Leitura dos Atos dos Apóstolos
12Muitos sinais e maravilhas eram realizados entre o povo pelas mãos dos apóstolos. Todos os fiéis se reuniam, com muita união, no Pórtico de Salomão.
13Nenhum dos outros ousava juntar-se a eles, mas o povo estimava-os muito.
14Crescia sempre mais o número dos que aderiam ao Senhor pela fé; era uma multidão de homens e mulheres. 15Chegavam a transportar para as praças os doentes em camas e macas, a fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos a sua sombra tocasse alguns deles.
16A multidão vinha até das cidades vizinhas de Jerusalém, trazendo doentes e pessoas atormentadas por maus espíritos. E todos eram curados.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmo (Salmos 117)
— Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! “Eterna é a sua misericórdia!”
— Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! “Eterna é a sua misericórdia!”
— A casa de Israel agora o diga:/ “Eterna é a sua misericórdia!’/ A casa de Aarão agora o diga:/ “Eterna é a sua misericórdia!”/ Os que temem o Senhor, agora o digam:/ “Eterna é a sua misericórdia!”
— “A pedra que os pedreiros rejeitaram/ tornou-se agora pedra angular./ Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:/ Que maravilhas ele fez a nossos olhos!/ Este é o dia que o Senhor fez para nós,/ Alegremo-nos e nele exultemos!
— Ó Senhor, dai-nos a vossa salvação, /ó Senhor, /dai-nos também prosperidade!” /Bendito seja, /em nome do Senhor, /aquele que em seus átrios vai entrando! /Desta casa do Senhor vos bendizemos. / Que o Senhor e nosso Deus nos ilumine!
Segunda leitura (Apocalipse 1,9-11a.12-13.17-19)
Leitura do Livro do Apocalipse de São João:
9Eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação, e também no reino e na perseverança em Jesus, fui levado à ilha de Patmos, por causa da Palavra de Deus e do testemunho que eu dava de Jesus.
10No dia do Senhor, fui arrebatado pelo Espírito e ouvi atrás de mim uma voz forte, como de trombeta, 11aa qual dizia: “O que vais ver, escreve-o num livro”.
12Então voltei-me para ver quem estava falando; e ao voltar-me, vi sete candelabros de ouro. 13No meio dos candelabros havia alguém semelhante a um “filho de homem”, vestido com uma túnica comprida e com uma faixa de ouro em volta do peito.
17Ao vê-lo, caí como morto a seus pés, mas ele colocou sobre mim sua mão direita e disse: “Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, 18aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para sempre. Eu tenho a chave da morte e da região dos mortos.
19Escreve pois o que viste, aquilo que está acontecendo e que vai acontecer depois”.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Evangelho (João 20,19-31)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor!
19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.
20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.
21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.
22E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”.
24Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio.25Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!”
Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”.
26Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”.
27Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”.
28Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”
29Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”
30Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. 31Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário Do evangelho
A rede de Jesus não se rompe jamais
Temos uma nova aparição de Jesus Ressuscitado. Desta vez, à beira do mar de Genesaré, na Galileia. Mas o evangelista chama a este local com seu nome romano: Tiberíades, talvez para indicar que a missão deve se estender a todos os povos pagãos e não somente à Galileia.
João nos apresenta o firme propósito dos discípulos em ir pescar. Na hora em que Jesus aparece, eles estavam lançando as redes. O que poderia parecer o retorno às suas atividades normais – “humanamente” falando – já que passava a impressão do fracasso do ministério do Mestre. Mas, com a presença do “Pescador por excelência”, faz com que eles retomem a missão deixada por eles.
A narrativa é semelhante a da pesca milagrosa, no Evangelho de Lucas, quando Jesus chama os primeiros discípulos. A pesca é símbolo da missão. A presença e a palavra de Jesus são necessárias para o seu sucesso, e a comunidade missionária se une em torno da refeição eucarística partilhada com Jesus.
Um fato muito importante a se ter em conta é o da rede que não se rompeu. Ela representa a túnica de Jesus que não foi rompida (Jo 19,23-24), a rede de Jesus não se rompe. Quero lhe dizer, meu irmão, que quem vai à pesca com Jesus tem um Guia, uma rede segura que não se rompe jamais! Venha o que vier e de onde. Ela está firme para sempre.
Eu e você precisamos ser esta rede que não se divide e nem divide, mas onde todos caibam. Ele mesmo rezou por esta unidade necessária (Jo 17).
Padre Bantu Mendonça
Ascensão do Senhor ao
céu
Jesus nos prepara um
lugar na eternidade
A festa da Ascensão do Senhor, sabendo que Jesus voltou ao Pai, como
havia dito, “para preparar-vos um lugar”. Nisso podemos ler a orientação da
nossa vida: movemo-nos nesta terra, mas sabemos encaminhados para Deus. Ao
final está Ele a nos esperar.
Quando o primeiro astronauta Yuri Gagarin em 1961 realizou o primeiro vôo espacial, retornando à terra fez declaração surpreendente; “Fui até o céu, mas Deus não encontrei”. Ao invés, nós hoje, em todas as igrejas da cristandade, celebramos a festa da Ascensão ao céu do Senhor Jesus.
Na recitação do credo ao menos em cada domingo dizemos: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo que foi crucificado, ressuscitou dos mortos, e subiu ao céu, onde está sentado à direita do Pai”.
Exprimimos assim nossa fé quanto aos últimos acontecimentos terrenos do Filho de Deus entre os homens. Uma fé que se apóia sobre o testemunho dos apóstolos, da Igreja das origens, dos Evangelhos.
Os evangelistas narram o fato de maneiras bem diversas. Mateus nos conta o fato, o dá como conhecido e bem sabido por todos os cristãos. Marcos diz: “O Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, subiu ao céu e está sentado à direita de Deus”. Lucas ao invés explica que Jesus “foi elevado ao alto sob seus olhos, e uma nuvem o cobriu a seus olhos”.
Essas expressões podem pôr alguma dificuldade à sensibilidade moderna. Não somente a Yuri Gagarin que no espaço não encontrou Deus. Se fosse só por isso, outros astronautas voltaram dos vôos espaciais com o estupor no semblante, entusiastas pelo que tinham visto. Tinham encontrado no vôo espacial sinais da presença misteriosa de Deus. Já o salmista exclamara: “Os céus narram as maravilhas de Deus”.
Conta-se que um ateu falando em confidências com amigos, acreditou ter encontrado a prova de seu ateísmo: “Se Deus existe, por que não escreve o seu nome bem grande no céu, de modo que todos possam ler?” Parecia um pedido sensato. Houve certo embaraço. Mas alguém, com certa impertinência, disse: “Desculpe-me, senhor. Em que língua Deus deveria escrever o seu nome no céu?” Na verdade, o céu azul ou com nuvens, nada tem a ver com o céu da fé, com o céu de Deus. Com a ascensão ao céu, Jesus não entra num lugar, mas em uma dimensão nova, onde não têm mais sentido nossas expressões sobre, sob, diante, atrás. Ir ao céu, significa ir a Deus.
Sabemos que Jesus, Verbo encarnado, tendo voltado ao Pai, lá prepara um lugar também para nós. E mesmo se tudo permanece misterioso, nós cremos em Jesus que nos fala, e cremos na Igreja que nos anuncia Cristo subido ao céu. E nos ensina a esperar igual destino na eternidade.
Hoje se olha pouco para o céu. O céu de Deus. O céu que é Deus mesmo. Tem-se a impressão que uma das três virtudes teologais: fé, esperança e caridade esteja em crise. Não é tanto crise de fé. Existe muita gente que crê. Também não é tanto crise de caridade, de gente que faz o bem e tem cuidado com os outros. Parece ao invés que entrou em crise a virtude teologal da esperança.
O evangelho de Marcos 16, 15-20 nos descreve os apóstolos olhando para o alto, o Senhor que subia ao céu. Nós de tal modo tomados por tantas coisas a fazer aqui em baixo não encontramos mais tempo para olhar o Senhor lá em cima.
Esquecemo-nos de nossa destinação última, a nossa estação final de chegada. A figura dos apóstolos olhando para o alto deyveria fazer-nos recordar que tudo não termina aqui em baixo mas somente começa, a realização e a plenitude da vida nos serão dadas depois. A virtude da esperança nos empurra a caminhar na direção daquele lugar que Jesus nos prepara.
Devemos caminhar até o fim, como a criança que começa a caminhar amparada pela mãe e depois adquire confiança. É a história dos apóstolos, amparados por Jesus. No dia da Ascensão o Senhor os deixa andar sozinhos, e são encaminhados para a sua esperança. E depois deles, o pequeno rebanho, a Igreja que nascia. Quanto caminho percorreu.
Somos cristãos, descendentes dos primeiros discípulos, olhamos o Senhor, na medida em que vivemos a esperança, anunciando o Senhor, passando por este mundo fazendo o bem como o Senhor. Rezamos na Missa: “Corações ao alto. Os nossos corações estão voltados para o Senhor!”
"
Depois os levou para Betânia e, levantando as mãos, os abençoou. Enquanto os
abençoava, separou-se deles e foi arrebatado ao céu. Depois de o terem adorado,
voltaram para Jerusalém com grande júbilo. E permaneciam no templo, louvando e
bendizendo a Deus." Lc 24, 50-53
A festa da Ascensão do Senhor sugere-nos também outra realidade: esse Cristo que nos anima a empreender esta tarefa no mundo espera-nos no céu. Por outras palavras: a vida na terra, que nós amamos, não é a realidade definitiva; pois não temos aqui cidade permanente, mas andamos em busca da futura (Heb 13, 14) cidade imutável.
Cuidemos, porém, de não interpretar a palavra de Deus dentro dos limites de horizontes estreitos. O Senhor não nos incita a ser infelizes enquanto caminhamos, esperando a consolação apenas no mais além. Deus nos quer felizes também aqui, se bem que anelando pelo cumprimento definitivo dessa outra felicidade, que só Ele pode consumar plenamente.
Nesta terra, a contemplação das realidades sobrenaturais, a ação da graça em nossas almas, o amor ao próximo como fruto saboroso do amor a Deu, representam já uma antecipação do céu, uma incoação destinada a crescer de dia para dia. Nós, os cristãos, não suportamos uma vida dupla: mantemos uma unidade de vida, simples e forte, em que se fundamentam e se compenetram todas as nossas ações.
Cristo espera-nos. Vivemos já como cidadãos do céu (Fl 3, 20), sendo plenamente cidadãos da terra, no meio das dificuldades, das injustiças, das incompreensões, mas também no meio da alegria e da serenidade que nos dá saber-nos filhos amados de Deus, e vermos como aumenta em número e em santidade este exército cristão de paz, este povo de corredenção. Sejamos almas contemplativas, absorvidas num diálogo constante com Deus, procurando a intimidade com o Senhor a toda hora: desde o primeiro pensamento do dia ate o último da noite; pondo continuamente o nosso coração em Jesus Cristo, Nosso Senhor; achegando-nos a Ele por Nossa Mãe, Santa Maria, e por Ele, ao Pai e ao Espírito Santo.
E, se apesar de tudo, a subida de Jesus aos céus nos deixar na alma um travo de tristeza, acudamos à sua Mãe, como fizeram os Apóstolos: Tornaram então a Jerusalém... e oravam unanimemente... com Maria, a Mãe de Jesus (At 1, 12-14).
A festa da Ascensão do Senhor sugere-nos também outra realidade: esse Cristo que nos anima a empreender esta tarefa no mundo espera-nos no céu. Por outras palavras: a vida na terra, que nós amamos, não é a realidade definitiva; pois não temos aqui cidade permanente, mas andamos em busca da futura (Heb 13, 14) cidade imutável.
Cuidemos, porém, de não interpretar a palavra de Deus dentro dos limites de horizontes estreitos. O Senhor não nos incita a ser infelizes enquanto caminhamos, esperando a consolação apenas no mais além. Deus nos quer felizes também aqui, se bem que anelando pelo cumprimento definitivo dessa outra felicidade, que só Ele pode consumar plenamente.
Nesta terra, a contemplação das realidades sobrenaturais, a ação da graça em nossas almas, o amor ao próximo como fruto saboroso do amor a Deu, representam já uma antecipação do céu, uma incoação destinada a crescer de dia para dia. Nós, os cristãos, não suportamos uma vida dupla: mantemos uma unidade de vida, simples e forte, em que se fundamentam e se compenetram todas as nossas ações.
Cristo espera-nos. Vivemos já como cidadãos do céu (Fl 3, 20), sendo plenamente cidadãos da terra, no meio das dificuldades, das injustiças, das incompreensões, mas também no meio da alegria e da serenidade que nos dá saber-nos filhos amados de Deus, e vermos como aumenta em número e em santidade este exército cristão de paz, este povo de corredenção. Sejamos almas contemplativas, absorvidas num diálogo constante com Deus, procurando a intimidade com o Senhor a toda hora: desde o primeiro pensamento do dia ate o último da noite; pondo continuamente o nosso coração em Jesus Cristo, Nosso Senhor; achegando-nos a Ele por Nossa Mãe, Santa Maria, e por Ele, ao Pai e ao Espírito Santo.
E, se apesar de tudo, a subida de Jesus aos céus nos deixar na alma um travo de tristeza, acudamos à sua Mãe, como fizeram os Apóstolos: Tornaram então a Jerusalém... e oravam unanimemente... com Maria, a Mãe de Jesus (At 1, 12-14).
É Cristo que passa, 126
Jesus foi para o Pai. – Dois Anjos de brancas vestes se aproximam de nós e nos dizem: – Homens da Galiléia, que fazeis olhando para o céu? (At 1, 11).
Pedro e os restantes voltam para Jerusalém – cum gaudio magno – com grande alegria (Lc 24, 52). – É justo que a Santa Humanidade de Cristo receba a homenagem, a aclamação e a adoração de todas as hierarquias dos Anjos e de todas as legiões dos bem-aventurados da Glória. Mas tu e eu nos sentimos órfãos; estamos tristes, e vamos consolar-nos com Maria.
“Depois
de dizer isso, Jesus foi elevado aos céus, a vista deles. Uma nuvem os
encobriu, de forma que seus olhos não podiam mais vê-lo. Os apóstolos
continuavam olhando para o céu, enquanto Jesus subia” (At 1,9-10)
O texto dos Atos dos Apóstolos descreve o centro do mistério que se celebra na Solenidade da Ascensão do Senhor: Jesus sobe aos céus e, a partir daquele momento, sua presença entre nós manifesta-se de outros modos: nos sacramentos, na Palavra, na pessoa do outro e pela vida de união íntima ao Mestre, como um ramo de videira unido ao seu tronco (Jo 15,1-8). Uma presença que se caracteriza pela atividade da Igreja através dos discípulos do Senhor. É nesse sentido que a Ascensão do Senhor conclui, de modo glorioso, a vida pública de Jesus e delega compromissos missionários e organizacionais à comunidade, aos discípulos e discípulas.
O texto dos Atos dos Apóstolos descreve o centro do mistério que se celebra na Solenidade da Ascensão do Senhor: Jesus sobe aos céus e, a partir daquele momento, sua presença entre nós manifesta-se de outros modos: nos sacramentos, na Palavra, na pessoa do outro e pela vida de união íntima ao Mestre, como um ramo de videira unido ao seu tronco (Jo 15,1-8). Uma presença que se caracteriza pela atividade da Igreja através dos discípulos do Senhor. É nesse sentido que a Ascensão do Senhor conclui, de modo glorioso, a vida pública de Jesus e delega compromissos missionários e organizacionais à comunidade, aos discípulos e discípulas.
A história
Os textos das missas que descrevem a teologia das antigas celebrações celebram a Ascensão como glorificação de Jesus em vista de confirmar a fé dos discípulos, enviada a evangelizar o mundo. Outro texto diz que a encarnação de Jesus não lhe tirou a glória divina, prova disso é que Jesus subiu aos céus levando consigo a natureza humana. Nesse mesmo tom, uma oração depois da comunhão, do século VIII, proclama a Ascensão do Senhor como promessa que os discípulos de Cristo viverão com Ele na Pátria eterna, pois pela Ascensão, o Senhor abriu as portas para entrar na casa do Pai, canta um longo prefácio do século VIII.
Um rito que era realizado nesta solenidade era o apagamento do Círio Pascal, depois da proclamação do Evangelho. Com a reforma Litúrgica do Vaticano II, em 1963, esse rito passou a ser realizado na Solenidade de Pentecostes. O Círio é apagado, no Domingo de Pentecostes, durante a Liturgia das Horas (Oração da tarde), após o cântico evangélico.
Cristo, em
sua humanidade santíssima, já chegou à glória, essa glória que, até o momento,
é aurora para o resto da humanidade. Ainda não podemos experimentará-la, mas
cremos firmemente nela. De fato, a esperança nesse reino induziu tantos homens,
depois de Cristo, a entregar sua vida, sem temer a morte; homens que conformam
uma constelação quase infinita de jóias na história da Igreja: são os mártires.
Mas não só os mártires; na realidade, todos estamos chamados a uma única
santidade e todos devemos viver com os olhos de nosso coração voltados para o
céu porque "passa a figura deste mundo" e logo seremos
"recebidos na paz e na suma bem-aventurança, na pátria que brilhará com a
glória do Senhor". (Gaudium et spes, 93).
Assim como na solenidade de Páscoa a ressurreição do Senhor foi para nós causa
de alegria, assim também agora sua ascensão ao céu nos é um novo motivo de
alegria, ao lembrar e celebrar liturgicamente o dia em que a pequenez de nossa
natureza foi elevada, em Cristo, acima de todos os exércitos celestiais, de
todas as categorias de anjos, de toda a sublimidade das potestades, até
compartilhar o trono de Deus Pai. Fomos estabelecidos e edificados por este
modo de atuar divino, para que a graça de Deus se manifestasse mais
admiravelmente, e assim, apesar de ter sido afastada da vista dos homens a
presença visível do Senhor, pela qual se alimentava o respeito dele para com
Ele, a fé se mantivesse firme, a esperança inabalável e o amor aceso.
Nisto consiste, com efeito, o vigor dos espíritos verdadeiramente grandes, isto
é o que realiza a luz da fé nas almas verdadeiramente fiéis: crer sem vacilar
no que nossos olhos não vêem, ter fixo o desejo no que não pode alcançar nosso
olhar. Como poderia nascer esta piedade em nossos corações, ou como poderíamos
ser justificados pela fé, se nossa salvação consistisse apenas no que nos é
dado ver?
Assim, todas as coisas referentes a nosso Redentor, que antes eram visíveis,
passaram a ser ritos sacramentais; e, para que nossa fé fosse mais firme e
valiosa, a visão foi substituída pela instrução, de modo que, em diante, nossos
corações, iluminados pela luz celestial, devem apoiar-se nesta instrução.
Esta fé, aumentada pela ascensão do Senhor e fortalecida com o dom do Espírito
Santo, já não se abate pelas correntes, a prisão, o desterro, a fome, o fogo,
as feras nem os refinados tormentos dos cruéis perseguidores. Homens e
mulheres, crianças e frágeis donzelas lutaram em todo o mundo por esta fé, até
derramar seu sangue. Esta fé afugenta os demônios, cura doenças, ressuscita os
mortos.
Por isso os próprios apóstolos, que, apesar dos milagres que haviam contemplado
e dos ensinamentos que haviam recebido, se acovardaram diante das atrocidades
de paixão do Senhor e se mostraram arredios em admitir sua ressurreição,
receberam um progresso espiritual tão grande da ascensão do Senhor, que tudo o
que antes era motivo de temor tornou-se motivo de gozo. É que seu espírito
estava agora totalmente elevado pela contemplação da divindade, do que está
sentado à direita do Pai; e ao não ver o corpo do Senhor podiam compreender com
maior claridade que aquele não havia deixado o Pai, ao descer à terra, nem
havia abandonado seus discípulos, ao subir aos céus.
Então, amadíssimos irmãos, o Filho do homem mostrou-se, de um modo mais
excelente e sagrado, como Filho de Deus, ao ser recebido na glória da magestade
do Pai, e, ao afastar-se de nós por sua humanidade, começou a estar presente
entre nós de um novo modo e inefável por sua divindade.
Então nossa fé começou a adquirir um maior e progressivo conhecimento da
igualdade do Filho com o Pai, e a não necessitar da presença palpável da
substância corpórea de Cristo, segundo a qual é inferior ao Pai; pois,
subsistindo a natureza do corpo glorificado de Cristo, a fé dos fiéis é chamada
onde poderá tocar ao Filho único, igual ao Pai, não mais com a mão, mas
mediante o conhecimento espiritual.
Dos Sermões de São Leão Magno, Papa
A Ascensão do Senhor
Esta solenidade foi transferida para o 7º domingo após a Páscoa desde seu dia originário,
a quinta-feira da 6º semana de Páscoa, quando se cumprem os quarenta dias
depois da ressurreição, conforme o relato de São Lucas em seu Evangelho e nos
Atos dos Apóstolos; mas continua conservando o simbolismo da quarentena: como o
Povo de Deus esteve quarenta dias em seu Êxodo do deserto até chegar à terra
prometida, assim Jesus cumpre seu Êxodo pascal em quarenta dias de aparições e
ensinamentos até ir ao Pai. A Ascensão é um momento mais do único mistério
pascal da morte e ressurreição de Jesus Cristo, e expressa sobre tudo a
dimensão de exaltação e glorificação da natureza humana de Jesus como
contraponto à humilhação padecida na paixão, morte e sepultamento.
Ao contemplar a ascensão de seu Senhor à glória do Pai, os discípulos ficaram
assombrados, porque não entendiam as Escrituras antes do dom do Espírito, e
olhavam para o alto. Aparecem dois homens vestidos de branco, é uma teofania, a
mesma dos dois homens que Lucas descreve no sepulcro (24,4). Neles a Igreja Mãe
judaico-cristã via acertadamente a forma simbólica da divina presença do Pai,
que são Cristo e o Espírito.
As palavras dos dois homens são fundamentais: Galileus, o que fazeis aí
plantados olhando para o céu? O próprio Jesus que vos deixou para subir ao céu,
voltará como vistes marchar (Atos 1,11). Em um excesso de amor semelhante ao
que o levou ao sacrifício, o Senhor voltará para tomar os seus e para estar com
eles para sempre; e se mostrará como imagem perfeita de Deus, como ícone
transformante por obra do Espírito, para nos tornar semelhantes a ele, para
contemplá-lo tal como ele é (1 João 3,1-12). Contemplando na liturgia o ícone
do Senhor – sobretudo na Eucaristia - intuomos o rosto de Deus tal como é e
como o veremos eternamente. E o invocamos para que venha agora e sempre.
No relato deste mistério segundo o Evangelho de São Mateus (28,19-20), o Senho
envia os discípulos a proclamar e realizare a salvação, segungo o triplo
mistério da Igreja: pastoral, litúrgico e magisterial: Ide e fezei discípulos
de todos os povos (pelo anúncio profético e o governo pastoral, formando e
desenvolvendo a vida da Igreja), batizando-so em nome do Pai, e do Filho e do
Espírito Santo (aplicando-lhes a salvação, introduzindo sacramentalmente na
Igreja); e ensinando-os a guardar tudo o que vos mandei (mediante o magistério
apostólico e a vida na caridade, o grande mandamento).
O Plano de Deus está sendo cumprido, e a salvação, anunciada primeiro a Israel,
é proclamada a todos os povos. Nesta obra de conversão universal, por longa e
laboriosa que possa ser, o Ressuscitado estará vivo e operante em meio dos
seus: E sabei que eu estou convosco todos os dias até o final dos tempos.
O mistério
A leitura apostólica que a Igreja propõe interpreta perfeitamente o
acontecimento da Ascensão do Senhor, adentrando-nos no mistério do ressuscitado
no santuário celeste. Agora podemos dizer com o canto do Santo que os céus e a
terra estão cheios da glória de Deus (Em Isaías 6,3 só se nomeava a terra).
Agora, com a ascensão da humanidade do Filho de Deus, comemorada no mistério
litúrgico, sobre a qual repousa a glória do Pai, adorada pelos anjos, também
nós somos unidos pela graça a este eterno louvor, no céu e na terra. Estamos no
penúltimo momento do mistério pascal, antes da doação do Espírito Santo ao se
completarem os cinqüenta dias, o Pentecostes.
A vida cristã
As orações desta solenidade pedem que permaneçamos fiéis à dupla condição da
vida cristã, orientada simultaneamente às realidades temporais e às eternas.
Esta é a vida na Igreja , comprometida na ação e constante na contemplação.
Porque Cristo, levantado no alto sobre a terra, atraiu para si todos os homens;
ressuscitando dentre os mortos enviu seu Espírito vivificador sobre seus
discípulos e por ele constituiu seu Corpo que é a Igreja, como sacramento
universal de salvação; estando sentado à direito do Pai, sem cessar atua no
mundo para conduzir os homens à sua Igreja e por Ela uni-los assim mais
estreitamente e, alimentando-os com seu próprio Corpo e Sangue, torná-los
partícipes de sua vida gloriosa.
Instruídos pela fé sobre o sentido de nossa vida temporal, ao mesmo tempo, com
a esperança dos bens futuros, realizamos a obra que o Padre nos confiou no
mundo e lavramos nossa salvação (Vaticano II, Lumen gentium 48).
A Ascensão do Senhor na vida do cristão
|
Depois que
o Senhor Jesus apareceu a seus discípulos foi elevado ao céu. Este
acontecimento marca a transição entre a glória de Cristo ressuscitado e a de
Cristo exaltado à direita do Pai. Marca também a possibilidade de que a
humanidade entre no Reino de Deus como tantas vezes Jesus anunciou. Desta
forma, a ascensão do Senhor se integra no Mistério da Encarnação, que é seu
momento conclusivo.
Testemunhas de Cristo
A Ascensão de Cristo é também o ponto de partida para começar a ser testemunhas
e anunciadores de Cristo exaltado que voltou ao Pai para sentar-se à sua
direita. O Senhor glorificado continua presente no mundo por meio de sua ação
nos que crê em em sua Palavra e deixam que o Espírito atue interiormente neles.
O mandato de Jesus é claro e vigente: "Ide a todo o mundo e proclamai o
Evangelho à toda a criatura". Por isso, a nova presença do Ressuscitado em
sua Igreja faz com que seu seguidores constituam a comunidade de vida e de
salvação.
A força do Evangelho
A Ascensão de Cristo ao céu não é o fim de sua presença entre os homens, mas o
começo de uma nova forma de estar no mundo. Sua presença acompanha com sinais a
missão evangelizadora de seus discípulos.
A comunidade pós-pascal necessitou de um tempo para reforça sua fé incipiente
no Ressuscitado. A Ascensão é o fim de sua visibilidade terrena e o início de
um novo tipo de presença entre nós.
Missão da Igreja
São Lucas, depois de escrever seu Evangelho, empreende também com a inspiração
divina a tarefa de redigir algo do que ocorreu depois que Jesus ressuscitou e
subiu ao céus. É a história do início da Igreja, os tempos fundacionais nos
quais a mensagem cristã começa a ser proclamada como uma doutrina nova e
surpreendente que deveria transformar o mundo inteiro. Assim nos refere que o Senhor,
antes de subir ao trono de sua glória e enviar-lhes a força avassaladora do
Espírito, aparece-lhe uma e outra vez durante quarenta dias, para fortalecê-los
na fé e encender-lhes na caridades, para animá-los com a mais viva esperança.
Toma tua Cruz
Com a Ascensão, o mandato de Jesus cobra uma força singular; compreendendo o
valor da Paixão e da Morte. A partir dessa nova perspectiva, a Cruz era a força
e a sabedoria de Deus. A partir desse momento podia-se falar em perdão e
conversão, sem duvidas do amor e do poder divino de Jesus. Foi possível a
conversão, exortar os homens para que se reconciliassem com Deus, cheio de
misericórdia. Com a Ascensão de Jesus Cristo o caminho está aberto, e os fiéis
convidados a percorrê-lo com Ele.
Oração
Concedei-nos, Deus onipotente, exultar de alegria e dar-vos graças nesta
liturgia de louvor, porque a ascensão de Jesus Cristo, vosso Filho, é nossa
vitória, e onde nos Ele,que é nossa cabeça, nos precedeu, esperamos chegar
também nós como membros de seu corpo. Por Jesus Cristo nosso Senhor, Amém.
Leituras da Missa
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Primeira
leitura
Leitura do livro dos Atos 1, 1-11
1. No meu primeiro livro, ó Teófilo, já tratei de tudo o que Jesus começou a
fazer e ensinar, desde o princípio,
2. até o dia em que foi levado para o céu. Antes disso, ele deu instruções aos
apóstolos que escolhera, movido pelo Espírito Santo.
3. Foi aos apóstolos que Jesus, com numerosas provas, se mostrou vivo depois da
sua paixão: durante quarenta dias apareceu a eles, e falou-lhes do Reino de
Deus.
4. Estando com os apóstolos numa refeição, Jesus deu-lhes esta ordem: "Não
se afastem de Jerusalém. Esperem que se realize a promessa do Pai, da qual
vocês ouviram falar:
5. 'João batizou com água; vocês, porém, dentro de poucos dias, serão batizados
com o Espírito Santo'."
6. Então, os que estavam reunidos perguntaram a Jesus: "Senhor, é agora
que vais restaurar o Reino para Israel?"
7. Jesus respondeu: "Não cabe a vocês saber os tempos e as datas que o Pai
reservou à sua própria autoridade.
8. Mas o Espírito Santo descerá sobre vocês, e dele receberão força para serem
as minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os
extremos da terra."
9. Depois de dizer isso, Jesus foi levado ao céu à vista deles. E quando uma
nuvem o cobriu, eles não puderam vê-lo mais.
10. Os apóstolos continuavam a olhar para o céu, enquanto Jesus ia embora. Mas,
de repente, dois homens vestidos de branco
11. apareceram a eles e disseram: "Homens da Galiléia, por que vocês estão
aí parados, olhando para o céu? Esse Jesus que foi tirado de vocês e levado
para o céu, virá do mesmo modo com que vocês o viram partir para o céu."
Salmo responsorial
Sal 46, 2-3. 6-7. 8-9 (R.: 6)
R. Deus ascende entre aclamações; o Senhor, ao som das trombetas.
Deus é nosso refúgio e nossa força, defensor sempre alerta nos perigos.
Por isso não tememos se a terra vacila, se as montanhas se abalam no seio do
mar;
Deus está em seu meio: ela é inabalável. Deus a socorre ao romper da manhã.
Povos estrondam, reinos se abalam, mas ele ergue sua voz, e a terra estremece.
Javé dos Exércitos está conosco, nossa fortaleza é o Deus de Jacó!
Venham ver os atos de Javé, os assombros que ele fez na terra.
Segunda leitura
Leitura da carta de São Paulo á Efésios 1, 17-23
17. Que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória,
lhes dê um espírito de sabedoria que lhes revele Deus, e faça que vocês o
conheçam profundamente.
18. Que lhes ilumine os olhos da mente, para que compreendam a esperança para a
qual ele os chamou; para que entendam como é rica e gloriosa a herança
destinada ao seu povo;
19. e compreendam o grandioso poder com que ele age em favor de nós que
acreditamos, conforme a sua força poderosa e eficaz.
20. Ele a manifestou em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez
sentar-se à sua direita no céu,
21. muito acima de qualquer principado, autoridade, poder e soberania, e de
qualquer outro nome que se possa nomear, não só no presente, mas também no
futuro.
22. De fato, Deus colocou tudo debaixo dos pés de Cristo e o colocou acima de
todas as coisas, como Cabeça da Igreja,
23. a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que plenifica tudo em todas as
coisas.
Evangelho
Lucas 24, 46-53
"Enquanto os abençoava, subia aos céus"
46. E continuou: "Assim está escrito: 'O Messias sofrerá e ressuscitará
dos mortos no terceiro dia,
47. e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas
as nações, começando por Jerusalém'.
48. E vocês são testemunhas disso.
49. Agora eu lhes enviarei aquele que meu Pai prometeu. Por isso, fiquem
esperando na cidade, até que vocês sejam revestidos da força do alto."
50. Então Jesus levou os discípulos para fora da cidade, até Betânia. Aí,
ergueu as mãos e os abençoou.
51. Enquanto os abençoava, afastou-se deles, e foi levado para o céu.
52. Eles o adoraram, e depois voltaram para Jerusalém, com grande alegria.
53. E estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus.
Breve explicação
A Celebração
Celebramos a Ascensão do Senhor, é o domingo anterior à festa de Pentecostes,
são solenidades muito importantes da Igreja, pois nos falam de nosso destino
final: ir ao Pai como Jesus e da fundação e missão de nossa Igreja Católica.
Usa-se a cor branca, tanto no altar como nas vestimentas do sacerdote.
Significado da expressão
Os evangelistas descrevem no final dos evangelhos e no princípio do livro dos
Atos dos Apóstolos, que Jesus "foi elevado ao céu", por isso nós,
cristãos, repetimos em nosso Credo:
"Subiu ao céu e está sentado à dereita de Deus Pai". Esta afirmação é
um modo para dizer que Jesus foi ao Pai, levando consigo sua natureza humana. A
idéia de Jesus ao Pai constituiu nosso céu.
Jesus, ao ir ao Pai, não entra em um lugar, mas em uma nova dimensão, onde não
têm sentido nossas expressões: acima, abaixo, subir, descer… Ir ao céu
significa, ir a Deus. No céu, iremos nos unir ao corpo de Cristo ressuscitado
todos os que aceitamos sua salvação.
Significado da festa na igreja
Segundo a narração de São Lucas, a Igreja celebra a Ascensão do Senhor aos
quarenta dias de sua ressurreição. Esta festa está dentro do tempo pascal que
consta de cinqüenta dias e conclui com a Vinda do Espírito Santo sobre a
Igreja. (Cf. Lc 24, 49-53; At 1, 3-11; 2, 1-41) A festa da Ascensão não nos
fala de um afastamento de Cristo, mas de sua glorificação no Pai. Seu corpo
humano adquire a glória e as propriedades de Deus antes de se encarnar. Com a
Ascensão, Cristo aproximou-se mais de nós, com a mesma proximidade de Deus. É
também uma festa de esperança, puois com Cristo uma parte, a primícia de nossa
humanidade, está com Deus. Com ele, todos nós subimos ao Pai na esperança e na
promessa. Na Ascensão celebramos a subida de Cristo ao Pai e nossa futura ascensão
com ele. Ao celebrar o mistério da Ascensão do Senhor, lembra que O CÉU É NOSSA
META e que a vida terrena é o caminho para alcançá-la.
Significado das leituras
A primeira leitura (At 1,1-11) constitui a introdução geral ao livro dos Atos
dos Apóstolos, que enlaça diretamente com o final do evangelho de Lucas (At
1,1; cf. Lc 24,45-53: "Já falei no meu primeiro livro querido Teófilo tudo
o que Jesus fez e ensinou desde o princípio até o dia em que subiu ao
céu..."). Desta forma Lucas segue o uso literário da época de introduzir o
segundo volume de uma obra com uma introdução que resumia o livro anterior.
Para Lucas, a atividade terrena de Jesus conclui não com o momento de sua
morte, mas com sua ascensão ao céu, que inclui naturalmente a experiência pascal
das aparições. Por isso de agora em diante serão os apóstolos, aqueles que
viram o Senhor e foram instruídos por ele "sob a ação do Espírito
Santo" (At 1,2), as testemunhas autorizadas da palavra de Jesus e de sua
ressurreição. Com efeito, Lucas insiste no realismo das aparições e no
ensinamento de Jesus Ressuscitado aos apóstolos antes de subir ao céu:
"Depois de sua paixão, Jesus apresentou-se diante deles muitas vezes com
muitas e evidentes provas de que estava vivo, aparecendo-lhes durante quarenta
dias e falando-lhes do reino de Deus" (At 1,3). Estes "quarenta
dias" são um número simbólico que evoca um tempo perfeito e arquetípico. O
tempo necessário para passar de uma etapa a outra na história da salvação e,
potanto, o tempo das manifestações divinas importantes e decisivas. O número
evoca os quarenta anos que Israel caminhou no deserto sendo provado e educado
por Deus (Dt 8,2-6); os quarenta dias que passou Moisés no monte Sinai para
receber a Lei de Deus (Ex 24,18); os quarenta dias de Jesus no deserto antes de
iniciar sua missão (Lc 4,1-2). "Quarenta" indica o tempo da prova e
do ensinamento necessário. Nos Atos, entretanto, insiste apenas na segunda
dimensão. Na tradição dos rabinos o número "quarenta" também tinha,
na linha da tradição bíblica, um valor simbólico para indicar um período de
aprendizado completo e normativo. Lucas quer manifestar que os apóstolos
receberam do Senhor ressuscitado aquela formação autorizada e completa que os
prepara para continuar sua obra e serem testemunhas do reino de Deus na
história. Jesus lhes recomenda não afastar-se de Jerusalém e esperar a promessa
do Pai, o dom do Espírito Santo. Jerusalém, a cidade na qual Jesus concluiu seu
caminho, torna-se o ponto de partida da missão da Igreja. Em Jerusalém os apóstolos
receberão o dom escatológico do Espírito Santo e dalí começarão a ser
testemunhas de Jesus até os confins da terra. Jerusalém é e permanecerá para
sempre a mãe de todas as igrejas. A missão da comunidade cristã, com efeito,
enraíza-se naquela mesma cidade santa, sede do Templo e centro de toda a terra
santa, porque como anunciou Isaías: "de Sião sairá a Lei, de Jerusalém a
Palavra do Senhor" (Is 2,3). Em Jerusalém os apóstolos serão
"batizados no Espírito Santo", quer dizer, serão imersos na potência
divina e vivificante do Espírito que os plenificará (At 2).
O texto faz referência à mentalidade dos apóstolos, enraizada na esperança
messiânica do Antigo Testamento, em relação à instauração do reino messiânico
em favor do povo eleito: "Senhor, irás restabelecer agora o reino de
Israel?" (v. 6). Esta expectativa não era necessariamente nacionalística
ou política, mas refletia a estreita concepção do povo da primeira aliança que
limitava a salvação a Israel. Ao mesmo tempo a pergunta evoca uma questãod a igreja
primitiva e que em nosso tempo volta a resultar da atualidade:
"quando será reconstruído o Reino?". Jesus rejeita categoricamente
todas as especulações apocalípticas sobre a data do fim do mundo. Esse momento
definitivo do reino só o conhece o Pai que guia a história da salvação:
"Não lhes cabe conhecer os tempos e momentos que o Pai estabeleceu com sua
autoridade" (v. 7). Em um segundo momento Jesus lhes ensina que não há
conexão temporal direta entre o dom do Espírito e a chegada do reino. A experiência
do Espírito mais bem servirá para dar início ao tempo da igreja, à missão da
comunidade cristã (At 1,8).
Depois deste diálogo com Jesus, Lucas relata a ascensão do Senhor (vv. 9-11).
Para compreender a narração de Lucas é preciso levar em conta que utiliza um
conhecido esquema simbólico presente em tantas religiões e também na Bíblia,
que coloca no "alto", no "céu", tudo aquilo que é melhor e
que domina o âmbito "horizontal", de "baixo", de nosso
mundo, no qual se coloca o mal e a morte. Por isso a Bíblia fala muitas vezes
que Deus "desce" do céu (Gn 11,5; Es 19,11-13; Sl 144,5) para falar
com o homem e volta a "subir" (Gn 17,22) depois de realizar sua obra.
Portanto, a linguagem simbólica da ascensão não deve ser interpretada em base
de esquemas espaciais, que representam somente a envoltura externa. É
necessário ler a ascensão desde a óptica da páscoa e captar neste mitério a
mensagem fundamental: Jesus foi introduzido eternamente no âmbito da
trascendência e no mundo do divino. Lucas tentou fazer visível a afirmação de
fé em relação à plenitude divina do Ressuscitado e seu senhorio absoluto no
mundo. Entretanto, no texto o acento está posto principalmente na
"despedida". Trata-se de uma "separação". O Senhor Jesus já
não está presente no meio de nós de forma física; seu corpo glorificado está
presente agora na história com a força vivificante de Deus. A "nuvem"
que oculta Jesus da vista dos discípulos é precisamente o sinal desta nova
forma de presença. Um sinal que ao mesmo tempo "esconde" e
"revela" a transcendência de Deus. No Antigo Testamento a nuvem
indica a proximidade de Yahveh: uma presença escondida e majestosa, mas certa e
salvadora para seu povo (cf. Ex 13,21; 24,16.18; 33,9-11; 34,5; Ez 1,4; Sl
96/97,2; etc.). Os apóstolos aparecem "olhando atentamente" a Jesus
até o último momento (v. 10). Este "olhar" não deve ser entendido em
sentido material. Com esta indicação Lucas quer destacar que eles são
testemunha de toa a história de Jesus, incluído o momento da plenitude do mistério
pascal, quando Jesus é glorificado e introduzido no mundo de Deus. Assim como
Eliseu que, olhando a Elias que era levado ao céu em um carro de fogo, foi
digno de receber so dois terços de seu espírito (2 Re 2,9-12), também os
apóstolos que "olham" a Jesus receberão o Espírito de Jesus. O
Ressuscitado continuará estando presente nos apóstolos mediante o Espírito.
O texto dos Atos, em síntese, convid a superar uma fé passiva e muito ligada ao
espetacular: "Por que ficaram olhando paro céu?" (At 1,10). Estas
palavras são um chamado indireto a não perder o tempo quando há que ser
testemunhas de Jesus e a não esperar do céu soluções milagrosas ou revelações
especiais. A desaparição material de Jesus marca o início da missão e do
compromisso da Igreja. A fé verdadeira se baseia, segundo as palavras de Jesus
no v. 8, na força do Espírito, no testemunhjo cristão no mundo e na abertura
universal da Igreja. A ascensão, mais que lembrança, é exigência e chamado à
missão e compromisso.
O evangelho (Lucas 24, 46-53 ) refere-se à aparição pascal na Galiléia
Do versículo 49: "E eis aqui que Eu vos envio a Promessa de meu Pai. Mas
vós ficais na cidade até que do alto sejais revestidos de força" entende
que essa "Promessa" do Pai é o Espírito Santo, segundo o próprio
Lucas faz referência em At. 1, 4. Veja 3, 16; Mt. 3, 11; Mc. 1, 8; Jo 1, 26;
14, 26.
No versículo 50: "E os levou par fora até Betânia e, levantando suas mãos,
os abençôou. 51 Enquanto os abençoava, separou-se deles e foi elevado ao
céu."... Esta bênção de despedida de Jesus não é senão um "até
logo" (Jo 16, 16 ss. e nota), porque Ele mesmo disse que ia nos preparar
um lugar na casa de seu Pai, e voltaria nos buscar para estar sempre juntos (Jo
14, 2 s.). São Lucas continua este relato da Ascensão nos Atos dos Apóstolos,
para nos dizer que, segundo anunciaram então os anjos, Jesus voltará da mesma
maneira que foi, isto é, na nuven (At 1, 11 e nota). Então terminarão de se
cumprir todos esses anúncios dos quais fala Jesus no v. 44, para cujo
entendimento devemos pedir-lhe que nos abra a inteligência como fizeram aqui os
apóstolos (v. 45).
No versículo 53: "E estavam constantemente no Templo, louvando e
bendizendo a Deus" entende-se pela expressão "no Templo" que se
trata da própria Jerusalém (cf. At. 3, 1) cujo culto continuou até sua
destruição pelos romanos no ano 70, depois do anúncio feito por São Paulo a
Israel em At. 28, 25 ss. Cf. Hb. 8, 4 e nota.
*Notas da Bíblia Comentada J. Straubinger
NEXO ENTRE AS LEITURAS
O próprio Jesus que nos deixou para subir ao céu, voltará como o vistes ir-se.
Esta afirmação dos Atos dos apóstolos nos oferece uma sínteses profunda da
liturgia na solenidade da Ascensão. Jesus sobre ao céu com corpo glorificado.
Deixa aos apóstolos uma missão clara e comprometedora: Ide e fazei discípulos a
todos os povos. Trata-se de ir até os confins da terra para que ressoe o pregão
de Deus. Trata-se de anunciar sem descanso qual é a altura, a largura e a
profundidade do amor de Deus, que manifestou em Cristo Jesus. O apóstolo será
pois o homem do "amor maior". O homem consciente de que o Senhor, que
hoje ascende entre aclamações, voltará Voltará sem falta e cheio de Glória!
Assim pois, trata-se em última instância de compreender qual é a esperança à
qual fomos chamados, compreender qual é a herança que Deus prepara para os que
o amam. Esta solenidade da Ascensão é pois um momento magnífico para examinar
nosso peregrinar na vida, considerar que o Senhor voltará para nos levar
consigo e que, portanto, há que eemprender com entusiasmo nossas tarefas cotidianas
recuperando nelas o valor de eternidade.
"Subiu aos céus, está sentado à
direita de Deus Pai"
|
"O
Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, subiu aos Céus e está sentado à
destra de Deus" (Mc 16, 19); "no quadragésimo dia de sua ressurreição
subiu aos Céus com a carne em que ressuscitou e com a alma". Ascendeu
"por seu próprio poder", poder que tinha como Deus e também poder de
sua alma glorificada sobre seu Corpo glorioso. "Aquele que tudo criou,
subiu acima de tudo e por seu próprio poder".
"Estar sentado" é uma maneira de dizer que chegou ao respouso que
merece como guerreiro vencedor. É a postura do Rei e do Juiz, cheio de poder e
magestade.
A Ascensão de Cristo ao Céu, entre outras coisas, nos move a busca sempre as
coisas essenciais, que são invisíveis aos olhos do corpo, e que são aquelas
coisas que não passam e não morrem: "Aspirai as coisas do alto onde está
Cristo... provai as coisas do alto, não as da terra", dizia o apóstolo São
Paulo aos primeiros cristãos (Col 3, 1-2). A Ascensão do Senhor deve nos encher
de inabalável esperança, já que nos assegurou: "Na casa do meu Pai há
muitas moradas... Eu lhes prepararei um lugar... Voltarei novamente e vos
levarei comigo, para que onde eu estou estejais também vós" (Jo 14, 2-3).
Somos cidadãos do Céu! (Fl 3, 20). E como os apóstolos, que após a Ascensão
ficaram "olhando para o céu", devemos ter "o olhar fixado
nEle..." (At 1,10).
Á direita do Pai
"Sentou-se à direita da Magestade nas alturas" (Hb 1, 3), segundo São
João Damasceno refere-se à "glória e honra da divindade", ou seja,
significa que Cristo reina junto com o Pai e, além dissi, tem o poder judicial
sobre vivos e mortos. O saber que o Senhor está junto do Padre deve nos fazer
crescer, de maneira imensurável, nossa confiança nEle: "Tudo posso naquele
que me conforta" (Fl 4,13), deve dizer um jovem junto com São Paulo e com
ele também aquela outra expressão de confiança total: "Sei em quem me
confiei!" (2 Tm 1,12).
Catecismo da Igreja Católica
A Ascensão do Senhor aumenta nossa fé
Quinta-feira VI de Páscoa
Cristo, em sua humanidade santíssima, já chegou à glóriaa, essa glória que, até
o momento, é aurora para o resto da humanidade. Ainda não podemos
experimentará-la, mas cremos firmemente nela. De fato, a esperança nesse reino
induziu tantos homens, depois de Cristo, a entregar sua vida, sem temer a
morte; homens que conformam uma constelação quase infinita de jóias na história
da Igreja: são os mártires. Mas não só os mártires; na realidade, todos estamos
chamados a uma única santidade e todos devemos viver com os olhos de nosso
coração voltados para o céu porque "passa a figura deste mundo" e
logo seremos "recebidos na paz e na suma bem-aventurança, na pátria que
brilhará com a glória do Senhor". (Gaudium et spes, 93).
Assim como na solenidade de Páscoa a ressurreição do Senhor foi para nós causa
de alegria, assim também agora sua ascensão ao céu nos é um novo motivo de
alegria, ao lembrar e celebrar liturgicamente o dia em que a pequenez de nossa
natureza foi elevada, em Cristo, acima de todos os exércitos celestiais, de
todas as categorias de anjos, de toda a sublimidade das potestades, até
compartilhar o trono de Deus Pai. Fomos estabelecidos e edificados por este
modo de atuar divino, para que a graça de Deus se manifestasse mais admiravelmente,
e assim, apesar de ter sido afastada da vista dos homens a presença visível do
Senhor, pela qual se alimentava o respeito dele para com Ele, a fé se
mantivesse firme, a esperança inabalável e o amor aceso.
Nisto consiste, com efeito, o vigor dos espíritos verdadeiramente grandes, isto
é o que realiza a luz da fé nas almas verdadeiramente fiéis: crer sem vacilar
no que nossos olhos não vêem, ter fixo o desejo no que não pode alcançar nosso
olhar. Como poderia nascer esta piedade em nossos corações, ou como poderíamos
ser justificados pela fé, se nossa salvação consistisse apenas no que nos é
dado ver?
Assim, todas as coisas referentes a nosso Redentor, que antes eram visíveis,
passaram a ser ritos sacramentais; e, para que nossa fé fosse mais firme e
valiosa, a visão foi substituída pela instrução, de modo que, em diante, nossos
corações, iluminados pela luz celestial, devem apoiar-se nesta instrução.
Esta fé, aumentada pela ascensão do Senhor e fortalecida com o dom do Espírito
Santo, já não se abate pelas correntes, a prisão, o desterro, a fome, o fogo,
as feras nem os refinados tormentos dos cruéis perseguidores. Homens e
mulheres, crianças e frágeis donzelas lutaram em todo o mundo por esta fé, até
derramar seu sangue. Esta fé afugenta os demônios, cura doenças, ressuscita os
mortos.
Por isso os próprios apóstolos, que, apesar dos milagres que haviam contemplado
e dos ensinamentos que haviam recebido, se acovardaram diante das atrocidades
de paixão do Senhor e se mostraram arredios em admitir sua ressurreição,
receberam um progresso espiritual tão grande da ascensão do Senhor, que tudo o
que antes era motivo de temor tornou-se motivo de gozo. É que seu espírito
estava agora totalmente elevado pela contemplação da divindade, do que está sentado
à direita do Pai; e ao não ver o corpo do Senhor podiam compreender com maior
claridade que aquele não havia deixado o Pai, ao descer à terra, nem havia
abandonado seus discípulos, ao subir aos céus.
Então, amadíssimos irmãos, o Filho do homem mostrou-se, de um modo mais
excelente e sagrado, como Filho de Deus, ao ser recebido na glória da magestade
do Pai, e, ao afastar-se de nós por sua humanidade, começou a estar presente
entre nós de um novo modo e inefável por sua divindade.
Então nossa fé começou a adquirir um maior e progressivo conhecimento da
igualdade do Filho com o Pai, e a não necessitar da presença palpável da
substância corpórea de Cristo, segundo a qual é inferior ao Pai; pois,
subsistindo a natureza do corpo glorificado de Cristo, a fé dos fiéis é chamada
onde poderá tocar ao Filho único, igual ao Pai, não mais com a mão, mas
mediante o conhecimento espiritual.
Dos Sermões de São Leão Magno, Papa
Ninguém, subiu ao céu senão aquele que veio do céu
"Hoje nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao céu; suba também como Ele nosso
coração. Ouçamos o que nos diz o Apóstolo: Se fostes ressuscitados com Cristo,
buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à destra de Deus. Ponde
vosso coração nas coisas do céu, não nas da terra. Pois, do mesmo modo que ele
sufiu sem por isso afastar-se de nós, assim também nós estamos já com ele,
embora ainda não se tenha realizado em nosso corpo o que nos foi prometido.
Ele foi elevado ao mais alto dos céus; entretanto, continua sofrendo na terra
através das fadigas que experimentam seus membros. Assim o testificou com
aquela voz vinda do céu: Saulo, Saulo, por que me persegues? E também: Tive
fome e me destes de comer. Por que não trabalhamos nós também aquí na terra, de
maneira que, pela fé, a esperança e a caridade que nos unem a ele, descansemos
já com ele nos céus? Ele está ali, mas continua estando conosco; nós, estando
aqui, estamos também com ele. Ele está conosco por sua divindade, por seu
poder, por seu amor; nós, embora nao possamos realizar isto como ele pela
divindade, podemos pelo amor a ele.
Ele, quando desceu até nós, não deixou o céu; tampouco nos deixou, ao voltar ao
céu. Ele mesmo assegura que não deixou o céu enquanto estava conosco, posto que
afirma: Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, o Filho do homem,
que está no céu. Isto diz em virtude da unidade que existe entre ele, nossa
cabeça, e nós, seu corpo. E ninguém, exceto ele, poderia dizer isso, já que nós
estamos identificados com ele, em virtude de que ele, por nossa causa, fez-se
Filho do homem, e nós, por ele, fomos feitos filhos de Deus.
Neste sentido diz o Apóstolo: Assim como o corpo é um e tem muitos membros, e
todos os membros do corpo, a pesar de serem muitos, são um só corpo, assim
também é Cristo, Não diz: "Assim é Cristo", mas: Assim também é
Cristo. Portanto, Cristo é apenas um corpo formado por muitos membros. Desceu,
pois, do céu, por sua misericórdia, mas já não subiu sozinho, que nós subimos
também nele pela graça. Assim, pois, Cristo desceu sozinho, mas já não ascendeu
ele sozinho; não é que queramos confundir a divindade da cabeça com a do corpo,
mas sim afirmamos que a unidade de todo o corpo pede que este não seja separado
de sua cabeça."
Dos Sermões de Santo Agostinhon, bispo
(Sermão Mai 98, Sobr la Ascensão ol Senhor, 1-2; PLS 2, 494-495)
Homilia do Papa João Paulo II em maio de 2001
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Senhores Cardeais
Veneráveis Irmãos no Episcopado
Caríssimos Irmãos e Irmãs
1. Encontramo-nos reunidos à volta do altar do Senhor para celebrar a sua
Ascensão ao Céu. Escutámos as suas palavras: "Ides receber a força, a do
Espírito Santo, que descerá sobre vós e sereis minhas testemunhas... até aos
[extremos] confins do mundo" (Act 1, 8). Desde há dois mil anos estas
palavras do Senhor ressuscitado impelem a Igreja a "fazer-se-ao
largo" na história, tornando-a contemporânea de todas as gerações e
transformando-a no fermento de todas as culturas do mundo.
Voltamos a ouvi-las no dia de hoje, para acolher com renovado fervor o mandato
"duc in altum! Faz-te ao largo!" que um dia Jesus dirigiu a Pedro:
trata-se de um imperativo que desejei fazer ressoar em toda a Igreja através da
Carta Apostólica Novo millennio ineunte e que, à luz desta solenidade
litúrgica, adquire um significado ainda mais profundo. O altum, rumo ao qual a
Igreja deve caminhar, não é apenas um compromisso missionário mais vigoroso,
mas antes ainda um empenhamento contemplativo mais intenso. Também nós somos
convidados, como os Apóstolos, testemunhas da Ascensão, a fixar o olhar no
rosto de Cristo, arrebatado no esplendor da glória divina.
Sem dúvida, contemplar o céu não significa esquecer-se da terra. Se se apresentasse
esta tentação, ser-nos-ia suficiente voltar a escutar os "dois homens
revestidos de branco" da página evangélica do dia de hoje: "Por que
motivo estais a olhar para o céu?". A contemplação cristã não nos subtrai
ao compromisso histórico. O "céu" da Ascensão de Jesus não quer dizer
distância, mas o ocultar e a vigilância de uma presença que nunca nos abandona,
até que Ele venha na glória. Entretanto, chegou a hora exigente do testemunho
para que, em nome de Cristo, "sejam anunciadas a todas as gentes a
conversão e a remissão dos pecados" (cf. Lc 24, 47).
2. É precisamente para reavivar esta consciência, que desejei convocar o
Consistório extraordinário, que hoje chega ao seu termo. Os Senhores Cardeais
do mundo inteiro, que saúdo com afecto fraternal, reuniram-se nestes dias
comigo, para enfrentar alguns dos temas mais relevantes da evangelização e do
testemunho cristão no mundo contemporâneo, no início de um novo milénio. Para
nós foi, antes de mais nada, um momento de comunhão em que experimentámos um
pouco daquela alegria que inundou a alma dos Apóstolos, depois que o
Ressuscitado, abençoando-os, se despediu deles para subir aos céus. Com efeito,
Lucas diz que, "depois de O terem adorado, voltaram para Jerusalém com
grande alegria. E estavam continuamente no Templo, a bendizer a Deus" (24,
52-53).
A natureza missionária da Igreja mergulha as suas raízes neste ícone das
origens. Traz em si mesma os seus traços. Volta a propor o seu espírito.
Propõe-no de novo, a começar pela experiência da alegria, que o Senhor Jesus
prometeu a quantos O amam: "Digo-vos isto para que a minha alegria esteja
em vós e o vosso gozo seja completo" (Jo 15, 11). Se a nossa fé no Senhor
ressuscitado está viva, a alma não pode deixar de estar repleta de alegria, e a
missão configura-se como um "transbordar" de alegria, que nos leva a
transmitir a todos a "boa notícia" da salvação, com uma coragem livre
de temores e de complexos, mesmo que seja à custa do sacrifício da nossa
própria vida.
A natureza missionária da Igreja, que parte de Cristo, encontra apoio na
colegialidade episcopal e é encorajada pelo Sucessor de Pedro, cujo ministério
visa a promoção da comunhão na Igreja, garantindo a unidade de todos os fiéis
em Cristo.
3. Foi precisamente esta experiência que fez de Paulo o "Apóstolo das
Gentes", levando-o a percorrer uma boa parte do mundo então conhecido, sob
o impulso de uma força interior, que o obrigava a falar de Cristo: "Vae
mihi est si non evangelizavero! Ai de mim, se não anunciar o Evangelho!"
(1 Cor 9, 16). Também eu quis, na recente Peregrinação apostólica na Grécia,
Síria e Malta, colocar-me no seguimento dos seus passos, quase completando,
desta forma, a minha Peregrinação jubilar. No seu trajecto experimentei a
alegria de compartilhar, com afectuosa admiração, alguns aspectos da vida dos
nossos caríssimos irmãos católicos orientais e de ver abrirem-se novas
perspectivas ecuménicas nas relações com os nossos não menos amados irmãos
ortodoxos: com a ajuda de Deus, deram-se passos significativos rumo à almejada
meta da plena comunhão.
Foi também significativo o encontro com os muçulmanos. Assim como na tão
desejada peregrinação na Terra do Senhor, realizada durante o Grande Jubileu,
tive a ocasião de salientar os especiais vínculos da nossa fé com a do povo hebraico,
assim foi também muito intenso o momento de diálogo com os crentes do Islão.
Efectivamente, o Concílio Vaticano II ensinou-nos que o anúncio de Cristo,
único Salvador, não nos impede pelo contrário, sugere-nos pensamentos e gestos
de paz em relação aos fiéis pertencentes a outras religies (cf. Nostra aetate,
2).
4. Sereis minhas testemunhas! Estas palavras de Jesus aos Apóstolos, proferidas
antes da Ascensão, determinam muito bem o sentido da evangelização de sempre,
mas parecem actuais de maneira particular no nosso tempo. A época que vivemos é
um tempo em que superabunda a palavra, multiplicada de maneira inverosímil
pelos meios de comunicação social, que têm muito poder sobre a opinião pública,
tanto no bem como no mal. Mas a comunicação de que temos necessidade é a
palavra rica de sabedoria e de santidade. Por isso, na Carta Novo millennio
ineunte escrevi que "o horizonte para o qual deve tender todo o caminho
pastoral é a santidade" (n. 30), cultivada na escuta da Palavra de Deus, na
oração e na vida eucarística, especialmente por ocasião da celebração semanal
do "Dies Domini". A mensagem de Cristo só pode penetrar no nosso
mundo graças ao testemunho de cristãos verdadeiramente comprometidos a viver o
Evangelho de forma radical.
Hoje, a Igreja está a enfrentar desafios enormes, que põem à prova a confiança
e o entusiasmo dos anunciadores. E não se trata apenas de problemas
"quantitativos", devidos ao facto de que os cristãos representam uma
minoria, enquanto o processo de secularização continua a debilitar a tradição
cristã inclusivamente em países de antiga evangelização. Problemas ainda mais
graves derivam de uma transformação geral do horizonte cultural, dominado pelo
primado das ciências experimentais, inspiradas nos critérios da epistemologia
científica. Mesmo quando se demonstra sensível à dimensão religiosa e até
parece redescobri-la, o mundo moderno aceita no máximo a imagem de Deus
criador, enquanto acha difícil aceitar como aconteceu com os ouvintes de Paulo,
no areópago de Atenas (cf. Act 17, 32-34) o "scandalum crucis" (cf. 1
Cor 23), o "escândalo" de um Deus que, por amor, entra na nossa
história e se faz homem, morrendo e ressuscitando por nós. É fácil intuir o
desafio que isto comporta para as escolas e as Universidades católicas, assim
como para os centros de formação filosófica e teológica dos candidatos ao
sacerdócio, pois todos eles constituem lugares em que é necessário oferecer uma
preparação cultural que esteja à altura do momento cultural contemporâneo.
Ulteriores problemas derivam do fenómeno da globalização que, se por um lado
oferece a vantagem de aproximar os povos e as culturas, tornando mais
acessíveis a cada um inúmeras mensagens, por outro não facilita todavia o
discernimento e uma síntese amadurecida, favorecendo ao contrário uma atitude
relativista que torna mais difícil aceitar Cristo como "caminho, verdade e
vida" (Jo 14, 6) para cada homem.
E que dizer, então, daquilo que vai surgindo no âmbito das interrogações
morais? Mais do que nunca, sobretudo a nível dos grandes temas da bioética, mas
também nas teses da justiça social, da instituição familiar e da vida conjugal,
a humanidade é interpelada por problemas tão formidáveis, que colocam em
questão o seu próprio destino.
O Consistório reflectiu amplamente sobre alguns destes problemas, desenvolvendo
análises aprofundadas e propondo soluções ponderadas. Várias questões serão
retomadas no próximo Sínodo dos Bispos, que se desmonstrou como válido e eficaz
instrumento da colegialidade episcopal ao serviço das Igrejas particulares.
Veneráveis Irmãos Cardeais, estou-vos grato pelas preciosas contribuições que
agora ofereceis: delas desejo tirar oportunas indicações de acção, a fim de que
a acção pastoral e evangelizadora de toda a Igreja cresça na tensão
missionária, com plena consciência dos desafios contemporâneos.
5. Hoje, o mistério da Ascensão abre-nos de par em par o horizonte ideal em que
este compromisso deve realizar-se. Trata-se, em primeiro lugar, do horizonte da
vitória de Cristo sobre a morte e o pecado. Ele sobe ao céu como Rei de amor e
de paz, fonte de salvação para toda a humanidade. Sobe para "se apresentar
agora diante de Deus por nós", como escutámos da Carta aos Hebreus (9,
24). O convite que nos provém da palavra de Deus é uma exortação à confiança: "O
que fez a promessa é fiel" (Hb 10, 23).
Além disso, recebemos a força do Espírito, que Cristo derramou de maneira
ilimitada. O Espírito é o segredo da Igreja de hoje, como o foi para a Igreja
dos primórdios. Seríamos condenados à falência, se não continuasse a ser eficaz
em nós a promessa que Jesus fez aos primeiros Apóstolos: "Eu vou mandar
sobre vós Aquele que meu Pai prometeu. Entretanto, permanecei na cidade, até
serdes revestidos com a força lá do Alto" (Lc 24, 49). O Espírito, Cristo,
o Pai: toda a Trindade está comprometida connosco!
Sim, meus queridos Irmãos e Irmãs! Não percorreremos sozinhos o caminho que nos
espera. Acompanham-nos os sacerdotes, os religiosos, os leigos, jovens e
adultos, seriamente comprometidos para dar à Igreja, em conformidade com o
exemplo de Jesus, um rosto de pobreza e de misericórdia especialmente aos
necessitados e marginalizados, um rosto que resplandeça pelo testemunho da
comunhão na verdade e no amor. Não estaremos sozinhos, sobretudo porque
connosco estará a Santíssima Trindade. Os compromissos que confiei como mandato
a toda a Igreja na Carta Novo millennio ineunte, os problemas sobre os quais o
Consistório reflectiu, não os enfrentaremos com forças unicamente humanas, mas
com o poder que vem "lá do Alto". Esta é a certeza que encontra
alimento contínuo na contemplação de Cristo, que subiu ao céu. Contemplando-O,
acolhemos de bom grado a admoestação da Carta aos Hebreus, a conservarmo-nos
"firmemente apegados à nossa esperança, porque O que fez a promessa é fiel"
(10, 23).
O nosso compromisso renovado faz-se um cântico de louvor, enquanto com as
palavras do Salmo indicamos para todos os povos do mundo Cristo que ressuscitou
e subiu ao céu: "Povos todos, batei palmas, aclamai ao Senhor com vozes de
alegria... Ele é o rei da terra inteira" (Sl 46[47], 2.8).
Assim, com renovada confiança, "façam
-nos ao largo" em seu Nome!
-nos ao largo" em seu Nome!
O Sagrado Colégio De Cardeais No Mundo
Brasão Do Papa Francisco I
Faça a Sua Oração
“Ser Acolita e Coroinha Não é Um Privilégio
É Um Serviço, Uma Doação!”
Estar a serviço do próximo é estar pronto para a doação e a entrega, é ser amparo e consolo para os que necessitam, é saber amar e viver a caridade. A vida de Cristo foi dedicada a servir o próximo. Da mesma, forma o coroinha é chamado a servir como Cristo.
No seu serviço o coroinha deve buscar sempre a alegria e a disposição, o contato fraterno e amigo, o respeito e a dedicação às coisas sagradas. O jovem deve demonstrar que vive sua fé, que observa os Mandamentos de Deus e que procura sempre ser justo e correto. Deve continuamente dar testemunho de que Cristo é o seu Senhor e Mestre.
Na vida do coroinha a oração é fundamental. É pela oração que o jovem aprende a se relacionar com Deus, a se tornar íntimo do Senhor. Na oração recebem-se as graças de Deus, o auxílio para os momentos difíceis e a força para superar o pecado e as falhas pessoais. Sem oração não se pode servir ao altar, pois como vamos estar com Cristo se não temos intimidade com Ele? É a oração que permite ao coroinha exercer o seu serviço ao próximo e ao altar de forma digna.
Ser coroinha é viver a Eucaristia, é viver Cristo em todos os momentos da vida. A Eucaristia é a fonte de todas as graças, é alimento que fortalece a alma e nos conduz ao Pai. Ao viver a Eucaristia, o coroinha vive o seu ministério de serviço com mais dignidade, dedicação, oração e amor e, assim, santifica-se e aproxima-se cada vez mais de Deus.
No seu serviço o coroinha deve buscar sempre a alegria e a disposição, o contato fraterno e amigo, o respeito e a dedicação às coisas sagradas. O jovem deve demonstrar que vive sua fé, que observa os Mandamentos de Deus e que procura sempre ser justo e correto. Deve continuamente dar testemunho de que Cristo é o seu Senhor e Mestre.
Na vida do coroinha a oração é fundamental. É pela oração que o jovem aprende a se relacionar com Deus, a se tornar íntimo do Senhor. Na oração recebem-se as graças de Deus, o auxílio para os momentos difíceis e a força para superar o pecado e as falhas pessoais. Sem oração não se pode servir ao altar, pois como vamos estar com Cristo se não temos intimidade com Ele? É a oração que permite ao coroinha exercer o seu serviço ao próximo e ao altar de forma digna.
Ser coroinha é viver a Eucaristia, é viver Cristo em todos os momentos da vida. A Eucaristia é a fonte de todas as graças, é alimento que fortalece a alma e nos conduz ao Pai. Ao viver a Eucaristia, o coroinha vive o seu ministério de serviço com mais dignidade, dedicação, oração e amor e, assim, santifica-se e aproxima-se cada vez mais de Deus.
Coordenação: José Alves Taveira.
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