com os Apóstolos. Não há como negar o
primado de Pedro à frente da Igreja primitiva.
A jurisdição dos Apóstolos sobre a Igreja sempre se fez valer, e jamais houve
´´igrejas independentes´´, até a triste reforma protestante de 1517:
´´Os Apóstolos que se achavam em Jerusalém, tendo ouvido que a Samaria recebera
a palavra de Deus, enviaram/lhe Pedro e João. Estes, assim que chegaram fizeram
oração pelos novos fiéis, a fim de receberem o Espírito Santo ... Então os dois
Apóstolos lhes impuseram as mãos e receberam o Espírito Santo´´ (At
8,14/17).
A partir deste episódio a Igreja foi descobrindo o Sacramento da Crisma,
ministrado pelo Bispo. Isto mostra que os Apóstolos governavam toda a Igreja
primitiva.
Após a perseguição que se seguiu à morte de Estevão, muitos gentios se converteram
em Antioquia, pela pregação dos dispersos que lá se refugiaram. A notícia
dessas coisas chegou aos ouvidos da Igreja de Jerusalém. Enviaram então Barnabé
à Antioquia (At 11,19/22). A Igreja de Jerusalém mantinha a vigilância. São
Lucas registra que :
´´Em cada Igreja [os apóstolos] instituiam anciãos e, após orações com jejuns
encomendavam/nos ao Senhor, em quem tinham confiado´´ (At 14,23).
Esses fatos mostram claro que as igrejas particulares nunca foram independentes
dos Apóstolos, e de Pedro especialmente, como querem os irmãos separados da
Igreja Católica. Toda a Tradição apostólica confirma isto.
São Pedro foi martirizado em Roma. As escavações realizadas sob a basílica do
Vaticano nos últimos decênios, bem como os escritores antigos, confirmam isto.
Os arqueólogos descobriam um túmulo cristão sob a basílica vaticana, em meio a
túmulos pagãos. Esse túmulo cristão tinha acesso por uma via que devia ser
muito frequentada. Foram encontradas junto a esse túmulo numerosas inscrições a
carvão (graffiti), fazendo menção ao Apóstolo Pedro. Encontraram ossos de um
indivíduo de 60 a 70 anos, que é muito provavelmente de S. Pedro. Quando Pedro
morreu, no ano 67, os cristãos ainda não tinham cemitérios próprios, e por isso
o enterraram em um cemitério pagão.
Foi o imperador romano Constantino, filho de Santa Helena, que convertido ao
Cristianismo, construiu a basílica de S. Pedro, no século IV. É importante
notar que ele podia ter escolhido, ao lado do local onde a Basílica foi
construída, um terreno mais adequado, plano e grande: o chamado ´´Circo de
Nero´´. Ao contrário, mandou edificar a Basílica sobre um terreno fortemente
inclinado e já ocupado por um cemitério, que era um local respeitado pelos
romanos. Se Constantino preferiu o local acidentado e ´´desrespeitou´´ o
cemitério, construindo sobre ele a Basílica, é porque deve ter tido uma razão
forte, exatamente a presença do túmulo de São Pedro ali.
Por todas essas razões os Bispos de Roma são os sucessores de Pedro, com
jurisdição sobre toda a Igreja. A Igreja Católica é chamada também de Romana
por ter a sua sede, a Santa Sé, em Roma. Esta denominação, embora não seja uma
exigência doutrinária, não é gratuita. Firmando a sede da Sua Igreja exatamente
no coração do Império Romano, aquele que quis destruir a Igreja, que sacrificou
milhares de mártires, com isto Cristo mostrou ao mundo que a Sua Igreja é
invencível, e que jamais os poderes do inferno a vencerão. Sua promessa se
cumpre. O império romano, talvez o maior império que a humanidade já conheceu,
não conseguiu vencer aqueles Doze homens simples da Galiléia; ao contrário, foi
´´engolido´´ pelo cristianismo. No ano 313 o imperador Constantino, filho de
Santa Helena, assinava o Edito de Milão, que acabava com a perseguição contra
os cristãos em todo o império. Pouco tempo depois, o imperador Teodósio
oficializava o cristianismo como a religião oficial do império...
DO Livro: ´´A MINHA IGREJA´´ DO Prof. Felipe de Aquino
Fala-se em adorar a hóstia, ajoelhar-se diante da hóstia, levar a hóstia
em procissão (na festa de Corpus Christi), guardar a hóstia.. Uma criança
chegou certa vez para a catequista e perguntou: "Tia, quanto tempo falta para
eu tomar a hóstia?" (Referia-se à primeira comunhão).
A palavra "Hóstia" vem do latim. Em latim, "hóstia" é
praticamente sinônimo de "vítima". Ao animal sacrificado em honra dos
deuses, à vítima oferecida em sacrifício à divindade, os romanos (que falavam
latim) chamavam de "hóstia".Ao soldado tombado na guerra vítima da
agressão inimiga, defendendo o imperador e a pátria, chamavam de
"hóstia".
Ligada à palavra "hóstia" está a palavra latina "hóstis",
que significa: "o inimigo". Daí vem a palavra "hostil"
(agressivo, ameaçador, inimigo), "hostilizar" (agredir, provocar,
ameaçar). E a vítima fatal de uma agressão, por conseguinte, é uma
"hóstia".
Então, aconteceu o seguinte: O cristianismo, ao entrar em contato com a
cultura latina, agregou no seu linguajar teológico e litúrgico a palavra
"hóstia", exatamente para referir-se à maior "vítima" fatal
da agressão humana: Cristo morto e ressuscitado. Os cristãos adotaram a palavra
"hóstia" para referir-se ao Cordeiro imolado (vitimado) e, ao mesmo
tempo ressuscitado, presente no memorial eucarístico.
A palavra "hóstia" passa, pois, a significar a realidade que Cristo
mesmo mostrou naquela ceia derradeira: "Isto é o meu corpo entregue... o
meu sangue derramado". O pão consagrado, portanto, é uma
"hóstia", aliás, a "hóstia" verdadeira, isto é, o próprio
Corpo do ressuscitado, uma vez mortalmente agredido pela maldade humana, e
agora vivo entre nós feito pão e vinho, entregue para ser comida e bebida:
Tomai e comei..., tomai e bebei...
Infelizmente, com o correr dos tempos, perdeu-se muito este sentido
profundamente teológico e espiritual que assumiu a palavra "hóstia"
na liturgia do cristianismo romano primitivo, e se fixou quase que só na
materialidade da "partícula circular de massa de pão ázimo que é consagrada
na missa". A tal ponto de acabar-mos por chamar de "hóstia" até
mesmo as partículas ainda não consagradas!
Hoje, quando falo em "hóstia", penso na "vítima pascal",
penso na morte de Cristo e sua ressurreição, penso no mistério pascal. Hóstia
para mim é isto: a morte do Senhor e sua ressurreição, sua total entrega por
nós, presente no pão e no vinho consagrados. Por isso que, após a invocação do
Espírito Santo sobre o pão e o vinho e a narração da última ceia do Senhor, na
missa, toda a assembléia canta: "Anunciamos, Senhor, a vossa morte,
proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus".
Diante desta "hóstia", isto é, diante deste mistério, a gente se
inclina em profunda reverência, se ajoelha e mergulha em profunda contemplação,
assumindo o compromisso de ser também assim: corpo oferecido "como hóstia
viva, santa, agradável a Deus" (Rm 12,1). Adorar a "hóstia"
significa render-se ao seu mistério para vivê-lo no dia-a-dia. E comungar a
"hóstia" significa assimilar o seu mistério na totalidade do nosso
ser para se tornar o que Cristo é: entrega de si a serviço dos irmãos,
hóstia.
E agora entendo melhor quando o Concílio Vaticano II, ao exortar para a
participação consciente, piedosa e ativa no "sacrossanto mistério da
eucaristia", completa: "E aprendam a oferecer-se a si próprios,
oferecendo a hóstia imaculada, não só pelas mãos do sacerdote, mas também
juntamente com ele e, assim, tendo a Cristo como Mediador, dia a dia, se
aperfeiçoem na união com Deus e entre si, para que, finalmente, Deus seja tudo
em todos". Amém.
Ao discorrer sobre a oração, os livros sempre trazem tanta coisa bonita,
tanta teologia e tanta elevação que a gente acaba por dizer: "acho que não
sei rezar". De fato, não fomos formados para a oração. O que sobra, então,
se não temos uma oração bem esclarecida? Sobra nossa oração frágil, mas cheia
de confiança, muito pequenina, como as crianças que chegam desmanchadas em
lágrimas por um dedinho que bateu em qualquer lugar. Aí se dá um beijinho e diz
que passou. Creio que a oração tem muito de pequenino. Penso que Deus, quando
ouve nossos solenes discursos com palavreado chic, diz olhando de lado: de quem
é que estão falando? Certamente são orações de grandíssimo valor, que diante de
Deus serão também como o dedinho que bateu e provocou tantas lágrimas. Podemos
perguntar: podemos rezar pedindo coisas materiais, como por exemplo, um
dinheirinho a mais, a solução de um problema concreto de trabalho, estudo,
negócios, cura de doenças, livrar-nos de apertos e até de complicações, até
conquistar o amor difícil. A oração não se mede pela casca mas pelo conteúdo de
nosso diálogo com Deus e Sua presença em nós. Aliás, a oração pedindo coisas
materiais mostra-nos que até nas coisas materiais queremos depender de Deus. O
salmo reza: "Este infeliz clamou e Deus o ouviu e de todos os temores o
livrou" (Sl 34,6). Certamente que este é um nível necessário da oração.
Devemos continuar aprendendo a entrar em diálogo com Deus sempre em maior
profundidade. Não nos esqueçamos de agradecer quando as coisas dão certo. E mesmo
quando algo não dá certo é preciso dizer: Deus sabe o que faz. Será que Deus
não quer provar nossa confiança?
Salvai-nos, Senhor, pois perecemos!
Deus estende sua mão para nos socorrer nos momentos de maiores
angústias, quando afundamos no mar profundo das dificuldades e mesmo dos riscos
de vida. Lembramos o texto que narra a tempestade do mar. E Jesus dormia no
barco. Eles gritam: "Senhor estamos perecendo" (Lc 8,24). Lembramos o
texto onde Jesus aparece andando sobre as águas. Pedro também querendo caminhar
sobre as águas, tem medo e começa a afundar. E grita: "Senhor,
salva-me!" (Mt 14,30). Há momentos em que queremos o socorro imediato,
senão estamos perdidos. O desespero, em determinadas situações, faz-nos gritar
a Deus. É oração, pois sabemos, mesmo que não tenhamos muita fé nem devoção,
Deus é o último refúgio. Não tenhamos remorso de chamar a Deus quando sentimos
que não merecemos, pois Ele nos tem sempre a todos como filhos. Que pai ou mãe
não acode o filho que não lhes trata bem?
Oração que não é ouvida
Às vezes clamamos tanto e não somos ouvidos. Aí nos revoltamos. Não que
Deus não nos ouça. Ele sempre nos dá o melhor, mesmo que,para nós, tal não
pareça o melhor para nós. O próprio Jesus pediu para ser libertado da morte e
foi ouvido, não na morte, mas na ressurreição. Ele pediu "entre clamores e
lágrimas" (Hb 5,7). Penso que a maior graça que Deus nos dá quando não
recebemos o que pedimos é a capacidade de viver bem a situação dolorosa que
enfrentamos. Deus não dá um sofrimento que não possamos carregar. Ele atendeu.
Deus dá forças para viver. Muita gente, depois de rezar, pedindo uma graça, e
não conseguí-la, revolta-se contra Deus. Lembremos sempre que a oração não é
para convencer a Deus, mas para convencer-nos a respeito de Deus. Se não recebe
a graça, continue a rezar.
Pe. Luiz Carlos de Oliveira, C.Ss.R.
Misericórdia
Por: Padre Wagner Augusto Portugal
A Eucaristia que celebramos no sétimo domingo do Tempo Comum é o ponto alto da misericórdia e do perdão divinos. Não as celebramos porque somos melhores do que os outros; não somos perdoados porque merecemos, mas porque Deus é perdão gratuito.
Na Eucaristia, Jesus nos restaura plenamente, curando-nos por dentro e por fora. Ensina-nos a ser solidários com quem sofre, compadecendo-nos. Nela, encontramos Jesus, a realização de todas as promessas do Pai, expressão máxima e insuperável de fidelidade. Por meio d’Ele e ungidos pelo Espírito, dizemos nosso “sim” ao Pai.
Segundo Isaías, o povo comportou-se, em relação a Deus, como patrão cruel e despótico. Nós também, muitas vezes, nos comportamos assim. Mas Deus jamais deu trabalho a seu povo, exigindo oferendas, sacrifícios e incenso, mas o povo, sim, deu trabalho e canseira a Deus, com seus pecados. E nós, nos dias de hoje continuamos a agir assim.
O que fará Deus a esse povo que o tratou e trata tão duramente? Ao invés de responder com castigos aos pecados do povo, responde com a misericórdia e o perdão gratuito: “Sou eu mesmo que cancelo tuas culpas por minha causa e já não me lembrarei de teus pecados”.
Deus se manifesta em Jesus como quem devolve a liberdade e eleva à plenitude a nossa vida.
Em Nosso Senhor Jesus Cristo se confirma a vontade de Deus de nos salvar para sempre. Tudo isso é o que não puderam ou não quiseram entender os escribas e, até hoje, muitos de nós procedemos assim. Essa é uma novidade grande demais para quem não procura conhecer o Pai ou se acomoda no seu universo egoísta.
É preciso que tenhamos a fé e a solidariedade daqueles homens que carregaram o paralítico até Jesus para que mereçamos que Deus nos liberte de nossos pecados e enfermidades e, assim, possamos tomar as rédeas de nossa vida, de nossa liberdade, para não tornar a cair na escravidão.
A misericórdia vem de Deus naturalmente. Abramos os braços e o coração para Ele e para nossos semelhantes, a fim de recebermos plenamente a misericórdia divina.
Transmissão da fé!
Por: Padre Wagner Augusto Portugal
O orbi católico, com interesse, acompanha o desenrolar da XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que desde o último dia 07 de outubro, está reunido, sob a presidência do Santo Padre Bento XVI, em Roma, que tem como tema: A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã.
É bonito observar, pelos boletins repassados pela Sala de Imprensa e pela Rádio Vaticana, da abertura do Papa Bento XVI que, com grande humildade, acompanha todos os trabalhos do Sínodo e ouve, escuta, com grande interesse, as intervenções dos padres sinodais. Cada padre sinodal, eleito pelas Conferências Episcopais ou nomeados pelo Santo Padre, tem o direito de expor, livremente, o seu pensamento, por cinco minutos.
O Sínodo dos Bispos tem sido uma ocasião especial de comunhão na Igreja. É bela a experiência de convivência e diálogo entre os bispos dos vários continentes e, de modo especial, a presença do Santo Padre, o Papa. A participação assídua e diária do Papa Bento XVI, a sua sabedoria, simplicidade e cordial atenção têm encantado a todos. O Sínodo representa um dos frutos preciosos do Concílio Vaticano II, promovendo a unidade e a corresponsabilidade na Igreja. Trata-se de um exercício precioso de colegialidade episcopal. A participação de presbíteros, religiosos(as), diáconos e leigos(as) amplia e fortalece a comunhão eclesial. A busca da unidade entre todos os que creem em Cristo tem sido bem manifestada através da participação de "delegados fraternos", representantes de outras Igrejas cristãs. Um belo e salutar testemunho de fidelidade ao Espírito Santo, que ilumina, fortalece, guia e renova a missão da Igreja no ato de falar, ouvir, refletir e transmitir a fé recebida no Santo Batismo. Todos eles tem tido oportunidade de falar à Assembléia Sinodal, demonstrando também o desejo de unidade e a urgência da(nova)evangelização no mundo de hoje.
O Papa Bento XVI, disse com cúria: "O olhar sobre o ideal da vida cristã, expressado na chamada à santidade, nos encoraja a ver com humildade a fragilidade de muitos cristãos, antes, o seu pecado, pessoal e comunitário, que se apresenta como um grande obstáculo para a evangelização; e nos encoraja a reconhecer a força de Deus que, na fé, vem ao encontro da fraqueza humana. Portanto, não se pode falar da nova evangelização sem uma disposição sincera de conversão. Deixar-se reconciliar com Deus e com o próximo (cf. 2 Cor 5,20) é a via mestra da nova evangelização. Só purificados, os cristãos podem encontrar o legítimo orgulho da sua dignidade de filhos de Deus, criados à Sua imagem e redimidos pelo sangue precioso de Jesus Cristo, e podem experimentar a sua alegria, para compartilhá-la com todos, com os de perto e os de longe" (cf. homilia da Missa de Abertura do Sínodo dos Bispos, 07 de outubro de 2012).
Recordou-nos o arcebispo de Mariana, Dom Geraldo Lyrio, que a Nova Evangelização deve levar as pessoas à experiência profunda do encontro com Jesus Cristo vivo e,que a Sagrada Liturgia é um dos lugares privilegiados para este encontro. Com base nos documentos conciliares, afirmou que a liturgia é fonte e lugar de evangelização, pois nela Deus fala a seu povo e Cristo anuncia seu Evangelho. Por isso, sem sombra de dúvida, uma das questões fundamentais para que possamos neste momento rever em nosso trabalho evangelizador é a transmissão da fé. Como os pais e padrinhos de batismo tem transmitido a fé aos seus filhos e batizados? Não há mais tempo para uma pastoral de manutenção, mas sim de evangelização, particularmente, dos que estão afastados.
Nesta liberdade imensa que o Papa dá aos padres sinodais de dizerem o que precisa ser modificado na transmissão da fé, não podemos esperar uma Igreja que seja apenas clericalizada, mas uma vivência da fé, na Igreja e para a Igreja, aonde todos, particularmente as instâncias laicas, possam ser ouvidos e sejam protagonistas do anúncio do Reino de Deus, Reino de Justiça e de Paz!
Disponibilidade
Por: Padre Wagner Augusto Portugal
A melhor lição de disponibilidade está nas atitudes de Deus para conosco. A celebração da Eucaristia é a reunião de irmãos que seguem a Jesus. Nela, Deus põe a nossa disposição todo seu ser:a Palavra viva, eficaz e o corpo do seu Filho. A celebração da comunhão de Deus com suas criaturas pressupõe a superação de uma justiça legalista para chegar à fraternidade e partilha plenas dos bens da criação. Na Eucaristia, Deus nada pede para si: ela é dom que leva as pessoas a traduzir em dom a própria vida. Quem absolutiza falsas seguranças (poder, riqueza, posses) não aprendeu a lição da Eucaristia enquanto celebração da mesma fé e da mesma vida, enquanto comunhão com Deus e as pessoas.
No vigésimo oitavo domingo do Tempo Comum, a Palavra de Deus põe a nu e a descoberto nossas opções. É a ela que deveremos prestar contas.
O versículo 28 do texto de Mc 10, 17-30 mostra Pedro – representando os discípulos – sintetizando o que eles fizeram para estar com Jesus. Em caráter permanente, deixaram moradia, laços familiares e posses: casa, irmãos irmãs, mãe, pai, filhos, campos. O discípulo de Jesus é capaz de deixar tudo para seguir o Mestre. Jesus garante: quem tem coragem de fazer isso começa a participar da nova sociedade, tendo Deus como único Pai.. Jesus afirma que quem deixa acaba recebendo cem vezes mais: participa da nova sociedade que tem como ponto de referência os valores evangélicos da fraternidade e partilha dos bens. Entretanto, a nova sociedade será perseguida por aqueles que se fecham na ganância da posse. Mas Jesus, o Mestre rejeitado, está com a comunidade dos perseguidos por causa dele e do evangelho.
Na realidade, o desprendimento não significa que se vá abandonar a família que o próprio Deus nos deu. Significa, sim, que não devemos nos fechar em nossa vidinha particular e precisamos ter disponibilidade de conviver e ajudar os irmãos. Um filósofo já disse que homem algum é uma ilha. Todos. Juntos somos um continente, a humanidade, que deve viver em harmonia, em ajuda mútua, em fraternidade, exatamente com Deus é conosco.
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A nossa confiança não está em qualquer coisa ou em qualquer pessoa, mas
sim em Deus, porque se Lhe pedimos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos
ouve. Com isso a alegria já pode entrar em nosso coração, pois, mesmo antes do
pedido ser atendido, já sabemos que fomos ouvidos pelo Pai.
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A maior prova de que Deus nos ama é que existimos, pois a maior graça é que Ele
é o dom da sua vida, e é pelo mesmo amor que Ele mantém a nossa vida.
Se estamos envolvidos em um projeto bom, com certeza enfrentaremos inúmeras
dificuldades, tribulações e tentações por parte do maligno, mas se o desejo do
nosso coração é fazer o bem e a caridade, Deus irá permitir que nosso sonho se
concretize.
É vontade d'Ele que nos santifiquemos, por isso, Ele coloca nossos olhos n'Aquele
que foi Santo, Seu Filho Jesus Cristo. Enquanto tivermos os olhos voltados para
Cristo, todos os nossos atos, desejos e palavras serão via para nossa
santificação, e isso sempre será ouvido pelo Senhor.
Não é apenas nosso direito pedir por coisas boas, mas nosso dever. Afinal, a fé
é a confiança que nos faz avançar, mesmo sem ver o resultado das coisas que
pedimos, ou seja, pedir ao Pai é um exercício de fé e perseverança nas Suas
promessas.
Assim, é com a nossa salvação, pois mesmo antes de vislumbrá-la, face a face
com Deus, nós já sabemos que fomos salvos por Cristo.
Quando rezamos por alguém que nos fez mal, não é para que ela sofra as
consequências dos seus atos e seja punido, mas para que o mal seja quebrado e,
por meio da nossa intercessão, ele encontre o seu caminho de salvação.
Santa Terezinha, por ser enclausurada no convento, tinha o hábito de interceder
por pessoas à distância, e ela mesma nos diz que o poder da intercessão à
distância é muito maior que o poder da evangelização presente, como acontece em
uma pregação ou em um grupo de oração.
Na Bíblia, quando Jó fica doente, seus amigos vão visitá-lo e se posicionam
contra ele e a favor de Deus, dizendo que ele era orgulhoso, tirando proveito
daquele que já estava caído. Mas a intercessão de Jó, em favor do seus amigos,
os salva da ira do Senhor.
Deus é sempre misericórdia e perdão. Mas pecado contra o Espírito Santo é dizer
que não queremos a ação do Pai em nossas vidas, ou seja, nos fecharmos para o
perdão, dizendo que não precisamos da piedade do Senhor.
Este pecado acontece quando dizemos que jamais queremos estar na presença de um
Deus que nos deixa sofrer ou quando falamos que estamos cientes do pecado que
cometemos e jamais iremos nos arrepender disso.
A intercessão sobre essas pessoas é um dever nosso, pois precisamos rezar por
elas para que façam uma experiência com o Espírito Santo, o qual chamamos de
batismo no Espírito, uma forma de abri-se para as ações de Deus.
Se você quer se preservar do mal, existe apenas uma solução: ser cheio do
Espírito Santo. O demônio não pode fazer nada contra nós se nossa vida estiver
nas mãos de Deus, porque ser do Senhor é ser guiado por Ele e romper com tudo
que ainda nos aproxima do príncipe deste mundo.
Márcio Mendes
Membro da Comunidade Canção Nova
Transcrição e adaptação: Gustavo Souza
“Se estás para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares que teu
irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai
primeiro reconciliar-te com teu irmão: só então, vem fazer a tua oferta”. (Mt
5,23-24)
Uma vez tomada a decisão de perdoar, na fé e pela fé, saímos de nós
mesmos e nos movemos na direção do outro.
Este outro pode ser nós mesmos, Deus ou então, o meu próximo. Às vezes, diria
até, na maioria das vezes os três direcionamentos do perdão são uma só e mesma
realidade.
Em qualquer uma delas saímos de nós mesmos, deixamos nosso egocentrismo,
quebramos nosso egoísmo. É comum ouvirmos desculpas do tipo: “só perdoo se ele
vier pedir perdão”. “Que se humilhe, já que foi ele que me feriu”. “Que o outro
venha ao meu encontro, já que foi o culpado de nós afastarmos dele”. Não é bem
o pensamento de Deus. Jesus é enfático no evangelho de Mateus quando manda ir
reconciliar-se com o irmão que nos deve. Faz-se necessário externalizar sempre
o perdão. É preciso fazer o outro saber que você perdoou.
No exercício da Cura Interior tem um efeito transformador você dizer que
perdoa. Você pode e deve fazê-lo, mesmo em relação a alguém falecido. Se a
pessoa não está perto, e caso, não acha como fazê-lo pessoalmente, use tudo que
estiver ao seu alcance. Vale telefonemas, cartas, emails e mesmo as redes
sociais. Pessoalmente, declare esse perdão falando em voz alta ou em oração
vocal.
Uma oração maravilhosa de Cura Interior para declarar o perdão consiste em usar
a imaginação, transportar-se para a cena onde o outro nos machucou, ofendeu,
difamou, violentou e ali nos vermos dizendo que perdoamos aquele que nos feriu.
Aconselho sempre levar consigo em imaginação, a sua Comunidade Interior, ou
seja, convidar Jesus, Maria, algum santo de sua estima, ou até mesmo alguém
falecido que você ama e com o auxilio deles dizer: “Eu perdoo você”. Essa
oração é muito eficaz quando lidamos com feridas profundas da alma, traumas e
violência na área afetiva e sexual.
Contudo, nada melhor no exercício do perdão, do que desafiar-se e mover-se ao
encontro do outro. Jesus exige que possamos ir ao encontro de quem está magoado
conosco. Ir buscar aquele que nos ofendeu, mesmo que não tenhamos culpa de
nada. Lembre-se, esta é a atitude mesma de Jesus. No alto da Cruz ele declarou
o perdão. Moveu-se na direção de seus algozes e externalizou o perdão, pedindo
que o Pai os perdoasse. Como verdadeiros discípulos, façamos o mesmo.
O que é a verdade? Podem as faculdades humanas chegar a apreendê-la?
E qual seria o critério seguro para se discernir do erro a verdade?"
A resposta a estas questões requer, antes do mais, breve observação: ao
falarmos da verdade e da possibilidade de a ela chegarmos, tocamos noções
fundamentais, pressupostas por qualquer raciocínio. A possibilidade de
apreender a verdade é implicitamente admitida por todo homem que indague;
caso não a admitisse, este não se daria ao estudo, nem mesmo com o fito
negativo de destruir as teses que afirmam o valor da mente humana.
Por isto a nossa tarefa, ao abordarmos as questões acima, será principalmente
a de explicitar e analisar noções implicadas pelos conceitos de verdade e de
apreensão da verdade. Não se pode propriamente demonstrar a aptidão da
inteligência para conhecer a verdade, pois demonstrar significa partir de
conhecimentos tidos como certos para chegar a novos conhecimentos, ignorados
pelo estudioso; o fato, porém, de que este considere alguns conhecimentos
como certos, supõe admita que a inteligência seja apta para os possuir.
Donde se vê que a demonstração da aptidão da inteligência para apreender a
verdade já suporia esta aptidão; suporia justamente o que deveria provar. Não
é, pois, possível. — Nem e necessária tal demonstração, pois a aptidão da
inteligência constitui algo que, implicitamente ao menos, apreendemos com
segurança, como condição básica do conhecimento, todas as vezes que
conhecemos alguma coisa.
Em nossa resposta, consideraremos em primeiro lugar o que é a verdade, para
procurarmos, a seguir, qual seja o critério da verdade.
1. Que é a verdade?
1. Os filósofos ensinam que a verdade é a conformidade ou adequação entre
dois termos: a inteligência e a realidade. Esta conformidade pode ser
considerada sob dois aspectos:
1.a) Leve-se em conta a conformidade de um ser (ou de um objeto) com a
inteligência que o concebeu. Tem-se então o que se chama a verdade ontológica
ou a verdade do ser. Tal ser é dito verdadeiro, porque é conforme ao exemplar
que tal inteligência concebeu a seu respeito.
Ora todo ser é verdadeiro ao menos em comparação com a Inteligência Divina. Esta,
de fato, concebeu todos os seres e, concebendo-os, deu-lhes existência em
plena conformidade com o arquétipo concebido por Deus; tudo que agora existe,
é um reflexo pequeno da infinita sabedoria divina. Não há ser existente que
não corresponda ao exemplar traçado pelo Criador; donde se vê que não há ser
que não possua sua verdade ontológica.
Dir-se-á, contudo: existem também falsidade e erro no universo! — Sim;
pondere-se, porém, que o erro e a falsidade não são entidades positivas, mas
carências de entidade (assim como o mal não é entidade, mas carência de
entidade; cf. «P. R.» 5/1957, qu. 1); tudo que há de entidade numa coisa
falsa, é conforme ao seu exemplar divino e, por conseguinte, verdadeiro; a
falsidade só consiste numa lacuna que sobrevém a esse ser verdadeiro. Assim
num homem que é falso amigo, tudo que há de positivo e real (a natureza
humana, a inteligência, a capacidade de amar) é conforme ao modelo concebido
pelo Criador, isto é, possui verdade ontológica (tal entidade coisa boa —
existe como Deus a concebeu); acontece, porém, que essa pessoa, ao amar, ama
sem se conformar ao exemplar ou ao ideal da amizade traçada por Deus; essa
falta de conformidade, que não é entidade, é justamente o que faz de tal
pessoa um falso amigo.
1.b) A conformidade entre inteligência e objeto pode ser considerada não do
lado do objeto, mas do lado da inteligência. Tem-se então a verdade lógica.,
isto é, a adequação da inteligência ao objeto, a uma realidade que ela não
faz e que existe independentemente dela. É esta a verdade do conhecimento, em
torno da qual se põem geralmente os problemas de criteriologia.
Como se vê, a definição de verdade inclui a noção de um objeto existente fora
do indivíduo e apreendido pela inteligência tal como ele é (de modo a se ter.
adequação ou conformidade).
2. Eis, porém, que surge a dúvida: poderíamos supor que de fato apreendemos
os objetos existentes fora de nós tais como eles são e não apreendemos apenas
uma simples aparência desses objetos? Quem nos garante que o nosso pretenso
conhecimento do mundo externo não passa de mera ilusão subjetiva?
Tal dúvida se resolve pelo recurso à experiência, assim como pela verificação
das absurdas consequências que o relativismo e o ceticismo acarretam. É o que
nos propomos desenvolver sob três aspectos:
2.a) A experiência atesta que afirmamos de maneira espontânea e constante a
existência do nosso corpo e de outros corpos (ou do mundo sensível exterior a
nós).
Na percepção dos objetos sensíveis, temos consciência de que somos passivos
ou de que os nossos sentidos estão sendo excitados por um estímulo exterior:
num simples aperto de mão sentimos em nós a ação de um ser distinto que
atingimos. Também os nossos conceitos intelectuais nos atestam a apreensão de
seres existentes fora de nós, pois estão sempre relacionados com atos dos
sentidos, que dependem de objetos exteriores a nós; basta lembrar que quem
sempre careceu do sentido da vista, é incapaz de conceber a ideia de cor.
A afirmação de que existem tais e tais corpos fora de nós impõe-se com
necessidade inelutável. Os que negam a capacidade de apreendermos o mundo
sensível, só a negam teoricamente; na prática procedem como se estivessem
seguros de lidar com tais e tais corpos bem distintos uns dos outros
(alimentos, vestes, caneta, lápis, etc.).
Pois bem. A afirmação que espontaneamente fazemos da existência de objetos
fora de nós, não pode corresponder a uma ilusão. Tratar-se-ia de ilusão
básica e universal (extensiva a todos os homens). Ora tal ilusão é
impossível, pois implicaria fragorosa contradição: com efeito, para
reconhecer uma ilusão como ilusão, é preciso já tenhamos tido o conhecimento
verdadeiro do objeto acerca do qual nos dizemos iludidos; é somente pela
comparação da afirmação presente com o conhecimento que outrora tínhamos a
respeito do mesmo objeto, que podemos concluir estarmos atualmente em ilusão.
Portanto afirmar uma ilusão básica ou inicial é absurdo, porque toda
afirmação de ilusão por parte de um sujeito supõe que o mesmo sujeito tenha
previamente conhecido a realidade autêntica (somente quem já viu pérolas
verdadeiras se acha em condições de afirmar estar agora vendo aparências de
pérolas ou pérolas falsas).
Donde se percebe que não poderíamos asseverar que nos iludimos quando
julgamos apreender objetos exteriores a nós. se não tivéssemos alguma vez
atingido realmente objetos exteriores; um homem detido num recinto cujos
limites ele nunca tivesse visto, não teria consciência de estar detido ou
preso; para o poder assegurar, ele deveria chegar até a cerca ou as grades do
recinto e considerar a área exterior. Assim o indivíduo humano, se estivesse
encerrado em sua consciência sem jamais atingir objetos externos, não poderia
ter o conceito de realidade exterior, nem fazer distinção entre o interior e
o exterior, entre os conceitos meramente subjetivos e os realmente objetivos,
distinção que de fato a nossa consciência faz.
Conclui-se, pois, que ter a experiência cotidiana na qualidade de ilusão é
absurdo insustentável. Toda modalidade de idealismo (sistema segundo o qual
só conhecemos produções da nossa mente, nada, porém, de objetivo) há de ceder
ao realismo natural. Quem se quer furtar aos dados realistas que o bom senso
lhe fornece, cai em absurdo tal que só lhe resta voltar à posição natural,
isto é, reconhecer o valor objetivo das nossas percepções.
2. b) O simples fato de duvidarmos da veracidade de nossos conhecimentos
supõe a posse certa de algumas noções; supõe portanto a veracidade mesma de
nosso conhecimento. Com efeito, quem duvida, afirma a sua própria existência
(«sou um sujeito que duvida») ; quem duvida, sabe o que ó dúvida, sabe o que
é certeza e distingue esta daquela (distingue o ser do não-ser) ; quem
duvida, tem certeza de que são insuficientes os motivos para afirmar tal
coisa em vez de tal outra, etc. Donde se vê que toda dúvida se baseia sobre a
prévia certeza de alguns dados; por conseguinte, a dúvida universal (ou
dúvida a respeito de tudo), como atitude prática, é fisicamente impossível.
2.c) Considerado agora como doutrina, o ceticismo se mostra contraditório.
Efetivamente, o ceticismo afirma que de tudo devemos duvidar por sermos
incapazes de atingir a verdade com certeza.
Ora esta tese é proposta pelo cético
a) ou como algo de certo; equivale então a dizer: «É certo que nada há de
certo». No caso, o cético sabe algo de certo (=sua própria tese) ; por
conseguinte, já não pode duvidar de tudo. E, caso queira provar «ser certo
que nada há de certo», o cético cai em mais flagrante contradição, pois toda
prova supõe premissas certas e o valor do raciocínio.
b) .. .ou como algo de provável; equivale então a dizer: «É provável que nada
há de certo». Neste caso também, o cético sabe algo com certeza, isto é, a
probabilidade do seu sistema, pois ele não poderia dizer que sua tese é
provável, se não possuísse com certeza alguma razão provável que fundasse a
dita probabilidade;
c) .. .ou como algo de que o cético mesmo não tem certeza. E não tem certeza
ou porque os motivos pró e contra o ceticismo lhe parecem equivalentes. A
pessoa no caso supõe a certeza da discriminação desses motivos, supõe a
certeza de um critério para distinguir o certo do incerto e para avaliar a
igualdade dos motivos... Consequentemente, tal cético possui suas certezas e
se contradiz;
... ou porque não vê motivo nem pró nem contra o ceticismo. Nesta hipótese, a
pessoa não propõe o ceticismo como doutrina, pois toda doutrina se funda em
razões, certas ou prováveis. Contudo mesmo esta posição extremamente
reservada implica contradição, pois supõe a certeza de que não é a mesma coisa
possuir e não possuir motivos (princípio de contradição: «o ser não é o não
ser»); supõe também a certeza de que nada se deve afirmar sem razão segura.
«De resto, todos estes recursos do cético provam que ele procura fugir das
contradições (e isso demonstra que ele admite como certo o princípio de
contradição), mas sem o conseguir: só foge de umas para incorrer noutras.
Leva sempre consigo a contradição essencial desta doutrina: também o
conhecimento provável é um conhecimento, é saber que a mente não alcançou
ainda a certeza para a qual é feita e tende; isso pressupõe o conhecimento da
aptidão da mente para conhecer a realidade: saber que não sabe é um saber,
pois é a afirmação da existência real de um determinado estado da mente;
donde o ceticismo é sempre a negação de toda a certeza junta com a aceitação
de algumas certezas.
Logo, sob qualquer forma que seja proposto, o ceticismo inclui sempre algumas
certezas, inclui sempre o Dogmatismo, e por conseguinte não pode afirmar-se
sem 'ipso facto' negar-se. — É esta a refutação eficaz do ceticismo, por
redarguição, já usada por Aristóteles (Metafísica 4, 3 e 4), pela qual se
torna evidente que o cético não pode afirmar sua suposição sem ter que
admitir o que ele nega» (P. Cerruti, A caminho da Verdade Suprema. Rio de
Janeiro 1954, 48s).
Uma vez comprovado o absurdo de qualquer posição que duvide da nossa
capacidade intelectiva de apreender a verdade, surge a questão: qual será
então o critério (isto é, o sinal necessário e suficiente) que nos leva a
discernir com segurança a verdade e a falsidade?
2. O critério distintivo da verdade
A Filosofia perene responde que o sinal último, necessário e suficiente, para
que se possa distinguir do erro a verdade, é a evidência intrínseca dos
objetos do conhecimento. E que se entende por «evidência intrínseca...» ?
«Evidência» é termo derivado do setor da visão sensitiva (ocular) e
transferido para o plano do conhecimento intelectivo.
Os filósofos, em geral, ensinam que a evidência não pode ser propriamente
definida, porque ela é o que há de mais simples e claro; é como a luz, que se
manifesta a si mesma e manifesta outras coisas, mas por nada pode ser
manifestada.
Explicitando, porém, a noção de evidência, diz-se que é a propriedade pela
qual o objeto se torna manifesto ou se faz ver à inteligência de tal modo que
esta não possa deixar de afirmar tal objeto.
Distinguem-se duas modalidades de evidência:
2.a) a evidência intrínseca: é aquela pela qual o objeto se patenteia por si
mesmo e em si mesmo; o objeto projeta a sua própria luz e refulge à mente de
quem o considera; possuem, por exemplo, evidência intrínseca as proposições
«o todo é maior que uma de suas partes», «dois e dois são quatro»;
2.b) a evidência extrínseca: é a que se obtém quando o objeto, permanecendo
inevidente em si mesmo, merece não obstante ser afirmado, em virtude da
evidência que temos da autoridade de uma testemunha que vê tal objeto e o
apresenta à nossa inteligência. A evidência extrínseca é a que toca, por
exemplo, às verdades da história: não nos é possível contemplar diretamente
os fatos que as crônicas antigas nos narram; estes acontecimentos por si não
se manifestam ao estudioso; não obstante, o historiador os afirma com
segurança mediante a evidência de documentos cuja autoridade ou veracidade
ele pode controlar.
Pois bem; estes dados já nos possibilitam entender a proposição enunciada
acima: o critério ou o sinal seguro da verdade é a evidência intrínseca do
objeto do conhecimento.
Tal asserção poderá ser ilustrada mediante o seguinte raciocínio: a evidência
intrínseca supõe que o objeto seja adequadamente proposto à inteligência;
ora, se esta em tal caso, não prorrompesse em uma afirmação, já não seria
potência ou faculdade de conhecer, mas impotência (o que é contradição), como
os olhos que, diante do objeto colorido adequadamente proposto, não vissem,
não seriam potência visiva. É necessária a luz para conhecermos e
distinguirmos cores; quando, porém, estas aparecem e há olhos capazes de ver,
a visão se processa de modo infalível; o mesmo se dá no plano da evidência
intelectual.
De resto, todos os filósofos, qualquer que seja o seu sistema, admitem,
explícita ou implicitamente, a evidência como critério supremo da verdade;
mesmo o idealista, que afirma: «Conhecer é criar imagens subjetivas e
ilusórias», ensina esta tese, porque pretende ver que a realidade é essa; se
dissesse: «Professo que conhecer é criar, não porque o veja, mas porque me
agrada afirmar isto», a sua tese perderia todo valor em si e todo motivo para
se impor a outros. Portanto mesmo quem critica o conceito tradicional de
verdade, não pode ser tomado a sério, se não diga que vê e se não procure
fazer ver que as coisas existem de modo diferente do que se pensa.
Destas considerações se deduz que o erro intelectual só se pode dar onde não
haja evidência do objeto. Sim, o erro intelectual consiste em se afirmar o
que não é; ora o não-ser, não tendo entidade, não pode ser evidente ou não
pode agir sobre a inteligência e necessitá-la a dar sua adesão. Por
conseguinte, todo erro é dependente da vontade; deve-se, em última análise, à
influência da vontade, que move a inteligência a afirmar algo que ela não vê
com evidência. O erro intelectual jamais é algo em que o homem normal deva necessariamente incorrer.
Para tomar plena consciência disto, comparemos entre si as duas séries de
proposições:
1) «O todo é maior do que uma das suas partes».
«A soma dos ângulos de um triângulo equivale a dois ângulos retos».
2) «O número de estrelas é par».
«O homem é um quadrúpede».
As duas primeiras afirmações (desde que sejam devidamente analisados os
conceitos que elas implicam) se impõem ao intelecto, exigindo o assentimento
deste, independentemente de um ato prévio da vontade (ou independentemente de
querermos ou não querermos...).
As duas últimas sentenças, ao contrário, não trazem em si mesmas sua luz; por
isto não forçam a inteligência a dizer Sim; esta só lhes dará assentimento
após um ato de vontade, ou seja, caso o indivíduo resolva (por um motivo
qualquer que não seja a evidência do objeto) afirmar que o número de estrelas
é par...
Entre as causas que movem a vontade ao erro (causas do influxo da vontade
sobre a inteligência para que esta afirme o que não é), têm grande peso as
causas morais: precipitação afoita (a pessoa não tem paciência para analisar
o que diz), vaidade (o sujeito não tem conhecimento do assunto; não obstante,
quer dizer alguma coisa sobre o tema, para não revelar sua ignorância),
preguiça de averiguar o sentido dos termos ou das premissas de um raciocínio,
paixões desregradas, que levam a tomar posições doutrinárias convenientes a
quem vive no vício moral. Observava Leibniz : «Se a geometria contrariasse as
nossas paixões e os nossos interesses momentâneos, tanto quanto a Moral, nós
a contestaríamos e a violaríamos não menos do que a Moral, apesar de todas as
demonstrações de Euclides e Arquimedes; trataríamos a estas como a sonhos
cheios de contradições. José Scaliger, Hobbes e outros, que escreveram contra
Euclides e Arquimedes, não encontrariam tão pouco eco quanto encontram»
(Nouveaux essais sur L'entendement humain, citado por J. Bouché, em
«Dictionnaire de Théologie catholique» V 2, 1726).
Como se vê, a filosofia perene é francamente otimista na solução da questão
criteriológica: afirma que o homem foi feito para apreender a verdade e que
só incorre no erro caso não faça uso devido da sua inteligência (note-se bem
que ignorância não é erro: quem ignora um assunto, nada afirma sobre o mesmo;
quem erra, afirma algo em desacordo com a realidade).
Para se evitar o erro, observem-se as duas seguintes normas:
a) proceda a pessoa prudentemente ao analisar os seus conceitos (averiguando
o que cada um deles abrange e não abrange); proceda prudentemente ao comparar
o sujeito e o predicado, antes de formular um juízo; proceda prudentemente ao
deduzir o nexo entre as premissas e a conclusão nos raciocínios;
b) abstenha-se o indivíduo de dar adesão firme antes de ter verificado que
possui a evidência objetiva, e não apenas uma aparência subjetiva de
evidência.
Na elaboração desta resposta, muito nos valemos da obra de P. Cerruti, A
caminho da Verdade Suprema, 2ª ed. 1956.
Dom Estêvão Bettencourt (OSB)
Virtude e fraqueza, graça e pecado são faces da vida de qualquer
pessoa humana. Por experiência, todos conhecem o rosto do erro, da fraqueza e
do pecado, desde o religioso mais espiritualizado ao fiel mais humilde.
Tudo isso está muito presente no cotidiano humano e se manifesta nas mais
diversas formas. "Temos fraquezas em várias áreas da vida.
Temos fraquezas físicas, emocionais, morais, existenciais e espirituais.
Somos constantemente atropelados por essas fraquezas."
Os erros e fraquezas fazem parte da natureza humana. Nem sempre, porém, as
pessoas se colocam, criticamente, diante deles; veem-nos, com facilidade, nos
outros; da mesma forma, os outros os percebem, de imediato, naqueles que não
os enxerga em si. Tudo que se situa na esfera humana está sujeito a fraquezas
e erros. Aliás, a máxima popular já afirma que "Errar é humano".
Como geralmente acontece, numa pessoa, os erros aparecem mais visivelmente
que as qualidades; com certeza, as pessoas contribuem pra isso, na medida em
que não os corrigem, em tempo. A consciência dos erros é o primeiro passo
para sua erradicação; a atitude de desconhecê-los ou relativizá-los, por
sinal, uma prática muito comum, é uma maneira de não eliminá-los, no momento
preciso. Portanto, o pecado é uma realidade na vida humana, desde suas
origens, como se conhece pela Revelação, pelo magistério da Igreja e pela
experiência individual; o pecado, que é uma manifestação de fraqueza, não é
uma realidade abstrata. Todos o identificam em si, nos outros, na história.
Os erros, fraquezas e pecados levam, em muitos casos, à degradação humana.
Todos cometem erros, em maior ou menor densidade, qualquer que seja o prisma
sob o qual se veja o ser humano; as fraquezas estão presentes na postura de
cada um, frente à sua própria condição, que, afinal, sabe que tem um coração
de pecador. O pecado é sempre uma ofensa ao próprio pecador, à comunidade e a
Deus.
A dimensão comunitária do pecado sempre está presente, qualquer que seja o
aspecto sob o qual se manifesta - administrativo, ético, sexual; revela-se aí
a dimensão social do pecado porque atinge a comunidade, atinge a Igreja. Por
exemplo, na mente do povo, jamais poderiam acontecer os crimes e pecados de
pedofilia no universo familiar; no entanto, as estatísticas mais elevadas e
preocupantes encontram-se, exatamente, dentro dos lares; no coração do povo,
são impensáveis casos de pedofilia no mundo eclesiástico; todavia, embora
inaceitáveis, são muito visíveis em pessoas que, por ofício, têm a
responsabilidade de defender a dignidade da vida, em qualquer esfera.
A teologia ensina que a Igreja é santa e pecadora, em sua face histórica e
terrestre; disso São Paulo tinha uma consciência muito aguda, ao se referir à
"comunhão esponsal" entre Cristo e a Igreja. (cf. Ef 5,25-27)
Assim, os fiéis, quando se comportam dignamente, tornam santa a vida da
Igreja, em sua caminhada terrestre; por seus erros, fraquezas e pecados,
tornam a Igreja mais pecadora. Há, então, uma responsabilidade muito grande
de parte de quem reconhece, em sua vida, as marcas da fraqueza humana, em
razão dos erros cometidos, porque não os corrige, em tempo; as fraquezas,
apesar de identificadas, nem sempre são pedagogicamente superadas; os pecados
repetidos estão dizendo que o pecador não se empenha, devidamente, na
edificação de uma vida espiritualmente sólida.
Dom Genival Saraiva de França
A Palavra de Cristo é eficaz. E quem faz o pão se transformar na Carne
de Cristo e o vinho se transformar no Sangue de Cristo é a Palavra de Cristo.
Santo Agostinho disse que Deus sendo todo-poderoso não sabe mais o que dar,
sendo todo rico, não tem mais o que dar. O que há de mais importante, mais
sábio e mais rico Jesus nos deu na Eucaristia.
O Filho Único de Deus é Jesus. Somos filhos de Deus porque Jesus nos assumiu
como irmãos. E então Deus quer que nós tenhamos o rosto de Jesus, que sejamos
imitadores de Cristo. E se eu não me alimento espiritualmente a cada dia, não
tenho forças para enfrentar as fraquezas de cada dia.
E Deus dá a cada dia aquilo que precisamos para aquele dia. Na minha mão está
o agora, o hoje. Na Eucaristia, temos que nos transformar Naquele que
recebemos. É como que Maria estendesse até nós a graça de carregarmos o filho
de Deus no nosso interior, assim como ela o levou em seu ventre por 9 meses.
Temos que estar diante da Eucaristia assim como os santos estão diante de
Deus. Por isso que a Igreja nos ensina que é necessário fazer adoração
Eucarística. E eu creio que a Canção Nova é o que é porque sempre a
eucaristia esteve presente! A Canção Nova consagrou um dia especial da semana
a Jesus Sacramentado e por isso que ela é forte!!
Uma comunidade muda a partir do momento que essa comunidade se une aos pés de
Jesus Sacramentado. Todos os problemas podem ser resolvidos diante do
Santíssimo Sacramento. E se Deus demora pra te atender é porque Ele está
cumulando as graças!
Prof. Felipe Aquino
Depois da morte de Jesus, o grupo que ele havia chamado e formado
ficou sem rumos.
A partir da ressurreição, os acontecimentos mudam. O chamado divino para o
seguimento formará discípulos, mas não fundará comunidades. Só depois da
vinda do Espírito Santo que a assembléia - ekklesia - reunida toma
consciência e recebe a missão de anunciar a boa notícia do Reino de Deus (Mc
1,15 e Lc 4,18-19).
Para João, a vinda do Espírito acontece na tarde do mesmo dia da ressurreição
(Jô 20,22).
Lucas, escrevendo mais de 40 anos depois, descreve o fato como tendo
acontecido durante a festa judaica das Semanas, 50 dias após a Páscoa (At
2,1-11). Páscoa e Pentecostes eram festas agrícolas e recordavam, uma, a
libertação do Egito, e a outra, a Lei dada a Moisés no Sinai. Tornaram-se
festas religiosas.
Com Pentecostes podemos afirmar que nasce a comunidade cristã. Alguns anos
mais tarde, os seguidores de Jesus, o Cristo, foram chamados de cristãos.
Eles continuaram a evangelização através do testemunho e do anúncio
querigmático da vida, morte e ressurreição de Jesus. Nascia a Igreja, fundada
na prédica e na prática de Jesus.
Os anos se passaram. Passaram-se séculos e milênios. A Igreja se firmou, se
estruturou e hierarquizou-se. Viveu momentos de profetismo ao lado de
momentos de estagnação. Viveu situações de testemunho e de martírio,
alternando-as com legitimações e conivências com estruturas pecaminosas de
poder e de sistemas injustos. Soube se expandir e o Ocidente tornou-se
cristão, pelo menos, como adjetivo.
Somente no final do século XX, durante a realização do Concilio Vaticano II,
é que a Igreja se declara toda ela missionária e toda ela povo de Deus. A
imagem piramidal devia ceder lugar à realidade de comunhão e participação.
Esta mesma Igreja, que no Símbolo professamos "una, san-ta, católica e
apostólica", está inserida no mundo em suas duas dimensões: divina e
humana. O Concílio passou e muitos sonhos não foram realizados. Aguarda-mos
um novo alvorecer....
Estamos iniciando um novo tempo cronológico e, com isso, as esperanças
renascem. A Igreja precisa, a cada dia, retomar sua missão de anunciar a
ressurreição diante da morte, de testemunhar o amor solidário aos pobres, de
converter-se, sempre mais, à "escola de vida" apresentada pelo
Divino Mestre: "o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos
ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse" (Jo 14,26).
Internamente, a Igreja precisa de ventos impetuosos trazendo ares novos das
comunidades, sobretudo daquelas à margem da globalização. É preciso alegria,
esperança e coragem, mesmo quando a noite é fria e faz escuro. É preciso força
e testemunho, mesmo quando a mídia, em atitude de revanchismo, alardeia com
insistência que o rebanho está diminuindo e expõe as feridas de alguns
pastores. Não se pode ficar surdo diante do clamor dos pequenos e indefesos.
A promessa de Jesus não deve ser esquecida. É preciso caminhar, e de olhos
abertos.... E, quem sabe, a exemplo dos discípulos de Emaús que reconhecem
Jesus ao partir o pão, voltar correndo para encontrar a co-munidade...
"não é que o nosso coração ardia.." (Lc 24,32).
Missão da Igreja. Voltar às fontes, ao primeiro ardor... nascer de novo -
eclesiogênese - ou, no mínimo, ficar com o velho adágio latino: ecclesia
semper reformanda. Eis o desafio!
Texto extraído do jornal: Santuário de Aparecida - Escrito por: Pe. Gilberto
Paiva, C.Ss.R
Em quase todas as igrejas, nos últimos bancos ou nos pés dos santos,
encontramos as famosas "correntes de oração", com descrições de
prêmios recebidos ou de castigos sobre quem interrompeu a corrente ou não fez
o número exato de cópias de acordo com o pedido.
Alguns textos estão cheios de erros, porque são cópias de tantas
cópias já malfeitas. É admirável a criatividade de quem monta esses
mecanismos para desestabilizar as pessoas.
O medo do sagrado já assusta muita gente e impressiona tanto que a pessoa
acaba fazendo as cópias e enchendo a paciência de outro tanto de pessoas. Não
querem que a corrente seja interrompida em suas mãos, nem analisam o texto,
nem percebem que a sua estrutura básica é igual a outros textos.
Sabemos pela leitura da Bíblia e vendo como Jesus rezava que esse não é um
meio nascido de Deus pelo qual podemos alcançar uma graça ou o bem-estar que
procuramos. Jesus era tão sereno para rezar; criticou os fariseus que eram barulhentos
em suas práticas religiosas.
Por que usar essa técnica para levar as pessoas a acreditarem em um Deus
bondoso?
Podemos fazer propaganda de uma oração que achamos bonita ou que foi boa para
nós em determinado momento da vida, mas no fundo a oração acaba tendo sentido
quando é reflexo da vida interior de contato com Deus em cada pessoa. É
positivo ensinar a reza do terço, o Pai-nosso, a Ave-Maria e outras rezas,
contanto que usemos uma maneira adequada que se aproxime do jeito de Jesus e
do jeito da Igreja.
O medo não nos pode impressionar. Por isso ninguém deve levar em
frente essas correntes de oração. Pode seguramente queimar ou rasgar, sem
levar em conta os referidos castigos.
Não passem para a frente, porque vai levar confusão para outros. Essas
correntes são frutos da imaginação doentia de alguns, usando uma boa
estratégia de divulgação.
Quase o mesmo poderíamos dizer das orações poderosas a Santo Antônio, Santo
Expedito etc. A oração até pode ser boa, mas no final aparece o indesejável: fazer
um certo número de cópias ou publicar algumas vezes no jornal como
ação de graças pelo benefício recebido. Não há outro meio de se
mostrar agradecido?
Seria muito melhor se ajudassem as crianças carentes ou de rua, ajudassem
os idosos, os cegos, os doentes ou o dízimo de sua paróquia. Ninguém está
obrigado a mandar imprimir as cópias ou publicar nos jornais. Precisamos nos
libertar disso e deixarmos de ser supersticiosos. Essas formas esdrúxulas de
fazer divulgação dos santos ou das coisas de Deus é uma falta de respeito com
as coisas sagradas. Lembramos os antigos que diziam: "As coisas santas
devem ser tratadas santamente".
Rezem muito, sem esse medo que prende as pessoas.
Uma oração que liberta nos coloca em contato com o Pai que é amor e bondade e
na sua presença.
Texto extraído do Livro: Religião também se aprende - Padre Hélio Libardi
(editora Santuário).
“Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não
repousar em Ti”, exclama Santo Agostinho nas primeiras linhas de suas
“Confissões”(Conf. I,1). Esse coração inquieto, em sua insaciável busca de
Deus, ofereceu ao mundo belas páginas de reconfortante espiritualidade. O
Santo empenhou sua inteligência nesse esforço de conhecer a amar a Deus para compreender
a verdadeira religião.
A humanidade sempre buscou um modo de se relacionar com Deus. Nem sempre de
modo correto, é claro. Muitas vezes se desviou do caminho, criando
dificuldades para tantos irmãos. Isto, porque se apoiou em princípios errados
que, necessariamente, conduziam a resultados errados.
Diante dos desafios naturais da vida, o homem buscava soluções imediatistas
que acabavam por se deter nas criaturas em vez de se apoiar no Criador. As
mais antigas expressões culturais revelam essa disposição em divinizar a
natureza e seus fenômenos, chegando, em grande maioria de civilizações
antigas, a cultuar ídolos criados por mãos humanas. Faziam isso, para
expressar sua necessidade de apoiar-se em algo que as transcendesse, embora
ocorresse o inverso.
Deus, porém, em sua misericórdia, não abandonou a sua Criação. Ele vem ao
encontro da humanidade de diversos modos: na inquietude do coração que
questiona a necessária divindade; na consciência que mostra uma orientação
para o bem e o desvio do mal; nas “vias” do conhecimento de Deus,
apresentadas por Aristóteles e, bem mais tarde, desenvolvidas por Santo Tomás
de Aquino e outros. Preparando a humanidade para sua vinda, Deus vai formando
um povo e o conduz, passo a passo, em direção a um relacionamento pessoal com
ele.
Diante disso, é fácil entender como o homem procurou se relacionar com o
transcendente. Raramente o povo como tal, entendeu o Deus que se revelava. Em
todas as civilizações, sempre existiu uma instituição religiosa que conduzia
o povo a um comportamento particular.
Ao longo de tantos séculos, a humanidade conheceu muitas formas de se
relacionar com Deus – mesmo dando-lhe nomes e funções diversas – criando um
grande complexo de sistemas religiosos. Até mesmo filosofias e simples
costumes tribais acabavam sendo confundidos com religiões. Um grande número
de crenças orientais tem características nitidamente politeístas, que se
expressam em grandes culturas, nos dias de hoje.
Do mesmo modo, as religiões monoteístas (judaísmo, islamismo e cristianismo)
constituem a grande maioria em nossa atual civilização. No entanto, mesmo
dentro dos sistemas mais bem estruturados, encontramos fundamentalismos,
fanatismo e indiferentismo religioso. É quase impossível relacionar todas as
denominações religiosas de hoje, mesmo aquelas chamadas cristãs, uma vez que
a religião se esfacelou em inúmeras denominações religiosas, seitas
propriamente ditas que se multiplicam cada vez mais: imediatistas,
fundamentalistas, lendárias, utilitaristas, etc. Há verdadeiros profissionais
da crença e muitas vezes iludem as camadas mais simples da população com
promessas de soluções imediatas para seus problemas e angústias.
O Concílio Vaticano II foi uma grande resposta da Igreja a essa problemática
das distâncias entre os irmãos e procurou aproximá-los pelo caminho do
Ecumenismo. Um homem exemplar, que preparou toda a perspectiva do diálogo
ecumênico e, conseqüentemente, as linhas mestras do próprio Concílio, foi o
Papa João XXIII e o Cardeal Agostinho Béa. Quanto ao Cardeal Béa, ainda hoje
é mencionado como o articulador de muitos caminhos de aproximação entre os
cristãos. Presidiu durante décadas o Pontifício Conselho para Promoção da
Unidade dos Cristãos, em suas primeiras expressões. A busca do diálogo parece
ser a mais eficiente chave para se compreender, hoje, esses caminhos
diversos. Os encontros em Assis, a convite do Santo Padre, reunindo os
líderes de tantas religiões é um sinal de grande esperança.
Um dos grandes desafios do nosso novo século é o indiferentismo religioso,
mais que o ateísmo prático. Uma boa parte da nova geração está mais voltada à
própria satisfação pessoal, a interesses particulares e pouco voltada para o
transcendente. Com isso, são alvos fáceis de oportunistas que os manipulam a
seu bel prazer. Com facilidade caem na depressão e buscam nas drogas uma
forma de fugir da realidade.
Por outro lado, podemos antever alguns sinais de esperança. A busca de
expressões religiosas aumentou consideravelmente entre os jovens. As Jornadas
Internacionais da Juventude reúnem milhares de jovens em torno ao Papa, dando
um belo testemunho de renovação na Igreja em suas expressões mais autênticas
de dedicação e entusiasmo. Procuram sempre mais descobrir caminhos autênticos
para suas vidas, orientando-se por uma filosofia sadia. Uma nova geração de
santos já pode ser percebida na juventude de nosso tempo.
Pessoas que deixam tudo para seguir o Senhor, nos seminários, nos mosteiros,
na vida consagrada em geral, nos serviços eclesiais e no voluntariado.
Se, um dia, a túnica sem costura do Cristo foi dividida em tantas facções,
como dizia Santo Agostinho, hoje podemos perceber que aquele manto sagrado
volta a ser tecido com o amor e a dedicação de nossos abnegados jovens, as
famílias cristãs que dão testemunho seguro da autenticidade de sua fé,
religiosos e religiosas que buscam conformar-se ao carisma dos seus
fundadores, configurando-se sempre mais Cristo Jesus, leigos e leigas que
testemunham sua fé nos ambientes de trabalho e mesmo no lazer. Todos buscam a
unidade de fé e são, no mundo, esse sinal do amor de Deus.
Como podemos perceber, caminhamos lentamente para a sonhada unidade. Quando
Jesus nasceu, os anjos anunciaram a paz na terra aos homens de boa vontade.
Serão esses mesmos homens de boa vontade que garantirão, um dia, o sonho do
Senhor, que disse: “...E haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10, 16)!
Dom Oscar Euzebio Sheid
Fonte: Arquidiocese do Rio de Janeiro
Hoje confundimos pessoa, indivíduo, personalismo e individualismo.
Nossa cultura está marcada pela supremacia do individualismo, em detrimento
do altruísmo e do personalismo. O outro, o próximo, o semelhante, o irmão, o
diferente, o necessitado são colocados em segundo lugar e até descartados. O
individualismo globalizado se expressa na absolutização do ter, do poder e do
prazer. Os outros são perdedores, descartáveis, sobrantes, excluídos. Vejamos
alguns aspectos do individualismo hoje.
1. A arbitrariedade. O individualismo se manifesta na
arbitrariedade que é uma atitude de poder, de julgamento, de superioridade,
de centralidade, de dominação. Quando a arbitrariedade significa
desobediência, rebeldia, orgulho, entram em crise valores éticos, religiosos,
sociais e a justificação dos interesses pessoais, caem as instituições, a
objetividade, o bom senso e o respeito pela verdade.
2. O bem material. A pessoa individualista desvaloriza o bem
comum, a justiça social, a compaixão. O dinheiro, a ambição, a ganância, o
lucro é o que interessa. O ter mais vence o “ser mais”. Cresce a indiferença
pelo outro. A competição, a corrupção, a concentração dos bens aumenta a
desigualdade social. Quem cai no individualismo, torna-se insensível, cego,
escravo de cálculos e ambições. Não se pergunta se os outros estão bem e não
se interessa em ser bom para os outros.
3. A satisfação erótica. O erotismo é filho legítimo do egoísmo
individualista, do amor desordenado de si mesmo, do prazer imediato e sem
compromisso, que hoje se caracteriza pela orgasmomania e orgasmolatria,
balbúrdia sexual. O machismo tem muito de egoísmo e erotismo. Acontece no
erotismo a centralização do ego e a subjugação do outro, afirmação de si e a
negação do outro. A espiral do erotismo abre as portas ao alcoolismo, às
drogas e ao vazio existencial.
4. A legitimação dos desejos. O consumismo, através da
propaganda, trabalha com os desejos. Ora cria desejos, ora os aguça. Somos
escravos de desejos desordenados. O mercado excita os desejos das crianças,
jovens e adultos e os legitima como felicidade, bem-estar, auto-realização e
auto-projeção. Promete mundos maravilhosos, messiânicos, efêmeros e eficazes.
A vida é vivida como um espetáculo, uma satisfação de desejos e sensações, e
curtições.
5. A imposição dos direitos individuais. Eu quero, eu sei, eu
desejo, eu tenho direito, eu decido, eu mando. É a defesa arbitrária de
direitos individuais sem compromisso ético, religioso, jurídico, social. Não
podemos ser prisioneiros das modas do momento e ferir a verdade, o bem, a
justiça defendendo direitos individuais de modo arbitrário como por exemplo,
o aborto, a eutanásia, a clonagem etc. quem quer ser o único produtor de si
mesmo acaba degradando-se.
6. A auto-suficiência. Consiste em viver sem Deus, sem mandamentos,
sem a família, sem o matrimônio e sem a comunhão com os outros, sem os
valores objetivos. É a indiferença pelos outros, pelas instituições, pelas
normas, num narcisismo sem limites. O auto-suficiente é folgado, agressivo,
independente, onipotente com grande risco de tornar-se delinqüente.
7. A independência. O individualismo é egolatria, autonomia,
solidão, rebeldia. Os conflitos da independência começam em casa, no namoro,
na escola e no estilo de vida liberal, independente, permissivo. A pessoa pautada
pela independência, assume atitudes de arrogância, arbritariedade,
indiferença, antipatia e agressividade. Chega a ser anti-social e
contestadora das realidades objetivas da vida.
8. O egoísmo. A centralização de si, o egocentrismo é um dos
piores recalques da humanidade. Quando socializado, o egoísmo tem o nome de
lucro, sucesso, consumismo, livre escolha. O que vem primeiro são as
diversões, a curtição, o imediato, a estética, a dimensão lúdica da vida. O
importante é o agora, o espetáculo, as distrações, o corpo.
O egoísmo globalizado gera “povos da opulência e povos da indigência”, alarga
as desigualdades entre ricos e pobres, o império do mercado e a iniqüidade
social. O egoísmo é o caminho do abismo.
Dom Orlando Brandes
Hoje estava pensando por que SOFREMOS?
Talvez muitos possam me achar louco ou doido. Pensar no Sofrimento? Coisa de
“retardado”.
Sofremos porque queremos fazer as coisas do nosso jeito e não damos chance
para que Jesus Cristo faça. Queremos que tudo seja do nosso jeito: eu faço,
eu arrumo, eu quero assim e vou fazer assim. De repente nos deparamos com a
dor e ai vem os sofrimentos. Tudo saiu errado porque não demos a chance para
que Deus fizesse do seu jeito. Tudo precisa ser do nosso jeito e não do jeito
de Deus. Portanto, sofremos muitas vezes porque queremos.
Hoje, fui levado a estes pensamentos, talvez , por ter ido a um hospital
ministrar o Sacramento da Unção dos Enfermos a uma senhora de minha paróquia,
a qual, encontra-se gravemente na UTI, toda entubada. Seu caso grave, devido
a uma pneumonia, e tudo isto gerado mais devido a quantidade de cigarros que
esta fumava. Talvez isto não estivesse acontecendo se ela tivesse ouvido os
médicos e procurado parar de fumar. Lembro-me de uma vez ela mesma ter me
dito,” padre não consigo deixar isto”, enquanto me mostrava o cigarro entre
os dedos. Hoje enquanto rezava e ministrava a unção para ela pensava comigo,
talvez esta situação estivesse sendo diferente se ela tivesse esforçado
mais.
Ás vezes em nossa vida é preciso acontecer coisas muito dolorosas para que
mudemos de VIDA E DE ROTA. E uma delas é o sofrimento. Sei que devidas
situações são dificeis de abandonar da noite para o dia, mas é necessário
esforço, luta, sangue, suor e lágrimas para conseguirmos e então podermos
sair do sofrimento e experimentar a Vida e a Alegria.
O Esforço faz parte e a luta tem de ser radical. Precisamos em determinadas
situações sermos radicais conosco. É como “domar” um cavalo bravo. O
fazendeiro para domar o cavalo leva dias e dias, até torná-lo mansinho e
sereno que até uma criança poderá montá-lo que ele nem chacoalhar irá. Ao
passo que, enquanto está bravo é capaz de matar a mesma criança com um só
coice. Penso que o mesmo deve acontecer conosco, precisamos como o fazendeiro
lutar, exporear, puxar as rédeas até que o “cavalo interior” sinta-se vencido
e dê-se por encerrado a sua braveza e então podermos caminhar sossegado sobre
ele. Tudo isto para que? Para que não tenhamos sofrimentos maiores e
profundos mais tarde.
Há uma Esperança, se lutarmos e manter-nos firmes, Deus em sua profunda
misercórdia é justo e fiel e nos dá a nova chance para sairmos do sofrimento
e experimentar dai a Vida Nova.
Enquanto rezava minhas orações da noite, as Completas, da liturgia das Horas
o Salmo 85 dizia o seguinte que partilho com você os versiculos seguintes: ”
Vós, porém, sois clemente e fiel… sois amor, paciência e perdão. Tende pena e
olhai para mim! Confirmai com vigor vosso servo, de vossa ser o filho salvai.
Concedei-me um sinal que me prove a verdade do vosso amor.” (Sl.
85,15-17).
Que Deus nos conceda a graça de mudar a Rota da nossa Vida e experimentar a
Alegria de ter passado pelo Sofrimento e Vencido!
Pe. Jurandir
Comunidade CN Aliança.
Campanha Missionária 2012
A temática partilha a tua fé tem por objetivo chamar a atenção da Igreja para a importância da universalidade da missão que deve ser pensada para além das fronteiras do ser cristão, sejam elas geográficas ou não, ou seja, a Igreja missionária é aquela que está onde é necessário. O cartaz, por sua vez, simboliza o missionário sem fronteiras que parte do Brasil e partilha sua fé com o mundo, sua casa. Representa o missionário que segue o mandato de Jesus de ir até os confins do mundo e pregar o Evangelho a toda a criatura. O globo, com os continentes nas cores missionárias, representa o espaço onde atua o missionário e a cruz é o sinal do Evangelho, do Cristo, o fundamento da fé cristã.
Concilio Ecumênico Vaticano II
O Concílio Vaticano II (CVII),
XXI Concílio Ecumênico da Igreja Católica, foi convocado no dia 25 de janeiro de 1961, através da bula papal"Humanae
salutis", pelo Papa João XXIII.
Este mesmo Papa inaugurou-o,
a ritmo extraordinário, no dia 11 de outubro de 1962. O Concílio,
realizado em 4 sessões, só terminou no dia 8 de dezembro de 1965, já sob o papado de Paulo VI.[1][3][4]
Nestas quatro sessões, mais de 2 000 Prelados convocados
de todo o planeta discutiram e regulamentaram vários temas da Igreja Católica.
As suas decisões estão expressas nas 4 constituições, 9 decretos e 3
declarações elaboradas e aprovadas pelo Concílio.[1] Apesar
da sua boa intenção em tentar actualizar a
Igreja, os resultados deste Concílio, para alguns estudiosos, ainda
não foram totalmente entendidos nos dias de hoje, enfrentando por isso vários
problemas que perduram. Para muitos estudiosos, é esperado que os jovens teólogos dessa
época, que participaram do Concílio, salvaguardem a sua natureza; depois de
João XXIII, todos os Papas que
o sucederam até Bento XVI, inclusive, participaram do Concílio ou como Padres
conciliares (ou prelados) ou como consultores teológicos (ou peritos).[3][4]
Em 1995,
o Papa João Paulo II classificou o Concílio
Vaticano II como "um momento de reflexão global da Igreja sobre
si mesma e sobre as suas relações com o mundo". Ele acrescentou também
que esta "reflexão global" impelia a Igreja "a uma fidelidade cada
vez maior ao seu Senhor.
Mas o impulso vinha também das grandes mudanças do mundo contemporâneo, que,
como “sinais dos tempos”, exigiam ser decifradas à luz da Palavra de Deus".[5]
No ano 2000, João Paulo II disse
ainda que: "o Concílio Vaticano II constituiu uma dádiva do Espírito à
sua Igreja. É por este motivo que permanece como um evento fundamental não só
para compreender a história da Igreja no fim do século
mas também, e sobretudo, para verificar a presença permanente do Ressuscitado ao lado
da sua Esposa no
meio das vicissitudes do mundo. Mediante a Assembleia conciliar, [...] pôde-se
constatar que o património de dois mil anos de fé se
conservou na sua originalidade autêntica".[6]
Basílica de São
Pedro, Vaticano.
Todos os concílios católicos são
nomeados segundo o local onde se deu o concílio episcopal. A numeração indica a
quantidade de concílios que se deram em tal localidade. Vaticano II portanto,
indica que o concílio ocorreu na cidade-Estado do Vaticano,
e o número dois indica que foi o segundo concílio realizado nesta localidade.
Os concílios,
que são reuniões de dignidades eclesiásticas e de teólogos,
são um esforço comum da Igreja, ou parte da Igreja, para a sua própria
preservação e defesa, ou guarda e clareza da Fé e da doutrina. No caso do Concílio Vaticano II,
a necessidade de defesa se fez de modo universal, porque assituações
contemporâneas de proporções globais abalaram a Igreja. Isto fez com
que a autoridade universal da Igreja, na pessoa do Papa, se encontra
persuadida a convocar um concílio universal ou ecumênico. A força do
Concílio não reside nos bispos ou em outros eclesiásticos, mas sim no Papa, como
pastor universal que declara algo como sendo próprio das Verdades reveladas (e,
por isso, implica a obediência dos católicos). Fora disso, o Concílio tem
apenas poder sinodal. Porém, quando o concílio está em comunhão com o Papa,
e se o Papa falasse solenemente (ex cathedra)
de matérias relacionadas com a fé e a moral, o episcopado plenamente
reunido torna-se também infalível.[7]
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